sábado, 1 de outubro de 2016

Epopeia Poli (ti) fágica (Vote N ´eu)

Escrevi em 31 de agosto de 2011 - Estou reprisando - vale para este domingo, né?


Modernos vendilhões, detonadores do erário
Arrumam-se à custa dos incautos e honestos
Locupletam-se, nutrem-se, verdadeiros mercenários
Cordeiros disfarçados, lobos infestos.

Lacaios, ladrões, são cada dia mais fortes
Decidem para si, sempre em causa própria
Mundanos de alma, manipuladores da sorte
Do Lúcifer tentador, são idêntica cópia...

Larápios, escusos, de anjos disfarçados
Sorrisos, acenos, tapinhas nas costas
Nos bares, nas esquinas, nos morros dobrados
Caminhões de votos é o que mais lhes importa.

Têm projetos fantásticos, de alcance social
Para os pobres as bolsas, para os outros a ilusão
Tudo visando à promoção pessoal
Mas para as coisas sérias não têm solução.

Por isso proponho, meu leal eleitor:
Vote em mim, seu incansável defensor!
Casa para todos, saúde, estradas, educação:
Tecle meu número (7) e confirme: Sou a solução!
Vote neu! Vote neu! Vote neu...
Euclides Riquetti

Diamante negro





Diamante Negro
Um olhar acanhado, uma sutil timidez
A discrição, a virtuosa e doce sensatez
Uma lembrança, um sorriso,  um segredo!

Diamante que se enobrece com o passar dos anos
O mais singelo, magistralmente  lapidado
Soprepôs-se a tudo pelo tempo já passado
E ainda  resplandece e povoa meus sonhos profanos!

Diamante que exala elegância, charme, sensualidade
Mas que esconde, em si, mistérios indecifráveis
Sentimentos ocultos e infindáveis
Que esbalda a fragrância, o perfume, a veleidade...

Diamante de beleza singular
Diamante negro como a noite mais morena
Divindade cândida, dócil, serena
Preciosidade rara e sem par!

Diamante negro, mais do que um corpo bem esculpido
Mulher amada, musa, anjo deslumbrante
Mulher desejada, tal qual raro diamante
Mulher do sorriso de luz, do olhar eternecido!

Mulher diamante
Amada
Distante
Segredo
Que me traz medo!
Tão rara quanto...
Diamante Negro!

Euclides Riquetti

As roseiras de setembro




As roseiras de setembro se embonitaram
Para esperar o outubro prazenteiro
Para esperar o mês fagueiro
Que as flores projetaram.

As roseiras novamente se enfeitaram
Para colorir minha noite e meu dia
Para me animar com sua alegria
E acalantar os sonhos que ficaram.

As roseiras me trazem as mais belas rosas
As flores que aromatizam meu jardim
Formosas, lindas, apetitosas
Quero-as todas pra você e pra mim!

Euclides Riquetti
01-19-2016


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Gotas de cristal







As lágrimas que rolam pelo seu rosto se transformam em pequenos cristais
Que, ao encontrarem as minhas, fundem seu brilho prateado
Enquanto seus lábios róseos, macios e adocicados
Desejam acariciar os meus ainda mais.

As lágrimas que brotam de seu ser carregam  seivas densas de emoções
Que, ao contato com as minhas, ensejam ternos sentimentos
Enquanto reúnem os mais puros e tênues elementos
Que se misturam às mais frágeis emoções.

O cálice do amor recolhe as lágrimas santas, já santificadas
Na realeza de seus olhos de azul mar
Que se tornam esmeraldas brancas e  cristalizadas.

E eu me faço e desfaço em lágrimas de desejos
Deleitando-me em seu choro e seu sonhar
Oferecendo-lhe meus abraços e meus beijos.

Euclides Riquetti

Todos os sonhos possíveis






Quero dividir com você todos os sonhos possíveis
A magia de viver, a beleza contemplada
Os momentos mais belos, mais intensos e incríveis
 A alegria de querer o simples a vida desejada...

Quero compartilhar com você os sonhos singelos
Ouvir com você as mais doces canções
Cheirar rosas champanhe e cravos amarelos
Deliciar-me com o prazer e viver emoções.

Dividir os sonhos com você, saciar-me nos beijos
Mergulhar em seu corpo, ah, que delícia
Abraçar você e ser abraçado, ter mil desejos...

Sermos dois em um, um em dois, sermos nós apenas
Num mundo de amor, afagos e muitas carícias
Viver a vida plena, ter noites quentes, tardes amenas...

Euclides Riquetti
30-09-2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Uma forma romântica de dizer "te amo!"






Preciso encontrar uma forma romântica de dizer "te amo!"
Um jeito simples, que não sei encontrar
Eu quero te dizer isso, mas não sei como
Pois você não quer me ver, nem me quer ouvir, escutar!

Preciso buscar o melhor jeito pra te dizer "te quero!"
Não sei com quais palavras poderei dizer
Mas que leias atenta é o que mais espero
Meus poemas românticos que eu consegui te escrever!

Preciso, definitivamente, que tu me compreendas
Que me dê uma chance de eu me explicar
Quero apenas que me ouças e me entendas
Eu sempre te amei e quero continuar a te amar!

Euclides Riquetti
30-09-2016





Rosas de setembro




E setembro chegou...
O arvoredo ficou bem tinturado de verde natural
Os ipês amarelos coloriram a primeira tarde da pré-primavera
O roxos contrastaram com o alaranjado das corticeiras
O outono esqueceu-se de derrubar algumas folhas que já feneceram
E o perfume das flores das pereiras, laranjeiras e pessegueiros colore cada quintal:
Setembro chegou!

E, com ele, as roseiras abriram seus brotos e nos contemplaram com as rosas
Seus espinhos desapareceram, ficaram ocultos atrás de pétalas e folhas
Rosas champanhe, vermelhas, rosadas e majentas
Cravos vinhos, brancos, rosa-branco matizados
Azaleias rosa-vivas,  brancas e  beijos multicores
Cravilhas  e  calanchuês esperam, ansiosos, pelas margaridas!

Já vieram as florinhas amarelas do campo, as sempre-vivas
As orquídeas se grudaram nos troncos apodrecidos
Os copos-de-leite se avolumaram junto aos agriões do riacho...
Calêndulas e crisântemos enfeitam jardins e girâneos as floreiras das sacadas
Mas  eu espero os girassóis, os girassóis são meus sóis...

É setembro
É tempo de alegria, vibração
É tempo de agitar o coração
Setembro, é apenas setembro
O meu setembro, o teu setembro, o nosso setembro...


Euclides Riquetti

Na primeira tarde do primeiro dia de primavera





Não quero ser a nuvem escura que cobriu o sol
Na primeira tarde do primeiro dia de primavera
Não quero que coloque meu nome num crisol
Nem que espalhe nos ventos ou o jogue à  terra.

Não quero ser o vento frio que soprou debalde
Mas quero ser o por do sol, que enfeitou a praia
Que maravilhou os corpos e pincelou a tarde
Com cores quentes em matizes que me maravilharam.

Quero que você seja o sino que, de nota em nota
Alenta minha vida com seu toque soberano
E que com as mensagens que você  denota.
Torne meu mundo mais doce, muito mais humano.

E quero mais ainda que a tarde azul volte no mar
Onde as ondas e as espumas bordam os areais
Quero apenas reencontrar seu sorriso a me esperar
Quero apenas que me ame e não me deixe jamais!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Brotaram as rosas



Brotaram as rosas vermelhas
Brotaram também as cor de rosa
Também algumas amarelas
Brotou uma branca cheirosa...

E, se as rosas brotam em setembro
Também brotam em outubro e novembro
Exalam olores perfumados
Que se impregnam também em dezembro...

Mas, se as rosas choram
É porque também chora meu coração ferido
Choram com dor de dolorido
Não riem, apenas choram!

E eu também choro
Choro como chorei no inverno
O desconsolo eterno
Choro e choro...

Apenas assim: eu choro!

Euclides Riquetti
28-09-2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Na noite em que choveu






Na noite em que choveu, perdi o luar
Perdi as estrelas, perdi a estrada
Só não perdi a madrugada
Que ficou para me afagar...

Afagaram-me o miados da gata
Os latidos da fêmea desconsolada
Os relinchos da zaina domada
Na noite chuvosa e... ingrata!

Afagou-me a mulher sem nome
Que me desejou bons sonhos
Leves, coloridos, rionhos
Que falou-me ao telefone

Mas, sobretudo, afagou-me quem me acariciou
Me abraçou, beijou, amou
E me fez feliz!


Euclides Riquetti

O amor que flutua no ar...




O amor que flutua no ar
Vem embalar
Meus pensamentos e meus sonhos.

O amor que me acalma
Acalenta minha alma
Bane meus defeitos medonhos.

O amor vem cantado nas canções
Colado em sentimentos e emoções
Escrito nos versos das manhãs.

Mas, se não o alimentamos, vai embora!
Vai acampar em almas que não choram
E não se apega nas promessas vãs.

O amor é assim:
É um sentimento sem fim
Que procura um galho firme para pousar...

Ao contrário,
Vai navegar em outro mar!

Euclides Riquetti

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Quando as pessoas tinham medo de pecar..



Matriz São Paulo Apóstolo - Capinzal - SC

          Quando criança, costumava ir sagradamente às missas da Igreja Católica, lá no Rio Capinzal. Primeiro, em Leãozinho, onde o Frei Crespin Baldo vinha celebrar uma missa a cada dois meses, pelo menos. Vinha a cavalo, fazia seus ofícios religiosos e ia embora. Meus padrinhos e seus filhos me levavam com eles. Eu ia faceiro, com a blusinha verde com listras brancas, horizontais, que minha mãe me mandara. E com os sapatos novos, pretos,  que meu pai comprara na loja dos Zuanazzi, ali na esquina contraposta à  dos seus concorrentes, da família Macarini, defronte ao casarão do Sílvio Santos.  Comprava sempre um ou dois números maior, para que, quando o pé crescesse, não escapasse. E já vinha com amassados do "Correio do Povo", na ponta, para que tomasse boa forma no pé., não escapassem.

          A parte boa da missa era que, após, íamos brincar com os filhos dos Seganfredo, Andrioni, Biarzi e Frank, Pissolo e Reina, correr pelo gramado e passar pela ponte coberta, sobre o Rio Leãozinho", que dava acesso à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

          Nos domingos em que não tínhamos a missa pela manhã, tínhamos a reza do terço à tarde. Lembro que praticamente cada família tinha um integrante no grupo que puxava as orações. Então, além das já mencionadas, havia os Santini, Bussacro, Tonini, Savaris, Poyer, Guzzo, Santórum e outros. E, ocasionalmente, puxavam a "Ladainha de Nossa Senhora", em latim, prática que desenvolvem até hoje. Acho que é um dos costumes mais antigos da Igreja Católica que está remanescente numa região de grande predominância da colonização por descendentes de italianos.

          Eu não prestava muita atenção aos sermões do Frei Crespim, mas lembro perfeitamente que ele condenava os pecadores, falava nos pecados mortais e veniais. Mortais, eram aqueles muito graves, como por exemplo, tirar a vida de outra pessoa. E as pessoas perguntavam: "E os soldados, que matam os outros soldados nas guerras, ficam com pecado mortal?" Para isso nem precisava da resposta do sacerdote: matar na guerra não era pecado...

          Adiante, adolescente, fui aprendendo. Havia os pecados veniais, que eram os mais simples, que bastava confessar-se, semanalmente, e pedir perdão ao padre que, representante de Deus, perdoava. O problema maior era a vergonha. Alguns desses pecados veniais eram, por exemplo, dar uma espiadinha nas pernas de alguma garota, coleguinha que fosse. Isso quando houvesse um descuido dela, porque as saias não eram curtas. Beijar, então, só quando fosse noivo, e não na frente dos pais. Então, aquele beijinho sutil, roçado, roubado, na subida da escada, só depois de noivos...Amassar, na época, era sovar a massa do pão, ou bater o paralama da bicicleta num poste, no meio da rua. Aliás, eram tão poucos os carros que, em muitas vias, estes eram fincados bem no meio, sobrando espaço dos dois lados para que os eventuais carros pudessem passar. Amassar, agora, é passar a mão, dar abraços apertados, enfim, dar amassos, você sabe em quem...

          Roubar era pecado grave. Além de pecado, era uma vergonha muito grande. Roubar galinhas para fazer brodo em turminhas de amigos, no inverno, era um pecadinho levezinho... Mas roubar galinha pra comer em casa era muito feio. Mais feio do que pecado. E, a gurizada, para não cometer o pecado, burlava: "maiava".  Maiavam melancias e jabuticabas, onde quer que houvesse. Maiar caquis na Siap, indo de bote, pelo Rio do Peixe, ah, isso fizeram muito, muito. Descumprir os "Dez mandamentos da Lei de Deus" era pecado. Agora há  outras classificações de pecados, além dos mortais e veniais, algumas novas nomenclaturas, tipo "leves" ou "pesados".   Nunca entendi direito e nem vou pesquisar sobre eles. Fala-se dos pecados capitais, pois os conceitos sobre pecado evoluíram: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade ou orgulho. E cada um tem um entendimento sobre eles conforme sua conveniência. Claro que você, leitor (a), também tem o seu próprio entendimento e vamos respeitar isso.

          As pessoas não acreditam mais em céu e inferno (nem eu). E tiram a vida de outras por motivos muito banais. Há os "marcados para morrer", há toda a sorte possível de delitos contra a vida. Das pessoas, dos animais, da natureza.

          Antes, por medo de pecarem e irem para o inferno, continham-se nas ações, pensavam muito antes de atentar contra a vida, cometer qualquer delito, por simples que fosse. Agora, por pensarem que não há punição, por terem compreendido que a vida não é assim do modo como os padres e pastores dizem que deveria ser, fazem tudo o que julgam necessário para ficarem bem, levarem algum tipo de vantagem. Danando os outros.

          Claro que nem tudo o que nos ensinaram era "pecado", é isso que  nos revela nossa compreensão de adultos. Entretanto, tenho saudades daqueles tempos em que, se não fosse por educação, pelo menos pelo medo os seres respeitavam os outros seres. Ah, como era bom!

Euclides Riquetti
13-04-2013


Vista interna da Igreja Matriz - Capinzal - SC - onde fui batizado, fiz minha catequese e primeira comunhão.

História do Xixo


 Estrutura para uma Festa do Xixo em Porto União - SC

          O xixo é um alimento produzido basicamente com carne e muito popular na região Sul do Brasil. Em muitas cidades chamam de espetinho, ou espetinho de carne. Tem origem em países como a China, o Japão e a Russia, com 800  anos de história. Em cada lugar é feito com um tipo de carne, dependendo da preferência do consumidor, inclusive há casos de que misturam legumes em meio aos pedaços .Pejorativamente, chamam de "espetinho de gato" aquele que é vendido em praças públicas ou nas entradas de estádios. Mas é comum tendo gente vendendo xixo ao lado dos portões de cemitérios, em dias de finados.

          A ideia de escrever sobre o xixo me veio ontem à noite, quando meu filho Fabrício, o Gustavo Andrade, (Filho da  Nice, neto do Ivo Luiz Bazzo; e o Thiago Fagundes dos Passos, de Ibicaré,  com suas respectivas noivas, estiveram preparando peixes recheados na nossa garagem/churrasqueira de mnha casa, em Joaçaba. Discutiam sobre como fazer um bom xixo.

          Em minha infância, quando acompanhava meu pai, Guerino Riquetti, e seu inseparável e confidente sobrinho Rozimbo Baretta, nas festas em Ouro e Capinzal, percebia que os fabriqueiros (fabriccieri), dirigentes das capelas da Igreja Católica, retiravam os "miúdos", como coração e rins, dos animais, cortavam em pequenos pedaços e os assavam nos espetos para comer enquanto espetavam o churrasco e o punham ao fogo. Chamavam isso de aperitivo, que era ingerido junto com uma cachaça artesanal ou caipirinha de limão.

          Em minha juventude, quando fui para a Faculdade, em Porto União da Vitória, conheci o vedadeiro XIXO.  Deliciei-me. Era bom demais

Desfile numa das tradicionais Festas do Xixo e do Steinhagger, em Porto União - SC

          Meus amigos Leoclides Fraron, Odacir Giaretta e Osvaldo Bet, meus companheiros na "República Esquadrão da Vida", convidaram-me para ir à  Festa de São Pedro, no Bairro do mesmo nome, onde, em 1972, iam acender uma fogueira com 39 metros de altura, com circuito acionado por controle remoto (um par de fios e um interruptor de luz). Lembro que o Grupo de Jovens do Bairro, liderados pelo Fernando Crestani, alguns anos, levantavam a grande fogueira. E o Sr.  Carlos Ewaldo Unterstell, comerciante e benemérito,  foi foi o que acendeu a fogueira, cujo fogo começaba lá no alto, e depois vinha descendo. Ao longo as pessoas viam aquele clarão que iluminava aquela parte de Porto União.

          Mas, como nosso escopo é falar do xixo, digo que foi nessa festa que  conheci. Faziam até 20.000 espetinhos, usando 2.000 Kg de canes. Era composto por coxão mole de bovinos, pernil de porco e coração de porco. Mas tinha um sabor inigualável. Os espetinhos eram de um arame de aço, assado em calhas de latao, e havia umas ripas na horizontal,defronte äs barracas, onde pregos sustentavam as argolas dos espetos, e íamos retirando os pedacinhos e devorando. Os espetos eram reutilizados. Você os podia comprar nos supermercados Passos e Unterstell, a bom preço.

          Dez anos depois, quando morava em Ouro, meu cunhado Nei me visitou e propôs-me a fazermos um xixo. Utilizou, junto, filé de carne de frango.Eu não sabia que isso era possível. Mas ficou muito bom.

          No início da década de 1980, o Fernado Crestani veio de Porto União para trabalhar no Bradesco, em Capinzal, e retomamos a amizade. E eu lecionava também na CNEC, que estava com problemas financeiros para pahar aluguel e salários de nós, professores. Sugerimos fazer uma fogueira e vender xixo. Antes, numa festa junina do Mater Dolorum, o Ruites Andrioni, da APP, mandou o Zó Boico com o gol azul da Jarp buscar100Kg de xixo em Porto Uniao, pois se entendia que só lá sabiam prepará-lo. E ele conhecera o xixo na casa do irmão dele, meu amigo Urtenilo Andrioni, o Nilo, que morava no Porto.

          Na metade da festa, não havia mas xixo.

          O Crestani ensinou-me a fórmula do xixo para vender nas promoções e ter lucro. Depois ensinei-a para o  Guiomedes Proner,  Neivo Ceigol  e o Albino Baretta. E ficava uma delícia, todos elogiavam o tempero. Hoje muitos continuam a fazer  xixo com uma única espécie de carne, de bovinos ou de suínos. Mas á outras fórmulas de composição.

          Então, vejamos nosso procedimento: para terem-se 100 Kg de xixo e produzir de 900 A 1.00O espetinhos, utilizam-se:

- 35 Kg de carne bovinha de coxão mole,  macia;
- 35 Kg de carne de pernil suíno,  pura;
- 45 Kg de carne de coração de porco (retirar as nervuras e gorduras, sobrando apenas a carne);
- 3 litros de óleo comestível;
- 3 litros de vinho branco, seco;
- 3 Kg  de sal fino;
- 3 pacotes de orégano;
- salsa, folhas de cebola, manjerona, hortelã -pimenta ou outros temperos verdes compatíveis.

Corte tudo e tempere. Com estas quantidades obterás um mínimo de 100 Kg de xixo, próprios para 1.000 espetinhos.

          Lembrar das festas juninas deOuro, Capinzel e Porto União me remetem aos tempos e isso às saudades. Era muito bom levar as crianças para se deliciarem com o xixo, o cachorro-quente, os pés-de-moleque, cocadinhas, doces de batata ou de  abóbora, e ver as danças das quadrilhas.

Euclides Riquetti
28-10-2012

domingo, 25 de setembro de 2016

Ter onde chegar



Laranjas verdes, amareladas, maduras
Maçãs verdes, avermelhadas, doçuras
Mangas verdes, amareladas, adocicadas
Limas verdes, amareladas, amaduradas
Uvas verdes, avinhadas,  escuras.

Corações agitados, abalados, esquecidos
Olhos tímidos, invívidos, entristecidos
Mentes vãs, insanas, atribuladas
Almas negras, perturbadas, aflitadas
Seres frágeis, reprimidos, deprimidos.

Há caminhos ternos, tenros, intensos
Caminhos estreitos, pedregosos, imperfeitos
Caminhos de ida, caminhos de ida e volta.

Não importa a cor que cada fruta tem
Nem o fácil ou difícil em cada ser:
Ter onde chegar é o que me importa!

Geração Jovem Guarda


Mais boas lembranças...reprisando!

      
  No início da década  de  60, o então jovem município de Capinzal, no Baixo Vale do Rio do Peixe, era composto também pelos territórios de seus distritos de Ouro, Dois Irmãos e Barra Fria. Em 1963, no dia 23 de janeiro, Ouro emancipou-se de Capinzal, abrangendo em seu território os outros dois distritos.  No mesmo ano, no dia 11 de novembro, concedeu emancipação aos mesmos, que se tornaram, respectivamente, Dois Irmãos e Lacerdópolis, sendo que o primeiro, adiante, passou a chamar-se Presidente Castelo Branco.

          Naquela metade da década, logo após esses acontecimentos políticos, surgia no Brasil  a Jovem Guarda, começando a aparecer  no cenário musical Roberto Carlos (o "Brasamora"),  Erasmo Carlos ( o "Tremendão") , Vanderléa ( a "Ternurinha"), Vanderley Cardoso (o "Bom Rapaz"),  Jerry Adriani (o "Coração de Cristal"), e Martinha, como principais expressões. Havia o Agnaldo  Rayol (o "Rei da Voz"), o Agnaldo Timóteo, que fazia sucesso com "Meu Grito", o Caetano Veloso, que adiante saiu-se bem com "Alegria, Alegria",  o Chico Buarque, com "A Banda", e o Ronie Von (o "Pequeno Príncipe"), com "A Praça". O Sérgio Reis, também da mesma geração, projetava-se com "Coração de Papel". Depois, virou cantor sertanejo. Havia outros, os preferidos pelos adultos, que nós, teenagers, chamávamos de "Velha Guarda".


         A Juventude e os teens curtiam muito as feras daquela hora, deixávamos os cabelos bem compridos, usávamos calças "boca-de-sino", uma camisas xadrez, de gola bem alta. As mulheres usavam "bomlon", arrumavam os cabelos à La Doris Day, e a charmosa Leila Diniz saiu para a praia grávida usando biquini, uma afronta aos costumes da época. Ah, leitor (a), tu deves ter sabido de todos esses acontecimentos, ou tomastes conhecimento deles algum dia. Foi uma época marcante de minha vida e da maioria de meus amigos.

          Pois bem, naquela época, o Colégio Mater Dolorum apresentava o seu novo e imponente prédio. Nós estudávamos lá, a sua quadra de esportes era um terrão com pedras, onde se jogava caçador e vôlei. Lembro bem que o colega Milvo Ceigol, irmão do Neivo, perdeu parte de seus dedos numa serra elétrica, na Marcenaria de seu tio Orestes Albino Fávero e, com os dedos cheios de mercúrio, gaze e esparadrapo, teimava em ser escalado para jogar vôlei. Depois, havia uma mesa de pingue-pongue, onde estrelavam a Vênus Siviero, a Marlene de Lima, a Ana Shiley Bragatto (agora Fávero, que quando perdia uma jogada esboçaba um sorrisinho delicado e afastava-se suavemente da mesa). Havia uma interna, a Rita, que era muito bonita, e que o pai a visitava de vez em quando, com um jipão. Os alunos de primário usavam calça de cor cáqui e camisa azul, as meninas saia e blusa dessas cores.  As alunas do Normal usavam saias bordô e camisas marfim. No Padre Anchieta, estudavam somente rapazes, camisa branca e calça azul. E a onda, na época, erta ouvier "iê, iê, iê". No ginasial, os rapazes no Anchieta e da garotas no Mater. É, não podia misturar menino com menina. E, no primário, quando alguém fazia bagunça, a primeira pena era ser colocado a sentar-se ao lado de uma menina.(Que humilhação, que vergonha...). E, os casos mais graves, eram levados para terem seu nome registrado no "Livro Negro" (Que medo!...). E diziam que os mais "fortes e disciplinados", iriam assinar o "Livro de Ouro". Nunca vi nem um nem outro, mas acho que existiam, não sei se sob as chaves da Irmã Marinela, da Irmã Fermina, da Irmã Terezinha. Esta, diziam que iriam dirigir a caçamba Ford, amarela, comprada para o transporte do material da construção do novo prédio. Mas o motorista acabou sendo, mesmo, o Lóide Viecelli.



          Enfim, nós, que vivemos e nos encantamos com nossos ídolos da época, também fizemos parte da história de nossas escolas, de nossas cidades. E, agora, espalhados pelo Brasil, vemos a geração que nos sucedeu buscando espaços também em outros países. Cada um vai fazer sua história onde acha que deve fazer. O mundo mudou mais do que podíamos imaginar. Mas as tecnologias permitem que nos aproximemos.

          É impossível esquecer de uma época tão boa de minha vida. E, certamente, também tua, leitor (a)!

Euclides Riquetti
15-06-2012