sábado, 17 de maio de 2014

Versos perdidos


Perdi meus versos ao longo da estrada
Ficaram reversos em meio ao nada
Perdi meus versos na madrugada
Deletei-os, incertos: memória vaga!

Versos românticos, livres, ameaçados
Flechados por uma  sanha enraivecida
Restou-me um poema mutilado
Numa página pelo tempo envelhecida.

Reencontro meus versos em meio às águas
(Nelas me liberto de doridas  mágoas)
Ficaram no azul dos ladrilhos das piscinas...

Reencontro todos os versos perdidos
Os de aqui, os de ali, os lá escondidos
Impregnados nas tranças das morenas meninas.


Euclides Riquetti

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Horror, terror, irresponsabilidade

          O mês de maio nos tem mostrado fatos que nos aterrorizam. Um volume de acontecimentos  nos remetem a necessárias reflexões. Ações e atitudes com as quais nenhum ser humano pode concordar. Parece que se perderam a vergonha, os valores, a dignidade e o senso de humanidade. Tudo muito preocupante:

             As investigações sobre o menino Bernardo, assassinado pela madrasta, com a cumplicidade de uma amiga e, provavelmente, com a anuência do pai,  cujos resultados têm sido amplamente digulgados nas  reportagens trazidas na imprensa escrita, falada, televisionada e digital, nos deixam perplexos. Tudo leva a indicar, segundo o MPE do Rio Grande do Sul, que o motivo que levou à atrocidade foi financeiro...

          No Guarujá, em São Paulo,  uma mulher foi linchada após ser confundida com uma acusada de sequestro para a prática de magia negra, por pessoas que foram induzidas por uma postagem inadequada na internet. Sem chances de se defender, foi assassinada. Religiosa, aquela mãe e esposa levava, dentro de sua inseparável Bíblia, a foto das filhas. Justiceiros, sem nenhuma certeza, apenas por suas deduções pessoais, praticaram uma barbaridade. O arrependimento deles, agora propalado,  não a traz de volta...

          Em Blumenau, nesta semana, um acadêmico de Direito da FURB foi agredido,  covardemente,  por três homens, na rua, quando saiu da casa de uma amiga, após assistir aulas naquela  Faculdade.  Arrebentaram a cara dele pensando que fosse um ladrão... Apenas porque tomaram conhecimento de que havia um ladrão pelas imediações. O primeiro jovem que encontraram na rua pagou pelo que não devia...

          Aqui em Videira, 75 Km longe de Joaçaba, um pai, de 29 anos, tinha duas meninas, gêmeas, de um mês de idade. Há  uma semana, esganou uma delas porque estava chorando de dor de ouvido... Ficou uma semana hospitalizada e faleceu... A outras criança também está internada com uma perna fraturada. Ele disse que "caiu um livro de uma estante sobre a criança"...

          Em Recife, mesmo tendo acabado a greve dos Policiais, continuam saquendo supermercados e lojas de departamentos. Realizaram saques durante a greve e continuam realizando.  É  vergonhoso ver as pessoas, pela TV, saindo das lojas carregando aparelhos de TV e outras mercadorias. E, alguns, voltam para roubar mais...

          Os cinco  fatos absurdos que aconteceram, e que relato aqui, resumidamente, nos mostram a ganância e o desejo de as pessoas fazerem justiça com as próprias mãos. E o quanto a vida tem sido banalizada. Parece-nos que matar e roubar virou algo normal.

          Em minha adolescência, convivi com jovens que tinham medo do PECADO. Íamos à catequese receber a formação religiosa  e, em casa,  recebíamos a educação que nossos pais nos davam. Alguns amigos diziam: "Quando eu for me confessar, direi ao Padre: Não matei, nem roubei. O resto eu fiz tudo"!

 A escola nos dava a instrução, nossos pais a educação, como diz um amigo meu. Pura verdade! Adiante, fui formando minha opinião madura sobre as coisas.  Continuo pensando como pensavam meus colegas, pouco alterando os conceitos que eu tinha. Defendo, ardorosamente, o que é meu. Não quero o que é dos outros. E, sobretudo, uma vida não tem preço! Independente de pecar ou não pecar, ninguém tem o direito de se apoderar do que não é de si, nem de tirar a vida de ninguém! Isso denotaria horror, terror, irresponsabilidade!

Euclides Riquetti
16-05-2014


          A Copa do Mundo vai trazer muita dor de cabeça ao Brasil. Mas há um ditado que diz que "Depois de uma desgraça sempre pode vir outra. E, se vem, vem bem pior".

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Rindo da própria sorte

          Na quarta-feira à tarde, em minha "aulinha"  no SESC de Joaçaba, uma de nossas professoras, a Priscila, abriu a mesma propondo-nos uma "dinâmica de grupo". Devo aqui dizer que muitas coisas que deixei de fazer na minha infância, tenho feito agora. Adoro sentir-me "criança" de novo. Por ocasião da Páscoa, pintamos ovos de galinhas, fizemos uma colagem de sementes num "ovão" que a profe Simone havia desenhado. O ovão foi devidamente pendurado na porta da sala, fotografado pela Liliane e postado no facebook dela. Até gente "grande" gosta dessas coisas, né/ Ou vai dizer que você, leitor, leitora, não gostam disso também?...

          Bem, a dinâmica consistiu, primeiro, em tomar nosso café, que ninguém é de ferro. Depois, apareceram lá umas bolachas. Na aula anterior, o Waldemar trouxe um bolo de chocolate, que foi freneticamente devorado por todos, igualitariamente. Depois de nosso "Café com Risadas", a dinâmica:
Sentamos num círculo (na verdade nas cadeiras...) e cada um tinha que contar uma gafe por que passou. Minha cabeça, na gora, volveu seu pensamento para o passado e começaram a vir lembranças engraçadas. Como sou muito falador (será mesmo??...), solicitei ficar por último.

          A colega Zenaide relatou-nos que, numa dada vez, lecionando Filosofia, estava a imaginar um filósofo (seria daqueles que usam barba??...) e disse que este vivera há 25 Séculos. Uma aluna riu muito... outros se surpreenderam e, só depois, percebeu que, no entusiasmo da aula, nem sabe por que razão, dissera aquilo. O Waldemar contou sobre a noite que chegou em casa da missa com a chave do carro na mão e sem o mesmo, que deixara no estacionamento da Catedral. Voltou lá e o estacionamento já  estava fechado. tece que buscá-lo na manhã seguinte.   O Domingos pediu para "passar adiante", pois não lembrava de nenhuma gafe dele. Quando provoquei, perguntando se lá no INSS nunca lhe acontecera nada, ele se lembrou de uma e contou. Mas eu não entendi direito porque estava com meu pensamento distante. Vou pedir-lhe que me conte de novo. Priscila falou de uma vez que, ainda adolescente, tomou um ônibus num bairro para ir ao centro da cidade. Quando percebeu, distraída que fora, já estava lá em outro bairro. Era fim da linha.

          Ri muito coma história da colega Lurdes. Dizia-nos que, quando saiu lá do Rancho Grande e foi morar na cidade, andava pela rua  meio distraída e deu com a cara e os óculos num poste. Ficou indignada porque o poste estava no caminho dela. Contava e ria! A história dela me fez lembrar de algumas de minhas gafes também. A primeira ligada em poste, como a dela: Foi lá por 1968 que a Celesc começou a trocar a rede de iluminação de Capinzal e Ouro. Começaram pela Rua Dona Linda Santos, a do Belisário Penna e do Juçá Barbosa Callado, em que estudávamos à noite. Trocaram os postes de madeira quadrada por uns redondões, de eucalipto tratado, com luminárias a vapor de mercúrio, que para nós era invenção nova. Retiraram as velhas luminárias com  lâmpadas incandescentes de 150 watts. E as noites viraram dias.

          Pois depois a empreitada chegou à Rua XV, bem no centro de Capinzal. Abriam uns buracões para assentarem os postes. Uma tarde, bem ali na frente da Livraria Central, pertinho do Hotel do Túlio Manfredini, estava eu a olhar para a fila de postes já alinhada no sentido "altos da XV" quando caí dentro de um daqueles buracos. Eu tinha 15 anos e o buraco era meio metro mais fundo do que a minha altura. Uns pequenos esfolões, dei um jeito de sair do buraco, não sem antes olhar para os lados conferindo se alguém vira meu infortúnio. Tive sorte, ninguém viu.

          E, de tombo em buraco para tombo em escadas, foi pra já: Doze anos depois, em setembro de 1980, estava eu fazendo o "Censo 80" em todo o perímetro urbano de Ouro. Quando cheguei na casa do João Tessaro, na Rua Senador Pinheiro Machado, a Jaci, sua esposa,  me atendeu. Deu-me as informações, agradeci e saí de lá. Ao descer uma escava que me levaria à rua, levei um tombo escandaloso. Minha primeira reação foi olhar para os lados para ver se ninguém vira meu fiasco. Depois, catei os óculos, a pasta do IBGE, passei um pouco de saliva nos esfolões dos cotovelos e fui-me embora.

          Alguns anos depois, uma senhora muito discreta, que era vizinha deles, contou-me, num evento público, que vira o tombo que eu levara muitos anos antes...

          Lembrar do passado, ah como é bom! Até nossos atrapalhos nos fazem rir. E, poder dividi-los com os amigos e os leitores me deixa muito contente. Divirto-me só de lembrar! E você, vai querer me dizer que nunca cometeu gafes?

Euclides Riquetti
15-05-2014

Corpos e almas que se esculpem e se queimam


Corpos que se esculpem e se queimam
Imersos nas brasas da paixão
Corpos que se jogam nas areias
Corpos que se estendem pelo chão...

Almas que se julgam e se penam
Imersas nos pecados, na ilusão
Almas que insurgidas se condenam
Almas enegrecidas de carvão...

Corpos que se vestem de vaidade
Belos, formosos, sedutores
Com almas que se esquivam da verdade
Belos, charmosos, pecadores...

Corpos que se deitam em falso chão
Almas que se atormentam na  razão
Vidas que navegam em  incertezas...
São corpos que envelhecem cedo,  cedo
São almas que levitam,  sem sossego
São vidas que flutuam nas correntezas.

(E se vão embora!...)

Euclides Riquetti

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Feche seus olhos e responda

Feche seus olhos e me responda
Não quero que me diga que não me entende
Não quero que nada, nunca me esconda
Pois sei que se você quer, você me compreende.

Feche seus olhos e escute minha voz
Quero que ouça o que tenho a lhe dizer
Quero que saiba que eu estou muito só
E que em todos os momentos só penso em você.

Deixe que seu pensamento me busque e me encontre
Que venha juntar-se a meus sonhos românticos
Para que eles sejam entre nós uma doce ponte.

E, quando ouvir os anjos tocarem seus clarins
E eles orquestrarem os seus mais belos cânticos
Pensarei em você e espero que  pense  em mim....

EuclidesRiquetti
14-05-2014


terça-feira, 13 de maio de 2014

O vazio que há em mim...


O vazio que há em mim
Também há em ti.
É como um céu sem estrelas
É quando é  impossível vê-las
É como um mar sem fim.

O vazio que está em mim
Também está em ti.
É como uma árvore sem folhas
É como não ter escolhas
E não saber de onde eu vim.

O vazio que há em nós
É o vazio dos sós.
É como a rua sem gente
É como o espelho sem lente
Ou as renas sem trenós.

O vazio de cada alma
É inerte como a alga
É a hora sem o minuto
É a água sem o duto
É a sentença sem ressalva.

E eu penso em ti...

Euclides Riquetti
13-05-2014

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uma estrela na escuridão

Há uma estrela singular em meio à escuridão
Uma nuvem branca em meio à turbulência
Uma doce musa que me traz a inspiração
Uma presença que compensa todas as ausências.

Há um gemido de prazer que vem de uma janela
Um sussuro no ar que me chama à atenção
Um reencontro provável depois de longa espera
Um aceno de olhar, uma provável paixão.

Há uma esperança renovada, uma nova luz que brilha
Uma retomda de caminho, uma possibilidade
Para uma alma frágil, débil, maltrapilha.

Mas há uma força que me levanta, impele e anima
E que me devolve a uma bela realidade:
A de lutar por quem meu coração sugere e determina!

Euclides Riquetti
12-05-2014

domingo, 11 de maio de 2014

Mãe

 
Mãe - das dadivosas mãos, mãe
Mãe - das caridosas bênçãos, mãe.

Mãe dos filhos gerados e amados
Mãe dos filhos cuidados e guiados.

Mãe - da vida dedicada, mãe
Mãe - da lida abnegada, mãe.

Mãe das manhãs azuis, esperançosas
Mãe das noites negras e chorosas.

Mãe - do filho perfeito e bem nascido
Mãe - do sagrado leito ali estendido.

Mãe do olhar bondoso mas austero
Mãe do falar que assusta mas sincero.

Mãe - do amor em plena difusão
Mãe - da flor, da alma e coração.

Mães são apenas mães:
Não dependem de elogios
Não dependem de flores
Não esperam por presentes.

Apenas rezam por seus filhos.
E eu rezo por elas.

Felicidades a todas as mães:
À minha, à tua, às mães das outras mães.

Euclides Riquetti