sábado, 5 de abril de 2014

José Wilker no Purgatório?

          Nem era de dia ainda. Os anjos que davam plantão na entrada  do céu estavam participando de uma greve geral. Isso preocupava, pois poderiam chegar muitos para a Vida Eterna no Paraíso e, se não tivesse quem abrisse as portas, essas pessoas teriam que esperar no purgatório. E o purgatório não é,  nem de pertinho,  confortável como o céu. Lá,  eles não têm sofá com cheese, nem TV a Cabo, nem internet com facebook.  E celular é proibido, embora há uma semana alguns mais espertos estão usando livremente uns aparelhos que tinham escondido, pois acabou o contrato com a empresa que cuida dos bloqueadores de celular no purgatório,  e esqueceram de fazer a licitação para novo contrato.

          Mister Wilker chegou no hall do céu, pôs sua malinha com algumas roupinhas no chão, tirou o seu Ray Ban, aquele que usou quando fez o Giovanni Improtta em "Senhora do Destino", encarou a anjada como se fosse o Jango ou o Juscelino, todo imponente. Na mala, muitos óculos, bem moderninhos, coloridos, como os que costumava usar nas novelas. (A malinha era a mesma que usou, aos 19 anos, quando foi do Ceará, onde era locutor,  para aventurar-se na carreira de ator, no Rio.)

           "Caríssimos anjos, I am here!", disse José Wilker.  Miguel, o anjo mor,  riu. Era o chefe da guarda: "Mister Wilker, we have close doors here! The angels are in a srike! You need to stay some days at purgatory! Wilker entendeu: estavam com as portas fechadas, em greve, ele teria que ficar uns dias no purgatório...). Depois, cochichou para o colega Gabriel: "Psssst! É o Mundinho!" "Qual?", perguntou este.
E Miguel: "O Roque Santeiro...".

          Acostumado com as manifestações e greves do Rio de Janeiro, não se surpreendeu. Mas imaginava que lá, em cima, não houvesse falta de dinheiro oficial, que o Orçamento Celestial fosse bem generoso, que Pedro pudesse pagar seus assessores a contento. Então, começou a meditar: 68 filmes, 49 participações na TV, 1 filme e 2 novelas dirigidos, 1 seriado... E, mesmo com todo esse currículo, ficar fora do céu?!  Que coisa sem graça, pensou! Mas, educado e cavalheiro, como sempre, resignou-se. Sentou numa pedra ao lado da  malinha para esperar o busão que o levaria, junto com outros que ali se encontravam, para um estágio por tempo indeterminado no purgatório. Pareceu-lhes que havia alguns que vieram daquele avião da Malásia que desapareu, mas não tinha certeza.

          Os anjos, a essa altura, estavam decidindo se devessem ou não "abrir geral", ou seja, deixar que todo mundo entrasse. Com isso, causariam alguma confusão e poderiam ter sua pauta de reivindicações atendidas mais depressa.

          De repente, escutou uma vozinha: "Joseph... Mister Wilker...!"

           Olhou, era uma anja. Uma anja norteamericana, provavelmente.  Tão bonita que parecia reunir a beleza e todas as virtudes de suas ex-esposas, Renée de Vilmond, Mônica Torres, Guilhermina Guinle e Cláudia Montenegro. Encantou-se, foi de primeira. Pensou: "Estou salvo!"

            Dear, come in, silently! Here is a friend of yours waiting for you... Olhou, incrédulo. Lá estava o amigão Paulo Goulart, recém-chegado, para dar-lhe as boas-vindas. Cheio de moral, Goulart, com sua simpatia e habilidade, já tinha conseguido, com seu jeitinho brasileiro,  liberar a entrada do colega. Foi recepcionado por uma galera vibrante, comandada pela Hebe Camargo, que gritou: "Chega aqui, gracinha!"

          Chico Anísio deu-lhe um forte abraço. Darcy Gonçalves apertou seus peitões caídos conta o peito dele. Reginalso Rossi, The King, saudou-o com um soleado no violão.  Hebe lascou-lhe um selinho. Avassalador... Sentiu-se em casa!

Euclides Riquetti
06-04-2014

         

Tentei parar de pensar

Tentei parar de pensar em ti
Esquecer os teus beijos e teu doce sorriso
Mas por mais que tentasse,  eu não consegui
Pois ter o teu amor é de que eu mais preciso.

Tentei jogar fora os poemas que eu fiz
Apagar os momentos em que juntos ficamos
Mas a realidade é que me fizeste feliz
E de certo que  nós muito nos amamos.

Percebi que é difícil te reconquistar
O teu coração não quer mais o meu
Então só me resta  lembrar e sonhar.

Mas há uma dúvida que me tortura e consome
E que me faz acreditar que nosso amor não morreu:
Às pessoas com que falas, ainda dizes meu nome.

Euclides Riquetti
05-04-2014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Padre Anhieta - agora sim!

"Eia colega, sempre avante
Pelo bem, pela verdade
E que noss ´alma exulte e cante
Ao florir da mocidade..."

          Era assim que começava o Hino de nosso Ginásio Padre Anchieta, em Capinzal, em 1965, quando eu cursava a primeira série do ginasial. Nossas professoras, principalmente Dona Vanda Bazzo e Dona Lorena Moraes nos motivavam a cantar. O próprio Frei Gilberto, padre italiano nosso Diretor, cujo nome civil era Giovanni Tolu, também cobrava-nos saber o Hino. E também o Nacional, o da Bandeira, o da Independência.  Mas o que nos orgulhava e encantava, mesmo, era o moderníssimo hino de nosso Ginásio.

          Pois justamente neste 3 de abril de 2014, quando o papa Francisco decreta a Santidade do Apóstolo do Brasil, José de Anchieta, tornando-o "São José de Anchieta", meu pensamento volta para meus 12 anos de idade. Nossa escola tinha um uniforme bastante singular, belíssimo, e nos eventos cívicos ficagvamos engalanados, verdadeiramente...

           O Padre Anchieta era nosso patrono. Conhecíamos a história dele. Chegou ao Brasil com apenas 19 anos de idade. Era um Missionário Jesuíta, da Companhia de Juseus, nascido na Ilha de Tenerife, no Arquipélado das Canárias, descendente de judeus. Da nobreza, não tinha força nem saúde suficiente para as armas, então, aos quatorze anos, entrou para a Companhia de Jesus, liderada pelo seu primo Santo Inácio de Loyola. Inteligente e criativo, fundador da cidade de São Paulo, foi ordenado padre aos 32 anos. Falava e escrevia em quatro línguas: Português, Castelhano, Latim e Tupi Guarani, a língua do Brasil, sobre a qual editou uma gramática.

          Seu "Poema à Virgem", com 4.172 versos de quatro estrofes, foi o primeiro épico, ainda antes de Camões escrever "Os Lusíadas", dizem os estudiosos. Escreveu-o nas areias da Praia de Iperoig, em Ubatuba. Era um exímio poeta, sendo assim o início do seu poema:

          "Minha alma, por que tu te abandonas ao profundo sono?
          Por que no pesado sono, tão fundo ressonas?
          Não te move à aflição dessa mãe, toda em pranto,
          Onde a morte tão cruel do Filho chora tanto?"

          Dezenove anos! A mesma idade em que cheguei a União da Vitória para cursar Letras. E onde me iniciei como poeta, timidamente. Uma idade em que tudo nos é novo. E que temos uma energia a nmos propulsionar para a conquista de nossos sonhos...

         Salve Padre Anchieta, agora "São José de Anchieta",  nosso Apóstolo do Brasil!

Euclides Riquetti
03-04-2014

Desenhei teu coração na areia

Desenhei um  coração na areia  do mar
E nele escrevi um belo nome
De alguém que me suga e consome
E que diz não me amar
Mas que me faz cantar
Sem rir, sem chorar:
Sonhar... sonhar!

Na areia longa a se perder
Que borda as ondas e as marés
Onde banhas teus graciosos pés
Procuro o corpo que flutua
Da musa grácil e nua
Que me faz sofrer...

Sofro da doença do poeta sonhador
Que morre por paixão, que chora por amor!

E, na dor indolor
Na onda do sol e do calor
Procuro me reencontrar
No teu suave flutuar
Entre as areias e as ondas
Do oceano a bailar!

Euclides Riquetti
03-04-2014




quarta-feira, 2 de abril de 2014

Para beijar os lábios meus!

Quando o novo dia chegar
Eu vou poder te rever
Eu vou poder  te abraçar
Te abraçar e te querer
Quando o novo dia chegar...

Mas, antes do sol tem a noite
Tem os sonhos, tem as lembranças
Tem uma dor que se esconde
Num  coração que balança
Antes do novo dia chegar...

Quando o novo dia amanhecer
Quem sabe eu possa entender
Se tu me queres ou me rejeita
Se teu coração me aceita
Quem sabe eu possa saber.

O que me importa, no entanto
É que eu tenho teu coração
E que eu posso escutar o canto
Que vem suave dos lábios teus
Para beijar os lábios meus!

Euclides Riquetti
02-04-2014

terça-feira, 1 de abril de 2014

Cinquenta anos depois...

          Leitores:  "31 de Março"  é uma data de muita significação para o povo brasileiro, pois marca a tomada do Poder pelas forças militares no Brasil. Com a eleição de Jânio Quadros para Presidente da República e João Goulart para Vice, em 1961 o eleito renunciou no mesmo ano de sua posse. Jango, como era conhecido o Vice, assumiu o cargo pelo seu direito Constitucional, mas teve muitas dificuldades para para governar. Enfrentou toda a espécie de pressão mas, de alguma forma, estava se mantendo no cargo. Porém, em 31 de março de 1964, havia muita turbulência no país, imperando a corrupção e a "subversão da ordem". A inflação em alta e o medo de que o sistema comunista, nos moldes de Cuba, fosse instalado, mobilizou setores da sociedade, a Igreja e as Forças Armadas.

          Em razão disso, as forças militares, apoiadas pelo alto clero da Igreja Católica, e alguns setores da sociedade e alguns jornais, ensejaram a derrubada do Governo Goulart, o que aconteceu em 1º de abril de 1964. Provisoriamente, Ranieri Mazzilli governou-nos até 15 de abril, quando o Marechal Humberto de Alencar Castelo  Branco foi eleito, por votação indireta, inclusive com o "voto articulado" do Senador Juscelino Kubitschek, ex-Presidente.

          Muita "confusão" precedeu o ato que recebe nomes conforme a ideologia de quem o conceitua: "Golpe Militar", "Revolução de 1964" ou "Contrarrevolução de 1964". Lembro que em Capinzal e no recém instalado município de Ouro já panfletavam a cidade com convites para a Greve Geral. Duas agremiações estudantis atuavam nos meios estudantis: A ACES e a ALEAR. A primeira, Associação Catarinense de Estudantes Secundaristas, que tinha sede junto ao prédio de madeira do Cine Farroupilha; e a Associação Lítero Estudantil Aparício Ribeiro, que era liderada por Agadir Almeida Lovatel, que funcionava ali em Ouro, no local onde se desativara a Indústria de Bebidas Prima. E a gente, no meio de uim tiroteio, não sei se ideológico ou de vaidades... Não tínhamos, ainda, maturidade para descernir sobre isso!

          Eu estava na quarta série do curso primário, no Mater Dolorum, as irmãs nos levavam para rezar na capelinha porque tinham medo do Comunismo. Nos meios, falava-se no perigoso Leonel Brisola... Meu pai já havia planejado que, se a guerra estourasse, iríamos nos esconder em Linha Bonita, que era na colônia, na Casa do nono Victório Baretta.  Nós, crianças estávamos curiosos em saber a diferença entre "guerra e revolução". Eu era privilegiado, meu pai entendia disso e me explicava.

           A intervenção militar deveria ser temporária, até que houvesse a eleição direta, mas isso não aconteceu, o que levou setores da sociedade a se manifestar e, consequentemente, a repressão, o endurecimento. O erro dos militares foi terem praticado a tortura e demorado para devolvar a nação para a administração eleita pelo voto popular. O Poder que fascina e o medo de que os rumos da política tomem caminho diferente do que as expectativas de quem manda é que determina o tamanho da vontade de tê-lo nas mãos. O exemplo se verifica em muitos países, ainda.

          O resto, é aquilo que se lê nos livros, que se lê ou ouve na imprensa. Cada um tem sua versão, sua predileção. Descarta-se qualquer hipótese de os militares voltarem ao Poder, não é essa a sua função Constitucional. De minha parte, não embarco em nenhuma onda. Procuro ver o lado A e o lado B de todas as coisas, na política, na economia, nos esportes, na vida social. Quando vejo uma posição defendida, procuro ver se a posição contrária também tem seus preceitos e seus argumentos. Não sou uma "maria-vai-com-as-outras, definitivamente.

          O que a população quer, hoje, é que haja ordem no País, nos Estados e nos Municípios, com  segurança, saúde, e educação de alto nível. A Democracia, sem dúvida alguma, é o melhor regime para todos, para quem governa e para quem é governado. A sociedade tem nas nossas  mãos um poder muito forte que a democracia e a Constituição lhe garantem: o voto! Serve para varrer o que não serve e para manter o que serve, conforme a opinião de cada um. Vale a sua, a minha, a do outro...

Euclides Riquetti
31-03-1964.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Jujubinha, sempre nos surpreendendo!

          Crianças, hoje, são maravilhosamente surpreendentes. Imagino o quanto as mães que podem ficar boa parte do dia com os filhos pequenos devam alegrar-se por isso. Mas, com os compromissos se multiplicando, com trabalho e muito estudo, infelizmente muitas delas nem conseguem curtir a melhor fase dos filhos: a infância!

        Posso dizer, com todas as letras, (não as letras de minhas crônicas, nem de meus poemas, nem dos discursos que escrevi para outros lerem...),  que pude acompanhar bem a vida de meus três filhos. Mas, agora, com muito mais tempo disponível, posso acompanhar todos os detalhes da criação e evolução de nossa neta, a Jujubinha: maravilhosamente maravilhosa!

          Você pode pensar que tudo não passa de entusiasmo de vovô de primeira viagem, mas não é. Estão aí algumas centenas de amigos e leitores meus que já têm a alegria de serem avôs e avós e podem atestar o que eu estou dizendo: isso é um estado de alma indescritível! É, sim!

          A Jujubinha só nos dá alegrias. Agora,  que está prestes a chegar aos 4 anos, então, tudo é muito bom. Surprednde-nos a cada dia com suas falas e suas ações. Escreve o nome dela, soletra as letras, as palavras, escreve alguns números. Está na Girassol, uma excelente escola aqui de Joaçaba, onde passa o dia aprendendo e interagindo com as "titias" e os coleguinhas. Diz o nome e o sobrenome deles, descreve-os, vai  às festinhas de aniversário: "Hoje vou no aniversário do Theo! O Theo é filhinho do Bruninho que vende pneu. Depois acho que vou dormir na casa do Vô Adão, lá em Luzerna!."

          Na sexta-feira, teve uma bela surpresa: sua madrinha, a Michele, que chegara para  visitar-nos,  foi buscá-la na escola e veio dar-lhe o costumeiro carinho.Adora sua dindinha. Pois chegou e foi avisando: "Vovô, vovó, fiquem do lado da Dinda Michele que eu quero tirar uma foto". Depois: "Agora digam xisssssss com x de abacaxi!" Fizemos isso e ela nos mostrou uma bela foto conosco e a filha Michele no meio de nós.


          A Dindinha contou-lhe que agora tem outra afilhada, a Madu, filha da Luciana, que mora em Santa Maria e que esteve visitando-a em Ponta Grossa na semana passada. Ouvia atentamente as histórias que a Madrinha lhe contava sobre a suposta "concorrente". E demonstrava interesse em conhecê-la. A Jujuba se sente como que uma babá capaz de cuidar de bebês. E isso é compreensível. Quantas mães de nossa colônia italiana não tiveram que apelar para a ajuda dos filhos um pouco maiores para cuidar dos novos que vinham quando era normal terem um por ano?!

          Um dos papos transcorreu assim:

Dinda: "Julia, agora a Dinda tem mais uma afilhadinha..."
Julia: "Tem?"
Dinda: "Sim, a Madu. Ela é pequenininha ainda... Ela visitou a Dinda e como não tinha banheira (nem bacia grande) ela tomou banho no tanque."
Julia: "No tanque??"
Dinda: "É... Não tinha banheira, nem bacia, onde ela tomaria banho?"
Julia: "Na máquina??"


          A Jujubinha é assim, sempre tem solução pra tudo!
    
          A Jujubinha e a Madu podem ficar tranquilas: A Dindinha Michele tem muito amor e carinho para dar às duas. Parabéns a elas por terem, além de suas famílias, alguém mais que muito as ama!

Euclides Riquetti
31-03-2014

domingo, 30 de março de 2014

Quando a lua cheia chegar

Quando a lua cheia de novo chegar
Para por romance nos corações dos namorados
E voltar-nos o seu  brilho lunar prateado
Estarei esperando por seus olhos encantados
Que me fazem viver, sentir, respirar...

Quando, solitário,  eu ouço a suave sinfonia
Da natureza que repousa abençoada
Que me cobre com seu manto sagrado
E eu olho para a imensidão estrelada
Sou arrebatado por tênue nostalgia.

Ah, doce sensibilidade de poeta
Vem me confortar com sua inspiração
Vem me animar a alma e o coração
Vem trazer-me a palavra certa
Que me faz rimar amor com paixão.

Vem ensinar-me a esperar
A lua cheia voltar!
Euclides Riquetti
30-03-2014