quinta-feira, 5 de abril de 2012

Apenas poetano

Espartano?
Parnasiano?
Ah, não me ufano!
Sou apenas poeta
Não, não sou profeta!
Sou apenas uma voz discreta
Sou apenas um poetano!

Jogo com as palavras
As frases, as rimas
Elas são minhas armas
Inseparáveis amigas.
Com as doces,  ou amargas
Componho as cantigas.

Sou um cantador de versos encantados:
Cantados, declamados
Versos românticos, poetados
Poetizados!
Quase sempre,  sempre rimados
Centelhas em  vocábulos, em cadeia combinados.

Versos poetados por um simples poetano:
Um simples amante das palavras, dos versos e das rimas!

Euclides Riquetti
05-04-2012

Poetano na CANTARTE

          Na terça-feira, 03/04/2012, realizamos, em Ouro, a 5ª CANTARTE - Noite do Canto, Arte e Poesia. Na verdade foi a 4ª edição, mas, por um atrapalho meu, publicamos como 5ª, mas o que nos importa mesmo é que esta aconteceu, e foi  por nós idealizada no primeiro ano da Administração Neri Miqueloto, da qual faço parte. Aliás, o evento foi possível pelo apoio que o Prefeito nos deu, pelo Rogério Baretta e a Márcia Campiomi, da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, que nos deram a estruturação. E pelo emprenho de nossa Presidente da APECOZ - Associação dos Poetas e  Escritores de Capinzal, Ouro e Zortea, a escritora ourense (e catarinense, por enquanto...), Maria Helena Bazzo, que liderou a organização, buscou patrocínios, e ainda atuou, com competência, na apresentação dos declamadores e dos músicos. Obrigado também à Rose Vilarino e sua colega, que atuaram na base de apoio. Já na chegada ao Clube Floresta, a surpresa pela belíssima decoração, assinada pela Hellen Crippa, de nossa cidade. Tudo bem articulado, harmônico, bonito, combinando com arte. (No hall de chegada, quadros de pinturas em óleo e mandalas, produzidos por artistas locais).

          A CANTARTE é o evento sucessor de diversos outros dos quais participamos ou ajudamos a acontecer nos últimos 20 anos em Ouro e Capinzal. Começamos com os Recitais de Poesias, em que alunos e alguns professores declamavam poesias, lá no auditório do Mater Dolorum. Lembro que algumas pessoas que hoje atuam no Jornalismo, e que foram nossos alunos no Sílvio  Santos e Belisário Pena foram instados a fazer a locução dos primeiros eventos, como o Eder Luiz, que hoje é detentor do site mais acessado do Vale do Rio do Peixe, o  "ederluiz.com", no qual costumo comentar notícias semanalmente, e o Marlo Matiello, do "vejaovale.com.br" e da Rádio Capinzal.

          Temos muitas boas lembranças daqueles recitais, onde os alunos declamavam, na maioria, poemas de sua própria autoria. Tenho uma lembrança triste, também, uma vez que, em 1998, poucos meses após declamar poesias de sua autoria, o André Franquini, meu aluno do Ensino Médio no Sílvio Santos, perdeu a vida num acidente, na Rodovia SC 303. Na noite anterior, fizera-me perguntas interessantes, na aula de Língua Portuguesa, justamente a última  que eu havia ministrado. E, no outro dia, ao voltar de Joaçaba, deparei-me com uma multidão aglomerada na estrada, no PJO, e soube da tragédia que levou-nos o talentoso André Luiz Franquini...

          Mais adiante, a Alzira  Pimenta passou a organizar os eventos "Ziza.1", "Ziza.2", e assim por diante.Quando ela foi embora, não podíamos deixar que o projeto morresse, e criamos, em 2009, a CANTARTE, que a cada ano se fortalece e ganha em qualidade, não  repetindo formatos. Neste ano, com a entrada da escritora Maria Helena Bazzo, melhoramos ainda mais, que, alías, teve uma de suas obras sendo encenada pelo Daniel,Thiago e Lainir, dirigidos pelo também competente e talentoso Luiz Alcides Dambrós, o Timus, com muita graça, talento, singeleza...

          Os presentes foram contemplados pela audição de declamações de poemas pelos próprios autores, com a participação de Evanir Riffel (Capinzal-Piratuba), Ramiro Vieira Neto (Ipira), Denize Ceccatto Bee (Pinheiro Preto), Jaime Telles (Joaçaba), Jorge Augusto da Silva (Ouro - gaúcho recém chegado), e este que vos escreve, Euclides Riquetti.

          Além de toda a arte poética expressa nos poemas e na encenação, fomos brindados pela presenta do uruguaio radicado em Concórdia, "Ramón Borges" e seu companheiro Leonel, que desfilaram um repertório musical de alto nível, encantando todos os presentes e sendo aplaudidos.

          Ao final, ao agradecer a presença deles, possibilitada pela escritora Maria Helena, falei: "Quem tem Ramón Borges e Leonel não precisa de Michel Teló!!!", e fui secundado por risos e aplausos,. mostrando que os quase 200 presentes ao evento conhecem muito bem a verdadeira arte de cantar.

          Aliás, êta público qualificado. Nem os pequeninos deixavam de apreciar tudo, aplaudir tudo. E isso é muito gratificante, anima o poeta, o escritor, o músico verdadeiro, aqueles que cultivam e preservam a arte.

          Obrigado a todos os que ajudam a preservar a  verdadeira arte, em espcial a poesia!


Euclides Riquetti
05-04-2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Décima Quinta Crônica do Antigamente (O Seminarista...)

          Bem, já te  falei, leitora, que meu pai, Guerino Richetti, depois Riquetti, foi seminarista no São Camilo, na Vila Pompeia, em São Paulo. E, que por dar a marretada no dedão do colega noviço Albino, precisou fugir, vivendo clandestinamente, durante dois anos, na Segunda Guerra Mundial, no centro da Capital Paulista.

          Se gostas de Literatura, deves conhecer a história melodramática, com um final inafortunado para os personagens, Eugênio e Margarida, escrita em 1872 pelo mineiro Bernardo Guimarães. Gostavam-se, mas foram separados, ele mandado para um Seminário. Formado padre, volta para sua cidade natal, esperando  rezar sua primeira missa,  e reencontra Margarida, sua inesquecível paixão. Entregam-se, apaixonadamente, numa noite de amor, embora ela esteja com a saúde debilitada. Ao ser convocado para a celebração de sua primeira missa, a encomendação de um corpo, que verifica ser de sua amada. Sai correndo, em direção à porta da igreja, enlouquecido, louco, louco...

          Voltando à história de meu pai, ao fugir do noviciado, foi procurar sua madrinha. Todo o seminarista, em qualquer cidade, tem sua madrinha, que lhe lava as roupas, manda-lhe um bolo no aniversário, e que até o leva para almoçar em sua casa alguma vez por ano. Ela o recebeu, ouviu sua história e, com cumplicidade, acolheu-o e protegeu-o. Arrumou-lhe empregos, um de padeiro, entregador de pães, com cesta e bicicleta, e outro de ajudante de açougueiro, entregador de carnes com uma charrete. Não sei qual foi o primeiro, pois o perdi em 1977, quando ele tinha 55 anos e eu nem completara meus 25 ainda. Era a hora em que eu estava começando a aproximar-me mais dele, pois voltara da Faculdade, formado, com família, morando perto, em Duas Pontes, hoje município de Zortéa. Voltei em fevereiro, ele se foi em 18 de junho, nos vimos algumas vezes, ele muito debilidtado e passando a maior parte do tempo em Florianópolis, internado no Hospital de Caridade. Num momento favorável de minha vida ele nos deixou...

           Contara-me, em minha infância, algumas histórias fascinantes sobre o avô dele, Pachoal Richetti, que foi criado no orfanato de Veneza, onde foi parar aos dois anos de idade, em meados do Século XIX, após ter sua família dizimada em uma guerra. Contara-me sobre as malandragens no seminário, onde tinha que esconder alguma moeda que tivesse ganho, pois os padres não queriam que tivesse dinheiro. Uma vez jogara uma pela janela, no gramado, para que não lha tirassem, e nunca mais achou...Contara-me sobre a vez que, com sua bicicleta, atingiu uma senhora em meio às pernas, rasgando-lhe a saia, e teve que abandonar a bicicleta do patrão, para não ser preso, pois não se alistara para a Guerra, sendo os seminaristas e padres dispensados do serviço militar, mas que ele fora denunciado pelos padres, em razão da fuga. Não sendo mais seminarista, deveria alistar-se, e ele nem documentos tinha. Assim, viveu e trabalhou, clandestinamente, em São Paulo, por dois anos, após 9 de seminário.

          O seminário era localizado distante uma seis quadras do Palestra Itália, hoje Palmeiras, que era o time para o qual os padres italianos torciam. E os seminsristas assistiam jogos gratuitamente, pois até a dentista do seminário (mulher, naquele tempo, já era dentista, vejam...) e ela tinha dois irmãos, de sobrenome Mazzilli, que jogavam no Palestra. meu pai viu construírem o Palestra Itália, um jardim suspenso (pesquisem sobre isso), e o Estádio do Pacaembu, que, segundo ele, se situou sobre o rio Pacaembu, sei lá se canalizado ou aterrado.

          Eram vizinhos de um cidadão muito ilustre, o maior empreendedor brasileiro de todos os tempos, o Conde Francesco Matarazzo, dono de um império industrial fabuloso, que até mandara dólares americanos para que a Itália se sustentasse durante a Primeira Guerra Mundial. E que faleceu em 1937, quando meu pai tinha 14 anos. Mas a história do meu pai e seus amigos com o Comendador Matarazzo eu contarei numa crônica próxima, pois agora, neste momento, não posso, não conseguiria, porque estou com vontade de chorar...

Euclides Riquetti
02-04-2012