sábado, 17 de outubro de 2015

Um poema de amor e paz

Estou te escrevendo este poema
Faço o que todo o poeta faz
És uma flor roubando a cena
Em meu soneto de amor e paz.

Um poema de muita alegria
Um sonho de cor e sedução
Pinto o cenário que um dia
Deu-me à luz muita paixão.

Descrevo flores e perfumes
Com seus mais finos odores
Teus olhos são os meus lumes
Desenho-os em multicores.

Nada há que mais  me envolva
Não  há nada que me apraz
Nada há mais  que me revolva
Do que um poema de amor e paz!

Euclides Riquetti
17-10-2015










Barbeiros e topetes

Mais uma para relembrar...

           Não sei por que chamam os barbeiros de barbeiros. Ora, poucos são os que vão às barbearias para cortar a barba. Vão, sim, para cortar o cabelo. Antigamente havia preconceitos contra cabeleireiros, acho que era por isso. E a maioria dos homens, hoje, prefere cortar seus cabelos com as cabeleireiras. Muitas mulheres preferem cabeleireiros. Então tudo está empate. Eu pouco me importo, corto o meu pelo menos duas vezes por semana, sagradinho, eu mesmo, enquanto tomo banho. Às vezes três, é uma questão de hábito...

          Antigamentre, e eu sou bem antigo, eu não gostava de ir ao barbeiro por alguns  motivos: primeiro, porque cortavam os cabelos com aquelas máquinas metálicas, e doía. Pouco usavam as tesouras. Tesoura era mais  para quem tinha cabelão de galã. Nós, crianças, tínhamos que nos contentar com um corte bem raso. E deixavam um topete na frente, este sim moldado pela tesoura. Era um corte militar, como o dos soldados. Os italianos, lá da roça, chamávamos esse topete de "sthufet. Para mim, um sthufet é um montinho de cabelos na frente, na testa. E também porque eu tinha medo da navalha que usavam para o acabamento, os aparos finais. Parecia que iriam cortar meu pescoço fora. Eu tinha medo.

          O mais famoso topete de que se ouviu falar foi o do Presidente Itamar Franco. Uma vez o topete dele ficou muito comentado  porque, junto com o topete, esticou os olhos para olhar para uma certa modelo que estava com ele  num camarote de carnaval, acho que no Rio de Janeiro. (Ele não faria isso em Juiz de Fora...) Um fotógrafo,  esperto, flagrou uma pontinha, só uma pontinha bem tiquitinha de uma peça da roupa de baixo da "peça", e foi uma azaração só. Zoaram muito daquela situação, mas a moça teve seus minutos de fama. E não foram apenas quinze, porque, adiante ela tirou umas fotos para uma revista...e ficou famosa até que ele deixou o cargo.

          Lembro com saudades dos meus  barbeiros: O Estefenito, no Leãozinho. Meu pai, na Linha Bonita e na cidade, cortava os cabelos dos amigos por puro amadorismo, não cobrava nada.  Quando cresci, fui cliente do Alcides Spielmann e do Surdi, que atendia lá no "redondo", perto da Igreja de Capinzal. Na Barbearia do Spielmann, ele tinha um quadrinho na parede com uma gravura em que aparecia o "Amigo da Onça", personagem assinada pelo Stanislaw Ponte Preta. O Amigo da Onça era um barbeiro e estava com a navalha na mão, cortando a barba de um cliente, que olhava asustado. Pudera, ele olhava para um totó e dizia: "Calma, Totó, vai sobrar um pedaço de orelhinha pra você também"!  Era mais ou menos isso. O Spielmann nos contava belas histórias, entretinha os que estavam na espera da vez.

          Em Capinzal, ali na esquina da XV com a Ernesto Hachmann, havia a Barbearia do Eurides Gomes da Silva. Era um barbeiro muito gentil também. Dava conselho para nós, jovens e sempre tinha uma filosofia nova para incutir. Seu auxiliar era o Maneco. Mais tarde, o Schwantes, que era nosso inquilino, foi trabalhar com eles. Aos fundos havia uma sala de jogos de mesa. O melhor jogador era o Roque Manfredini. Visitei ele aqui em Porto União nesta tarde. Está vizinho de seu irmão Alvadi e do Fernando Martini, meu colega de chapa no Diretório da Fafi. Sua alma está lá em cima. Mas eles agora são vizinhos aqui. A Barbearia do Eurides era  um lugar simples,  mas muito bom para passar o tempo. Os anos passaram e essas pessoas também passaram, foram morar lá em cima. Que pena!

          Quando vim morar em União da Vitória, meus colegas da República Esquadrão da Vida já foram me orientando: Melhor lugar para cortar cabelo, aqui, é no Salão dos Estudantes, perto do Hotel Flórida. Recebi trote atrasado na Faculdade e no outro dia, cedo, fui raspar o cabelo naquele salão. Virei cliente. Foi bom porque meu cabelo deixou de ser liso e ficou encaracolado. Eu me sentia o tal! Até arrumei uma namorada e casei com ela. Passei por lá hoje e conversei com um barbeiro. Está trabalhando do Salão do Estudante desde 1977, justamente o ano que saí da cidade. 

          Quando o Spielmann morreu, seu salãozinho passou a ser atendido pelo Sr. Calgaro, que veio de Curitiba. O Calgaro também era muito calmo e tinha boas histórias para nos contar. Ficamos amigos. Quando ele partiu, jovem, seu filho Neguito, o Adriano,  o sucedeu. Ele e a sua mãe atendem até hoje.

          Uma das características indispensáveis para um barbeiro ou uma cabelereira é ser um bom papo. Estar atualizado (a) ajuda a manter uma boa conversa. Mas não é só isso, tem ser muito bom em seu serviço. Precisa ser um bom exemplo, estar bem cuidado, elegante.  Quem os procura vai porque quer ser sentir mais atraente, mais bonito. Isso vale tanto para ele quanto para ela.

          As mulheres sabem que um lugar para ficar sabendo "o que vai pela cidade" é nos salões de estética. Lá se sabe de tudo. O que elas não sabem é que nos salões para os homens  ou barbearias  os assuntos são os mesmos! Nós também ficamos sabendo muito sobre elas...

Euclides Riquetti
Redigido em União da Vitória, PR, em
 07-02-2013

Poema do horário de verão

Quando a manhã de domingo chegar
E parecer-lhe que mais tempo já se  passou
E que o sol muito mais cedo vai brilhar
Verá que apenas seu relógio é que mudou...

Os passarinhos a cantar serão os de sempre
Estará ali a erva-mate para o chimarrão
E as palavras me sairão assim, de repente
Para o poema do nosso "horário de verão".

Veja que o vento sopra macio, é ainda cedo
Muda o relógio, mas não muda a inspiração
É apenas uma questão de ajuste e não de medo
Vale a hora que é ditada pelo seu coração.

E, no fim da tarde, quando a noite vai demorar
Haverá tempo para que possa pensar em mim
Imagine-se andando pela beira de um vasto mar
E inspire-se na sua imensidão que não tem fim!

Apenas isso!

Euclides Riquetti
17-10-2015







sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Versos e versos


Reverto meus versos em reversos
Reverto emoções em mais emoções
Acalento ilusões e paixões
Paixões e ilusões
Em meus revertidos versos!

Meus versos traduzem saudosismo
Não há neles vitórias
E muito menos (in) glórias
Somente há palavras simplórias
Não há neles heróis, nem heroísmo!

Meus versos são livres, como livre é a chuva
Como é livre a água que corre
E vai quebrando as curvas.
Como é livre o sol que os montes cobre
Como é livre a noite que vem... quando o sol morre!

Euclides Riquetti

O silêncio do "microfone de ouro"

Rememorando, um ano depois: Ademir Pedro Belotto
         No domingo, 12, Dia da Criança, Capinzal e região foram tomados por uma ingrata surpresa: Após uma hemorragia que teve na noite de sábado, Ademir Pedro Belotto, radialista, Diretor da Rádio Capinzal Ltda, onde atuava há 27 anos, e do Jornal "A Semana", há 13, deixava a vida terrena por volta das 14 horas, no Hospital Santa Terezinha, de Joaçaba.

          Recebi o recado de um amigo e, após o choque, tratei de propagar a informação. Meus amigos precisavam saber que o "Belo", como os mais próximos costumavam chamá-lo, nos pregara uma grande peça: fora morar no Reino de Deus sem deixar aviso nem despedida.

          Ora, fosse ele um jogador de futebol famoso, certamente teria tido sua partida de despedida, como comumente acontece. Aliás, certamente que eu mesmo me convocaria, participaria do grupo "Amigos do Belotto", onde certamente estariam atuando gente que jogou bola conosco nos Veteranos do Arabutã nos anos 90. Era nosso ponta-esquerda, tinha habilidade com a perna esquerda, embora não tivesse grande preparação física. Nessa arte, conheci-o ali na Baixada Rubra, no Ouro, quando eu o marquei num jogo contra o Masters de Joaçaba, time formado por radialistas da Catarinense, professores da Unoesc, ex-atletas do Joaçaba Esporte clube, e profissionais liberais. Coube-me marcá-lo e a tarefa foi fácil: estava jogando com um tênis branco, num gramado escorregadio. Justificava-se, com seu peculiar sorriso... Eu o entendia. Não era fácil jogar sem chuteiras.

          Fácil era o domínio na área de vendas de máquinas pesadas, sua atividade  na época. Fácil foi ter empunhado os microfones da Rádio Caçanjurê, em Caçador, aos 17 anos; da Rádio Catarinense, em Joaçaba; da Rádio Capinzal, em 1987, o que se deu até há poucos dias. Fácil, foi criar com dignidade, juntamente com sua esposa, a Juçara, os filhos César Augusto, Thiago Luiz e Thayana Larissa, legando-lhes bons exemplos, proporcionando-lhe oportunidades de estudos, dando-lhes os direcionamentos para uma vida com ética e decência.

          Difícil mesmo, foi chegar aos 58 anos e, depois de ter conhecido a Europa e visitado sua querida filha na Irlanda, ter encarado uma doença, um tumor alojado na mandíbula, uma cirurgia em Pato Branco, no dia 02. Difícil foi ser pego de surpresa, na noite de sábado, com uma hemorragia, o internamento, o óbito. Mais difícil para a esposa, os filhos e amigos, do que para ele mesmo. Difícil para os irmãos, sobrinhos, em especial para seu irmão Ademar Augusto Belotto, o Japão, nosso amigo aqui em Joaçaba, que foi seu guia na juventude e que o acompanhou de perto em toda a sua vida. Aliás, o choro durante a sua fala, na despedida, no Cemitério Frei Edgar, na tarde desta terça-feira, sintetizava o sentimento de todos nós, seus amigos, que estivemos acompanhando-o, quer no Centro de Eventos São Francisco de Assis, na Paróquia São Paulo Apóstolo, em Capinzal, quer na celebração de corpo presente, na Matriz, em Capinzal, quer aqui em Joaçaba.

          Perdemos o Belotto e isso enlutou Capinzal e Ouro e as cidades das cercanias. Silenciou, definitivamente, o "microfone de ouro", que tanto nos alegrou e nos orgulhou nos cerimoniais que dirigiu em centenas de eventos. Uma vez emprestou-nos sua valiosa voz para a produção de um vídeo que produzimos relatando e retratando a história do Município de Ouro e a emancipação. Fomos companheiros em muitas jornadas. Nossos filhos foram colegas de escola, no Grupo de Dança Italiana, no Grupo de Escoteiros Trem do Vale. Quantas vezes nos encontramos com o casal Ademir e Jussara e todas as crianças. Bons e memoráveis tempos que não têm como voltar...

          Mas temos as belas lembranças... A franqueza do diálogo maduro, o respeito mútuo. Ele era muito habilidoso em escrever crônicas que apresentava no Jornal do Meio Dia, na Capinzal. Algumas vezes, me solicitava autorização para ler alguma de minhas crônicas. Eu lhe dizia que, para ele, as portas estavam sempre abertas e que ele podia utilizá-las da forma que lhe aprouvesse. Uma questão de confiança, uma ética muito respeitosa!

         Ora, não faltará quem escreva sua biografia. Os colegas de trabalho emocionaram as centenas de pessoas que estiveram na Matriz São Paulo Apóstolo com seus depoimentos. Só quem plantou o bem perante seus amigos e colegas leva os elogios sinceros e merecidos.

          Que bom poder falar assim de um amigo, uma pessoa que sempre foi muito equilibrada e que um excelente profissional. Ficar trabalhando por tanto tempo numa emissora de rádio, num setor de atividade humana em que a polêmica é fator muito presente, é significação de grande capacidade de trabalho e de harmonização.

          No domingo à noite, Capinzal foi invadida por pessoas de todas as comunidades e das cidades vizinhas. Foram dar adeus ao homem da voz belíssima, que ao falar impunha respeito e detinha credibilidade. Isso mostra o quanto era bem visto e o tamanho da legião de amigos que formou ao longo de sua vida. O Vale do Rio do Peixe está de luto.

 Fique bem, na proteção de Deus, Belo!

Euclides Riquetti
13-10-2014

Que bom rever você, amigo!

          Sou muito feliz por cultivar amizades. Imagino que eu tenha uma compreensão muito particular para essas coisas. Perco-me em viajar no tempo, imagino os lugares, o rosto das pessoas com quem convivi em minha vida, mesmo aquelas que estiveram presentes desde a minha infância até a juventude. E, de vez em quando, com muita alegria, reencontro amigos, ou mesmo colegas de escola e de trabalho, de quem guardo saudosa e terna memória.
   
          Nesta semana, recebi um comentário no blog, em que um amigo que não vejo há quase 40 anos me passava um recado. Então, reeditei uma crônica em que ele figurou, sobre colegas de meu tempo de juventude: Altamiro Beckert, ( primo do Tachinha), com que trabalhei por pelo menos 4 anos em União da Vitória, nos meus 19 a 21 anos.

           Joguei-me a pesquisar e vi que agora ele mora em Sarandi, uma cidade da região metropolitana de Maringá. Ora, estive nesta cidade há menos de dois meses, fui com o Fabrício à casa de um amigo dele. Sarandi está com cerca de 90.000 habitantes e só quem conhece a Geografia de lá pode saber onde termina uma cidade e começa a outra, são cidades geminadas, assim como Porto União e União da Vitória, Capinzal e Ouro, Joaçaba, Luzerna e Herval d Oeste apenas citando as cidades onde eu já morei.

          Dia desses, tive contato virtual com o antigo colega Hélio Hanel, que mora em Guarapuava e estudou em Ponta Grossa. Fomos colegas de ginásio e jogamos bola num campinho em Capinzal. Ligou-me, também,  o (Severino) Mário Thomazoni, de Araruna, convidando-me a visitá-lo quando for a Maringá ver meu filho e minha nora. E, agora, descubro que o Altamiro também está na mesma região. Acho que vou ter que tirar um pouco de meu tempo em uma de minhas viagens para dar um abraço nesse povo...

         O Altamiro me ensinou muitas coisas. Ele, o Silvestre (Schepanski), e o Mauro (Iwanko?), em 1972, no Mallon, na Rua Clotário Portugal, 974, em União da Vitória, me ensinaram a conhecer peças. A Sandra Probst (Bugus), fazia nossa folha de pagamento, era bonita e simpática. O Solon Carlos Dondeo era o chefe da oficina. Havia os colegas:  Seu Luiz, da chapeação, com ajudante que apelidamos de Guarapuava, e o Sampaio; o Polaco (Dionízio), o Padilha, o Justino Polzin e um irmão mais jovem,  o Miguel Semianko, o Carlos Konart, o Ilmo, o Alcir "Sapo" Teixeira, o Pedro Ferreiro e o seu genro Airton. Havia o Vilmar Teixeira, o Vilson Villanova e o Osni, o irmão dele; o torneiro Mário, o Elói Cachoeira, o Jarson R Mello, o patrão Jorge Ricardo Mallon, o Chiquinho Beckert (ferramenteiro), o Ronaldo R Realli, o Armindo Checozzi, a Alvina Nunes Lell, a Margarete, a Sueli, o Sérgio, o Carlos Clausen e outros.

          Tenho que fazer uma deferência especial ao Altamiro Beckert. Ele comprara um dicionário de bolso, um daqueles do Robert Dickson, impresso em Londres. E, em 27 de novembro de 1973, 4 dias depois de meu aniversário dos 21 anos, ele me falou: "Olha, Euclides, comprei este dicionário, mas acho que ele vai ser muito mais útil para você do que para mim. Fez uma dedicatória na última página e me deu. Ele tinha um sonho: ter uma motocicleta. Servia uma "cinquentinha" da Yamaha, mesmo! Preciso descobrir se ele realizou este sonho. Acho que, hoje, ele sonha com coisas mais sofisticadas, talvez um ultraleve, um jet-ski coisas do gênero.


          Não imagina ele o quanto o pequeno dicionário me foi útil. Era prático e fácil de tê-lo sempre junto comigo. Utilizei-o por mais de 20 anos. Na Zortéa Brancher, em Duas Pontes, escrevi nele o nome, em inglês, das madeiras com que produzíamos os compensados e sarrafeados (plywood e blockboard): cedar (cedro), brazilian walnut (imbuia), parana pine (pinho araucária), mahogany mogno), etc. Desenvolvi meu próprio glossário, o CIF &  FOB (Cost, Insurance, Freight & Free on Board), para os preços e os fretes. E a vida foi-se tornando aprendizagem, o dicionário me acompanhou por todo  esse tempo, foi-se desintegrando, pois as páginas estavam se desintegrando quando parei de usá-lo.

          Há coisas que me marcaram e, por isso mesmo eu as deixo aqui registradas, como foi o caso do livro de Inglês Básico que meu colega de república, o então Cabo do 5o. BE, de Porto União, Dionísio Ganzala, me deu de presente  para que pudesse fazer os exercícios e melhorar meu conhecimento daquela língua, em 1972.

          Ao Altamiro, que promete tornar-se meu novo leitor, um grande e afetuoso abraço! A gente ainda vai se ver por aí...

Euclides Riquetti
16-10-2015







         

Santa Evita e a Catedral do Tango

 Para relembrar, com saudades...
          Participamos, recentemente, de um espetáculo digno de uma Broadway em Buenos Aires. Estivemos na casa de espetáculos "Señor Tango", talvez o mais  sofisticado templo da música da América do Sul. Funciona num antigo casarão construído inicialmente por imigrantes italianos para abrigar um armazém de secos e molhados. Em 1996, seu novo proprietário, o cantor e dançador de tangos Fernando Soler o transformou na "Catedral do Tango". É, depois do jazigo da Evita Perón, o lugar mais visitado da capital Argentina. Abriga, confortavelmente, 1.500  pessoas em cada espetáculo.

          A Señhor Tango é um prédio de 100 anos, construído com tijolos maciços, paredes espessas, e uma estrutura composta de madeiras e metais. São três andares de galerias. Ao meio, um palco redondo, que gira, e oscila para cima e para baixo, onde o show de tangos é aberto com dois cavaleiros, um nativo e um imigrante uruguaio que se encontram, montados em dois belos cavalos brancos. Ficamos a dois metros do palco e bem ao lado de uma das rampas por onde circulavam os atores. É um show indescritível.

          Um cenário oferecido pela moderna tecnologia, numa tela enorme, à direita, frente da qual se posta a orquestra mesclada por músicos experientes e outros jovens, já nos promeiros lances emociona os visitantes. Executam clássicos e motivos nativistas da América do Sul, e  em especial os tangos.

          O show, inicialmente,  é aberto por duas senhoras muito semelhantes, gêmeas, que brindam os presentes com seu indizível talento. Depois, seis casais de jovens muito bonitos coreografam tangos e  valsas, com uma forte expressão facial, olhar contundente e leveza de corpos que flutuam no palco. Estamos lá, estamos na Señor Tango!

          Voltando atrás, as pessoas chegam de forma muito organizadas. Saímos em 50 ônibus diretamente do Magnifica e fomos adentrando ao local sem nenhum desvio de percurso, sem atropelos. As pessoas todas elegantemente vestidas e, mais importante, discretas e educadas. À direita, na entrada, um retrato  em que o cantor Fernando Soler posou quabdo da visita na casa da aprsentadora de TV brasileira Hebe Camargo, talvez a comunicadora que mais abriu espeço ao tango nos meios televisivos brasileiros. lembro que ela era uma exímia dançadora de tangos...

          É difícil que alguém que tenha visitado Buenos Aires para lazer ou turismo que não tenha estado nauela casa de shows. Só para citar, o ator Lando Buzanca, o presidente da Fifa Joseph Blatter, Bill e Hilary Clinton, o maior jogador de futebol de toda a história da Alemanha, Franz Beckenbauer, Alberto de Mônaco, Gabriela Sabatini, Ivanna trump, Victório Gassman e Lisa Minelli já estiveram lá. E, claro, muitos de nossos brasileiros, em especial gaúchos, catarinenses e paranaenses, pela proximidade geográfica.

          Mas, voltando ao espetáculo, o Fernando Soler é o maior representante  da segunda geração tanguista da Argentina e o "Embaixador do Tando no Mundo", já com shows realizados em todos os continenses e nas mais famosas casas de espetáculos. Sua voz estridente e marcante e a maneira calma com que se comunica com os presentes são sua própria marca, além de sua grande capacidade de interpretação, não só de tangos mas também de canções espanholas e mexicanas.

          Ao alto, uma galeria de fotos dos tangistas de primeira geração argentina, capitaneados pelo maestro Astor Piazzola.

          E, as canções interpretadas por Soler são todas acompanhadas pelos seis pares de bailarinos que, no chão do palco, ou impulsionados ao ar por trapézios, parecem voar rumo ao céu estrelado e voltam repentinamente à terra. É um paraíso  dentro de de uma casa de shows.

          Finalmente, o ápice das apresentações: enquanto os jovens dançarinos embasbacam a plateia, voltam as duas mulheres da abertura  e abrem a voz para a canção mais marcante daquele país: "No llores por mí, Argentina"!
E entra uma terceira voz, o poderoso Fernando Soler, e o trio nos contempla com  melhor interpretação possível da canção que traduz os sentimentos de todos para com  Maria Eva Duarte de Perón.  E termina o espetáculo. Nada mais há que se esperar, nada mais há que se possa querer, nem que possa superar a reverência de todos os atores e cantores que, com a mão direita colada ao  peito e os olhos voltados ao céu, a oura mão tocando a bandeira de azul, branca e amarela, cantam: "Não chores por mim, Argentina"! E aplaudimos em pé... e choramos!

Euclides Riquetti
02-02-2013

Espalhe seu pefume no ar

Espalhe seu perfume no ar
Deixe-o impregnar-se  em mim
Deixe sua fragrância eu tragar
Para que a possa sentir bem assim.

Eu quero me perder calmamente
Poder me envolver em suas carícias
Me deixar seduzir levemente
Por seus beijos de sabores e delícias!

E, mesmo nesta manhã turbulenta
Me convide ao carinho e ao afago
Me dê sua alma faminta e sedenta.

Me abrace, me roube, me tenha
Me prenda, me segure ao seu lado
Me enlace, me amarre,  me queira.

Euclides Riquetti
16-10-2015






quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Gotinhas de cristal


 
Um dia você chorou, vibrou, vibrou, chorou
Seus belos olhos encheram-se de gotinhas de cristal
Você que calou, sofreu, sofreu, calou
Seu grito de alegria se fez explodir, afinal.

Você esteve lá, elegante, glamourosa
De seu rosto moreno brotou um sorriso sensual
De seus lábios saíram as palavras mais carinhosas
Você vibrou com a conquista colossal!

Na madrugada silenciosa me veio seu doce sorriso
As palavras mágicas se embalaram no meu ser
E seu rosto comovido, bonito,  me encantou...

Então, meu coração bateu mais forte, mais preciso
E, no papel, pus este soneto pra dizer:
Você é o algo belo com que Deus me presenteou!

Euclides Riquetti

No teu sorriso cativante

  
Pensei em ti, no teu sorriso cativante
No teu jeito sutil,  nos teus modos delicados
Na leveza de teus gestos e  encantos
No teu olhar com brilho excitante
Nos teus pensamentos santos
Nos teus lábios vermelho-rosados.

Pensei em ti, na tua voz doce e suave
No movimento de teu corpo terno e elegante
No perfume que exalas  pelo caminho
No desejo ardente que te  invade
No teu semblante a denotar  carinho
Na tua beleza simples e contagiante.

Pensei em ti, com  a força de meu sentimento
E me entreguei,  com todo o amor e paixão
Mandei-te  meus versos, estrofes e  poemas
E, no afã de recuperar o nosso  tempo
Dei-me a esquecer as decepções e os meus dilemas
Para te oferecer minha alma e meu coração.

Euclides Riquetti

Dia do Professor - que decepção!

          Mais uma vez chegamos ao "Dia do Professor". E então, comemorar o quê? Na condição de professor aposentado, tenho a comemorar a satisfação de ter contribuído para a formação de milhares de jovens dos ensinos fundamental e médio, os quais, em boa parte, deram sequência aos seus estudos  buscando graduação e, alguns, chegando a tornar-se mestres e  doutores.

          Sempre procurei ser um conselheiro de meus alunos, em todas as épocas. Eu me realizava vendo que eles buscavam algo mais, queriam o melhor para si mesmos. Sempre os incentivei a continuarem, da mesma fora que faço, hoje, com muitas pessoas com quem tenho relações de amizade e outras que surgem em meu caminho em razão de minhas atividades e de minhas andanças por aí.

          Sempre é bom lembrar que, se existem prefeitos, governadores, presidentes, é porque algum ser bem intencionado, algum dia, esteve a lhes passar conhecimentos e a educá-los. Assim vale para os médicos, os engenheiros, os advogados, os psicólogos, os administradores, enfermeiros, policiais, e todos os demais profissionais.

           A educação, por sua vez, tem sido o tema preferencial dos chavões nos discursos dos políticos. Falam nela, na segurança, na saúde. Mas o discurso está sempre muito longe da prática. Existe um Piso Nacional de Salários para os professores e o seu pagamento não é cumprido em muitos estados e municípios. Aqui em Santa Catarina, já estamos acostumados à enrolação dos políticos... Nosso Governador e nosso Secretário da Educação não nos deram nenhum reajuste salarial no decorrer de 2015. Atribuo isso à pouca vontade do Governador. Arranjaram um jeito de mascarar uma realidade e nós ficamos no prejuízo.

          É claro que a economia anda mal no País. Porém, a realidade de Santa Catarina é melhor do que a dos demais estados. E, se o governo consome um percentual elevado de seus recursos para o pagamento da folha do funcionalismo, é porque há secretarias em que o nível salarial é elevadíssimo. Também há o empreguismo, que bem sabemos como funciona. Muitas gente poderia ser dispensada, uma vez que nem efetivos são. E isso não acontece apenas em nosso Estado, mas também nos demais.

          Então, causa-me nojo quando ouço pessoas querendo mostrar que defendem a educação e os professores, quando é perceptível que o que fazem é somente o proselitismo.

          De qualquer forma, desejo muita saúde e entusiasmo a todos os colegas que abraçaram a causa do magistério e que contribuem, efetivamente, pelo crescimento moral e intelectual das pessoas, e o desenvolvimento das cidades, estados e País.

           Também cabe boa parte da culpa ao nosso SINTE, o sindicato que nos deveria defender... mas que, pelo radicalismo, não consegue negociar. Sei que muitos de nossos representantes não pensam como as lideranças em nível estadual, mas eles são votos vencidos nas assembleias.

          Hoje, decepcionei-me por causa do pouco caso que é dado ao PROFESSOR. Busquei, em todos os portais a que costumo acessar, mas nada vi sobre o Dia do Professor. Então, fui pelo google e percebi que o jornalista Moacir Pereira, da RBS, escreveu sobre o projeto de eleição para Diretor de Escola que o governador Raimundo Colombo estará entregando à Assembleia Legislativa às 10 horas deste dia. Mas nenhuma referência positiva à questão de nosso Plano de Carreira ou de qualquer ajuste para o professor. Dali, extraí e posto aqui o comentário de um leitor:
"

Mauri Daniel Marutti ·
E aí desgovernador gastou tutano durante três anos e escolheu esta data para apresentar esta proposta requentada? Quando nada produzimos o resultado é esta nota. Alguém acredita que esta eleição / indicação será isenta e livre de vícios políticos partidários? Senhor desgovernador o que corrompe a relação educando professor é a forma como este desgoverno trata a educação; os desvios efetuados; a não aplicação de recursos garantidos pela CF; a não aplicação do piso linearmente na carreira do magistério; a destruição do plano de cargos e salários; o abandono da infraestrutura das escolas; e as constantes notas tentando justificar a inoperância governamental através da aplicação do suposto piso. Quanto aos centros partidários e confrontos ideológicos, o que seus diretores faziam e fazem até o momento é o quê? A isto chamamos de hipocrisia."
 
          Comungo do comentarista, sou altamente a favor da democracia nas escolas, em 1984 fui presidente da Comissão Regional da Democratização da Educação.
 
         E registro meu descontentamento e minha decepção pela maneira como a EDUCAÇÃO e os PROFESSORES vêm sendo tratados em Santa Catarina, no País e em muitos dos municípios brasileiros.
 
Euclides Riquetti
15-10-2015

        

     

         

Homenagem ao Professor

Defende, com toda a honra,  a profissão que escolheste
Orgulha-te de pode ajudar a melhorar tantas vidas
E, mesmo que não te valorizem, lembra-te que venceste
Que superaste obstáculos, que virtudes foram colhidas.

Plantaste sementes boas, ajudaste a quebrar os espinhos
Permitiste colherem flores, a saborearem os frutos
E os ensinamentos deixados ao lado do longo caminho
Dar-te-ão toda a certeza de ter formado homens astutos.

O valor de teu digno trabalho, nem todos reconhecerão
Mas ajudaste a formar mestres, quantas senhoras e senhores
E se no mundo há progresso, é porque houve  tua mão
Houve a luz que tu acendeste, na mente de tantos doutores.

Relembra com muita alegria de quantas almas conduzistes
Anima-te pelo dever cumprido, por todos os bons exemplos 
Que Deus te abençoe e guarde, nos momentos mais tristes
E que te abra todas as portas dos palácios e dos templos.

Aceita esta homenagem sincera deste que é um teu igual
Tenha saúde e colha o êxito em todos os teus  projetos
E que a nobreza de teu caráter torne-se ampla e  universal
Conta sempre com meu incentivo, meu carinho e meu afeto!



Euclides Riquetti
14-10-2015



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Mergulhar em você...


Eu queria mergulhar em você
Infinitamente...
Eu queria me jogar em você
Perdidamente...
E me inundar de seus  lábios  que atraem
Constantemente...
E olhar os seus olhos bonitos
Certamente...

Eu queria abraçar o seu corpo
Desejosamente...
E esquecer de meu mundo agitado
Num repente...
E gritar pra você que seus beijos
São ardentes...
E alimentar meus sonhos para que sejam reais
Para sempre...

E que você nem respondesse
Mas apenas dissesse:
"Eu também quero você!"

Euclides Riquetti

Com velhos amigos de União da Vitória!

"Encontrei este blog sem querer de cara reconheci o nome ,te admiro como pessoa e eu já sabia que você acabaria sendo um professor, só li um pouco e já gostei do que li mas vou ler mais ok. Meu amigo precisamos conversar mais um abração de seu amigo, Altamiro Beckert. em Com velhos amigos de União da Vitória "

          Tirei dois dias para visitar meus amigos de Porto União e União da Vitória, cidades onde morei de 1972 ao início de 1977. Foram cinco anos de muitas ralizações, muitas conquistas, as mais importantes de minha vida. Deram-me a base para tudo o que fiz, senti, vivi e realizei nos últimos 36 anos.

          Reencontrei minha irmã e seu marido, o Luiz Fernando Ghidini a as filhas Rafaela e Roberta, no Restaurante X-Burger, que há 35 anos está lá estabelecido, provavelmente o mais antigo das cidades gêmeas do Iguaçu. Sempre é bom rever pessoas em bons momentos, não em ocasiões que se impõem. Depois, iniciei uma via-sacra: Fui à FAFI, onde formei-me em 1975 e à Mercedes-Benz, onde trabalhei durante todos os anos que lá morei.

          Na FAFI, procurei pela Biblioteca, onde fui recebido pela atenciosa Juliana e a Sra. Rosana, que há alguns meses me enviou dois poemas meus que constam no livro Prismas, volume IV, editado pelo saudoso Nelson Sicuro, meu professor de Português. Não fiquei com nenhum exemplar desse livro porque os distribuí. E, na época, meu dinheiro permitiu-me apenas comprar cinco volumes...  Peguei na mão, há um lá. Desfolhei as páginas, revi poemas de meus colegas de turma. Também obtive uma relação dos formandos de Letras/Inglês de 1975, facilidade que a informática nos proporciona.

          Visitei a Mercedes-Benz, lá na BR, onde fui recebido pela Ildemara Bet, atenciosa. E reencontrei o Chuiquinho, amigo que trabalhou lá comigo há 40 anos. Está lá ainda como ferramenteiro, com limitação na vista, mas firme e forte. Agora é o "Seu Chico", não mais o Chuiquinho, irmão do Altamiro Beckert, com quem eu trabalhava também.  É muito gratificante que uma pessoa simples como ele continue ali, tenha o carinho dos colegas. Também andei pela seção de peças, atendido pelo Anderson e pelo Karpinski, este trabalhando lá há mais de 30 anos. E revi o Toni Tonet, depois de 18 anos. Se as pessoas ficam tanto tempo assim numa empresa,  é porque elas fizeram sua parte e por isso são valorizadas.

          Tanto na FAFI quanto na empresa,  fiquei emocionado e feliz ao mesmo tempo. Chegar lá e sentir a energia que deixamos há mais de três décadas, olhar para livros, objetos ou mesmo prateleiras, é voltar ao passado, trazer de volta aquele sentimento saudosista que se escondre em nossa alma.  E isso, para mim, é impagável. Cada um valoriza as coisas pelo que sente por elas, e tenho forte sentimentos ligando-me àqueles lugares...

          Depois, comecei minha peregrinação para encontrar amigos que trabalharam comigo. Reencontrei o Silvestre Schepanski, que me dicas de onde estão, agora, o Alcir Teixeira e o Osni Vila Nova e o Vilmar dos Santos. Marquei para fazermos um encontro com todos os outros colegas e vamos fazer isso logo.

          Quando procurei pelo Alcir, fui até onde ele tem sua oficina mecânica e perguntei a umas pessoas que estavam ali: ´"Vocês poderiam me informar onde é a oficina do Sapo"? Fui colega dele, antigamente. Um me disse: "Ih, você chegou tarde, ele morreu faz um mês!"  "Três meses", disse o outro!  E começaram a teimnar entre eles, seriamente. Eu, entristecido, pensava: "Se tivesse vindo um pouco antes, o teria encontrado!"

          Depois de encenarem bastante, um deles falou: "Olha, não é bem assim, ele não morreu mas é a mesma coisa que tivesse morrido. Veja, está ali embaixo daquele caminhão fazendo um conserto. Olhe bem e veja se ele não tem cara de morto!"  - Ri muito!!! Ele estava lá, envolvido em consertar um velho caminhão, com seu costumeiro macacão azul marinho sujo de graxa, como nos velhos tempos. Abraçamo-nos, rimos muito. Foi bem do jeito que costumávamos brincar em nosso tempos de jovens, quando tínhamos 40 anos a menos cada um e ele jogava bola no São Bernardo.  Uma grande alegria reencontrá-lo...

          Visitei outro colega que o Silvestre me indicou, o Osni Vila Nova. Cheguei em sua oficina e lá estava ele, com a mesma cara de 1977, quando vim embora, naturalmente que marcada por todos esses anos. E fui seguindo uma orientação que o Silvestre me deu: Era para chegar lá me apresentando como "Inspetor de Qualidade da Mercedes-Benz". Ele jamais iria me reconhecer, pois da última vez que nos vimos eu era um palito de magro e tinha aquele cabelão, bem diferente do que agora.

          Pedi licença para falar com ele. Estava lidando com um caminhão, fazendo consertos mecânicos, com um ajudante. Lasquei, sério: " Boa tarde, estou realizando um estudo para avaliar o desgaste que ocorre nas coroas e pinhão do diferencial dos caminhões L-1113, aquele conjunto de nº 322 350 18 39, o senhor se dispõe a me ajudar? Não o atrapalho? Ele limpou as mãos com uma estopa e fez menção de deixar o serviço para me atender. Falei: "Não quero que pare seu serviço, pois sei que as horas são preciosas, pode continuar a trabalhar que eu faço as perguntas.... Mas não aguentei. Pus-me a rir, e ele disse que conhecia minha voz de algum lugar, mas que não sabia quem eu era. Identifiquei-me, nos abraçamos e rimos muito. Apresentou-me dois de seus três filhos que estavam lá trabalhando com ele, falou-me do irmão Vilson, que está em Joiville e que era meu colega. Foram minutos memoráveis para mim.

          Tiramos fotos juntos, na oficina, e em frente a um caminhão seu. Fiquei contentíssimo em ter reencontrado aqueles amigos e nos prometemos fazer um encontro futuro. Disse-lhe que, quando trabalhávamos na Mercedes, ele era o único dos mecânicos que ia para a aula, fazia em então segundo grau. Com essa formação, ficou diferenciado e hoje possui sua própria empresa,  bem estruturada.

          Ele me mostrou o caminho para uma loja de peças onde trabalha o Vilmar dos Santos, meu colega de seção de peças lá no Mallon. Cheguei, reconheci-o. Não mais o menino de cabelo preto e comprido. Agora, um senhor grisalho, de óculos, que atendia com muito conhcimento os clientes que chegavam Combinei com o que me recebeu que ele não falaria quem eu era até que o Vilmar me atendesse. Saí pedindo peças pelo número delas, que guardo na minha memória até hoje. Ele não me reconheceu de imediato, mas depois acabou lembrando-se, disse que pela minha voz. Mudamos muito, todos nós, afinal, saí de lá em fevereiro de 1977, há exatos 36 anos. E só agora tive tempo para reencontrá-los. Fui matar a saudade...
          As horas que passei com meus antigos colegas de trabalho foram gratificantes. Lembramos, com o Silvestre, dos  mecânicos Miguel, Padilha, Justino, do chapeador Luiz Ribeiro, do ferreiro Pedro e seu genro Aírton, do Altamiro, do Mauro, do Eloi Cachoeira, do Solon Dondeo, do Carlos Konart, do Romeu da Silva, do patrão Jorge Mallon, do torneiro Mário, que tinha poucos cabelos mas que puxava os do lado para sobre o teto, para esconder sua careca. Lembramos das meninas, a Margarete, a Sueli, a Ivonete e até da  Sandra Probst, a musa do escritório, que foi para fazer sua vida em Curitiba.

          Foi só alegria o tempo que passei com meus colegas. E, na sexta-feira à noite, reuni-me com seis amigos da República Esquadrão da Vida. Relembramos e rimos muito das sacanagens que fazíamos uns com os outros. Mas isso é uma história que vai ter seu capítulo especial, em breve...


Euclides Riquetti
11-02-2013

O Seminário: boas lebranças!


          Vivi minha infância muito presente no Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, no então Distrito de Ouro, município de Capinzal.  Havia um Frei lá, João, depois o Frei Otávio, que eram os responsáveis pela educação inicial dos nossos futuros padres. Um  casarão que pertencera à Família Penso fora adquirido pelos Padres Capuchinhos e, com ampliações, comportava o Seminário. Os meninos estudavam no Mater Dolorum, até concluir o Primário. Depois iam para Riozinho, na região de Irati, no Paraná. Mais adiante, o Padre Adelino Frigo e o Victorino Prando estiveram na sua Direção.

      Lembro que o Martin Mikoski e o André Bocheco eram os braços direitos dos diretores nas décadas de 1960 e 1970.  Lideravam os meninos nas lides da roça, do estudo e das orações. Tomaram outros rumos, foram exercer outra vocação que não a do sacerdócio. Depois veio o Frei Orlando, que dirigia o jeep azul e a Ford, levando os seminaristas para trabalhar na granja deles. O esforçado Frei Orlando, compositor do Hino a Nossa Senhora dos Navegantes tornou-se sacerdote. Era uma alma bondosa. Continua sendo uma figura muito carismática. Com sua voz ressonante, enche os espaços das Igrejas onde canta.

          Eu tinha muitos colegas de aula que eram do Seminário. E também um primo. Tinham suas horas de estudos, as de orações e meditação, e ainda ajudavam na Granja dos Padres. Uma Senhora, Dona Aurora, era a mãezona de todos eles. Era uma matrona forte e respeitada, impunha respeito em talvez umas cinco dezenas de meninos afoitos.

          Aos domingos, iam para alguma comunidade, a pé, para jogar futebol. Lembro que o Luiz Frigo corria muito, tinha as pernas compridas e reclamava do juiz, normalmente um Frei.

          Quando a Festa de São Paulo Apóstolo  se avizinhava, eram colocados a pintar estatuetas de gesso do padroeiro, que eram trazidas de Curitiba. A batina marrom, um manto verde, o rosto marfim. Era mais ou menos isso. E havia alguns acabamentos que eram feitos pelo Frei João, para que o serviço ficasse bem feito. Ainda hoje há, em algumas casas no interior, exemplares desse São Paulo Apóstolo, que era benzido e vendido no Dia da Festa, 25 de janeiro, ou no domingo mais próximo. 

          No Colégio, os meninos eram bulidos, sistematicamente, por muitos dos colegas. Eles tinham umas características que os diferenciavam de nós, como por exemplo, na fala: Nós dizíamos "pra" e eles diziam "para". O Frei exigia que aprimorassem sua fala. Nós achávamos que aquilo era coisa de granfino. E diziam os esses nos plurais. E as declinações certas ao final dos verbos. Na sala eram comportados e isso nos deixava intrigados porque tinham mais prstígio do que nós que fazíamos nossas  inocentes  baguncinhas.  No futebol, eram melhores do que nós, porque em seu tempo livre, jogavam muita bola. Faziam petecas com palha de milho e penas de galinhas que eram uma maravilha. Tinham seu material escolar organizado, bem mais do que o meu, que não posso me citar como exemplo para ninguém, tamanho era meu desleixo. Por tudo isso os colegas buliam com eles.

          Eu ia diariamente ao seminário, era quase um deles. Algumas vezes me tentava a dizer que queria estudar para me tornar padre, mas  sabia que não tinha nenhuma aptidão ou vontade para isso. Acho que era por causa da companhia dos amigos. Aqueles que terminavam o primário iam para Irati e nós ficávamos muito tristes, pois só vinham para casa ao final do ano. Tinham que ficar lá em provação. Acho que isso levava  muitos deles a desistir de seu intento.

          Certa vez houve uma briga no Colégio e a minha turma de amigos ficou dividida, uns contra e outros a favor deles. Eu era a favor, pois aqueles meninos não incomodavam ninguém, mas havia uma cisma de alguns contra eles. Lembro que os contra eles desciam o morro rapidamente,  ao final da aula, antecipando-se aos seminaristas,  e amarravam as guanxumas  que havia ao lado dos carreiros para que, quando eles corressem, caíssem. E, depois, armavam uma algazarra para vê-los correr e caírem. Para nós, aquilo era divertido, não levam mais do que uns esfolões. Tinha um que era bravo, o Paulo Rosalem, que virou padre e soube que ele faleceu recentemente, em Capinzal.

           E muitos deles acabaram saindo  e tornando-se bons professores. Aliás, muitas das universidades do Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina foram bem sucedidas porque ex-seminaristas tornaram-se professores delas, chegando ao Doutorado ou Pós-doc. E tornaram-se  diretores, reitores até. Mas também rechearam o mercado com profissionais liberais. Ou na área pública. A seriedade com que eram cobrados no estudo lhes deu uma base sólida de conhecimentos que lhes permitiu galgar escalas acima com relativa facilidade.

          Tenho boas lembranças daquelas tardes em que eu ia com um irmão pequeno participar das brincadeiras com os seminaristas.

          O Seminário Nossa Senhora dos Navegantes foi desativado, assim como os demais da região. Seus prédios são ocupados por escolas particulares, centros de administração pública e de múltiplo uso. Foi assim em Ouro, Luzerna, Ibicaré e Iomerê. No Paraná, em Ponta Grossa, um deles hoje abriga a Universidade Federal Tecnológica do Paraná.

          Nossa região, em razão de sua colonização italiana, era povoada de seminários. Os pais sonhavam em ter um filho Padre. Os filhos viam no Seminário uma maneira de sair de casa e estudar. E já valia para eles a regra de que "o futuro a Deus pertence". Talvez o Vaticano não tenha conseguido ter o número de propagadores do Evangelho que esperava, mas o certo é que muitos colégios e faculdades ganharam excelentes professores, ajudando a dar um ton de maior qualidade à nossa educação. Graças a Deus,  e não em nome de Deus...

Euclides Riquetti
28-01-2013

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Um poema a mais

Vou compor-te um poema a mais
Talvez não tão bom como eu queria
Com palavras simples, mas reais
Um poema de saudade e nostalgia
Algo de que não te esqueças jamais.

Vou compor-te um poema eloquente
Que eu possa declamar a toda a hora
Mas que te leve um recado diferente
Que te alegre e te anime desde agora
E te mostre que te quero realmente.

Na verdade eu te farei uma oração
Uma prece de amor, um juramento
Pra que eu possa mostrar-te a devoção
Um poema de amor, amor e sentimento
Tão bonito quanto a letra da canção.

E, quando os tempos já tiverem passado
E dos anos tivermos perdido a conta
Vagando de mãos dadas ou com braços dados
Toda a certeza de que nada nos amedronta
E que o futuro risonho estará de nosso lado.

Euclides Riquetti
13-10-2015










O condutor da carreta não se feriu...

          Notícias de desastres com carros  ocupam as principais páginas dos jornais impressos e dos portais virtuais, bem como generosos espaços na televisão. Em nossa região, a toda a hora vemos ocorrências no Trevo do Irani, na Curva do Passat (em Erval Velho), nas rodovias estaduais de Água Doce, Lacerdópolis, Capinzal, Ouro, Campos Novos, Catanduvas, Jaborá...

          Temos dois aspectos a serem considerados: 1 - O mau estado das estradas, principalmente as da malha rodoviária estadual, com o empurra-empurra entre o DEINFRA e as SDRs e falhas mecânicas em veículos, nos aspectos físicos.  2 - A desatenção à sinalização, a velocidade descontrolada,  a ultrapassagem em lugares proibidos, até a fadiga e o sono, a bebida, no âmbito pessoal e humano.

          Não é um assunto que me apraz comentar ou sobre ele escrever, mas sinto-me no dever de dar  publicidade a essa realidade assustadora e maléfica. É lamentável ver tanta coisa acontecendo e as culpas e responsabilidades se dividindo. E, na guerra para se chegar antes, todos perdem. Os maiores vencem os menores, mas acabam se confrontando com outros do seu tamanho, com resultados catastróficos. E, o que nos resta é ler, ao final dos textos, o seguinte: "O condutor da carreta não se feriu"! Informação praticamente desnecessária!

Euclides Riquetti
13-10-2015


O "Bastião" Barbina

        Não sei por que motivo os chamavam de "Barbina" talvez pela corruptela da palavra Balbino, mas essa família existiu em Capinzal na época de minha infância e adolescência. Vou me referir, aqui, ao "Bastião", certamente que seu nome era Sebastião, um biscateiro. Na madrugada, quando acordo e, bem cedo, cevo meu mate amargo, meu pensamento viaja, voa pelas cidades onde vivi, pousa em ambientes e épocas que se registram em minha memória história, com imagens e fatos que se armazenam adormecidos em minha mente. Guardei e guardo as boas lembranças do ontem e do hoje, principalmente as que me aprazem e me inspiram...

          O Bastião Barbina era amigo de meu tio, Arlindo Baretta, marido da tia Elza (Dambrós), que ainda vivem em Ouro, pais da Salete, da Selita, da Sirlei e da Roselei. Ele teve um armazém de "secos e molhados", que adquiriu de Clarimundo Bazzi, transferindo-os para o andar térreo de nosso sobradão, ali na Felip Schmidt, defronte ao Posto Dambrós. Trabalhei lá entre 1969 e 1971, quando fui trabalhar no Posto Dambrós. O Bastião vinha para comprar fumo, tomar um martelinho de pinga, uns fígados para uns bifes, soquete para um brodo, erva-mate para seu chimarrão e, sobretudo, para bater um papo com meu tio.

         Como fui balconista dos 12 aos 17 anos, convivi com muita gente assim, simples, honesta,  boa praça, verdadeiros cavalheiros, de excelentes hábitos. Já houve um tempo que as pessoas, em sua grande maioria, trabalhavam para se sustentar, não dependiam de governos, davam um jeito pra tudo. Claro que não tinham em casa (nem nós tínhamos...), o conforto, mas comiam aquilo que lhes dava  energia para o trabalho e tinham o que vestir. Quem trabalha, historicamente, pode ter dificuldades, mas, se tiver saúde,  não vive na miséria. Tem aquela frase bem conhecida de que "o trabalho dignifica o homem".

          O Bastião Barbina era um senhor entre 45 e 50 anos e, na época, me parecia "velho". (Eu não tinha a dimensão que tenho hoje de idade com relação aos que vivem mais tempo.) Rosto fino e moreno cor de cuia, caboclo, cabelos lisos, escuros, cavanhaque ralo, magro, altura mediana, gestos delicados, fala mansa e, sempre, um sorriso muito alegre e simpático no rosto. Duvido que, algum dia, tenho sido ríspido, sequer deselegante com alguém.

          Convivi com o "Mingo Barbina", acho que Domingos dos Santos, trabalhei com ele no Posto Ipiranga, em Capinzal, que fora do João Flâmia e que havia sido arrendado pelos Hachmann, em 1971. Depois saí para estudar em União da Vitória, mas o reencontrei em 1983, jogando nos másters do Arabutã Futebol Clube, na Baixada Rubra. Ele também atuava como juiz, de vez em quando. Era linha dura, bem diferente do pai. Foi meu amigão, jogamos muita bola juntos, visitou-me quando fraturei a perna jogando ali, em 1984 e fiquei 90 dias no gesso. Tinha habilidade em cortar e assentar pedras em muros de contenção. Tinha também a irmã dele, esposa do "Bugre", este mais um artesão das pedras e benzedor, família que ia ao campo do Arabutã nos dias de jogos, todos com suas camisas vermelhas, eram considerados torcedores-símbolo do alvi-rubro, como também o foi o Mário "Ferro" Borges.

          Nunca mais tive notícias do Bastião, acho que faleceu há décadas e, se hoje estivesse vivo, certamente que beiraria os 100 anos. Mas aqui está a possibilidade que o mundo virtual me permite: registrar que um dia conheci um homem simples e trabalhador, honesto, que serviria de exemplo para outros, e que me marcou muito. Tenho, sim, saudades das pessoas que cruzaram em meu caminho, não importa a sua condição social, nem intelectual. Mas que fizeram história, nas cidades, pela sua simples maneira de ser.

          Uma oração para você, Bastião Barbina. E, se  estiver com Deus, que seja bem feliz na Eternidade!

Euclides Riquetti
13-10-2015

Um poema de amor


Não há manhã sem sol que não seja agradável
Não há noite de luar que não o seja também
Não há tarde de chuva que seja interminável
Que não  se possa parar pra  pensar em alguém.

Não haverá mais amor numa carta chorosa
Não haverá  mais amor que em minha poesia
Não há, mas espero você, carinhosa
No canto que eu canto e que lhe leva a magia.

Não há nenhum dia que eu não componha um poema
Não há um só momento que eu não pense em lhe ver
Não há uma semana em  que eu não escreva
Um poema de amor, só de amor por você!

Euclides Riquetti

A histórica arte de assentar pedras


          A pedra foi, historicamente, um elemento muitíssimo importante na construção da História do mundo. É comum, quando pessoas passem por locais em que há construções feitas com pedras, de qualquer tipo, admirarem-se pela excelência do trabalho das mãos humanas. Em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, conheci o Caminho das Pedras, em que as casas construídas há mais de 100 anos, basicamente em pedras trabalhadas, foram recuperadas recentemente. Dizem, lá, que as casas foram rebocadas no século XX, pois os propritários tinham vergonha em morar em casas assim. Morar em casa de pedra era sinônimo de atraso, de pobreza... Então, rebocavam as paredes para esconder as pedras, parecendo alvenaria de tijolos de barro.

          Agora, depois que viram que isso é motivo para orgulho e não para vergonha, retiraram  os rebocos e mostraram  a beleza daquela arquitetura. Numa delas, inclusive, filmaram O Quatrilho, há duas décadas, com a participação da Patrícia Pillar e da Glória Pires. Aliás, a respeito disso, ressalte-se que a verdadeira História de O Quatrilho, filme que foi indicado para o Oscar na década de 1990,  aconteceu envolvendo 4 famílias que têm descendentes em nossa região atualmente: Baretta, Dalri, Trentin e Tessari (ou Tessaro). A personagem Pierina, vivida por Glória Pires, representava a Maria Baretta real, a traída na verdadeira história e no enredo. Há descendentes dela morando em Ouro:  em Pinheiro Alto, Linha Caçador e Pinheiro Baixo. Há outros em Joaçaba.

         Sempre que o Egito é referido, lembramo-nos da arte das pedras, enormes, maravilhosamente assentadas pelo homem  na construção das pirâmides de Quéops Quéfren e Miquerinos,  quando não se dispunha dos maquinários que possuímos hoje.

          Ontem pela manhã, ao dirigir-me ao centro de Joaçaba, ali defronte ao local onde a 50 anos se instalava a garagem dos ônibus da atual Reunidas, no início da subida para o Aeroporto, vi que demoliram um velho casarão (sepultou-se mais uma história...), e restou um muro de pedras-de-obra aparentes, que certamente será substituído por uma contenção de concreto armado, para suportar, imagino, o estacionamento de um novo edifício. E comecei a perguntar-me o que farão com as pedras que serão retiradas dali...

          Na Praça Pio XII, em Ouro, havia um muro desses para a canalização do Rio Coxilha Seca, que passava por debaixo da área da mesma. Uma enchente, há cerca de uma década,  derrubou-o. Foi substituído por tubulação de concreto de 2 metros de diâmetro.

          Na área do antigo Ginásio Padre Anchieta, dando sustentação ao acesso ao Hospital Nossa Senhora das Dores, há um muro com pelo menos 5 metros de altura. Aos fundos do Hospital, outros, ainda maiores.

          Se andarmos nas cidades colonizadas pelos descendentes de italianos no Vale do Rio do Peixe, veremos milhares de quilometros de taipas remanescentes, com pedras irregulares habilmente empilhadas em firme amarração, a maioria com um século de existência. E estão ali, resistentes. Quem não se lembra de ter ido ao sítio do vovô ou do titio, um dia, e corrido em meio aos potreiros gramados e cercados por taipas,  atrás de terneiros?

          As taipas tiveram duplas  funções quando da colonização: Primeiro, fazer os cercados para que os animais não invadissem outras propriedades e fossem causar estragos nas plantações dos vizinhos, ou até como forma de proteção desse patrimônio; depois, porque a retirada das pedras das áreas que haviam sido desmatadas melhorava o terreno para o plantio, facilitando o trabalho do homem, principalmente no arado, evitando acidentes aos homem e aos animais.  E também para que o trabalho rendesse. Vale registrar que a maioria das nossas taipas foram construídas por lajeanos, que vinham do Planalto para trabalhar nas colônias, em empreitadas. Hoje, a profissão praticamente se extinguiu.

          O último taipeiro de que tenho notícia (podem haver outros, no entanto), é o capinzalense chamado de  Lajeaninho. Fez um muro para mim, na subida para minha casa. Não sabia ler nem escrever. Não usava metro para medir. Ele cortava uma rama de árvore, reta,  do comprimento de seu braço mais o equivalente a uma medida obtida entre o dedo polegar e o indicador  com uma abertura de 90 graus, o obtinha seu metro. Media o comprimento e a altura de sua empritada e multiplicava "de cabeça", dando-me o cálculo certo da quantidade de metros quadrados que executava.

          Outros desses autênticos pedreiros (hoje o termo pedreiro vem para pessoas que não utilizam mais pedras para trabalhar), construíram os muros de contenção dos porões, das frentes e dos fundos da maioria das casas edificadas até a década de 1960 nas cidades do Vale do Rio do Peixe. Conheci alguns deles, como Sr. Matiollo, o Bugre, seu cunhado Mingo Barbina, os Bonadiman, o Adami,  o Leonel, que fizeram muros até essa época. Mas, pelas obras remanecentes, é possível ver-se que nossa região contou com grandes artífices práticos em nossa História. E os calçamentos nas ruas das cidades também contaram com o habilidoso trabalho da mão humana.

          Mas, o que me leva a voltar meu pensamento ao passado, é considerar a magnitude da arte no assentamento das pedras quando na construção de nossa Estrada de Ferro (hoje desativada, abandonada, açoitada...,) desde Marcelino Ramos até Porto União. Dezenas de vezes passei em todo o trajeto utilizando o trem para ir e vir entre Capinzal e o Porto, e o mesmo fizeram meus amigos que foram para o Colégio Agrícola de Ponta Grossa, e os que acompanhavam bovinos e suínos desde nossa Estação do Trem até Sorocaba e São Paulo.

          Há maravilhosas obras de arte ao longo da ferrovia. Só para citar, menciono as  situadas proximamente ao perímetro urbano de Capinzal, nas imediações das residências dos Rossetti, Miquelotto e Costenaro; também aquela sobre o Rio Capinzal, no Centro da cidade; e aquela do Lajeado Residência, na confrontação de Linha Residência com Galdina, onde na margem direita do Rio do Peixe situa-se o Parque e Jardim Ouro, antiga SIAP, nas proximidades do estádio do Arabutã. E, no Rio Leão, não distante do Balneário Thermas Leonense, há uma maior. Em Herval D ´Oeste, é possível divisar-se uma ao sul da cidade.

          Em Pinheiro Preto, o túnel histórico da ferrovia, é emoldurado por um belo trabalho em pedras-de-obra. As pedras, na maioria das construções, tinham uma altura de 40 centímetros e o comprimento  variável. E isso possibilitava uma excelente amarração.  Era uma convenção que não sei por quem foi instituída, mas era nessa altura que saíam das pedreiras.

          A pedra é um símbolo da resistência humana. Parece que dominá-la, com arte, era a glória e a materialização dos sonhos das pessoas. Em Machu Pichu, está presente com toda a maestria da mão humana.  Soberanos, na História do Mundo, fizeram usá-la para edificar suas cidades, suas muralhas para proteção contra o inimigo e para guardar seus domínios e territórios, ou para sua tumba. A custa do suor e do sangue dos escravos. Foi assim nos primórdios das civilizações. Foi assim até recentemente.

Euclides Riquetti
24-01-2013

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O vento que sopra na tarde

O vento que sopra na tarde
E que move as folhas da planta
Traz-me paz, sem mais alarde
E faz-me sentir qual criança.

Quando a primavera  chegou
Começou a mudar a paisagem
A flor se abriu, desabrochou
No vaso que abrigou a folhagem.

A juventude é assim:
Surge bela, como a flor
Ocupa os canteiros do jardim
Abre-se em sonhos de amor.

Ah, setembro - primavera!
Tempos de vida e de cor
Vem o sol que a gente espera
Traz na  tarde seu fulgor.
 
Euclides Riquetti

Feliz "nosso dia"!

Libere a criança alegre que há dentro de você
Deixe-a andar pelas ruas do jeito que lhe apraz
Deixe-a brincar onde quiser, deixe-a viver
Garanta-lhe muita alegria e um mundo de paz!

Libere suas intenções, anseios e desejos
Deixe que tudo lhe aconteça naturalmente
Distribua, a todos, mil abraços e mil beijos
Libere suas emoções e tudo o que você sente!

Fique contente em poder continuar sendo assim
Uma criança grande, mas ainda dócil e feliz
O mesmo que há em você, também há em mim
É isso que meu coração revela e sempre me diz!

Continue a amar as coisas que sempre amou
A gostar do canto dos pássaros, do sabor do vento
Aproveite tudo o que Deus lhe deu e legou
Viva cada dia como se fosse o último momento!

Sobretudo, busque, intensamente, sua felicidade
Lute contra as fadigas, desconfortos e cansaço
Valorize as pessoas que lhe oferecem lealdade
E aceite, neste dia, meu mais carinhoso abraço!

Feliz "nosso dia"!

Euclides Riquetti
(Doze de outubro de 2015,  Dia da Criança)






Dia da Criança - 1963...

          No início da década de 1960, certamente que em 1963, meu pai, Guerino Riquetti,  era terceiranista do curso Normal do Colégio Mater Dolorum, em Capinzal, SC, que equivale à formação para o exercício do magistério em nível de Ensino Médio, hoje. Era o único homem dentre as mulheres. Lembro-me de algumas: Lourdes Eide Fronza, Noemi Zuanazzi, Estela Flâmia (Sfredo), Terezinha Bertaiolli (Dacás), Luinês Soares, Doraci Infeld, Inês Dalpizol, Alda Besbatti...

          Os alunos faziam trabalhos artesanais, dentro da disciplina de Trabalhos Manuais. Em outubro daquele ano, meu pai foi incumbido de produzir algo diferente para a época; uma placa alusiva à Semana da Criança. Embora o Dia da Criança tenha sido instituído no Brasil em 1924, somente em 1960 ele passou a ser comemorado, em razão de movimento propagado por uma fábrica de brinquedos (Estrela) e de outra que produzia material de higiene para crianças (Johnson & Johnson).  Três anos depois, eu via a primeira ação concreta em uma campanha em favor da criança, com placa produzida e fixada pelo meu pai ali onde se situa o Posto Dambrós, em Ouro. Foi justamente no ano em que o município foi criado.

           No local, havia uma barraquinha, uma espécie de bazar, construída e administrada por familiares de Viriato de Souza. Pouco após, num aterro, foi colocada a dita placa. Meu pai obteve a doação de uma placa já utilizada antes para outro fim, pelo Sr. Luiz Gonzaga Bonissoni, que no mesmo ano acabou elegendo-se Prefeito , pintou toda a base com tinta a óleo na cor branca e escreveu (desenhou) a mensagem com uma tinta cor "roxo-terra", semelhante a  um "vermelho  chassi", um pouco mais na cor terra. Indicava uma campanha que visava a conscientizar os motoristas sobre a importância de os motoristas terem cuidado com as crianças. Estava lá:

                                                   SEMANA DA CRIANÇA

                                              Motorista, seja amigo da criança!

                                                               20 Km

          Sim, a recomendação era para que os carros andassem bem devagar nas ruas das cidades de Ouro e Capinzal: apenas 20 Km por hora! Muitas vezes, ficávamos até duas horas sem que nenhum carro passasse pela Felip Schmidt. Havia alguns jipes Willys, principalmente na área rural, dois jeeps DKW, alguns Chevrolets e Fords americanos, meia dúzia entre fuscas e Aero-willys e poucos caminhões. Mas, já naquele tempo, havia a preocupação com a segurança das pessoas, em especial das crianças.

          Na época, aprendi que havia um "Dia da Criança" e nem se costumava receber presentes ainda. O anos se passaram, o mundo foi infestado de carros, gente equilibrada e também gente muito doida e irresponsável... Difícil de se imaginar, naquele tempo, que chegássemos ao ponto em que chegamos hoje.

          Então, amigos motoristas: Que Deus nos dê luz e proteção, tanto a nós condutores quanto às crianças, para que nada de rui  nos aconteça. Tenhamos, sempre, extremo cuidado.

E, a você, leitor, leitora, parabéns pela criança que está dentro de você!

Euclides Riquetti
12-10-2015

domingo, 11 de outubro de 2015

As naus da solidão

 
Navegam, vagarosamente, nos mares de minha mente
As naus da solidão...
Vão de porto em  porto, vão de mar em mar
Procurando meu corpo para ancorar
Dando as costas à imensidão.
Navegam nas profundezas dos tempos, suavemente...

Navegam, através dos ventos e das as correntezas
Para  buscarem a doce calmaria
Que só eu lhe posso oferecer
Que só eu posso lhe conceder.
Navegam as naus da nostalgia
Pelos mares ignotos das  incertezas...

Navegam, lentamente, plenas de almas solitárias
As naus da solidão...
Vão, nas tardes, na noites, nas manhãs
Em suas andanças libidinosas  e vãs
Buscando a ilusão.
Navegam, sutilmente, as  naus solitárias!

Euclides Riquetti

O respeito para com as crianças

          Neste dia consagrado às crianças, eu me propus a fazer uma oração por elas, em especial àquelas que têm que deixar o país de origem para buscar outros lugares para viver. Neste ano, temos visto a fuga dos sírios para outros países, através do mar e dos trens, e mesmo em longas caminhadas. Dá pena ver que, entre os adultos, também há crianças vulneráveis, totalmente expostas a toda a sorte de perigos. Sofrimentos e morte...

          Mesmo com avanços nas políticas públicas, as crianças brasileiras ainda estão em alto risco social. E, se imaginarmos que  todos os menores infratores que lotam os internatos, portanto com menos de 18 anos, quando iniciamos o novo milênio eram crianças, temos a plena convicção de que fracassamos. E nem podemos alegar que foi a falta de investimentos. Deve haver um "algo mais" que possa explicar o que vem acontecendo.

        Um jovem que está com dezessete  anos, tinha apenas dois no ano 2.000. Os órgãos públicos foram altamente aparelhados com instalações, laboratórios e material humano. Aqui no Sul do Brasil, avanço grande na escolaridade dos professores e dos profissionais da assistência social. Melhorou  muito a estrutura pública, tanto nas redes estaduais como nas dos municípios. Mas isso não significou que tenhamos melhorados as estatísticas. Não me cabe apresentar números, mas vejam os noticiários, leiam jornais e revistas, portais virtuais, e tirem suas próprias conclusões.

          Fracassamos, sim! E fizemos muita propaganda (gastamos muito dinheiro com isso!) e não temos os resultados de que precisamos. Lamentavelmente, ainda vemos pais (homens e mulheres), irresponsáveis. E autoridades omissas.

         É preciso que cada um faça sua parte, dando bom exemplo e aconselhamento. E com a cobrança, a quem de dever, para que as crianças sejam tratadas com dignidade.

Euclides Riquetti
11-10-2015

Oração às crinças (soneto)

 
 
Crianças nos fazem felizes porque são crianças
Crianças nos dizem coisas que nos encantam
Crianças filhas de mães dignas, dóceis e santas
Crianças que nós amamos, lindas crianças!

A criança  torna o mundo muito mais feliz
Porque em cada olhar desperta ternura
Porque em cada rosto há carinho e doçura
Há amor em seus gestos e em tudo o que diz.

Deus, abençoe as crianças que cantam,  faceiras
E também as que buscam o pão pra comer
E aquelas sem pais e sem lar pra viver.

Proteja as que passam frio nas noites de inverno
E as que rezam, esperançosas, pelo Pai Eterno.
Abençoe, Meu Deus,  as crianças brasileiras!

Euclides Riquetti

Nossa Senhora Aparecida, o DEINFRA e as SDRs de Santa Catarina

         Uma situação vergonhosa que se registra em Santa Catarina, desde que O Sr. Luiz Henrique da Silveira se assenhorou do Poder,  (mesmo que democraticamente, pelo voto...), em coligações poderosíssimas, e se criou a maior rede de empreguismo em nosso Estado, persiste até hoje. Há uma briguinha de comadres em voga, faz muito tempo, e quem leva ferro com isso são os catarinenses que trafegam pelas vias da malha estadual, notadamente as suas SCs.

         Os cidadãos comuns, contribuintes que pagam impostos escorchantes, não aguentam mais isso!

          As Secretarias de Desenvolvimento Regional, em número maior do que o de Ministérios da União, foram criadas pelo governador de dois mandatos com o discurso da "descentralização". E, seu apadrinhado e sucessor, Raimundo Colombo, um homem que eu considero cheio de boas intenções e que tem apoiado Joaçaba e região, refém de um sistema criado por aquele, não consegue nem sequer "botar ordem na casa": estradas estão se esburacando, não há um programa efetivo de manutenção, uma verdadeira irresponsabilidade. A rodovia, que dizem ser SC 150, e que liga Capinzal/Piratuba ao Rio Grande do Sul, via barragem da UHE Machadinho, não tem dono. O Governo diz que a responsabilidade de conservação é da Prefeitura de Piratuba. Mas, se é SC, é estadual e não municipal. Ainda, o DEINFRA diz que a responsabilidade pela conservação da mesma, se estatual, seria da SDR. A SDR diz que é do DEINFRA...

          As rodovias da malha estadual, por aqui, estão em situação não de emergência, mas em estado de calamidade pública. A SC 135, antiga SC 303, que liga Joaçaba a Ouro e Capinzal, passando por Lacerdópolis, já tem buracos que, se fossem tapados regularmente, não causariam problemas. E se evitaria que, num futuro bem breve, se tenha que gastar muito dinheiro para uma nova "revitalização" de todo o seu leito.

         Hoje mesmo, alguns portais estão publicando a seguinte matéria:

"Cratera está há quase um ano e meio aberta em rodovia estadual no Oeste de SC
Regional - 10/10/2015 15:01:18 - Geral

Asfalto cedeu na SC-465 ainda durante as chuvas de junho do ano passado
Há um ano e quatro meses, uma cratera na pista interrompe a passagem de veículos na SC-465, antiga SC-455, entre Macieira e Caçador, no Oeste catarinense. Em março o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, informou que o assunto seria resolvido "imediatamente". Até esta sexta-feira, dia 9, nada tinha sido feito.
O buraco foi aberto pelas fortes chuvas em junho de 2014. No local já ocorreram diversos acidentes, inclusive um carro caiu entre os escombros. Uma estrada de chão batido foi feita ao lado da via, para que veículos possam trafegar provisoriamente.
"Nós estamos providenciando imediatamente a recuperação daquela obra com recurso do próprio estado até que venham recursos federais. Nós vamos iniciar a obra imediatamente", disse o governador no dia 13 de março.
A Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Caçador informou que a obra é de responsabilidade do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra).
Por sua vez, o Deinfra disse que a obra não foi feita porque o Tribunal de Contas do Estado (TCE) não aceitou a forma com que o serviço seria contratado. A intenção do governo era que a mesma empresa que fizesse o projeto e executasse a obra.
O Tribunal rejeitou a proposta e recomendou o trâmite convencional, que é licitar o projeto e depois a obra. O governo disse que ainda irá elaborar a licitação do projeto. (G1/SC)"

          Ora, leitores, a presença do fator político no "Estado Brasileiro", nos três níveis (Federal, Estadual e Municipal), a cada vez mais ocupando cargos que contemplar pessoas com razoável conhecimento técnico, bem como a submissão dos ocupantes dos "cargos de confiança" aos patrões, sem nenhuma autonomia, a burocracia infernal e a falta de vontade (preguiça, mesmo...), fragilidade política dos gestores, incompetência e acomodação generalizada, faz com que não tirem a bunda da   cadeira e ajam. E, a classe política regional, que não cobra dos parlamentares quando estão nas respectivas regiões, apenas bajulando e puxando o saco deles, faz com que continuemos a nos ferrar.

           Lamentável!

           Quem sabe Nossa Senhora Aparecida, padroeira dos brasileiros, consiga pôr um pouco de luz no cérebro e vontade no corpo de quem tem que agir e não age!

Euclides Riquetti
11-10-2015



 

Padre Anchieta - agora, sim!


Padre Anhieta - agora sim!

"Eia colega, sempre avante
Pelo bem, pela verdade
E que noss ´alma exulte e cante
Ao florir da mocidade..."

          Era assim que começava o Hino de nosso Ginásio Padre Anchieta, em Capinzal, em 1965, quando eu cursava a primeira série do ginasial. Nossas professoras, principalmente Dona Vanda Bazzo e Dona Lorena Moraes nos motivavam a cantar. O próprio Frei Gilberto, padre italiano nosso Diretor, cujo nome civil era Giovanni Tolu, também cobrava-nos saber o Hino. E também o Nacional, o da Bandeira, o da Independência.  Mas o que nos orgulhava e encantava, mesmo, era o moderníssimo hino de nosso Ginásio.

          Pois justamente neste 3 de abril de 2014, quando o papa Francisco decreta a Santidade do Apóstolo do Brasil, José de Anchieta, tornando-o "São José de Anchieta", meu pensamento volta para meus 12 anos de idade. Nossa escola tinha um uniforme bastante singular, belíssimo, e nos eventos cívicos ficagvamos engalanados, verdadeiramente...

           O Padre Anchieta era nosso patrono. Conhecíamos a história dele. Chegou ao Brasil com apenas 19 anos de idade. Era um Missionário Jesuíta, da Companhia de Juseus, nascido na Ilha de Tenerife, no Arquipélado das Canárias, descendente de judeus. Da nobreza, não tinha força nem saúde suficiente para as armas, então, aos quatorze anos, entrou para a Companhia de Jesus, liderada pelo seu primo Santo Inácio de Loyola. Inteligente e criativo, fundador da cidade de São Paulo, foi ordenado padre aos 32 anos. Falava e escrevia em quatro línguas: Português, Castelhano, Latim e Tupi Guarani, a língua do Brasil, sobre a qual editou uma gramática.

          Seu "Poema à Virgem", com 4.172 versos de quatro estrofes, foi o primeiro épico, ainda antes de Camões escrever "Os Lusíadas", dizem os estudiosos. Escreveu-o nas areias da Praia de Iperoig, em Ubatuba. Era um exímio poeta, sendo assim o início do seu poema:

          "Minha alma, por que tu te abandonas ao profundo sono?
          Por que no pesado sono, tão fundo ressonas?
          Não te move à aflição dessa mãe, toda em pranto,
          Onde a morte tão cruel do Filho chora tanto?"

          Dezenove anos! A mesma idade em que cheguei a União da Vitória para cursar Letras. E onde me iniciei como poeta, timidamente. Uma idade em que tudo nos é novo. E que temos uma energia a nmos propulsionar para a conquista de nossos sonhos...

         Salve Padre Anchieta, agora "São José de Anchieta",  nosso Apóstolo do Brasil!

Euclides Riquetti
03-04-2014