sábado, 18 de julho de 2015

Resposta a Mister Safik... (Eu, Touareg...)

Reprisando...

Mr. Safik  -     

          Saudade é um sentimento nobilíssimo. Pessoas que sentem saudades e medo estão sempre vivas, atentas ao derredor.

          Os anos 50 não restam apenas em tua nostalgia, mas na minha, no verdor de minha infância. Boas lembranças dos tempos em que se tomava o bote e se buscava a Ilha da Siap, da malandragem dos mais velhos: primos, irmãos, amigos... na escusa busca de frutas naquelas paragens e, da subida nos cipós, nas brincadeiras de Tarzan, no armar de linhas de pesca nos sarandis, nas brincadeiras de virar o bote, na procura de lugar em que "desse pé", no leito das límpidas águas do Rio do Peixe.

          Juro-te, peloas goiabas, caquis e melancias afanados, que foram os grandes anos de minha vida. Juro-te, pelos lambaris, carás, joanas,  mandis e jundiás pescados, que foram as melhores aventuras de minha vida. Juro-te, pelas águas transparentes das corredeiras da Ilha, que quando avistávamos as meretrizes banhando-se nas margens do lado esquerdo, cobríamos os olhos para não fazer pecado... e quando, por deslize, os dedos se abriam e nossos olhos buscavam, furtivamente, o corpo daquelas banhistas, íamos, na primeira oportunidade, ao confessionário de nossa suntuosa Matriz São Paulo Apóstolo, onde, nos meses de janeiro, gastávamos nossos trocados na pescaria e nos cavalinhos da Grande Festa em que, não raro, bandas animavam o ambiente e o chope animava o povo, que era muito feliz. Não procurávamos o Frei Lourenço, o mais severo dos freis, mas o outro Frei, aquele que vivera as agruras da Segunda Guerra Mundial, viera da Itália, que era mais condescendente e impunha penitências mais leves. Diziam as Senhoras que era o confessor preferido, parcimonioso, atencioso, compreensivo, além de outros "oso" e talvez "ivos".

          Como são boas as lembranças. Boas lembranças do tmpo em que, ma ponte pênsil, trafegavam alguns automóveis, dizem que até o caminhãozinho FORD Gigante (ou era Chevrolet), das Indústrias Reunidas Ouro! Depois, o orgulho de ver a Ponte Irineu Bornhausen ali, imponente e formosa, sombreando as águas e ligando as duas cidades gêmeas do Baixo Vale.

          Como era bom ir à Comercial Baretta e comprar anotando "na caderneta", ir à loja das Indústrias Reunidas Ouro comprar sabão e banha "Ouro", e vinagre "Horizonte"! Tomar gasosas de framboesa no engarrafamento da Indústria de Bebidas Prima, comprar capilé no Bar Avenida, no Bar do Adelino Beviláqua, jogar bola nos campinhos esparramados por aí, como aquele do "Morrinho do Pão-duro", onde hoje é a Central telefônica da cidade, ou no Municipal, nosso "terrão", onde jogavam Vasco, Arabutã, São José, Ouro, Operário do Mandu, Botafoguinho dos Baratieri, Flamenguinho do Coquiara, Fluminense do Rogério Caldart, Palmeirinhas da Rua da Cadeia (o do meu irmão Ironi), Vasquinho dos filhos do Ernesto Zortéa, Ameriquinha dos riquinhos da área central, e outros, que, "pelo conjunto da obra", não deixavam a grama crescer. E havia ainda os recessos, como quando o Circo Robattini veio e instalou-se no campo, com picadeiro vestido de maravalha da Zortéa ou dos Hachmann.

          Realmente, foi de comoção o passamento de Maria Lúcia, que devia ter a sua idade, que ia ao Mater Dolorum com casacão xadrez verde e branco, alguns detalhes em preto. Fora a Dona Linda Santos e depois ela. Depois foram outros. O Juca, o Sr. Sílvio Santos, o Moretto, todos grandes amigos. Que pena! Quanta gente boa se foi... Dos Santos e de tantas outras famílias que ajudaram a construir nossa História.

          Também foi o  de tua professora Julieta, que perdeu a vida em General carneiro, em fevereiro de 1980, em acidente de carro, juntamente com seus pais. Mas a outra professora tua, continua aqui, participando de eventos culturais de nossa cidade.

          Nossas cidades, Ouro e Capinzal, mudaram muito. Uns foram embora, vieram outros. Restaram lembranças, vieram acontecimentos, desenvolvimento, eventos, acontecimentos com perdas e ganhos.

          Assim, Mr Safik, ajudo-te a relembrar algumas coisas: os cinemas deram lugar às locadoras de vídeo, as lojas aos supermercados, as canetas-tinteiro aos computadores, os telefones pretos aos celulares, os jipes e as rurais aos carros modernos. Mas não podemos esquecer da Aero Willys do Barison, das lemosines do Fleck, dos jipes dos colonos, dos DKWs do Atolini e do Carleto Póggere, nem dos ônibus a gasolina da "União da Serra", todos de nossa infância. Abraços!
Touareg - Nascido em 23 de novembro de 1952.

(Publicado no Jornal A Semana - Capinzal-SC, em 25-04-2007, na Columa do Ademir Belotto, com a utilização do pseudônimo "Touareg", em  resposta a uma carta publicada anteriormente, por um autor que utilizou o pseudônimo "Mr Safik", que viveu a juventude em Ouro, trabalhou nos Estados Unidos,  e voltou para Florianópolis após a ataque de 11 de setembro às torres gêmeas.

Euclides Riquetti - o Touareg...

15-01-2015

O Sucesso do Bazar da Moda de Joaçaba ( neste sábado e domingo )

          Soluções criativas, em momentos de crise! Penso que o evento "Bazar da Moda de Joaçaba", que se iniciou na manhã deste sábado, no pavilhão Frei Bruno, ao lado da Catedral, foi uma grande tacada do SEBRAE, da Prefeitura, da CDL e da ACIOC de Joaçaba. Reuniram 28 lojas que atuam no ramo da moda em Joaçaba, quase que todas as "tops" do pedaço e, oferecendo descontos que vão de 50 a 70% sobre os valores das etiquetas dos produtos, estão tendo pleno êxito: gente comprando!

         A clientela anda muito zelosa, criteriosa e seletiva. Acabou-se o tempo em que as pessoas iam às  compras e voltavam com diversas sacolas penduradas nos braços. O que se viu hoje, pela manhã, no bazar, eram pessoas buscando aquilo que lhes agrada e a bom preço. Controlei o fluxo de pessoas e, das  que passaram pelo portão principal, 9 entre 10 delas vinha com uma, duas ou até três sacolas.

          O pessoal das 28 lojas ali instaladas estava motivado tanto quanto os clientes. Instalados com suas mercadorias de boa qualidade, stands padronizados e bem organizados, maquininhas de "passar cartão de crédito instaladas", além dos descontos estavam "aceitando propostas", ou seja, vendendo pelos preços das ofertas até em duas vezes no cartão, mesmo que os gastos ficassem na casa dos 80 ou 100 reais.

          O atendimento, neste sábado, vai até às 20 horas. No domingo, abre às 15 e atende até às 19 horas. Me perguntaram se vale a pena ir ao bazar da Moda de Joaçaba: Vale! Se você, leitor, leitora, estiver a fim de comprar algo para o inverno, ou algo para meia-estação  ou até verão, aproveite.

          Encontrei alguns amigos por lá, vale até ir para um bom papo: o Arenhardt, da Banda, que toca bailes para casais em toda a região, deu-me um folder com as datas e locais dos eventos.  O amigo Éber Bündchen, advogado e vereador aqui de Joaçaba e seu companheiro Thiago, com as famílias;  o Paulo Afonso, jornalista;  o Abel Melo, meu conterrâneo de Capinzal, com quem tivemos diversas parcerias em termos de desenvolvimento do Turismo para Capinzal, Ouro, Zortea e Barra do Leão, no tempo em que eu presidia o Núcleo Intermunicipal  de Turismo, dentre outros.

          Perguntei ao Abel se Capinzal ia fazer o bazar de gênero por lá e ele disse que não estava programado. Acho que deveriam pensar bem nessa ideia. Dificuldades existem para o comércio em todo o Brasil, neste momento. Mas, para quem se organizar e oferecer produtos a bom preço, com boa promoção publicitária, consegue despertar interesse na população consumidora.

          Parabéns aos organizadores pela iniciativa!

Euclides Riquetti
18-07-2015

         

Se olhares para o céu

Se olhares para o céu e enxergares estrelas
Mesmo que poucas delas, difícil de vê-las
Se as estrelas do céu estiverem escondidas
Na noite escura, na noite sofrida
É melhor não estares lá...

Se olhares para o mar e as águas estiverem turbulentas
Mesmo que sem vento, nas manhãs cinzentas
Se as águas do mar não estiverem em calmaria
E teu coração sentir uma indizível nostalgia
É melhor não estares lá...

Se olhares para o vale e não avistares florestas
Mesmo que que ouças pássaros fazendo festa
Se não houver um rio, houver apenas deserto
Volta para trás, este não é o lugar certo
É melhor não ires para lá...

Mas se olhares para qualquer campo florido
De todos os matizes colorido
Um campo verde, com flores amarelas e discretas
E avistares nele um poeta...
Serei eu que estarei lá...

A te esperar!

Euclides Riquetti
18-07-2015




Gente que fez - (Universidade do Vale do Iguaçu)

          No início da década de 1970, quando ingressei da FAFI, em União da Vitória, iniciava-se, na cidade, uma forte campanha para que a cidade pudesse se desenvolver. Até então, vivia-se em função da industrialização da madeira com fornecimento para o mercado interno e para exportação. Havia madeireiras poderosas na cidade. Serragem e beneficiamento de pinheiro araucária,   imbuias e outras madeiras nativas garantiam a economia.

           Na época, pelo menos dois fatores deram um "baque" na economia local: Com a guerra de Israel e os Países Árabes, em outubro de 1973, houve alta nos preços dos combustíveis, em especial a gasolina. Não se conhecia ainda o etanol e havia muitos caminhos acionados a gasolina, elevando os custos de produção. O óleo diesel era mais barato e a solução foi os proprietários irem comprando motores a diesel e adaptando-os aos caminhões Ford  e Chevrolet. Em  seguida, veio uma "proibição" da exportação de madeiras e a economia de Porto União da Vitória foi muito abalada. Lembro-me do desespero de empresários com menos poder de fogo e dos operários com medo de perderem o emprego e dos caminhoneiros perderem seus fretes.

          Talvez antevendo isso tudo, algumas pessoas influentes na cidade começaram a planejar a implantação de uma instituição de ensino superior forte, que viesse a alavancar o desenvolvimento de Porto União da Vitória: a criação da Universidade do Vale do Iguaçu, cujo embrião foi a FACE - Faculdade de Administração e Ciências Econômicas, com o empenho de pessoas dedicadas como José Nelson Dissenha, Moacir de Melo, Hélio Bueno de Camargo, o Professor Raul Bortolini, Odilon Muncinelli, Sérgio Ângelo Francisco Mattioli e alguns colaboradores.

         Lembro de uma reunião havida, possivelmente no Clube Apollo,  em que a ideia da nova Universidade nos foi trazida. A FAFI disponibilizava, então, Letras, Pedagogia, História e Geografia, que se transformou em Geociências. Na memorável reunião, o Dr. Mattioli, Juiz de Direito, falou da importância de termos a Universidade do vale do Iguaçu e de que precisávamos unir nossa força moral e intelectual, com apoio do empresariado e da classe política, para que isso acontecesse. Naquela noite, uma pequena mensagem nos era passada, impressa num pedacinho de papel: "Universidade do vale do Iguaçu - Não somos tão ricos que nada possamos receber, nem tão pobres que nada possamos dar" - guardo isso muito bem em minha memória...

         Os anos passaram, a maioria dos cursos sonhados na época já estão funcionando na UNIUV, a cidade sobreviveu a algumas enchentes, tem um comércio  e a prestação de serviços bastante diversificada, uma "capacidade intelectual instalada" forte e sempre em ascensão.

          As cidades não podem deixar de reconhecer a importância que as pessoas que mencionei acima, e muitas outras, tiveram para seu desenvolvimento e sua sustentabilidade. Parabéns a essas pessoas por terem plantado as primeiras sementes, lá atrás.

Euclides Riquetti
18-07-2015

   

         

Jamais te perder...


Mar...
Luar....
Olhar...
Sonhar! (Querer)

Flor...
Amor...
Calor...
Dor! (Sofrer)

Navegar
Divagar...
Namorar...
Amar! (Pretender)

Canção...
Paixão...
Emoção...
Coração! (Viver, viver!, viver!)

E, entre verbos e substantivos
Te ver... tecer... te ter...
E, entre versos (re) sentidos:
Teu ser...
Apenas te querer.
(Jamais te perder!)
 
Euclides Riquetti

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Conhece pessoas práticas, criativas, eficientes no trabalho?

          Na manhã desta sexta, 17, quando saí para minha caminhada diária com o amigo Valdecir  Piovesan, nas proximidades de seu hotel, o Hotel Joaçaba, deparei-me com funcionários do SIMAE de Joaçaba realizando um trabalho de adequação do esgotamento sanitário do edifício com a rede coletora pública. Fiquei olhando os dois trabalhadores que tinham a tarefa de fazer o devido ajuste. Eram dois Senhores de meia idade, mostravam ter conhecimento de seu metier. Quando eles terminaram um dos serviços, indispensável para a conclusão da intervenção, falei: "Parabéns, vocês fizeram um ótimo trabalho!"

           Quantas vezes você, leitor, leitora, já não viu alguém ser prático e ágil ao fazer algum trabalho manual ou intelectual e ficou admirado com o que viu? Pessoas simples, que têm o conhecimento prático e do senso comum, que resolvem os problemas sem confusão e sem estardalhaço!

          De uma maneira simples, vou relatar o que vi hoje: Dois trabalhadores precisavam de assentar, em posição vertical, um tubo de concreto vibrado de 300 mm, sobre a rede pública de esgotos, ligando-a à saída do edifício, em tubulação de PVC. Precisavam de apenas 70 cm lineares de tubo de concreto, não do metro como é fabricado. E precisavam de que tivesse um orifício pelo qual deveria entrar o tubo de PVC, promovendo o adequado acasalamento. O que fizeram?

         Primeiro, um deles pôs-se a fazer um corte no tubo, de forma que ficasse com apenas 70 cm de comprimento. Pegou uma marretinha e fez um risco de meio círculo em metade do tubo. Passou a bater, levemente, com a marretinha, por sobre o risco. Findo isso, rolou parcialmente o tubo fez o mesmo do outro lado. Depois, deu uma pequena batida no tubo e o resultado foi que obteve duas partes, uma com 70 cm e outra com 30. Perfeito!

          Agora, precisavam fazer o orifício lateral no de 70. Então,  o que havia partido a peça falou ao outro: "Agora, é preciso fazer o furo e eu não sei fazer. Faça você que sabe fazer bem". Este, escolheu o ponto ideal e começou a bater, sistematicamente, de leve, com a marretinha e, em instantes, o furo estava feito. Sem danos ao corpo do tubo. Dois mestres em seu serviço, dois trabalhadores experientes. Poucos minutos depois o trabalho estava todo concluído,  ficando o local pronto para receber a camada básica para assentamento de massa asfáltica.

          Brinquei com eles, falei que não é todo o engenheiro que tem uma prática dessas, que tudo a gente aprende com observação e interesse. O que eles fizeram, muitos de meus colegas de trabalho, no Município de Ouro, também faziam. O conhecimento empírico, que se adquire na base do "aprender a fazer fazendo", precisa ser valorizado. Você também deve conhecer muitas pessoas que fazem maravilhas, anonimamente. Mostre a elas que você valoriza o que elas fazem.  Valorize as pessoas práticas, criativas e eficientes no trabalho. Mostre-lhes o seu reconhecimento e deixe que percebam que o trabalho delas é importante. Lembre-se de pessoas que têm muito capricho naquilo que fazem: comida, limpeza, bordados, cortes de cabelos, penteados, pintura  das unhas, muros, pintura de paredes, corte da grama e muitas tarefas mais. E não esqueça de valorizar, também, o trabalho dos professores de seu filho!

Euclides Riquetti
17-07-2015



Abençoa, Meu Deus, as pessoas de bem


Anda, na chuva

 
Anda, na chuva
Caminha, na curva
Anda, no dia desensolarado
Cinzento, nublado
Mas anda na chuva!

Deixa que a água fresca encantarada
Molhe tua alma esbranquiçada.
Deixa que teu  pensamento navegue,  solto
Sobre um mar confuso e revolto
Mas anda na chuva!

Anda, na chuva da tarde, da noite, da madrugada
Caminha na manhã, esperançada.
Abre tua alma (alva) jazida em incertezas
Pensa em mim, pensa com leveza.
Pensa em mim, na curva, na chuva.

Mas pensa em mim!

Euclides Riquetti

Sexta Crônica do Antigamente - (mais uma reeprise...)

Reprisando  a série:


Sexta Crônica do Antigamente

          "Se tomar mais que dois sorvetes, morre?"
          "Morre, sim, respondiam para mim". E, para tantos outros, que gostavam de sorvete, principalmente do "sorvete de uva", que o Sr. Pedro Beviláqua, os Santini, o Casagrande, do Bar Avenida,  o Bar do Carletto,  o Bar do Canhoto, ou mesmo o do Arlindo Henrique faziam, nos anos 60.

          Misturar uva com melancia mata? Uva com leite dá congestão? E se for melancia com leite, pode?
Essas indagações povoavam as mentes confusas de crianças e adolescentes de minha época, que gostariam de devorar tudo o que aparecia pela frente, ficarem  pançudinhos, "matar a bruta" de tanto comer...(Eu era bem  esquálido, porque não tinha dinheiro para ficar pançudinho...)

          Bem, quem, em sua vida, não foi, pelo menos uma vez, "vítima" das boas e bem intencionadas mentiras engendradas pelos pais, com o objetivo de livrar-se do incômodo e desconforto de ver os filhos toda a hora deixando-os de saia justa, porque queriam que queriam dinheiro para comprar "mais" sorvete, e o pediam diante de outras pessoas? A clássica resposta: "faz mal, pode matar", ou: "faz mal, dá uma baita congestão", ou, simplesmente, uma "c....neira", estava sempre pronta.

          O constatável, hoje, pela minha antiguidade, (já disse que sou antigo, muito antigo), é que as pessoas tinham  que encontrar uma forma de se livrar dos filhos pedunchos, e as respostas vinham dos adultos, e de todos os outros que compactuavam com eles, da família ou não. E não havia, naquele tempo, o dinheiro das "bolsas do governo", que pudessem regar um dinheirinho na conta da família.

          Ah, mas como era bom um sorvete de uva, que vinha com aquela cor roxa, bem forte, muito doce, carinhosamente preparado por pessoas que ficavam segurando uma pá colocada obliquamente num cilindro giratório, este mergulhado em água bem gelada e com sal, para que o sorvete se produzisse e pudesse compor-se com aquele conezinho de massa, muito massa, que a gente ia devorando...

          E "gasosa", então... Era mais difícil ainda de comprar. Nós ainda tínhamos o privilégio de morar ao lado da "Indústrias de Bebidas Prima", bem ali defronte à Ponte Nova, no Ouro, que fazia a gasosa de Framboesa, em garrafinhas em ou garrafas, e eram uma gostosura, bem melhor que as tubaínas artificializadas ao extremo e que estão por aí, nas prateleiras dos mercados, para engordar pançudinhos e pançudões...

          É, sim, hoje os tempos são outros. O Zeca Pagodinho ganha uma nota preta para tomar cerveja de graça, a Juliana Paes também, tem aquela que desce redondo, tem o refrigerante que é bom para tomar comendo pipoca, aquele da "pipoca com guaraná". E tudo está mais  fácil, tem dinheiro pra tudo, tem calorias para todos os tipos e gostos, coisa que nós não tínhamos antigamente, naquele tempo em que a Marjorie Estiano ainda não havia nascido. (Agora ela é a Manu, de Vida da Gente, da Globo)

          E, por falar em sorvete, com apenas R$ 10,79 você compra um pote de dois litros, da Italiana, especialmente aquele "leite condensado com frutas do bosque". E, se você tomar todo ele na mesma tarde, desde que não seja numa única golpeada, você não morre!!!  E, se você o comprar,  com esse dinheiro, equivalente a três litros e meio de gasolina, e andar a pé o tanto que você andaria de carro, não comprando a gasosa (lina),  você vai queimar todas as calorias que ganhar. Pode acreditar: sou antigo, sei de algumas coisas! Bem, agora, vou pra geladeira ver se tem um "nata com morango"...
 
Euclides Riquetti
13-01-2012
          

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Fim de tarde...


Fim de tarde:
O sol começa a se por
O coração a se opor...
E as almas ardem.
É fim de tarde!

Fim de tarde:
As sombras da noite se libertam
E flertam...
Flertam comigo
Contigo
Flertam...

Fim de tarde: a noite vem.
Vem, como as demais
Quando cessam os pardais
E há o encontro dos pensamentos casuais
Na noite que vem
Escura...

Fim de tarde:
Da noite emergente é o prenúncio
Da  manhã que vem é prévio anúncio
É mais um fim de tarde:
Como as demais
(Não voltará, não, nunca,  jamais)
O que vai, não volta mais...
Apenas volta, no firmamento
A lembramça de ti em meu pensamento.

Mas, como a tarde, tu também vais
E não voltas...(mais!)

Euclides Riquetti

Uma canção de acalanto

Cantam os anjos do céu uma canção de acalanto
Os versos que eu te escrevo no embalo da inspiração
Os versos que compus para te pedir teu perdão
Para amainar minhas mágoas, acalmar meu pranto.

Rezam os anjos  para o Menino Jesus e Maria
Pedem proteção a todas as crianças indefesas
Pedem também a Deus, nossa maior das Realezas
Para que possam viver com amor, saúde e alegria.

Louvam os anjos, com seus hinos sacros e louvores
Olham,  com atenção,  pelos seres desprotegidos
Dedicam-se, com devoção, à cura de nossas dores...

Que cantem, os anjos, as  canções que nos acalentam
E que sejam, nossos pecados, perdoados e remidos
E que  cessem as lágrimas que abalam e atormentam.

Euclides Riquetti
16-07-2015




Quinta crônica do antigamente (mais uma reprise...)

Reprise de minhas crônicas da série "antigamente":
          Sou razoalvelmente antigo, já disse isso. E minha tenra antiguidade me permite lembrar de coisas boas e,  outras,  nem tanto.

          Na noite em que a Vera Fischer concorreu ao Miss Universo, fomos eu e o amigo Vilmar Adami até a casa do Benjamim Dorini. O "Andaime" tinha um gravador de rolo e jaqueta xadrez, igualzinha à  que o "Tio Buja" estava usando quando se jogou da ponte. O Vilmar tentou evitar, mas não pode. Ele estava desiludido com a namorada e sumiu nas águas... (no outro dia o Chascove o resgatou com um gancho daqueles de tirar balde caído em poço).  Eu era muito amigo do Tio Buja, que era pedreiro. Até fui servente dele. Mas, como dizia, vimos "La Fischer" pela TV, lá no Dorini. Estava divina, mas perdeu. Teve muitas vitórias e muitas perdas na vida conturbada.

          Também está meio conturbada a da Marjorie Estiano, a Manu de "A Vida da Gente", que agora vai dar um tempo com o Rodrigo e ficará um ano em Floripa. Numa dessas a gente transforma ficção  em "real" e tropeça nela na Praça da Figueira, em Florianópolis. (Nas novelas das 9 dizem Florianópolis, na Malhação dizem "Floripa"). E é comum ficção e realidade si confundirem e me confundirem. Provavelmente, você também.

          Sou do tempo em que as pessoas eram mais simples. Não havia internet. Nem TV. Nem Chevette e Brasília ainda havia. Só tinha jeep, rural, pickup e fusquinha importado da Alemanhã, com o vidro traseiro bem pequeno, um oval. Mas digo que as pessoas eram simples e havia poucos doutores, só alguns  doutores da Medicina,  das Leis,  e um Engenheiro, o Flávio Zortea. Ainda hoje chamam farmacêuticos, dentistas, agronomos e veterinários de "doutor", embora a maioria deles nem mestrado tenha. Doutorado, nem pensar!...

          Lembro com simplicidade de algumas pessoas ilibadas, respeitadas, que tocavam seus comércios em Ouro e Capinzal, (não eram doutores) e tinham um costume comum: guardar o lápis atrás da orelha. E o usavam para anotar na caderneta o fiado que vendiam. Naquele tempo valia muito a palavra. Hoje há quem negue sua própria assinatura. (Nem mais usam bigode para não ter que desonrá-lo, sistematicamente). E, nas folhas dobradas de papel de embrulho, que havia sobre os balcões para empacotar as compras, faziam as "contas", habilmente, sem calculadora. Muitos nem faziam contas, calculavam tudo "de cabeça". Alías, cabeça, naquele tempo, servia para mais coisas que não fossem apenas usar chapéu ou boina.

          Posso lembrar do Jacob Maestri, do "Silvério" Baretta, cujo nome era Severino; do Carleto Póggere, do Arlindo Baretta, do Benjamim Miqueloto, do Vitorino Lucietti, do Anildo Mázera; do Alcides, do Leôncio e do Dorotheu Zuanazzi; do Marcos Penso, do Adelino Casara, do Pedro Surdi, do Valdomiro Morosini, do Atílio Barison, do Antônio Biarzi, do Ivo  Brol, do José Formentão, do David Seben, do Agenor Dalla Costa, do Vitório Baretta, do Oziris, do Orvalino e do Osvaldino  D ´Agostini; do Crivelatti, do Augusto Hoch, do Eugênio Tessaro, do Clemente Moresco, do Antoninho Sartori, do Selvino Viganó, do Older Póggere e, se pensar um pouco mais, de muitos e muitos outros, que foram comerciantes, comerciários e açougueiros e que não tinham calculadora, nem balanças automáticas, nem produtos previamente embalados, mas que, nem por isso, deixaram de atender com muita precisão nos cálculos e bom atendimento, seus clientes.

          Ah, mas têm uns "poréns" que preciso relatar: Não faz muito, vi uma distinta e jovem senhora gabar-se de que "só conseguia somar o valor do serviço  da pintura do cabelo e das unhas de mãos e pés, utilizando calculadora. (Se eu dissesse que seu cabelo não era castanho, você iria me tachar de preconceituoso, né?)...

          Outra vez, vi, (de novo,  com esses olhos que a terra há de comer), uma senhora distinta, com tatuagens delicadamente expostas nos ombros, à mesa de um restaurante, perguntar para a filha, que estava numa mesa próxima, almoçando com amigas: "Filha, carne tem carboidratos, não é?" E ela:  "Não, mãe, carne e ovos têm proteína, carboidrato tem no macarrão!)

          E, contam-me, e recuso-me a acreditar, que outra senhora, de mesma faixa etária que as outras duas, que se acha bem "instruída", pegou o mapa-múndi de pernas para o ar e estava a pedir ajuda às colegas para localizar o Brasil...

        É, sou antigo, mas preciso viver muito para contar tudo o que já vi neste mundo de Deus! Ah, antes que eu me esqueça: o gravador de rolo era para as serenatas.

Euclides Riquetti
03-01-2012

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Venha, entre na pista, e dance!

No fim de tarde, no domingo livre
Vai ter balada, ter agito e dança
Vai ter embalo e vai ter festança
No fim de tarde, no domingo livre!

Entre no ritmo com toda a harmonia
Venha comigo,  é nossa grande chance!


Venha pra pista, venha logo e dance
Venha pra pista viver o romance!
Venha pra pista no domingo  livre
Venha pra pista, venha logo e dance!


Entre no ritmo com toda a harmonia
Venha comigo,  é nossa grande chance!

Seja no clube ou na danceteria
Venha encontrar-me e me dê uma chance
Venha pra pista no domingo livre
Venha pra pista, venha logo e dance!


Entre no ritmo com toda a harmonia
Venha comigo,  é nossa grande chance!

Nos fins de tarde de todos os domingos
Nos dias de embalo com muito romance
Te esperarei quero bailar contigo
Venha comigo, venha logo e dance!


Entre no ritmo com toda a harmonia
Venha comigo,  é nossa grande chance!

Euclides Riquetti
15-07-2015

Dia do Homem - Obrigado, ...

          Pela manhã, bem cedo, descobri que hoje, 15 de julho, é o Dia do Homem. Pouca gente dá importância a isso, né? Nem o comércio, que sempre aproveita algumas datas para faturar, aproveita a oportunidade! No Dia da Mulher, costumo me manifestar sobre elas e a importância que têm na vida dos homens. É badalação nos meios de comunicação, isso e aquilo...

         Os homens estão perdendo espaço para as mulheres. Culpa nossa, tenho absoluta certeza disso. As mulheres, em sua grande maioria,  leem mais do que os homens, cuidam melhor da saúde delas, procuram vestir-se bem, cuidar dos cabelos, da pele, das unhas, da maquiagem, dos dentes, da cor do batom, do perfume que atrai e encanta. Estudam bastante, aprendem, têm modos mais delicados. E as práticas que, historicamente, eram quase que exclusivas dos homens,  principalmente  no campo profissional, estão cada  vez mais ao cargo das mulheres.

          De minha parte, procuro cuidar de mim, de minha saúde, da forma física, de minha evolução intelectual. Tenho uma razoável capacidade de organização e sei da importância de ser educado, agradável e cordato. Procuro respeitar meu semelhante, valorizo a vida, reconheço mérito nas pessoas, procuro aconselhá-las e ajudá-las a melhorar sua vida. Mas, de onde me veio isso, essa forma de viver, de ter minha conduta, de me posicionar como um ser que tem opinião política, que defende suas ideias, que procura ser justo e que deseja que todos tenham uma vida melhor?

         Eu teria que buscar em minhas origens, minhas raízes. O gosto pela leitura, pelo conhecimento, pela inserção cultural, pelo desenvolvimento intelectual, herdei, positivamente, de meu pai, Guerino (Richetti), que tornou-se Riquetti quando saiu do Instituto São Camilo, seminário de padres católicos, de São Paulo. Teve boa formação, estudou lá até o primeiro ano de Filosofia, casou-se com minha mãe, Dorvalina Adélia Baretta, me educaram com severidade, puseram-me trabalhar desde tenra idade. Convivi com ele dos 8 aos 18 anos. Aprendi muito com ele, perdi-o quando ele tinha 55 nos, eu estava com 24. O mundo desabou, mas demos a volta por cima...

         Convivi a maior parte de minha infância, dos 14 meses até os 7 anos, com meu padrinho, João Frank, (e minha madrinha Rachele Vitorazzi Frank), lá no Leãozinho, (Capinzal-Ouro). Ensinou-me boa educação, ensinou-me a rezar, a ter muito respeito pelos outros, a pescar, a andar a cavalo, tirar leite de vaca, fazer quirera para as criações, até declamar umas quadrinhas como: "Tatu rolou na água/Nem o casco não molhou/Jacaré de uma risada/Capivara não gostou..."

          Tive pouca convivência com meu avô paterno, Frederico Richetti, que morava na Linha Bonita e depois foi para a cidade. Ele passava boa parte do tempo trabalhando nas propriedades dos colonos, onde ia fabricar pipas, barris, tinas e quartos para a armazenagem de vinho. Era exímio marceneiro, foi colono forte, deixou uma colônia de terras para cada um dos filhos. Músico, tocava na Banda do maestro Escamussato, gostava de cantoria, coisa que legou aos filhos.

         Bastante convivência com o Nono Victório Baretta, comerciante em Linha Bonita. Ensinou-me como fazer chimarrão, dava-me bons conselhos, puxava conversa. Quando fiquei adulto sempre o visitava, ele e a Nona Severina (Coltro Baretta), era muito simpático, honesto e trabalhador. Aprendi muito com  ele, gostava de ouvi-los falarem um dialeto milanês.

          Tenho um filho homem, Fabrício, que procurei educar com muito carinho, incentivei-o a estudar, aprender a fazer suas coisas, resolver seus problemas. É muito parecido comigo em suas atitudes e na agilidade para resolver os problemas. Inquieto como eu, somos do mesmo tamanho, até costumamos trocar nossas roupas. Temos os mesmos gostos, torcemos pelos mesmos times, somos ansiosos e queremos resolver tudo muito rápido. Ansiosos...

          Meu pai, padrinho, meus avôs, meu filho! Também a meus irmãos Ironi (in memorian), Hiroito (Piro), Vilmar e Edimar. Todos vocês merecem meus respeitos e minha gratidão. Todos, em algum momento da vida, cada um à sua maneira, deixaram-me algo de muito bom.

          Que Deus guarde os que partiram e dê saúde os que estão com a gente!

Euclides Riquetti
15-07-2015

         

Riscos anunciados... ou, poderiam ser tragédias? Chove...


Estou reprisando texto de 2013, mas atualíssimo: é um alerta (ou reflexão?...) sobre nosso Meio Ambiente:

É preciso dizer... (E é preciso assustar-se!...)

          O tempo passa e muitas situações que não desejamos que nos voltem acabam voltando-nos. Em 23 de fevereiro de 2011, ou seja, há pouco mais de dois anos, tive publicado, na coluna do Ademir Belotto, do Jornal A Semana, de Capinzal/Ouro, um texto em que propunha uma reflexão sobre comportamento ambiental. É um comportamento que relaciona o Homem e a Natureza. Depois disso, várias tragédias já aconteceram. E elas nos mostram que práticas da vida diária das pessoas, em todos os lugares, ocasionam desastres que poderiam ser evitados ou amenizados. Lembro que em 1983, no mês de julho, as enchentes dos Rios do Peixe, Iguaçu e Itajaí assombraram os três vales, causando vítimas e ocasionando prejuízos. E muitos traumas.  A ocupação das cidades em  suas margens,  com muitas edificações e pavimentações das vias,  vem impermeabilizando o solo das mesmas e isso é muito preocupante.   Assim, estou republicando a matéria, pois acho que ela se universaliza ao ponto de eventos adeversos se repetirem: Aí está, na íntegra:

          "Vivemos em cidades charmosas, colonizadas por descendentes de italianos ou germânicos, com declives e aclives acentuados, numa topografia altamente irregular. É assim nosso Vale do Rio do Peixe. Matas exuberantes cobrem os morros e formam os cílios dos riachos e de nosso majestoso rio, outrora piscoso, cujas águas já foram muito cristalinas, depois tornaram-se turvas (e turbulentas).

         Ouro e Capinzal não fogem à regra. São belas e prósperas. Por aqui já aconteceu "de tudo", coisas boas e muitas barbaridades. São cidades onde acontecimentos tristes têm ocupado as notícias no âmbito microrregional ou até estadual. Tivemos perdas humanas que jamais serão compensadas, até porque a vida é irrecuperável. Coisas insignificantes, recorrentemente, ocupam os noticiários.

          Mas os temas verdadeiramente sérios e importantes não têm sido debatidos. Meio ambiente e mobilidade urbana têm ficado em plano secundário. Deveriam ser discutidos à exaustão. Nas conferências das cidades estiveram na pauta, mas a participação popular não foi expressiva.

          Os eventos adversos da segunda semana deste ano, em cidades da serra e do litoral carioca, nos remetem a uma reflexão profunda: De quem é a responsabilidade pelas catástrofes?

          As catástrofes naturais podem acontecer a qualquer tempo e em qualquer lugar. No entanto, algumas delas podem  devem ser previstas e evitadas, ou minimizadas, e isso é responsabilidade dos governos e da sociedade. Note-se que as catástrofes que ocasionam a perda de vidas humanas são decorrentes de danos que o próprio homem já causou à Natureza. E elas podem, então, ser evitadas. Acima das leis, deve haver o bom senso e o conhecimento histórico do que já aconteceu em cada cidade.

          Todo esse intróito é para chegar a um relato cujo conteúdo gostaria que você analisasse:

          Há cerca de três anos, realizamos em Ouro um Seminário Regional do Meio Ambiente. Na oportunidade, um dos palestrantes referiu-se ao Furacão Katrina (ou Catarina), que ocorreu no litoral sul de Santa Catarina, e que causara muitos prejuízos materiais. E sobre as Tsunâmis, na Indonésia. Estudantes presentes indagarm se isso poderia se repetir, quando e onde,  e se ia morrer muita gente. O palestrante disse que sim, e  que "morreria muita gente,sim". No intervalo, foi censurado pelo dito. Houve divisão de opinião sobre o que ele disse. Intelectuais a favor e intelectuais contra.

          Passados poucos meses, a história nos mostrou algumas verdades: A Tragédia de Ilhota, Gaspar e Blumenau; a Tragédia de Angra dos reis. E, agora, a maior delas: a das cidades do Rio de Janeiro.

          Numa palestra que proferi para acadêmicos da UNOESC, apresentei imagens sobre algumas áreas de risco de Ouro  Capinzal, algumas incoerências que causam danos ambientais, e relatei um pouco das histórias das anormalidades climáticas dos últimos 30 anos por aqui: As enchentes de 1983, os vendavais que ocasionaram a queda da ponte pênsil, os vendavais que destruíram parte das instalações de uma agroindústria em Capinzal, bem como dezenas de resiências no Bairro São Cristóvão. As estiagens que ocasionaram prejuízos nas lavouras, as enxurradas que destruíram (e continuam destruindo) pontes e estradas, o granizo que destruiu casas em Linha Sagrado, e outras calamidades.

          Tudo isso é muito preocupante: temos áreas de risco, altamente vulneráveis, e há de se retomar um debate necessário, em que surjam proposições e ações para  minorar impactos ruins que podrão efetivar-se sobre nós. É preciso dizer... E é preciso assustar-se, sim!!!  (Professor Euclides Riquetti)."

Euclides Riquetti
16-03-2013

Um Príncipe Poeta


 

Eu quisera ser
Um príncipe encantado
Aquele por ti esperado:
Alto, ágil, sedutor!
E, de ti, apenas poder  receber
E também te dar meu  amor!

Eu quisera merecer
Um pouco de tua atenção
Que me quisesses de paixão:
Ter teu olhar envolvente
Poder fazer-me perceber
Sentir-me desejável  e atraente!

Um príncipe galante e sorridente
Vestindo roupas brancas adornadas
Que,  com sua espada  afiada
Desafiasse os teus infortúnios e medos.
E que, no manejar  da lâmina reluzente
Cavalgasse por entre florestas e vinhedos...

Um príncipe encantado, sim!
Envolto em vestes de cetim
Um príncipe cavalheiro, na certa:
Um príncipe poeta!

Euclides Riquetti

Não, não conheço Capinzal...nem Ouro!

          Conheci Joaçaba com 16 anos de idade.  Piratuba, Marcelino Ramos e Concórdia, com 17, quase 18.  Aos 18,  fui para União da Vitória inscrever-me ao vestibular de Letras na Fafi e fiquei num hotel em Porto União. Mudei-me para lá no ano seguinte. Aos 23, já casado, conheci Florianópolis. Aos 24, Campos Novos. A partir de então, perdi a conta das cidades que já conheci.

          O que me levaria a escrever sobre isso?

          Bem, na manhã desta terça, fui colocar gasolina no tanque do carro. A caixa do posto de abastecimento eu já conheço de quando trabalhava num mercado aqui de Joaçaba. Uma jovem simpática, chamam de Jaque. O assunto, na cidade, era um só: o vendaval, as chuvas fortes. Os clientes do posto reclamavam que não conseguiam deslocar-se a Capinzal porque a água havia sobreposto a ponte do Lajeado dos Porcos, na divisa entre Lacerdópolis e Ouro. Um rapaz tinha entregas a fazer  e estava indignado porque não fora bem orientado. Ajudara a desimpedir a rodovia e, adiante, havia uma imensa fila de carros parados antes de Lacerdópolis. Teve que voltar...

          Nos poucos minutos de conversa, a jovem me falou que não conhecia Capinzal, nem Ouro. Que veio a Joaçaba com um ano de idade, está com 23, já casou-se e nunca teve a oportunidade de conhecer aquelas cidades, ainda... Falei-lhe que seria um bom assunto para uma crônica e ela disse que eu estava autorizado a escrever, inclusive, se quisesse, poderia usar o nome dela. Vou ficar no diminutivo dele.

          Pessoas, hoje, têm facilidade para se deslocarem de uma cidade a outra. São poucas as que não conhecem, desde tenra idade, muitos lugares além do seu de origem. As ocasiões e oportunidades de viagem, passeios, ou por qualquer outro motivo que seja, são muitas. Mas, se você sair por aí pesquisando, vai ver quanta gente adulta nunca saiu "de casa", pouco viajou, nem o mar conhece.

          Na Pousada Jéssi, em Canasvieriras,  Florianópolis, em muitas das vezes que lá nos hospedamos, pude constatar que boa parte das pessoas que lá se hospedam, oriundas do Oeste Catarinense, estavam maravilhadas por terem conhecido o mar. Jovens, faceiros, com a pele avermelhada por irem ao mar em horários impróprios, ao sol, sem usarem bloqueador solar, jogando-se na água, deliciando-se com as ondas, felizes por conhecerem tal maravilha da natureza.

          E você, leitor, leitora, tem familiares e amigos que nunca tiveram a oportunidade e a alegria de irem a uma praia, tantas belas praias que o litoral catarinense tem? Então, estimule-os, faça com que tenham despertado o interesse por conhecer outros lugares, mesmo perto de onde moram, onde possam conhecer outras pessoas, com outros costumes, em ambientes diferentes.

          Quem sabe você se torna um facilitador para essas pessoas e possa se realizar também!

Euclides Riquetti


terça-feira, 14 de julho de 2015

No Gramado


No gramado de minha casa caem peras

São peras verdes, peras amarelas
Frutas pesadas, mas singelas
No meu gramado me caem lágrimas e estrelas.

No gramado de minha casa choram emoções
De ver a criança deslizando os pés delicados
E os beija-flores buscando o adocicado
(No meu gramado acalentamos corações).

A pitangueira, ali, atrai os passarinhos
Ela, com os  pequenos frutos alaranjados
Eu, aqui, com os meus zelos e cuidados
Jogando alpíste para os pequeninhos.

E as bergamoteiras acanhadas
Sombreiam as pequenas jaboticabeiras
Ameaçadas pela corpulenta ameixeira
Reverenciam as  laranjeiras carregadas.

E vêm canários, pardais ou tico-ticos
De todos os lados, até de azul  penugem
Nem se vê de onde, mas de repente surgem
Trazendo raminhos nos pontudos bicos.

É a natureza que sobrevive à fúria  humana
Antagonizando com os blocos de concreto
Contra o vidro, o cimento, o prumo certo
Majestosa força, soberana!

E os caquizeiros, respeitosos, aguardam o entardecer.
Buscam encontrar o aroma da romã
Que não vem, porque a mão humana, esta vilã
Não lhes sobrou lugar para crescer.

Euclides Riquetti

Mr. Obama: You are in my house...

          O presidente Barak Obama nos tem dado lições de competência e de extrema habilidade diplomática. Sabe-se fazer respeitar. Sua figura e sua personalidade se impõem pelo carisma, firmeza de caráter e muitos outros atributos que o favorecem. Até a esposa, Michele, discreta e inteligente, só faz ajuda-lo!

          Recentemente, num evento na Casa Branca, uma ativista transexual, imigrante, durante um de seus discursos, começou a falar alto e a protestar contra a atitude norte-americana de não aceitar imigrantes ilegais nos Estados Unidos. Ele simplesmente olhou para ela e falou:

          "Listen, You're in my house. You're not gonna get a good response from me by ...", dizendo, em português: "Escute, Você está em minha casa. Assim, você não vai ter uma boa resposta de mim..." e mandou que a retirassem. Dito e feito! E foi aplaudido pelos presentes. Estava recebendo um grupo de pessoas em evento do mês do Orgulho LGBT, e não aceitou que ela interrompesse seu discurso.

         Obama tem muito crédito no mundo. Tratou bem os hispânicos que vivem em seu País e estes lhe garantiram a reeleição. Reabriu relações diplomáticas com Cuba, dos irmãos Fidel e Raúl Castro. E,  agora, depois de pelo menos 3 anos de negociações secretas com o Irã, fez um acordo nuclear com eles. Tratados entre os dois países, com o aval de outros seis, diminuirão os riscos de conflitos e disciplinarão as pesquisas na área nuclear.

          Houve reações da oposição e de alguns céticos não apenas dos EUA como também de Israel. Mas o moço sabe muito bem o que faz. Tem conseguido, com diálogo, aquilo que, historicamente, os norte-americanos conseguiam com armas. E isso diminuirá, tenho certeza, a antipatia muito grande que os estrangeiros, de muitos lugares, têm por eles.

          Ao contrário de muitos políticos,  homens e mulheres, que perdem o respeito de seus eleitores, o Presidente dos Estados Unidos ganha mais prestígio e marca mais um tento político!

Euclides Riquetti
14-07-2015
         

         

Fez-se noite o dia de tempestade

 

Fez-se noite o dia de tempestade
Em que escureceram no céu as nuvens cor de asfalto
Fez-se noite a manhã, perdeu-se a claridade
A negritude tomou a tarde como que de assalto
Choveu, à noite, no campo e na cidade.

Fez, Deus, que chovesse a chuva dos justos
A chuva que lavou as almas dos pecadores
Que energizou os gramados e os arbustos
Que regou as terras da plebe e dos senhores
A chuva que inspira os sábios e os incultos.

Fez, a chuva violenta,  os danos e os estragos
Pôs pânico nos canários, pardais e nas andorinhas
Veio em gelos esféricos, ovais ou alongados
Maltratou os espinhos  e as ervas daninhas
Estraçalhou as flores nos jardins florados.

A chuva calma e amena, gentil e  reparadora
Parceira do sol, abençoada, chuva leve e  divina
Que cai doce e serena , fresca e redentora
Poe as cores de volta e a  paisagem  recombina
Cumpre seu papel na natureza sedutora...

Euclides Riquetti
14-07-2015

Vendaval na noite em Joaçaba e região

          A tarde de segunda-feira prenunciava o advento de desastres climáticos aqui na região de Joaçaba, no Vale do rio do Peixe, Meio-Oeste de Santa Catarina. Na noite anterior, violenta chuva de granizo atingira as cidades de Capinzal, Ouro e imediações. Aqui, ondas de calor e ar fresco se misturavam na atmosfera de ar abafado por aqui. Comentei com pessoas sobre situações assim que, em outras épocas, ocasionaram eventos climáticos adversos com consequência muito graves aqui no Sul do Brasil.

          Por precaução, até evitei de deixar o carro fora da garagem na tarde de segunda. Ao ir para minha aula no SESC, deixei em lugar que me parecia seguro, longe de árvores e telhados, apenas com o risco, menos provável, de queda de postes de energia elétrica. A experiência vivida ao longo dos anos junto ao Município de Ouro, onde enfrentamos sucessivas calamidades, me impulsiona a tomar certas medidas em algumas ocasiões...

          O fim de tarde alternava momentos de claridade e de céu com muitas nuvens escuras que se deslocavam em círculos no céu que cobre os bairros da cidade alta. E, pouco depois das 23 h. e 30 min.  um violento vendaval nos ameaçava. casa fechada, desligamos toda a aparelhagem eletrônica para evitar os danos com as descargas elétricas que clareavam o céu, passamos apenas a ouvir a movimentação, barulhenta, que vinha pelos ares e, na sequência, muita chuva.

           A madrugada foi de chuva ininterrupta e o dia demorou a chegar. Passadas as 7 horas e todo permanecia escuro, com muita chuva. Depois das 7,30 h. já era possível contemplar o dia que chegava, timidamente. O vizinho de frente, Adriano, perguntava-me se eu tivera notícias dos estragos que aconteceram aqui nas redondezas. Liguei o rádio, o computadores, procurei as notícias e a  constatação: estragos muito acentuados no bairro São Brás e no Jardim das Hortênsias, atingindo também, em menor proporção, o Clara Adélia. Fotos, no portais locais, mostram casas destelhadas, empreendimentos destruídos, móveis espalhados pelas ruas, árvores cortadas  ao meio pela violência dos ventos. Assustador! Nas estradas, as notícias de muita água nas pistas de rolamento, deslizamentos. Todo o cuidado é pouco!

          Agora, mais uma vez, o levantamento dos prejuízos, a busca de recursos junto à Defesa Civil Estadual, a burocracia, a ansiedade das pessoas em ver seus lares recompostos. Isso já é recorrente por aqui. Ainda bem que não houve mortes, nada de muito grave em relação às pessoas.

Euclides Riquetti
14-07-2015
         

segunda-feira, 13 de julho de 2015

É noite...

 
É noite, dos pensamentos sem dono
É noite de novo...
É noite das estrelas prateadas
Das almas condenadas (perdoadas??).
Mas é noite!

É a noite dos namorados
É a noite dos sonhos encantados...
É a noite das orações
Das dores nos corações...
É, sim, é a noite!

A noite é  dos amantes
Dos beijos provocantes
A noite é dos aflitos
Dos versos escritos e ditos
A noite é apenas a noite...

E, atrás daquela  janela
Alguém se esconde.
Atrás da cortina singela
Uma voz responde:
Estou aqui...
Pensando em ti!
Somente em ti.
Em ti...
(Aqui...)

Euclides Riquetti

O Dia Mundial do Rock - 13 de julho

      O Rock ´n roll é uma estilo musical que eu muito aprecio. Já vibrei com The Beatles, Queen, U2, Pink Floyd, Dire Straits, ACDC, Kiss e outros.  No âmbito nacional, com Titãs, Legião Urbana,  Engenheiros do Hawaii, Jota Quest e até mesmo os fabulosos e irreverentes Mamonas Assassinas, que tiveram a carreira muito curta, mas deixaram sua marca na história do rock no Brasil. Raul Seixas, em termos individuais, foi meu ídolo e teve muita influência em minha geração. Mas o rock está presente no Brasil desde a década de 1950, quando brilharam os irmãos Tony e Cely Campello. esta fez sucesso solo com "Estúpido Cupido".

         Nos anos 60,  o rock aqui era denominado Iê, Iê, iê. Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Vanderléia eram os principais representantes da geração "Jovem Guarda", que teve também outros nomes  como Jerry Adriani, Rita Lee e Ronie Von.

        O Dia Mundial do Rock é comemorado no Brasil desde 1990. Emissoras de rádio o instituíram comemorando o aniversário de 5 anos do LIVE AID,  que foi um show simultâneo em Londres, na Inglaterra, e na Filadélfia nos Estados Unidos. Dois shows com o objetivo de conscientizar a população mundial sobre a drástica pobreza e fome na Etiópia.

O LIVE AID  contou com a presença de famosos artistas internacionais, com destaque para The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen,  David Bowie, BB King, Rolling Stones, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton, Black Sabbath, e muitos outros, sendo que o show foi transmitido ao vivo para diversos países e,  no dia 13 de julho de 1985, desde então, o dia 13 de julho é considerado o  Dia Mundial do Rock.

          Um dos roqueiros que mais atuou em Capinzal e região, aqui, foi o Marcus Piccoli. Era nosso John Lennon. Interpretava os Beatles e outros monstros do rock com maestria. O cara era uma fera!
Hoje, por aqui, o rock perdeu muito espaço para a música regionalista e o sertanejo "universitário". Mas os roqueiros da gema são muitos e costumam guardas discos originais de seus cantores e bandas preferidas.

Na FAFI, em União da Vitória, o professor Geraldo Feltrin nos deu, para traduzir, em 1972, a letra de uma música do BJ Thomas. Adorei a música, que muito me marcou. Agora, passo aqui a letra e a tradução que busquei na internet:

          
Rock And Roll Lullaby
She was just sixteen and all alone
When I came to be
So we grew up together
My mama child and me
Now things were bad and she was scared
But whenever I would cry
She'd calm my fears and dry my tears
With a rock and roll lullaby

And she would sing sha na na na na na na na
It will be all right sha na na na na na
Sha na na na na na na na
Now just hold on tight

Sing it to me mama (mama mama ma)
Sing it sweet and clear, oh!
Mama let me hear that old rock and roll lullaby

We made it through the lonely days
But Lord the nights were long
And we'd dream of better moments
When mama sang her song
Now I can't recall the words at all
It don't make sense to try
'Cause I just knew lots of love came thru
In that rock and roll lullaby

And she'd sing sha na na na na na na na
It will be all right
Sha na na na na na na na
Now just hold on tigh

I can hear you mama, mama, mama, mama
nothing loose my soul
like the sound of the good old rock and roll lullaby
 
Cantiga de Rock and Roll
Ela tinha apenas dezesseis anos e estava inteiramente só
Quando eu cheguei
Então nós crescemos juntos
Minha mamãe jovem e eu
Agora as coisas estavam ruins e ela estava assustada
Mas sempre que eu chorava
Ela acalmava meus medos e secava minhas lágrimas
Com uma cantiga de rock and roll

E ela cantava sha na na na na na na na
Tudo dará certo sha na na na na na
Sha na na na nana
Agora simplesmente me abrace forte

Cante para mim mamãe (mama mama ma)
Cante isso doce e claro, oh!
Mamãe me deixa ouvir aquela velha canção rock and roll

Nós fizemos isto nos dias solitários
Mas, Deus, as noites eram longas!
E nós sonharíamos com momentos melhores
Quando a mamãe cantou a canção dela
Agora eu não posso recordar as palavras de forma alguma
Não faz sentido tentar
Porque eu simplesmente soube que muito amor veio através
Daquela canção rock and roll

E ela iria cantar sha na na na nana
Vai dar tudo certo
Sha na na na nana
Agora apenas segure firme

Eu posso ouvir você mama (mama mama ma)
nada afrouxa minha alma
como o som da canção de ninar bom velho rock and roll
 
Salve o Dia Mundial do Rock!
 
Euclides Riquetti
13-07-2015


 
 

Não te deixes abalar

Não te deixes abalar por nada neste mundo
Deixa que o barco da esperança flutue e navegue
Busca semear no solo mais fértil, mais fecundo
Lembra-te, sempre, de que "a vida segue"...

Não te deixes dominar por pressentimentos
Procura  gastar tuas horas com o aprender
Cuida de dar a teu coração o devido alento
Faze de cada instante um momento de prazer...

Não te deixes entregar aos vãos pensamentos
Não te maltrates com sofrimento desmedido
Não te deixes contagiar por ressentimentos!

Busca viver com otimismo e com muita euforia
Procura dar a ti mesma o verdadeiro sentido
Cuida de dar-te  amor, carinho e alegria!

Euclides Riquetti
13-07-2015


Pastor Episcopal Flávio de Oliveira perde a vida em acidente

          O pastor Flávio de Oliveira, 61 anos, radicado em Ipira, onde era Vice-presidente do PP - Partido Progressista, e um dos nomes cogitados para compor a Chapa Majoritária nas eleições municipais do próximo ano, perdeu a vida em Piratuba, nas proximidades do Hotel Fazenda Engenho, na Linha Serraria, às 21 horas deste domingo. Ia no sentido Capinzal/Piratuba. Flávio saiu da pista com seu carro, um Fiat Uno, e colidiu contra uma árvore, vindo a falecer. Era pastor da Igreja Episcopal do Brasil em sua cidade. Gozava do respeito de sua comunidade, era um cidadão exemplar.

         Conheci o Flávio na segunda metade da década de 1980. Dei  carona a ele numa ida a Florianópolis, para participarmos de uma convenção partidária, num fim de semana. Também foi conosco meu primo Deolides Baretta, o Kiko. Na viagem, me contava de seus sonhos, gostaria de fazer carreira política. Era um rapaz sério, de ótima índole, tinha bons propósitos. Idealista, jovem, tinha 32 anos. Tinha muita preocupação com a juventude, achava que esta precisava de muita atenção. Trocamos muitas ideias sobre ação comunitária e projetos de cunho social.

        Sempre é muito triste ver pessoas perdendo a vida nas estradas, cada vez mais perigosas. Além do perigo que representam pelo seu traçado sinuoso, as más condições de conservação e ainda a chuva são elementos que agem contra o motorista. Todo o cuidado é pouco nas estradas, principalmente nesses dias chuvosos, como vêm ocorrendo.

          Manifestamos nosso profundo pesar aos seus familiares e a toda a comunidade ipirense, em especial os integrantes de sua Igreja.

            Um carinhoso e Fraterno abraço em todos!

Euclides Riquetti
13-07-2015

Andar sobre as nuvens, sonhar...


Andar sobre as nuvens, sonhar
Na flutuação divinamente algodoada
Na tarde azul e ensolarada
Deixar-se levar, viver,  embalar
Na tarde de outono encantada...

Andar sobre as nuvens alentadoras
Na imensidão do céu de azul pincelado
Na estação das folhas, no dia acanhado
Deixar-se afagar pelas vistas sedutoras
Na espera  da hora de um encontro almejado...

Andar sem corpo, sem peso,  sem volume
Apenas alma, olhos, coração
Apenas alma, olhos, paixão
Seguindo os rastros de teu perfume
Tentando me reencontrar da perdição...

Sim, apenas andar sobre as nuvens!

Euclides Riquetti

domingo, 12 de julho de 2015

Os 70 Anos da Rádio Catarinense

          A Rádio Catarinense está comemorando 70 anos. É uma emissora de grande audiência no Meio-Oeste de Santa Catarina. Tem uma programação bem diversificada. Ouço-a desde que meu pai comprou um rádio, e eu tinha já 14 anos. É, naqueles tempos difíceis, a vida  era mesmo difícil, as famílias tinham pouco conforto disponível.

         Na semana que passou, houve grande participação popular na programação da emissora, que ligavam para dar seus depoimentos sobre a emissora, em si, mas sobretudo sobre passagens que tiveram em ralação a ela. A  história da emissora é feita pelo seu capital maior: o ouvinte. Ainda, pela sua equipe de trabalho e os patrocinadores. A adoção de tecnologias modernas e a gestão eficiente completam o quadro de sucesso da emissora.

          Na tarde da sexta-feira, liguei para falar com o Elmir Bender, que para os capinzalenses, zorteenses e ourenses era o "Gorduchão", que trabalhava na Rádio Capinzal e tinha a lanchonete Gorduchão Lanches, ali defronte à Estação Rodoviária de Capinzal. bati um belo papo com ele no ar, lembramos de algumas passagens de nossa vida:

- Marquei ele numa partida de futebol, ao final da década de 1970, no campo do Grêmio Lírio, em Zortéa. Era ponta-esquerda dos aspirantes do Arabutã FC, um rapazinho, ainda. E eu era lateral direito dos aspirantes do GE Lírio. Ele, humildemente, diz que "não jogava nada", mas posso dizer que tive que cuidar bem dele pra que não fizesse gols.

- Ele lembrou de quando veio a minha casa, no Ouro. Trouxe a capa do disco de vinil "Pink Floyd The Wall" para que eu traduzisse. Fiz isso, gentilmente. Eu era professor do irmão dele, o Valcir, que fazia dobradinha com o Jalmir Jaskou, lá na escola Sílvio Santos... Depois, enquanto tocava as músicas em seu programa de rádio, ia dando, simultaneamente, a sua tradução para  os ouvintes entenderem.

- Falei que, no início da década de 1980, convidado pelo Venâncio Mengarda, da antiga Acaresc, hoje Epagri, acompanhei os biólogos  norte-americanos Stephen James Dagwel e Marilyn Perney, de Virginia Beach, Estados Unidos, numa incursão deles por aqui. Fiz a função de intérprete das reuniões deles com jovens dos Clubes 4-S de Linha Gramado, em Capinzal, Linhas Caçador e Santa bárbara (Ouro), Itororó (Herval D ´Oeste) e Quilômetro 16 (?), em Joaçaba. Depois, interpretei a entrevista deles à Rádio Catarinense, para o repórter Ademar Augusto Belotto, o Japão.

- Meu pai comprou o primeiro rádio da família quando eu já tinha 14 anos. Era um caixão de madeira com um equipamento bem menor dentro, um rádio remontado que foi  produzido pelo compadre dele,
Atílio Fontana, que estava estabelecido em Lacerdópolis. Como em Capinzal a emissora local estava desativada, ouvíamos a Catarinense e a Herval D `Oeste, aqui de Joaçaba, onde tomávamos conhecimento dos fatos da região.

- Ele lembrou da última entrevista que fez comigo, quando eu atuava como "Amigo do Hospital Nossa Senhora da Dores", de Capinzal. Falei que, há 4 anos, tivemos que rifar uma Kombi reformada, que o pai de uma paciente doou para que pudéssemos arrumar dinheiro para pagar o décimo-terceiro salário dos funcionários do Hospital. Nosso colega amigo do Hospital, Benoni Viel, da Auto Elite, patrocinou a reforma da parte mecânica da Kombi, ajudando-nos na empreitada também. E falamos das dificuldades que os hospitais têm para se manterem atendendo a população em razão da pouca paga pelos serviços que prestam ao SUS.

- Falei que, quando eu estudava no antigo "ginásio", em Capinzal, as colegas de escola só falavam do pessoal da Rádio Catarinense, do Bolinha e do Iraí Zílio, eram todas muito fãs deles e os outros funcionários da Rádio. Ficávamos bravos com eles porque nós, os de lá, pouco contávamos... Havia um que tocava um disco com uma música tinha nome de uma delas, na letra, razão pela qual ele "furava" o bolachão.  Claro que vou omitir o nome dela aqui...

O que eu não falei: Como tomei bom tempo dele no ar, relato aqui uma passagem que tive, com amigos, em Brasília: Fomos, com o Prefeito Sérgio Durigon e o saudoso radialista Ademir Pedro Belotto, para receber, em Brasília, o prêmio de "Prefeito Empreendedor", auferido pelo Durigon em razão de um case que redigi relatando um Plano de Desenvolvimento para o Município de Ouro. Lá, conhecemos a Dra Zilda Arns, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, catarinenses de Forquilhinha, que ficou impressionada em ver que um município pequeno estava entre os 5 que mais atuavam na área empreendedora do Brasil. Depois, no almoço, conhecemos um cidadão, de sobrenome Filipin, que disse ser primo dos de Capinzal. Quando lhe pedi o que fazia lá, falou: "Em Brasília...19 horas"! Era locutor, trabalhou em  voz do Brasil, fazia cerimoniais para o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Tinha uma frustração: Quando jovem, sonhava em trabalhar na Rádio Catarinense, em Joaçaba. O chapecoense veio para cá e não conseguiu ser aprovada nos testes... Mas estava lá, fazendo isso agora.

          Bem, tenho alguns amigos na Catarinense, alguns antigos e outros recentes. Tenho um rádio de pilhas, um Motorbrás, que caiu numa escada e espatifou-se. Colei os plástiicos, fui pondo os componíveis nos devidos lugares, mas não deu para recuperar a peça de troca de estações. Como estava sintonizado na Catarinense, agora só posso ouvir a mesma...

Vou saudar meus leitores com uma frase que o locutor Marcos Valnei,  ao finalizar seu programa "Rádio Saudades", ao final da tarde, diz: "Escreva no seu presente a história de suas futuras saudades". Bonito, né?!

Euclides Riquetti
12-07-2015

Escute a chuva que cai lá fora

Escute a chuva que cai lá fora, copiosamente
Parece que os pingos choram a perda de alguém
Até me dá até vontade de chorar também
Enquanto essa chuva  cai, assim tão inclemente...

Imagine aqueles que não têm sequer um teto
E os que têm que cuidar dos animais no campo
Os pássaros que não podem nos trazer seu canto
Os homens e as mulheres sem um rumo certo...

Escute a chuva que cai, impiedosamente
Parece a turbulência de uma alma fragilizada
Na manhã de inverno, descompassadamente...

Então,  guarde este soneto enquanto a chuva cai
Embale-se nos versos da minha cândida toada
Guarde pra não perder,  porque  o tempo se esvai...

Euclides Riquetti
12-07-2015









Dircinho - o campeão de futebol que virou maquinista de trem!

          Em 1975 terminei meu curso de Letras/Inglês na FAFI, em União da Vitória. No meu último ano de faculdade, também último de solteiro, morei na Rua Prudente de Morais, em Porto União (lado de Santa Catarina), próximo do Museu Municipal, mas no outro lado da rua, num casarão de alvenaria, antigo, agora já demolido. Acho que o número era "331".

         O almoço, fazia na Pensão da Dona Berta, num sobrado da Rua Sete de Setembro, ao pouco abaixo da Mercearia Glória. Anos depois, minha ex-aluna Dirlene Bonato (Hachmann), de Capinzal-Ouro, foi morar justamente na casa da Dona Berta para estudar. Ali eu formei um novo grupo de amigos: Mário, que era torneiro mecânico e trabalhava comigo no Mallon (Mercedes-Benz); e ainda Maciel, que viera de Wenceslau Brás, e Dircinho, cujo nome era Adilson. Maciel e Dircinho participaram de um concurso e eram "maquinistas de trem". Auxiliares ainda, mas com o tempo iriam virar maquinistas.  Haviam sido aprovados em concurso da Rede ferroviária e estavam recebendo treinamento na Vila Oficinas.

         Desenvolvi uma forte amizade com ambos. Eram educadíssimos. Pois um dia o Dircinho chegou para o almoço muito feliz: fora convidado para jogar pela Associação Atlética Iguaçu, time que foi fundado em 15 de agosto de 1971 pelo Coronel Ricardo Gianórdoli, comandante do 5BE. Era atacante.  Então contou-me sua história: jogara pelo Água Verde, fora campeão Paranaense de Futebol profissional em 1967. Eu lembro bem do time que foi campeão naquele ano, no Paraná, e que por fusão com outros se transformou no Pinheiros, até chegar ao Paraná Clube.

          Dircinho, que também atuou pelo Rio Branco, de Paranaguá, foi titular de imediato no Iguaçu. No primeiro jogo que o vi jogar, fez o gol do 1 a 0 contra o Maringá, no estádio do Ferroviário, em União da Vitória.  Fez vários gols pelo clube que jogava com uniformes nas cores azul, amarelo e branco. Mas foi colocado a trabalhar de maquinista nos trens que faziam o trecho entre União da Vitória e Marcelino Ramos. Transferiu-se para Herval D ´Oeste, aqui do outro lado do Rio do Peixe, cidade geminada com Joaçaba. Na época,  eu morava em Zortéa e vim visitá-lo. Foi uma alegria para mim revê-lo!

          Mas, com a desativação das linhas de trem, com a concessão da ferrovia para a América Latina Logística, ele sumiu daqui. Imagino que tenha sido transferido para outro local, como fizeram com muitos dos funcionários da Rede.

          A história do Dircinho sempre me encantou porque me pareceu muito interessante: um jogador de futebol profissional, que realiza um sonho bem diferente: ser maquinista de trem. E conseguiu!

          Ainda o encontrarei, espero, algum dia. Quem sabe que alguém que o tenha conhecido, ao ler meu texto, possa me ajudar!

Grande abraço, amigos Maciel e  Dircinho, onde quer que estejam!

Euclides Riquetti
12-07-2015