As
inconveniências de se ter um ambiente muito dependente de outro ficaram
evidenciadas após as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos da
América às outras potências mundiais, notadamente China, Índia, Rússia e
Brasil. Aquele país está sendo governado por um Presidente impetuoso, Donald
Trump, que sucedeu a Joe Biden, de perfil muito diverso do dele. Trump está
fazendo para os estadunidenses aquilo que prometeu em campanha. Pode-se
condenar suas atitudes, mas é preciso entendê-las.
No Brasil não é diferente. Luiz Inácio Lula da Silva prometeu um governo dirigido às classes
sociais menos favorecidas e está fazendo isso. O próprio Bolsonaro tentou fazer
aquilo que pregara em campanha, mas pelo confronto com o Judiciário acabou
tendo seus projetos frustrados. Eleições sempre expressam a vontade popular. É
preciso entender isso.
Vejo e analiso
os discursos das cidades pelas suas lideranças, sua classe política, seu
empresariado. Formam um sistema, agregam interesses, remam para um ou outro
lado. Cidades precisam ter uma identidade e propagá-la. Algumas a têm, em
outras as lideranças não conseguem nem sequer projetar um rumo. Ganhar
eleições é o jogo. Ter projetos de
Governo é a linha. Porém, cidades precisam de projetos de desenvolvimento. E,
quando assim falo, quero significar o trilho do caminho da sustentabilidade,
da independência, da interdependência. Tudo em seus termos adequados, ajustado,
o que é uma tarefa difícil de se executar.
A glória de um
prefeito ou de um governador é fazer muito, encantar seus eleitores,
mostrar-se como um líder idealizador. Mas nem sempre os ideais do gestor são
os mesmos da sociedade. Então, esta se divide. Nosso caso mais evidente é o de
nosso País, onde temos uma classe política altamente dividida. O discurso para
um setor, com rejeição ao outro, é péssimo, nada agrega e nada produz de bom.
Só ocasiona conflitos e divisões. Está muito evidenciado o “nós e eles”, o “rico contra os pobres”. Tal
divisão é nefasta, em nada nos ajuda.
A eficiência
está no aproveitarem-se bem os recursos financeiros, fazer o melhor com aquilo
que se tem. E ele acontece melhor nos municípios, depois nos estados. Em termos
de Brasil é tudo uma decepção. Temos riquezas naturais para fazer inveja ao
mundo, tempos e clima favorável, a maioria da população trabalha e estuda, busca
aprender a fazer sempre o melhor. O êxito vem como resultado do esforço, da
determinação em se atingir objetivos, do conhecimento e da habilidade que temos
ou não temos.
Os políticos são
eleitos para atenderem às expectativas da população. Nem todos votam, mas todos
têm a vida a ser vivida, não importa se crianças ou velhos. A classe ativa
precisa produzir para manter a outra. Temos o básico, necessário, mas temos
também o sofisticado, o que nos pode dar muito além do conforto. Tudo começa
por termos o que comer, onde nos agasalharmos, ter saúde e energia para fazer
aquilo que queremos ou daquilo que precisamos. Já ficamos no lucro quando não
nos atrapalham, quando nos deixam ser o que queremos ser.
Os meios de
comunicação nos desafiam, testam nossa razão, desafiam a sensibilidade,
provocam para que se gaste, se consuma. Nos oferecem as facilidades do moderno,
o encanto das coisas bonitas, a agilidade da automação, as temperaturas
reguladas pelos aparelhos de ar condicionado, a visão em várias dimensões, a
inteligência artificial. E, paralelamente, os aproveitadores agindo, tirando o
dinheiro e o sossego tanto dos mais ingênuos como dos que se acham mais espertos.
Enquanto isso, o
mundo continua a girar, as plantas continuam precisando de chuva e
luminosidade, de fertilizantes naturais ou químicos, as águas descem pelos
declives e os carros andam movidos a alguma forma de energia. Uns trabalham
muito e pouco ganham, outros pouco trabalham e muito ganham. Conhecimento,
esperteza, habilidades, capital, entusiasmo, sonhos, energia, tudo pode ser bom
se tivermos saúde. Sem está, de nada nos adiantará o resto.
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com