sábado, 8 de junho de 2013

Estádio Engenhão - mais uma vergonha

          Aquilo que parecia ser um orgulho para o Rio de Janeiro há 6 anos atrás, quando foi inaugurado, agora se transforma numa vergonha.

         Construído para tornar-se um estádio poliesportivo que pudesse abrigar os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro em 2007 e as Olímpíadas de 2016, o Estádio Olímpico João Havelange, apelidado de Engenhão por se localizar na localidade denominada Engenho de Dentro, foi, após o uso oficial para que fora destinado, dado em arrendamento por 20 anos para o Botafogo Futebol Clube, do Rio de Janeiro. Contrato vigente até 2027, poderá ser prorrogado por mais 20, até 2047, por vontade unilateral, ou seja, desde que uma das duas partes, Prefeitura ou Clube, assim o queira.

          Celebrado como o mais moderno e bonito da América do Sul em sua inauguração, começou a fazer água, literalmente, pouco tempo depois. Com problemas na cobertura, foi interditado ainda em março. E serviu de palco, não para espetáculos esportivos, mas sim para que os políticos do Rio de Janeiro, (aqueles mesmo que deixaram o Hospital Infantil de Bonsucesso, que faz transplantes em crianças  ficasse  fechado por alguns meses), se alfinetassem  publicamente. Um denuncia e atesta a incapacidade do outro, um teatro para angariar simpatia e votos. Dizer aqui o nome deles seria estar propagando-o, e vai que algum deles ainda se candidate a Presidente e eu o teria ajudado a tornar-se conhecido...Não vou fazer isso, minha consciência recusa.

          Pois não é que agora decidiram que aquele campinho de futebol, que custou há seis anos R$ 380.000,000,00 - trezentos e ointenta milhões - aos cofres da Prefeitura do Rio, vai ter que ficar fechado até 2015 para reforma? Dizem que é por causa da cobertura. E nem têm ideia ainda de quanto vão gastar para deixá-lo em condições de uso com conforto e segurança. Digo campinho porque tem as dimensões de 105x68 metros, enquanto que o nosso, do Arabutã FC, onde joguei bola dos 12 aos 50 anos, tem 120x90 metros. Foi justamente por isso que nosso Arabutã ganhou de todos os times da região que ali recebeu, pois vinham acostumados com seus campos acanhados e o nosso era um Maracanã interiorano. Os próprios Paulo César Caju, Edu Américo, tricampeões mundiais se impressionaram com o tamanho quando qui vieram jogar, em meados da década de 1980. O mesmo disseram  Pedro Rocha, da Seleção Uruguaia e do São Paulo FC, e Djalma Dias, do Palmeiras.

          Mas o campinho chamado de Estádio Engenhão guarda o privilégio de ter Engenheiros que desafiaram as leis da física. desafiaram, erraram nos cálculos estruturais e levaram na cabeça. Foi mais uma daquelas coisas que nos confirmam que  "quem vê cara,  não vê coração".

          Realmente, vivemos no país da vaidade, do sonho e da fantasia. Aqui em Joaçaba querem derrubar um estádio, o Oscar Rodrigues da Nova, para fazer um parque. Um estádio onde muitas pessoas se orgulham de ter jogado ou vibrado nas arquibancadas.  E, junto, vão derrubar um ginásio de esportes e até desalojar uma guarnição militar, o Tiro de Guerra de Joaçaba. Já começaram uma Rodovia chamada Transamazônica que parou no meio do mato e foi tomada pelo mesmo mato e pelas crateras. Quiseram fazer a transposição de um rio, o São Francisco, que dizem que em vez de beneficiar a população, vai beneficiar grandes empresas. E que  há dúvidas sobre os impactos ambientais. Não conseguem terminar a duplicação da BR 101, que já é conhecida como a Rodovia da Morte, onde centenas de vidas já foram ceifadas desde que a tal da duplicação começou.    

          E há mais outras e outras barbaridades que vocês, leitor e leitora,  conhecem tanto ou mais que eu. A vaidade, a ambição, a irresponsabilidade campeia em todos os lugares... e nos campos de futebol  não é diferente! 

Euclides Riquetti
08-06-2013


sexta-feira, 7 de junho de 2013

As últimas rosas de outono

Foram-se as últimas rosas de outono
Foram-se as pétalas das bordôs e das vermelhas
Que do fogo da paixão foram centelhas
Mas  que imergiram na calmaria...

Foram-se para dar lugar a outras que virão
Foram-se para o reciclo que fertiliza
Nas manhãs de pouco sol e muita brisa
Foram-se nas minhas aliterações e nas sinestesias.

Deixou-me  deliciosas lembranças o sol morno
Que tímido volveu meu ser para o passado
Para um antigo outono cinzento,  mutilado
Que  deixou-te maltratar meu coração.

E,  enquanto minha mente se embaralha
E busca entender da rosa a natural ausência
Rezo para que m'a mande de volta a Providência
Que reste ali, formosa, rosa branca, clara.

Que volte para acalentar meu coração
Que volte ainda antes do verão!
Mas que volte...

Euclides Riquetti
07-06-2013






quinta-feira, 6 de junho de 2013

As Propagandas Furadas do Ministério da Saúde

         O Ministério da Saúde, por seu Departamento de Comunicação, tem sido o campeão em dar dores-de-cabeça ao Governo Federal. Na crença de que as propagandas contra as doenças sexualmente transmissíveis  precisam ser agressivas para atingir o objetivo, têm sido tão agressivas como as doenças que quer evitar. Em 2010 já houve uma forte polêmica por causa da maneira como foi concebida uma peça publicitária. Agora, duas colocações e duas posições têm gerado muits polêmicas.

           A primeira, com relação à intenção de tarzer 6.000 médicos de Cuba para trabalhar no País, sem a convalidação de seus diplomas. Não disseram, inicialmente, que também trariam médicos de Portugal e da Espanha, o que denotou a caracterização de que apenas os de alinhamento ideológico deveriam vir. Tenho minha posição: Que venham médicos de onde vierem, mas que sejam submetidos a uma avaliação antes de serem autorizados a trabalhar, de forma a garantir que a população seja atendida por profissionais capacitados. E que venham de qualquer país, desde que conheçam a língua portuguesa para se comunicar com os usuários dos sistemas de saúde e os enfermeiros, e se submetam às normas vigentes. A segunda, por causa de um banner produzido e que foi utilizado no domingo, através da internet, em razão do Dia Mundial das Prostitutas.

          O Ministro Alexandre Padilha teve que demitir um de seus Diretores do Departamento de Vigilância,  Prevenção e Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis nesta semana. Com tanto abacaxi para resolver no Ministério mais complicado que existe para gerir, publicaram, há poucos dias, uma propaganda na internet com a frase: "Eu sou feliz sendo prostituta".

          Choveram críticas. E, antes de me posicionar, busquei conhecer a propaganda e já tenho minha conclusão: "Demitido por incompetência! Quem autoriza uma propaganda dessas tem que ser demitido. E a agência que produziu não deve receber nada pelo material que produziu.

          Ora, vivemos num país onde um monte de gente tem ideias que acham criativas, dizem e escrevem as bobagens que querem. Eu escrevo o que quero, publico, gratuitamente, para quem quiser ler. Não estou gastando dinheiro dos outros, uso minha imaginação, meu computador, e pago meu uso de internet. Mas o Ministro, um cidadão bem intencionado, com tantos problemas para solucionar, vê seus comandados publicando, sem sua autorização (assim diz ele), uma propaganda ambígua, com uma afirmação que permite mais de um entendimento.

          A intenção inicial, acho, seria de dizer que a prostituta, se usar preservativo, não correria  riscos em sua saúde. Mas a frase, como está colocada, permite-nos  interpretar que ela quer dizer que ser prostituta a torna feliz. E, assim sendo, estaria incentivando outras a se prostituírem. Não tenho preconceitos com relação às preferências e orientações pessoais de ninguém. Cada um faz o que quer, colhe os bônus que sua escolha lhe proporciona e arca com os danos disso também. Mas, convenhamos, há tantas maneiras de promover uma campanha publicitária com resultados melhores, apenas com ideias criativas, belas falas, belas frases e belas imagens. Uma Deputada do Rio de Janeiro levantou a voz e a bandeira contra o MS: "Ninguém é feliz sendo explorada sexualmente". E isso é o pensamento corrente por aqui também.

          Você, leitor, deve ter notado  quantas excelentes propagandas podem ser vistas em todos os meios de comunicação. As das cervejas, ótimas. Eu, pessoalmente, acho que deveriam ser proibidas, como foram as dos cigarros.  Mas vejam as divertidas propagandas de sandálias, de carros,  de materiais de limpeza, e até de algumas lojas de redes de eletrodomésticos (estas um tanto chatas...) e constate o padrão de qualidade e a eficácia delas sobre o consumidor. Sem causar estragos...

          Se a equipe que produziu o material para o MS pensou em agradar, deu-se mal. Mas, como diz uma pessoinha que adoro, tive uma ideia:  vou até publicar, logo, logo, uma poesia que compus uma vez cujo tema era uma prostituta.

          Penso que quiseram ousar produzindo algo impactante, Foram mal. Precisam ser bem claros, porque as pessoas que a veem têm que ter, com facilidade, a percepção do que estão querendo dizer.
Até para ousar é preciso comedimento. Têm  um segundo banner, com uma senhora bela, sorridente, que diz: "Um beijo para você que usa camisinha e se protege das DSTs, aids e hepatites virais". Penso que esta, sim, devria ser difundida efusivamente, pois é de fácil comprensão, atingindo todo o universo de brasileiros.

Euclides Riquetti
06-06-2013

terça-feira, 4 de junho de 2013

Você me seduz

Você me seduz
Com o seu jeito imponente e importante  de ser
Você me reduz
A um ninguém maltratado, largado outra vez.

Você é assim
A mais bela mulher que eu já vi  por aí
Você é pra mim
A mais formidável senhora que já conheci.

Procuro compor
Um poema com lindas palavras e rimas para lhe agradar
E sinto uma dor
Quando percebo que busco e não tenho o que encontrar.

Procuro pensar
Que você já sentiu quanto amo seus olhos castanhos
E me conformar
Pois não há como ser de você, que me vê como estranho.

Você  me seduz
E maltrata o meu coração perdido e incontido em desejo
Você me reduz
A um frangalho, um  rejeito sem coragem de olhar-se no espelho.

Você é assim
Eu não sei se é maldade, se é medo, ou pura vaidade
Você é pra mim
A deusa distante que finge e me esnoba assim sem piedade.

Procuro compor
As canções mais sensíveis com com letra romântica e melhor  melodia
E sinto uma dor
Que faz com que eu sofra por não receber nem um simples "bom dia"!

Um bom dia
Um aceno
Um olhar...

Apenas um olhar
Disfarçado que seja.
Como a noite sem luz
Você me seduz!


Euclides Riquetti
05-06-2013

Cinco Tons Multicores x 50 de Cinza

          Se eu tivesse que escrever, obrigatoriamente, um romance, eu já teria o título: "Cinco Tons Multicores". Criei a expressão ao mandar uma mensagem para uma garota que me propôs tornarmo-nos amigos  no facebook, há uns instantes. Aceitei e convidei-a para que se tornasse leitora habitual em meu blog. O blog me tem permitido que  leve meu pensamento a muitos leitores do Brasil e de diversos lugares do mundo, desde os Estados Unidos até a Rússia.

          O que  chamou minha  atenção foi  a configuração visual de minha amiga Gislaine Leal da Silva no seu facebook. Sua foto e, na lateral, uns partilhamentos coloridos, de uma outra  foto dela, em sequência, como se fossem cortinas em tons articulados e harmonizados, bem dispostas.   Foi algo bem criativo. E isso me remeteu a  menções sobre o badalado livro "50 tons de cinza", do E.L. James. O mesmo que escreveu "50 Tons de liberdade" e "50 tons mais escuros. Senti que ela não fechou muito com a ideia trazida pelo livro, um best-seller... Foi mais criativa, teve imaginação. Não me digam que a geração jovem não é bem criativa, que não tem ideias. Podem não pensar como os mais "adiantados na idade", mas têm seu potencial.

         Na família, o volume "grey" andou na mão da turma da "ala girl" e não senti aprovação. Uma das leitoras aqui de casa me disse que foi até um tanto, menos de metade dele,  e que há muita coisa melhor para ser lida, de autores menos badalados e que nos dão entretenimento melhor. E, como ela lê todos os dias, dezenas e dezenas deles por ano, acatei sua opinião. Como sempre gostei de ser diferente dos outros, na idade adulta  optei por ler livros de consistência, mesmo que simples, de autores pouco conhecidos. Diversos de autores que me dão o prazer  de sua amizade e os tenho autografados.  Aliás, emprestei para alguém o da Dona Holga Brancher e não voltou pra mim. (Por favor, quem estiver com ele me devolva, que quero ler mais uma vez...). Então não pretendo ler o badalado livro do E.L. James. Mas, no futuro, quem sabe, depois que a onda passar.

          De comum com o "50 tons de cinza"  tenho a gravata da capa. No guarda-roupas, aqui atrás, está uma que comprei no Floripa Shopping há pouco tempo, na mesma cor, no mesmo ton, um cinza/chumbo metalizado, com linha em negro. Acho até que já usei uma vez, não lembro quando. Mas só isso!

         Busquei na internet para sentir o que os leitores diziam a respeito. Carlos Rodrigo é um cidadão que escreve e também compartilha resenhas de livros na rede. Faz uma crítica ao livro e diz que é perda de tempo ler. Alguns de seus  seguidores concordam com ele, os masculinos. Mas algumas  femininas, poucas, acham "o máximo".

          Até anotei o comentário de uma delas: " concordo com você pois, as pessoas só lê o 1º livro e fica falando do que não sabe. É melhor que leiam os outros e depois coloque sua opinião ai você não iram falar besteiras".  Bem, não sei se uma pessoa que se diz leitora e comete tantos erros de pontuação, concordância verbal, nominal e acentuação gráfica pode ser levada em conta. Parece-me que seja apenas mais uma das que lê para ter o que dizer nas rodas de amigos. Outras leitoras escreveram que não gostaram, que só menciona sexo e que, como romance é muito fraco. Até dizem que se for transformado em filme tem que ser pornô, não dá para fazer um romance porque resultaria vazio.

          Mas, voltando à nova amiga "do face", Gislaine, parabenizo pela apresentação de sua página inicial. Bem bolada, alegre, criativa. Postou sua foto pessoal em cinco belos tons coloridos. E, como sempre me diz a minha netinha Júlia: "Tive uma ideia". Escrevi esta crônica. E, do mesmo modo que dizem por aí: Amei!!!

Euclides Riquetti
03-06-2013

        

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Maravilhosa Noite Italiana de Luzerna com a Familia Paganini

          Participamos, alegremente, da 16ª Noite Italiana de Luzerna, no Clube Vitória local, no sábado, 01 de junho. Saímos de casa sob intensa precipitação de chuva, chegamos com pouca antecedência ao horário marcado: 8 h 30 minutos. A abertura do evento aconteceu na hora prevista, o que denota respeito ao público. Primeiro o jantar, comida de excelência: Codornas recheadas, costelinhas de porco, polentas, saladas, canelones, inhoquis, anholinis do tamanho que minha mãe fazia quando era criança. Daqueles que apenas um enche a concha de uma colher. Tudo muito delicioso.

          Dois barris de vinho ao lado do palco, Niágara exalando o odor gostoso da uva; e bordeaux. Vinhos coloniais servidos à vontade. Os amigos Diesel e Martendal com seu time servindo,  e as pessoas buscando-o, moderadamente. A Associazone Triveneta de Luzerna organiza um jantar espetacular. Comida quentíssima, combinada com bom vinho e a amável atenção dos promotores, a fórmula de trazer de volta o público nos anos seguintes. Tenho frequentado muitos eventos no Vitória, sempre bem organizados. É um clube espaçoso, que cumpre com as normas de segurança. É possível,  mesmo chegando em cima da hora, encontrar local para estacionar a no máximo três minutos de caminhada, nas ruas que circundam o local.

          Além de tudo isso, que já é esperado, muito boa música. Foi-nos a oportunidade de rever o conjunto Musical "Família Paganini", de Arroio Trinta, a Capital Catarinense da Cultura Italiana.  Aliás, quem não conhece Arroio Trinta, deveria fazê-lo. Distante menos de meia hora de carro de Treze Tílias, uma cidade aprazível que tem vários equipamentos públicos e culturais com as características da colônia italiana. Lá se respira em italiano.

           Conheço a Familia Paganini desde o início de 2007, quando recebi os dois jovens irmãos, o Cristiano e o Giovani, que tinham voltado da Europa, onde foram aprofundar-se na arte da música e da gastronomia. Um em Londres e o outro em cidades da Itália. A irmã, Aline, foi para a Áustria. Os três filhos espalhados no mundo, ajudando a construir o sonho do pai, Ulisses, músico bem conhecido aqui no meio do Estado: queria torná-los músicos. E conseguiu. Na época, trouxeram-me seu notbook com uns clipes de seus shows e me conquistaram. Nós os contratamos para um das edições da Festa do Colono, dia muito frio, lá em Ouro. Vieram, fizeram tudo muito certinho, com muita seridade, profissionalismo e elevado padrão artístico. O conhecimento de línguas por todos eles possibilita a interpretação fiel de canções internacionalizadas. Cristiano com seu italiano, Giovani com o inglês e a Aline com o Alemão. Interpretam clássicos e modernos nas três línguas.

          Tão logo vi o Cristiano, no sábado, conversamos, passei-lhe uma anotação para uma homenagem após à meia-noite e passamos a presenciar as apresentações de números de danças pelas crianças,  muito bem ensaiadas lá em Luzerna. Aquelas crianças bonitas já incorporam o espírito da dança como se já o tivessem ainda antes de nascer. Muita harmonia, beleza, singeleza nos números apresentados.

          Depois, antecedendo o baile, um show com os Paganini. A Aline, maravilhosa, interprtando uma canção. O Giovani, com o piano no meio do salão, executando uma música maravilhosa. As intervenções do Cristiano, a interação com o público e o "Velho Ulisses" no controle, com seus teclados. Som maravilhoso, interpretaram "Aleluia", "Con te partirò" e outras belas canções, que nos emocionaram. Como evoluíram esses músicos! Agenda sempre cheia, muitos shows e bailes pelo Brasil. Três CDs no mercado, muito prestígio. Conhecem música, foram estudar, mantiveram a simpatia caracterpisticas dos Paganini, gente bonita, afável, inteligente, talentosa. É o terceiro evento que participo com a presença deles em seis anos e posso asseverar que estão cada vez melhor. O talento deles é indiscutível, vão fazer muito sucesso, ainda! Não precisam de badalação, já conquistaram seu espaço no mercado, à sua maneira. Ganhamos muito com isso!

          No mais, parabenizar ao pessoal de Luzerna que, há 16 anos, vem se superando em sua capacidade de receber-nos bem!

Parabéns, Associazone Triveneta di Luzerna!

Euclides Riquetti
03/06/2013.

domingo, 2 de junho de 2013

Vai, Cafu!

          O Cafu era meu vizinho quando nossas meninas tinham apenas um ano de idade. Era  pedreiro, trabalhava aqui e ali, em Ouro. Morava num anexo a um açougue desativado, do Benjamim Mioqueloto, há uns 8 metros de minha casa. Pois o Cafu tinha duas paixões: Uma menina e um menino,  e um time de futebol: O Inter, de Porto Alegre.

          Tinha bandeira do Inter, camisa vermelha do Inter, fotografias tiradas no Baira-Rio com os jogadores do Inter. Seu compadre, Dr. Vicente o levou lá para conhecer o estádio e os jogadores, e ele  tirou fotos com o Capitão Figuerôa, Falcão, Batista, Caçapava e Escurinho, todos craques daquele timão que fora campeão gaúcho numa grande sequência de vezes,  e ainda brasileiro. Numa das fotos tinha o Marcelo, um menino magrelinho, cabelos claros, filho do nosso médico. Até hoje esse menino, que agora já é bem adulto, posta fotos do Clube Gaúcho de seu coração na internet.

          O Dr. Vicente tinha um Fordeco. Um Fordeco, na década de 1970, inspirava charme e saudosismo. Equivalia a, hoje, ter um fusquinha daquele modelo que fabricaram até 1969, com aqueles parachoques cromados, que na hora de lavar davam mais mão-de-obra do que os que fizeram a partir de 1970. Gostava de desfilar com os filhos pelas ruas calçadas com paralelepípedos de Capinzal e Ouro. E, quando o Inter ganhava um campeonato, e ganhava muitos, comemoravam andando com o F-29.

          Mas, como não me propus a escrever sobre fuscas e sim sobre o Cafu, devo dizer que ele herdou o apelido graças ao de um ponteiro-direito muito veloz que jogava no Fluminense. Como ele trainava na mesma posição no Arabutã, o pessoal lá da Baixada Rubra, na antiga Siap, assim o apelidou. E, por uma acomodação da linguagem, uma corruptela da palavra, acabou se tornando o Cafu. "Cafú", pronunciado assim, mas sem acento, que a regra gramatical não permite.

          O Cafu recebia muitas visitas em sua moradia acanhada. Mas a esposa dele dava um jeito de tratar todos muito bem. Dona Eva resolvia tudo, até fazia o chimarrão. E o Cafu, na boa, sentava numa das cadeiras de palha, daquelas que o Fongaro produzia lá no Alto Algre, e acomodava o visitante. E, visita bem tratada, volta sempre. Quando chovia, era visita na certa, pois pedreiro que se preza não trabalha em dia de chuva, ainda mais se tem risco de asma. E outra coisa que não falta na caixa de ferramentas é o radio de  pilhas. Motorrádio, de preferência, com 4 pilhas médias. Pega de tudo. Até canarinhos, pombas, arapongas...

          Acomodado o visitante, a segunda parte era  a mostra do álbum  de fotografias. Virava cuidadosamente cada página, mostrava, explicava. Pois tinha até uma foto do Fordeco do Dr. Vicente, uma relíquea, com  bancos bonitos, lustrinho, rodas com raios cromados, até buzina tinha... E muitas dos jogadores do Inter.

        E, quando seu time perdia, abaixava a cabeça e ficava emburrado. Pegava um martelo e coitado  do prego que aparcesse na frente: era pancada em cima de pancada. A cerca da mangueira do açougue era o equipamento certo para suportar sua ira.

          Num em dia que foi fazer uma consulta, com o Dr. Vicente, é claro, me aparece em casa com uma caixa de papelão comprida. Eu não perguntei nada, pois cada um de nós cuidava de sua própria vida. No vidro de uma das janelas, colava santinhos do candidato adversário do meu nas eleições, provocava. Mas eu não entrava na dele... Nossa amizade era uma coisa, a política era outra. E ele era do Inter e eu do Vasco...Eles tinham o Falcão e nós tínhamos o Roberto Dinamite, que ainda não virara espoleta.

          No outro dia, quando volto da Escola onde lecionava, uma big de uma antena sobre o telhado. Pensei: "O Cafu comprou um televisor. Legal, agora a Eva vai ver novelas e as crianças vão ver o Balão Mágico. E ele o futebol".

          Na primeira oportunidade, entabulei conversa: "TV nova, Cafu?"

          "Não! É uma antena de FM. Não é de TV. Comprei um rádio FM e vou escutar a Transoeste FM, de Joaçaba. A antena é pro rádio!"

          Argumentei porque ele não comprou uma geladeira, então, que ainda não tinha. (Eu devia ter ficado quieto e não me metido na vida dele...)

         E ele respondeu-me: "A minha já tá chegando. Mais uma semana e você vai ver quanto frio vai fazer a partir de junho. Quem precisa de geladeira com um frio desses que vem aí?!"

         Esse era o Cafu!  Andei assuntando e me parece que se abriga  ali pelas bandas de Herval d ´Oeste. Ainda não obtive o endereço, mas vou encontrá-lo uma hora dessas. Quero ver aquele álbum com aquelas valiosas fotos dos maiores craques que o Inter já teve. E rever o Cafu e, de repente, reencontar suas crianças, que já devem estar bem grandes!

Euclides Riquetti
02-06-2013