sábado, 19 de maio de 2012

O Kifas e Mr. Safik

          Em abril de 2007, li um artigo no Jornal A Semana, assinado por um certo Mr. Safik, em que abordava situações saudosistas e acontecimentos de Capinzal e Ouro, fazia indagações sobre pessoas conhecidas dele. Descobri, com o amigo Belotto, que se tratava do Derlico, de quem eu muito ouvira falar em minha infância, e que seria amigo de diversos amigos meus, mas que eu era um pouco mais jovem que ele e eu fazia parte dos "da Rua da Cadeia", e não dos "Da Turma dos Bazzo". Nós, da Rua da Cadeia, éramos meus irmão Ironi, os Coquiara (Ivanir, Valdir e Altivir Souza), os Miqueloto (Irineu, Nito e Neri), os Masson (Rosito, Heitor, Zé Raul, Félix e Aquiles), os Dambrós (Luiz Alberto e José Anibal), os Oliveira (Nereu e Irineu, pioneiros do Navegantes)), os Lucietti (Anildo e Adelir Paulo, depois o Darci e o Nego), os Campioni (Ermindo e Vicente), e os primos "Richetti", Moacir e Cosme, o Bianco (Ivan  Casagrande). Depois veio o Alcedir Bernardi e o Ademir, e o Sidnei Surdi. Até o Gilmar Rinaldi (o Mêti), ex -goleiro que agora é empresário do Adriano Imperador, do Danilo, do Washington Coração Valente e mais outros craques, e jogou no  Inter, São Paulo Udinese e Flamengo, foi reserva do Taffarel no Tetra, fazia parte de nossa tribo, quando vinha para a casa da mana Matilde.  Toda essa tropinha "mandava" lá pelos lados da Cadeia, em Ouro.

         Da turminha dos Bazzo faziam  parte   o Vilmar Matté, o Ivoney Bazzo, o Ivan Maestri, o Nelito Colombo, o Alcedir (Sebinho) Dambrós, O Rubens e o Edson Bazzo, o Hélio Novelo, o Castanha (Clóvis Maliska) o Rogério Caldart e o Roberto, o Antoninho Sartori, o Areia, o Homero, o Rômulo e  o Egomar Sartori, o Ademar Miqueloto, possivelmente o Adilson Montanari  e muitos outros, como os dois Mários, o Pina e o Lebrão, Morosini e Fávero.

         Mas, ao ler o texto do "Mr. Safik",  fui buscar saber quem ele era e, sabendo ser o Derlico, compus uma resposta, em que assinei com o pseudônimo "Touareg", e que foi publicada n´A Semana,  no dia 25 de abril de 2007, um dia após ele completar 56 anos. Passados alguns dias, o Belotto ligou-me para saber se eu o  autorizava a informar para o Mr. Safik que o Touareg era eu. (Em algumas oportunidades de minha vida, escrevi textos com pseudônimos). Autorizado, Mr. Safik ligou-me e conversamos muito, por telefone, ficamos "amigos de telefone". Voltamos a  conversar mais duas vezes e os encontros esperados não deram certo.

          Mas, no início desta semana, o amigo Antoninho Sartori me comunicou que o Derlico estaria lançando o livro "Camponovenses", na sexta-feira, na Casa da Cultura, em Campos Novos. Ah, recusei convites para um belo jantar com o amigo Neca Deitos e os amigos, pois não poderia deixar de ir buscar o livro do Derlico.

          Fomos, eu e a Mirian. Lá, encontrei o Teco Ronsani, o Vilmar Matté e a Ilce, a Maíra Almeida e diversos outros conhecidos.

          Cumprimentamo-nos, efusivamente, eu e o Derlico, que tem nome Derly Pedro de Souza, e que lá eles o chamam de "Kifas". E assim foi saudado pelo Dr. Enéias Athanázio, que prefaciou o livro, e é  renomado escritor catarinense, bem como  pelo Ex-Senador Dirceu Carneiro, que representou as famílias enfocadas no livro.

         Foi uma noite cultural simples, mas de alto nível, sem os enfadonhos e demagógicos discursos de políticos, houve apresentações de violinistas jovens e adolescentes de Campos Novos, algo muito sublime e elegante.

          De início, fiz minha análise: Kifas é resultado da inversão das letras de Safik. Foi de seu apelido que ele tirou seu pseudônimo. Mas não tive tempo de perguntar-lhe o porquê do apelido Kifas. Mas, por outro lado, adquiri o livro e coloquei-me bem à frente da mesa de autógrafos, com o livro aberto e caneta pronta: Tive a honra de ser o primeiro a ter seu livro autografado no lançamento. Aliás, este é o segundo livro dele.

          Dando uma olhadela no exemplar, já me foi possível localizar muitos amigos e conhecidos, inclusive o Dr. Edson Ubaldo, eminente jurista, que tive a honra de ter como assessor jurídico nos meus dois últimos anos de mandato como Prefeito em Ouro. Ele, que também, como nós, é escritor.

    Agora é ler todo o livro para curtir uma viagem em nossa História, pois, Campos Novos foi município-mãe da maioria dos municípios das microrregiões da Ammoc e da Amplasc.



Euclides Riquetti
19-04-3012
        

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Décima Sétima Crônica do Antigamente

          Adora lembrar de coisas de antigamente, minha infância, adolescência e juventude.

           Ontem, pela manhã, ao chegar em Ouro, em frente à antiga Sorveteria Vó Mirian, hoje Sorveteria do Grezele, encontrei o Sinaleira. Ele me olhou, limpou duas vezes a mão direita  nas pernas de suas calças e estendeu-ma. Estendi-lhe a minha, apertei a sua e falei: "Não precisa limpar sua mão para me cumprimentar. Você não me conhece?" Ele olhgou-me, reolhou-me, mediu-me, iu-me, iu-me, iu-me e, depois lascou: "Não lembro de você!".

          Bem, eu encontro o sinaleira seguidamente em Joaçaba, andando nas ruas centrais. Nem sei se ele me vê, mas eu o vejo. Ontem, disse que queria um "particular" comigo, queria R$ 1,00 emprestado. Dei-lhe R$ 5,00, não para gastar naquilo que é acostumado, mas para que comprasse comida. Ele disse que gastaria R$ 4,00 em comida e o outro reaal para aquela finalidade a que me pedira emprtestado. Eu não incentivo o consumo de bebida alcóolica, pois perdi muitos amigos e alguns familiares por causa dela e do cigarro. E censurei-o por ter limpado a mão para estender-me. A um amigo, dá-se a mão em qualquer circuntância e eu tive muito prazer e alegria em ter sido cumprimentado por ele.

         Mas, voltando ao Sinaleira, que encontrei bem em frente à sinaleira da Felip Schmidt,  na esquina com a Professor Guerino Riquetti, mais conhecida como a Esquina do Posto Esso (que já não é Esso, é Shell, mas que vai continuar a ser Esso por uma questão de hábito mental e linguístico, e que para alguns é Posto Dambrós), falei-lhe que eu o conhecia bem, que ele  era irmão do Lauro, e do falecido Castelinho.  Perguntei-lhe se ele conhecia o "Pisca" e ele disse-me que o Pisca era ele mesmo. Respondi-lhe: "O Pisca era eu, você era o Sinaleira!. Lembrei-lhe que jogávamos bolicas (que muitos de  vocês chamam de bolinhas de gude),  ali,  ao lado da casa do Adelino Casara, em Capinzal, num terreno bom, plano, com sombra de laranjeira e tudo. E ele lembrou-se de mim...

          Ser antigo, já escrevi, me permite lembrar mais, curtir mais, navegar mais num passado mais longo do que o de muitos de meus leitores, que têm a vantagem de estarem com menos idade. Mas, hoje pela manhã, ao vir de Joaçaba dirigindo, calmamente, até meu trabalho, comecei a lembrar-me de amigos que tínhamos na época e que, por serem de cor diferente da minha, alguns achavam que eu não deveria misturar-me com eles. Quando saí do Juvenil do Arabutã e fui jogar no "Time dos Engraxates", passei a ser meio rejeitado por algumas pessoas, que achavam  que aquilo era demérito. Mas, lá, convivi com muitos que já se foram e que foram meus companheiros. Tinha o Pelé, filho do Caetano, que fazia panca; o Ferrugem, que só queria jogar com a 10, mas o Pelé queria para ele.O Castelinho,  só conseguia jogar bolicas, mas nada de futebol. Lembrei-me do Chuchu, craque que só jogava bem com os pés descalços, e morreu num incêndio em Piratuba; o  Thclule, que jogava bem e tocava bateria nos Fraudsom... e todos eles já foram para o céu.

          Mas conheci também muitas pessoas que já eram adultas na época, até idosos: A Tia Bena, mulher do Sapeca; a Nega Júlia, que diziam ter sido escrava e tinha mais de 100 anos; o João Maria, que queimava a barba com o fogo do isqueiro pra não precisar cortar; o Zé de Amargá, que foi pioneiro no Navegantes, trabalhou no pesado até o fim da vida, e dizia que comia carne e verdura pra ter energia pra trabalhar bastante; o Sebastião Félix da Rosa, conhecido como "Velho Borges" e "Champanhe", que morreu sentado embaixo de uma árvore, no Navegantes, e que filosofava: "Não cai uma folha de uma laranjeira sem que Deus queira"; seus filho João, Dário e Mário, este último que passou a maior parte de sua vida usando camisa do Arabutã, e vinha em minha casa de madrugada, para saber como estavam as "geminhas", minhas filhas Michele e Caroline; a Dona Júlia, que benzia as pessoas para que não ficasse doentes e que viveu seus últimos dias lá no Alvorada, vizinha das irmãs Clementina e Jurema, todas já idas lá pra cima, juntamente com a Patroa do Pedro Lima. Todos esses amigos foram pro céu, tenho muitas boas lembranças deles.

          Os tempos mudaram. Agora, as oportunidades que o Sinaleira não aproveitou, continuam a existir para quem quiser aproveitar. Há boas escolas públicas, transporte gratuito, apoio dos órgãos públicos para quem quiser estudar e poder buscar um caminho talvez que não traga mais felicidade, mas melhor   padrão de vida.  Só não estuda quem não quer. Mas, o Poder Público precisa oferecer ao cidadão aquilo que a familha muitas vezes não lhe oderece: proteção social.

          Então, posso dizer que tenho muito orgulho em ter sido amigo dessas pessoas todas. E que o Sinaleira continua sendo tão admirado quanto admiro a Thaís Araújo, a Maria da Penha da novela das 19 horas na Globo.


Euclides Riquetti
18-05-2012

  

        

domingo, 13 de maio de 2012

Nowhere Boy

           Nowhere Boy é o título de um filme que, no Brasil, recebeu o nome de "O Garoto de Liverpool" e conta a história do Vocalista/Guitarrista dos "The Beatles", John Lennon. É vivenciado no famoso Bairro de Londres, Inglaterra, na década de 60, e retrada a vida conturbada de Lennon em seu período de infância e adolescência, dos 5 aos 17 anos. Nowhere Boy poderia ser traduzido como "Menino de lugar algum". O título combina com a história dele, embora, mais adiante, ele passou a ser um "menino de todos os lugares", conquistando o mundo pela música, sendo condecorado pela Rainha da Inglaterra, juntamente com seus outros companheiros, Paul Mac Cartney, Ringo Star e George Harrison.

          O filme é de 2009, tendo Aaron Johnson interpretando-o, e mostra o quanto ele era rebelde, tanto na escola quanto na casa da Tia Mimi, que o criou. Mimi Smith é interpretada por Kristin Scott Thomas, bela atriz britânica com dezenas de filmes na carreira, inclusive "Tle English Patient", ou "O Paciente Inglês". Anne Marie Duff faz o papel de sua mãe, Júlia Lennon. É outra bela e notável atriz britânica, protagonista de filmes e de séries para a TV. Júlia é irmã de Mimi. É uma roqueira que, enquanto o marido estava na Segunda Guerra Mundial, teve pelo menos dois romances com outros, e acabou casando com um terceiro, com quem tinha duas filhas. Mais tarde, vem à tona que Lennon teria uma outra irmã, fruto de um dos "casos" que manteve durante a ausência do marido, a quem rejeita quando a Guerra termina.

          Lennon vive o drama de morar com a Tia e enfrentar muitos problemas na escola, onde é suspenso por uma semana, por ter mostrado uma revista pronográfica para uma senhora no ônibus que o levava à aula. Era um garoto terrível.

          Sua mãe, Júlia, concordou abrigá-lo em sua casa durante o período de suspensão, sem que a Tia soubesse. Lá,  ela, roqueira que fora, lhe ensina a tocar violão, e ele se propõe a constituir uma banda de rock. A Tia Mimi lhe compra um violão, usado,  por   sete libras  esterlinas, que daria, na época, uns R$ 25,00. Mais adiante, quando ele se une a Paul Mac Cartney para formar a banda Quarrymen, ela o presenteia com uma legítima "Hofner", uma das guitarras mais cobiçadas da época. E a banda começa tocando numa quermesse, com uma canção que sua mãe lhe ensinara.

          Os seus conflitos existenciais  são muitos e, somente quando está em vias de formar a banda The Beatles,  é que sua mãe, ele e sua tia se entendem, se compreendem. Ele fica muito feliz, mas, em seguida, sua bela mãe é atropelada por um carro e morre. E ele se desespera, pois recentemente tinha começado a compreendê-la.

          Então,  Lennon comunica à tia que irá com seus companheiros para Hamburgo, na Alemanha, onde os Beatles começam a marcar sua presença internacional. Por ser menor, a tia lhe concede autorização.

          Nowhere Boy vale a pena ser visto. É uma drama que retrata uma história verdadeira, de um dos maiores ídolos da história do rock.  Ah, em tempo: Ele, que imaginava, inicialmente  odiar sua mãe, por abandoná-lo aos cinco anos, mais tarde coloca o nome de "Julian", a seu filho, também cantor. Se você procurar fotos, verá que Julian é a cara do pai.

          Adoro The Beatles. Tenho um MP3 com todos os seus sucessos, que escuto frequentemente. Adoro eles, desde minha adolescência, quando minha irmã, Iradi, falou-me deles, e eu fui ao Cine Glória assistir ao "Help". (I need somebody...  Help!)

Euclides Riquetti
13-05-2012


         

  

Dia das (minhas) Mães

          Mesmo com a sedução comercial, que enseja presentes a serem dados ( e esperados), precisamos ver o Dia das Mães como uma das maiores (e para muitos,  melhores), comemorações de nosso calendário civil. Por ser no segundo domingo de maio, não é um feriado, mas, se fosse uma data fixa, e ocorresse em dia útil, mereceria sê-lo, muito mais que o 21 de abril ou o 7 de setembro. E, a condição ecumênica, nos coloca dúvidas quanto a feriados oficiais comemorativos a datas como, por exemplo, o Dia de Corpus Christi, que ocorre numa quinta-feira do mês de junho. Mas, com relação às mães, há quase que uma unanimidade: todos somos filhos de uma!

          Então, oportunamente, quero lembrar e agradecer minha mãe, nascida Dorvalina Adélia Baretta, que cuidou de todos nós, 6 filhos, e que muito chorou quando perdeu meu pai, Guerino, com 55 anos (1976),  e meu irmão Ironi, com 51 anos (1998). Ela lavou muitas roupas de outras  famílias de  para nos ajudar e, quando fui para a Faculdade, mandava-me blusas bonitas e gorros de lã, para que eu não passasse muito frio no nevoento inverno de União da Vitória. E também à Dona Anita, que virou minha sogra, e que me dava um prato de sopa bem quente, nas tardes/noites muito frias, quando ia para a casa dela. Também à Mirian, mãe de nossos filhos, Michele, Caroline, Fabrício, que sempre me compreendeu e apoiou.

          Mas há também aquelas outras mães que todos nós temos e que as outras pessoas têm. A Doutora Zilda Arns, que morreu no Haiti, e pode ser considerada a "Mãe das Crianças Carentes do Brasil", que tive o prazer de conhecer e conversar com ela pessoalmente, e isso é um dos maiores orgulhos que eu tenho. Foi uma "mãe" engajada, médica, bonita, simpática,  bondosa, caridosa, orgulho não só meu, mas de todos os brasileiros.

         Também à Comadre Vitória, que nos apoiou muito quando morávamos em Zortea, e nos apoiou e ajudou na orientação de como lidar com nossas gêmeas. Ainda à Dona Ézide, nossa vizinha, que com seu olhar protetor ajudáva-nos a cuidar de nossos filhos.

          E vou escolher outra mãe, para que represente,  em meu íntimo,  todas as outras mães, a quem considero dever e devo devotar o maior respeito: A "Vó Preta", mãe da Ilerene, , que, com seu Noninho Valduga, sempre foi muito simpática, afetiva, querida por todos.

          Não me esqueço de ti, ainda, que não tem filhos bioplógicos, mas que também te tornas mãe de sobrinhos, afilhados ou outras muitas crianças: teus gestos te dignificam e te tornam uma verdadeira mãe.

          E, num dia em que todas as mães choram, algumas de alegria por poderem abraçar ou receber o telefonema dos filhos ( e-mail não vale muito nesse caso...), e outras de tristeza,  porque o mundo violento e desajustado levou seus filhos, rezo algumas orações e volto meu pensamento para a imagem de minha mãe, que era minha fã, que chorou e que vibrou comigo em muitos momentos de minha vida.


Euclides Riquetti
13/05/2012