sábado, 2 de março de 2024

Como as rosas de setembro

 


 




Quando setembro chegou...
O arvoredo ficou bem tinturado de verde natural
Os ipês amarelos coloriram a primeira tarde da pré-primavera
O roxos contrastaram com o alaranjado das corticeiras
O outono esqueceu-se de derrubar algumas folhas que já feneceram
E o perfume das flores das pereiras, laranjeiras e pessegueiros colore cada quintal:
Quando setembro chegou!

E, com ele, as roseiras abriram seus brotos e nos contemplaram com as rosas
Seus espinhos desapareceram, ficaram ocultos atrás de pétalas e folhas
Rosas champanhe, vermelhas, rosadas e majentas
Cravos vinhos, brancos, rosa-branco matizados
Azaleias rosa-vivas,  brancas e  beijos multicores
Cravilhas  e  calanchuês esperam, ansiosos, pelas margaridas!

Já vieram as florinhas amarelas do campo, as sempre-vivas
As orquídeas se grudaram nos troncos apodrecidos
Os copos-de-leite se avolumaram junto aos agriões do riacho...
Calêndulas e crisântemos enfeitam jardins e gerânios as floreiras das sacadas
Mas  eu espero os girassóis, os girassóis são meus sóis...

É como setembro
É tempo de alegria, vibração
É tempo de agitar o coração
Setembro, é apenas setembro
O meu setembro, o teu setembro, o nosso setembro...


Euclides Riquetti

Ame!

 



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Ame!
Perca-se, perdidamente
Entregue-se totalmente...

Derrube normas, regras e conceitos
Mostre suas virtudes e defeitos
Suas inquietudes, suas atitudes
E ame!

Dispa-se vivamente
Desnude-se completamente
Esqueça os que se importam com seus jeitos
E aplauda quem rejeita preconceitos:
Ame!

Jamais esconda seu olhar apaixonado
Não disfarce os seus  sentimentos
Em nenhuns  momentos
Apenas cuide daquele amor
Que a procura esperançado...

Quebre comportamentos
Rompa o silêncio
Mergulhe nos prazeres que lhe fazem bem
Ame, com suas forças, limites ou cansaços
Com seus lábios, com sua alma e seus abraços
Mas ame!

Ame nos dias de sol e nas noites estreladas
Naquelas que exaltei em prosa e verso
Nos dias de chuva e nas tardes acaloradas
Ame tudo o que existe no Universo:

Ame!

Euclides Riquetti

Eu te amo...

 

 



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Eu te amo...
Abre a janela e olha pro céu
(Eu te amo)
Abre a janela e vê o sol
(Sim, eu te amo)
Fecha os olhos e vê as estrelas
(Ah, sim, como eu te amo)
Fecha os olhos e vê as  rosas amarelas
(Sinta que, realmente, eu te amo).

Abre o teu coração e sente que o amor existe
(Percebe que eu te amo)
Abre teus braços e me abraça com toda a paixão
(Claro que eu te amo!)
Traze  teus lábios para perto dos meus
(E veja que muito eu te amo)
Quero sentir o calor dos beijos teus
(Eu te amo, eu te amo, eu te amo!)

Euclides Riquetti

O homem que matutava e os ombros da Letícia Sabatella

 




          O Apolinário matutava. Não era jeca, não era analfabeto. Tinha até pós-alguma coisa, acho que graduação, mas matutava. De vez em quando matutava e falava, baixinho, que era para que ninguém percebesse e não o achasse louco. Louco não era. Era normal como todos os outros meio anormais que estão por aí, matutando. Pensava no seu time que andava perdendo muitas. Não havia treinador que desse certo. O caso era de pouco sebo nas canelas. E a gurizada não quer mais saber de por o sangue nos olhos. Todo mundo quer sombra e água fresca, mesmo que seja à noite.
 
          Matutava o Apolinário. Não que matutar fosse sua predileção. matutava por matutar. E, enquanto matutava, contava. Não era o "contar causo", era o contar de fazer contas, contas "de mais" como a professora ensinou muito bem na primeira série. Na segunda, já as contas eram bem maiores, com mais algarismos. Algarismos são aqueles pequenos desenhos que hoje chamam de dígitos. E, matuta vai, matuta vem, e nada de respostas para suas indagações. Pensava na novela do horário das sete, "Sangue Bom". E constatava em sua matutice que pouco havia de bom no sangue daquela tropinha chamada elenco. Não nas pessoas deles, mas de suas personagens. Ah, que vontade de dar uma surra na Damáris. Podia ser na Gládis, aquela desavergonhada da irmã dela que está tentando o Lucindo...Não! Esses três fazem a parte boa, a engraçada da novela. Não merecem nehum castigo. Seria um sortilégio fazer isso, Santo Deus!

          Estava o Apolinário a matutar. Não havia outra coisa a fazer enquanto caminhava. As moçoilas e os rapazotes passavam, iam pra frente, pra trás. Certamente que não matutavam, não precisavam disso, nem tinham tempo para isso, tinham que falar ao telefone celular: " E aí, mano?! Vamos fazê umas quabrada na náite?! O Apôli não entendeu nada. Nem queria entender aquela falação sem graça. As "mâna", então, grudadas no seu Infinity-pré, também de nhém nhem:  "Oooooiiiii, lindaaaaa! Como cê tá massa!  - e o Apolinário, definitivamemente, nem queria ficar perto de gente assim. Continuava a pensar na novela: Quanta gente aquela Maiara/Amora, Amora/Maiara enganou antes de descobrirem todas as sacanagens que aprontou na novela! Pior que ela, só a mãe dela, a Bárbara Hellen. Elas são duas tranqueiras, bem que se merecem. Bonitinhas, mas ordinárias, como diria o Nélson Rodrigues... Mas tem o Bento que é gente boa. Tem sangue bom!

         Tendo matutato já um tantão,  o Apolinário pensou em virar o pensamento para outro lado. Uma psicóloga, uma vez, dissera para sua namorada que,  quando ela tivesse um pensamento runho,  era pra tentar pensar num pensamento bom, algo que deleitasse, que desse prazer. Então, ele começou a pensar nas personagens boas da novela e fixou-se na Verônica. A verônica, pra quem não sabe, é a mesma Palmira Valente que deixa seus afazeres de publicitária para exercitar seu hobby, cantar no Cantaí. E como ela canta! Com certeza seu vídeo vai bombar na internet. Mas a parte melhor, mesmo, a que mais toca o coração desapegado do amigo fica por conta dos ombros da Letícia Sabatella. Ah, que ombros! Você já reparou? Não? Então veja a novela e depois você vai ver se o Apolinário não tem razão. É um navio de areia para o seu caminhãozinho. Ah, se é! Como são belos os ombros da Letícia Sabatella.

Euclides Riquetti
20-10-2013

O amor que flutua no ar...

 


 







O amor que flutua no ar
Vem embalar
Meus pensamentos e meus sonhos.

O amor que me acalma
Acalenta minha alma
Bane meus defeitos medonhos.

O amor vem cantado nas canções
Colado em sentimentos e emoções
Escrito nos versos das manhãs.

Mas, se não o alimentamos, vai embora!
Vai acampar em almas que não choram
E não se apega nas promessas vãs.

O amor é assim:
É um sentimento sem fim
Que procura um galho firme para pousar...

Ao contrário,
Vai navegar em outro mar!

Euclides Riquetti

A canção que vem do rio

 


 




A canção que vem do rio no inverno
Vem pra me trazer calor e paz
Vem pra junto de mim e traz
O recado de um  amor eterno...

A canção que vem do rio me alenta
Acalma  minha alma ansiosa
Acalma minha mente virtuosa
Mistura-se ao ar que o tempo venta...

A canção que vem do rio me conforta
Me devolve o desejo ardente de sonhar
Pois o  futuro feliz  é o que me importa.

A canção que vem do rio ressoa em mim
É igual àquela que me traz o mar
É canção dos anjos que não terá fim.

Euclides Riquetti

sexta-feira, 1 de março de 2024

Fale com Deus

 


 



Fale com Deus.
Conte-Lhe sobre suas inquietações
Sobre coisas que lhe trazem aflições
Mas fale com Deus!

Fale com Ele.
Confesse-Lhe coisas que não disse a ninguém
Diga-Lhe que você ama alguém
Mas fale com Ele.

Fale com o Senhor.
Relate-Lhe com toda a sinceridade
Faça com que conheça a sua realidade
Mas fale com o Senhor.

E, ao falar-Lhe
Abra, largamente, seu doce coração
Mostre-Lhe que há nele afeição
Mas fale com Deus!

E, quem sabe, possa encontrar, nEle
Toda a força  advinda do universo
A força de que tanto precisa
E que a acalenta e energiza
E que eu mando a você nos meus versos!

Mas, não esqueça, converse com Ele!

Euclides Riquetti

O voo da gaivota

 


 




Plana a gaivota sobre o mar azulado
Quebrando o vento nas lufadas de outono
Na manhã  de abril do sábado morno
Na ilha da magia de meu Sul amado.

Vai a gaivota cortando o infinito
Imerge na nau  de meu pensamento
Busca se esbaldar por todo o firmamento
Em seu lento planar pelo céu bonito.

Voa a gaivota de branco e de princesa
Soberana,  charmosa, doce e elegante
Voa a gaivota vestida de deusa.

E meus olhos a contemplam com carinho
Em sua viagem pela trilha provocante
Enquanto volta ao seio de seu ninho.

Euclides Riquetti

Nunca digas nunca, jamais!...

 



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Nunca digas nunca, jamais
Que desta água tu não beberás
Pois nos conflitos pessoais
Muitas voltas o mundo dá!

Nunca digas nunca, certo?
Pois o futuro a Deus pertence
O amanhã é sempre tão  incerto
E tudo pode mudar de repente!

Nunca  digas nunca, amor
Pois os caminhos são diversos
Se num verão há muito calor
No inverno te escrevo versos!

Não, não digas nunca, então
E procura nadar na calmaria
Reserva-me o lugar no coração
Para onde voltarei um dia!

Euclides Riquetti

Silêncio no Asfalto - soneto undecassílabo

 










Euclides Riquetti recebendo premiação das mãos de Jucelino Ferraz, Prefeito em Exercício de Joaçaba, pelo primeiro lugar no "Concurso de Poesias Roberto Russoswsky", em 20-12-2018, por obter  Primeiro Lugar na categoria Soneto. O concurso foi promovido pela Gerência  da "Casa da Cultura Rogério Sganzerla" 




Silêncio no asfalto


O asfalto liso, azul-cinza matizado
É palco de nostalgias e de dilemas
O asfalto que tem o brilho prateado
É canteiro de meus prantos e poemas.

O asfalto escuro vai perdido na curva
Onde morre o sonho e vagam os atritos
Coração dilacerado em alma turva
Na sentida dor, abalos e conflitos.

O asfalto inóspito se alonga na vista
Duas faixas douradas decoram a pista
No desafio sutil, terno e sedutor.

É um instigar e uma dúvida presente
Tétrico palco da tragédia iminente:
Calou-se a voz do poeta sonhador...




Euclides Riquetti



22-12-2018 

Preciso do vento que vem do mar

 

 


Eu preciso do vento que vem do mar
Preciso da lembrança para me embalar
Preciso do sol nas tardes e manhãs
Preciso de ti nas tardes e manhãs
E no sonho tenro que a noite me traz.

Preciso afirmar minhas convicções
Rever conceitos que me vêm e apago
Conter meus impulsos e frear emoções
Preciso do alento de teus afagos...

Sou como a mão que alinha tijolos
Dispondo-os siametricamente
Como o profeta que prediz os sonhos
Sonhadamente
Como poeta que empilha versos
Livremente, harmoniosamente!

Mas preciso de ti para formatá-los
E só para ti lê-los decerto
E só tu os ouças por certo.
Preciso...

Euclides Riquetti


quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Nos campos de flores de alfazema

 


 



Far-te-ei os poemas mais alentadores
Aqueles românticos que te deleitarão
Falarei de gerânios, falarei de flores
De tempos que foram e dos que virão.

Dar-te-ei os versos de minhas lavras
Esculpidos com formão ou com pena
Os cultivados com minhas palavras
Nos campos das flores de alfazema.

Declamá-los-ei com o ardor da voz
Com toda minha energia e a emoção
Que brota de mim ao pensar em nós
Que sai do íntimo de meu coração...

Registrá-los-ei para se eternizarem
Para que se alojem dentro de teu ser
Versos escolhidos que farei rimarem
Versos simples que me fazem viver!!

Euclides Riquetti

Alegria, sonho, vida

 


 



Alegria, sonho, vida

Tempos novos que hão de vir

Um Primavera que vai chegar

Tempos que virão para vibrar

Tempos novos para sonhar

Novos tempos para sorrir!


Alegria, sonho, vida

A vontade de voltar a viver

A busca da normalidade perdida

O desejo de retomar a rotina...


Alegria, vida, sonho

O querer de novo

O poder andar no meio do povo

O futuro melhor, risonho

O sonho, a vida, a alegria

Em cada novo dia!


Sim, a alegria de voltar a sonhar

Andar na rua, na calçada

De mãos dadas...

A alegria de dançar

Abraçar

Ou, simplesmente, sonhar!


Euclides Riquetti

13-07-2021

Quando as pessoas tinham medo de pecar...


 


Replay:



Matriz São Paulo Apóstolo - Capinzal - SC

          Quando criança, costumava ir sagradamente às missas da Igreja Católica, lá no Rio Capinzal. Primeiro, em Leãozinho, onde o Frei Crespin Baldo vinha celebrar uma missa a cada dois meses, pelo menos. Vinha a cavalo, fazia seus ofícios religiosos e ia embora. Meus padrinhos e seus filhos me levavam com eles. Eu ia faceiro, com a blusinha verde com listras brancas, horizontais, que minha mãe me mandara. E com os sapatos novos, pretos,  que meu pai comprara na loja dos Zuanazzi, ali na esquina contraposta à  dos seus concorrentes, da família Macarini, defronte ao casarão do Sílvio Santos.  Comprava sempre um ou dois números maior, para que, quando o pé crescesse, não escapasse. E já vinha com amassados do "Correio do Povo", na ponta, para que tomasse boa forma no pé., não escapassem.

          A parte boa da missa era que, após, íamos brincar com os filhos dos Seganfredo, Andrioni, Biarzi e Frank, Pissolo e Reina, correr pelo gramado e passar pela ponte coberta, sobre o Rio Leãozinho", que dava acesso à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

          Nos domingos em que não tínhamos a missa pela manhã, tínhamos a reza do terço à tarde. Lembro que praticamente cada família tinha um integrante no grupo que puxava as orações. Então, além das já mencionadas, havia os Santini, Bussacro, Tonini, Savaris, Poyer, Guzzo, Santórum e outros. E, ocasionalmente, puxavam a "Ladainha de Nossa Senhora", em latim, prática que desenvolvem até hoje. Acho que é um dos costumes mais antigos da Igreja Católica que está remanescente numa região de grande predominância da colonização por descendentes de italianos.

          Eu não prestava muita atenção aos sermões do Frei Crespim, mas lembro perfeitamente que ele condenava os pecadores, falava nos pecados mortais e veniais. Mortais, eram aqueles muito graves, como por exemplo, tirar a vida de outra pessoa. E as pessoas perguntavam: "E os soldados, que matam os outros soldados nas guerras, ficam com pecado mortal?" Para isso nem precisava da resposta do sacerdote: matar na guerra não era pecado...

          Adiante, adolescente, fui aprendendo. Havia os pecados veniais, que eram os mais simples, que bastava confessar-se, semanalmente, e pedir perdão ao padre que, representante de Deus, perdoava. O problema maior era a vergonha. Alguns desses pecados veniais eram, por exemplo, dar uma espiadinha nas pernas de alguma garota, coleguinha que fosse. Isso quando houvesse um descuido dela, porque as saias não eram curtas. Beijar, então, só quando fosse noivo, e não na frente dos pais. Então, aquele beijinho sutil, roçado, roubado, na subida da escada, só depois de noivos...Amassar, na época, era sovar a massa do pão, ou bater o paralama da bicicleta num poste, no meio da rua. Aliás, eram tão poucos os carros que, em muitas vias, estes eram fincados bem no meio, sobrando espaço dos dois lados para que os eventuais carros pudessem passar. Amassar, agora, é passar a mão, dar abraços apertados, enfim, dar amassos, você sabe em quem...

          Roubar era pecado grave. Além de pecado, era uma vergonha muito grande. Roubar galinhas para fazer brodo em turminhas de amigos, no inverno, era um pecadinho levezinho... Mas roubar galinha pra comer em casa era muito feio. Mais feio do que pecado. E, a gurizada, para não cometer o pecado, burlava: "maiava".  Maiavam melancias e jabuticabas, onde quer que houvesse. Maiar caquis na Siap, indo de bote, pelo Rio do Peixe, ah, isso fizeram muito, muito. Descumprir os "Dez mandamentos da Lei de Deus" era pecado. Agora há  outras classificações de pecados, além dos mortais e veniais, algumas novas nomenclaturas, tipo "leves" ou "pesados".   Nunca entendi direito e nem vou pesquisar sobre eles. Fala-se dos pecados capitais, pois os conceitos sobre pecado evoluíram: gula, avareza, luxúria, ira, inveja, preguiça, vaidade ou orgulho. E cada um tem um entendimento sobre eles conforme sua conveniência. Claro que você, leitor (a), também tem o seu próprio entendimento e vamos respeitar isso.

          As pessoas não acreditam mais em céu e inferno (nem eu). E tiram a vida de outras por motivos muito banais. Há os "marcados para morrer", há toda a sorte possível de delitos contra a vida. Das pessoas, dos animais, da natureza.

          Antes, por medo de pecarem e irem para o inferno, continham-se nas ações, pensavam muito antes de atentar contra a vida, cometer qualquer delito, por simples que fosse. Agora, por pensarem que não há punição, por terem compreendido que a vida não é assim do modo como os padres e pastores dizem que deveria ser, fazem tudo o que julgam necessário para ficarem bem, levarem algum tipo de vantagem. Danando os outros.

          Claro que nem tudo o que nos ensinaram era "pecado", é isso que  nos revela nossa compreensão de adultos. Entretanto, tenho saudades daqueles tempos em que, se não fosse por educação, pelo menos pelo medo os seres respeitavam os outros seres. Ah, como era bom!

Euclides Riquetti
13-04-2013


Vista interna da Igreja Matriz - Capinzal - SC - onde fui batizado, fiz minha catequese e primeira comunhão.

Melancolia

 


 



Melancolia, aqui estou de volta
Venho apenas para te ver de novo
Eu e meu coração bobo
Sem rancor, nem revolta...

Melancolia, por que me persegues
Sou apenas um poeta
Que pede em letra discreta
Se tu ainda me queres...

Melancolia, afasta-te de mim
Vai te alojar em outro ser
Deixa-me apenas viver
Um amor que não tenha fim...

Melancolia, permite-me chorar
Deixa que me apene em  mim mesmo
Caminhar sem rumo e a esmo
Viver e acordado sonhar...

Melancolia, vai embora pra outro lugar
Vai procurar outro abrigo
Não quero nada contigo
Deixa apenas que eu viva a cantar.

Euclides Riquetti

Voa, pensamento...

 


 




Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos brilhantes e meigos que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Enquanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti

Um poeta sem versos...

 


 



Sinto-me como algo perdido em meio à escuridão
Da noite em que o luar se ausentou
Nada a chamar tua atenção
Apenas um pontinho de prata na imensidão.

Sinto-me como um grãozinho de areia nos desertos
Ou uma andorinha que o frio da noite dizimou
Como um andante sem rumo certo
Um poeta que não consegue articular seus versos.

Sinto-me como um comandante que perdeu seu  navio
Que a tempestade violenta arrebentou
Que deixou dentro dele um grande vazio
Indo à deriva pelo oceano violento e bravio.

Algo perdido  na escuridão
Um grãozinho de areia no deserto
Um comandante sem navio
Uma dor de paixão
Um poeta sem versos
Um coração vazio...

Bem assim!

Euclides Riquetti

Oração ao Monge São João Maria

 


 




Nas plagas de Taquaruçu
Nas grutas do Vale do Peixe
Nos morros e planaltos do Sul
E onde que a memória deixe
Ou nas raízes do Iguaçu
Neste chão catarinense
Os revoltosos exclusos
Mexeram com as almas das gentes.

Cruzes espalhadas nos morros
As fontes benzidas das águas
Gemidos pedindo socorro
Corações cheios de mágoas
O velho do cajado e do gorro
Pés descalços e mãos calejadas
São João Maria do bom povo
Abençoe minhas simples palavras.

O manto de trapo que cobre
Um corpo esguio e indefeso
Esconde as origens de um nobre
Que tem por justiça o desejo
São João Maria a esses  pobres
Dá tua bênção, teu conselho
Abençoa os caminhos em que corre
O rejeitado sertanejo.

Monge João Maria da oração
Olha pro céu anilado
Que tomou-me a casa e o pão
Que fez de mim um coitado
Dá alimento ao meu coração
Que anda nos caminhos jogado.

E, entre anjos e arcanjos
Nas imensidões de um além
Perdoa até mesmo os tiranos
Paz para eles também
São João Maria, Homem Santo
Homem que lutou pelo bem
Que reine a harmonia em todo o canto
E que Deus nos diga amém!


Euclides Riquetti

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Sabe, amor...

 

9 dicas românticas para escrever uma carta de amor | Familia



Sabe, amor...
Quando você disse que já não me amava
Desabaram sobre mim todas as tormentas
Foi como se eu tivesse uma febre virulenta
Foi como se o mundo já não me importava.

Sabe, amor...
Se eu aprendi a escrever poemas rimados
Eu também aprendi a escrever belas prosas
Que se você ler, verá que são minhas provas
De que eu ainda vivo em tempos abençoados.

Sabe, amor...
Esta canção eu fiz pra que você me entenda
Que há a vida me convidando a ir vivendo
Que há flores frágeis no campo a ir colhendo
Pra sentir que me importo e me compreenda...

Sabe, amor...
O ser humano não é dono de nada, nada
Nem mesmo pode dominar seus sentimentos
Muito menos controlar os vãos pensamentos
E não há como se desligar da vida passada!

Euclides Riquetti

De corpo e de alma




 

 

 

Passam os dias
Passam outros e outros
Vem nova semana
Vem outra, outra ainda
Longa, morosa, infinda:
Só tu não vens!

E chega um novo mês
Para animar
Meu coração já insano
Enquanto fico a  esperar
Que comece um novo ano
Que venham outros, muitos talvez, outra vez.

Passa o tempo, inclemente
Num repente!
Só não passa a dor no coração
De  quem  perdeu  algo precioso
Forte, imedível, inimaginável...
Passa simplesmente.

A vida corre  e o tempo passa
Enquanto sento na praça
Na espera da sorte
Que deveria vir do norte
Mas não vem...
Nem do Sul, nem de lá, nem de cá!

Todo o meu conforto
É imaginar-te em mim pensando
Acreditar que não me esqueceste
Que não te arrependeste
De ter sido minha de alma...
E de corpo!

Euclides Riquetti

O doce aroma que perfuma


 


 

O doce aroma que perfuma


Traz-me o vento que balança a cortina
O doce aroma do fruto goiaba
Que vem perpassando o vão da janela
E me lembra de sua cor linda,  amarela
Cobrindo a polpa vermelho-rosada
Ah, doce aroma que perfuma...e que me anima!

Traz-me de volta seus olhos fugidios
E leva meus lamentos pelas águas do rio.
Traz-me o vento lembranças gostosas
Lembranças que me fazem bem e me afagam
Lembranças verdes e maduras
Que dividíamos com ternura
(E que de min´alma meus pecados apagam...)
Das frutas tenras, macias e saborosas.

Traz-me de volta seus  olhos fugidios
E leva meus lamentos pelas águas dos rio.

Do rio que sai de mim
E que busca você.
Apenas dele...

Euclides Rquetti