sábado, 5 de janeiro de 2013

Rui Maliska - mais uma perda lamentável...

          Às vezes a gente fica sem jeito para dizer o que se quer. Ou se vê na situação de que se deveria calar. Mas, dividir com os outros o que se sente também é uma necessidade premente no ser humano. E, neste momento, acabei de receber a notícia de que o Rui Maliska deixou nossa vida terrena. Fomos vizinhos na infância, lá no Ouro, quando ele morou no casarão construído pela família Penso, na Rua Pinheiro Machado. É aquele casarão amarelo com janelas azuis, imponente, onde moram hoje a Helena Antunes de Souza e sua mãe. Olhando de Capinzal para o Ouro é o casarão que mais nos chama a atenção. Depois,  eles foram morar numa casa ao lado, que seu pai construiu. Ele não tinha mais a mãe.

          Lembro-me de quando a mãe dele faleceu. Ele era bem menino. Ficou arrasado.  A Gráfica imprimiu convites para que as pessoas pudessem participar da celebração religiosa de sua despedida. Fomos com alguns colegas de casa em casa entregá-los. A cidade ficou de extremo luto porque ela era ainda jovem. A família do seu José Masliska Sobrinho tinha ótimo conceito perante a comunidade. Muitas pessoas foram despedir-se dela, pois era muito querida por todos.

          Quando nos tornamos vizinhos, ele deveria ter uns 8 anos. Brincávamos numa serragem de madeira que havia sido depositada na rua, perto da casa em que ele viera morar. Jogávamos bola com um bola de plástico junto com outros meninos. Também desenhávamos no chão, fazíamos algumas coisas que uma cidade devesse ter. E ele falou que iria fazer um estádio. Eu não sabia  o que era um estádio e ele me disse que era um campo de futebol com arquibancadas. Lá em Capinzal havia um campo de futebol. Disse que não era mais estádio porque tinham desmanchado a arquibancada. Mas ele disse que construiria um estádio, então. Ele sabia que existia o Maracanã, seu pai lhe falara.

         Nossas brincadeiras eram respeitosas, ele era muito bem educado. Ia para o Colégio com calça cáqui e camisa azul turquesa. Era um menino aplicado, estudioso, simples. Lembro quando ele e o Aliomar vinham abastecer seu carro no Posto Esso. Cabelo comprido e calça boca-de-sino. Costumavam ir para Piratuba, que era o principal destino dos jovens nos sábados à noite.

         Depois tomamos rumos diferentes, cada um buscando uma cidade para estudar. Adiante, já atuando em nossas profissões, ele dentista e eu professor, nos reencontramos. Ele costumava, nos últimos anos, ir a pé para o trabalho. Também fazia camninhadas na área de Lazer, em Capinzal. Na última vez que nos encontramos, lá, disse-me que havia lido uns poemas meus que foram publicados em jornal e que ele tinha o desejo de escrever um livro. Tinha sua opinião sobre as coisas, bastante sensibilidade. Era avesso às badalações. Incentivei-o a que escrevesse seu livro.

          No segundo semestre do ano que findou começaram os rumores de que o estado  de saúde dele era muito grave, fora tratar-se em Florianópolis. Os irmãos o estavam monitorando. Falei com um deles aqui em Joaçaba, ele disse que estavam bastante otimistas com as possibilidades de ele se recuperar. Neste início de ano amigos me disseram que a situação estava crítica. Agora, a notícia de sua partida...

          A partida de pessoas como ele, prematuramente para os tempos atuais, é sempre muito sentida. Mas, para os que ficam, ele deixa lembranças muito singelas. Foi correto em seu trabalho, para com as amizades, para com sua cidade. Era muito querido pelos seus familiares e pelas pessoas de suas relações. Capinzal e Ouro estão de luto. É mais um amigo que se vai...

Euclides Riquetti
05-01-2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Açúcar mascavo - uma história de paixão...

          Por ter nascido e  morado na colônia tive estreita ligação com a roça  desde meus tenros anos. Dos meus 4 aos 8, já ajudava a cuidar dos animais na propriedade de meu padrinho, João Frank , no Leãozinho.  Bem cedinho, 5 horas, já estávamos de pé, nas frias madrugadas de julho. Café com leite e pão com mel era comida de crianças. Os adultos tomavam café preto com grappa (graspa, como dizem aqui), para esquentar. Antes de o dia clarear,  estávamos com os bois atrelados à canga e andando em círculo ao redor do "torcho", o Engenho com três cilindros e engrenagens de madeira, para moer a cana. E, minha função, era a de puxar os bois. Ia à frente deles, com uma corda, a ligeira, madrinhando-os. Depois que eles se adaptavam à rotina,  a corda era jogada para trás e era só ficar segurando-a que eles iam à frente, fazendo seu trabalho. Quando clareava, a cana já se transformara em caldo, a guarapa.

         Uma parte da guarapa ia para o tacho retangular, colocado sobre umas pedras, para se fazer o açúcar amarelo. Só na idade adulta vim a saber que o tal de açúcar mascavo era o açúcar amarelo. Eu imaginava que o mascavo, pelo nome, devia ser fabricado somente em Portugal. Era assim meu desconhecimento e minha ingenuidade... Sob o tacho, fogo lento, brando, e as moças mais jovens, Catarina e Delcia,  cada uma com uma pá de madeira, tipo espátula, para vir mexendo o líquido, evitando que a fervura o fizesse transbordar. Era uma tarefa que levava umas duas horas. Ao final, se o açúcar saía "quase branco", era a glória. Porém, se a cana tivesse tomado muita geada, sairia mais escuro.

          O padrinho orientando tudo, dando as ordens. E levando guarapa para o alambique para fazer cachaça. O Estefano,  que já buscara os bois, ia colocando a cana para moer. O Aristides ajudava.  A madrinha  Raquel e a filha mais velha, Alaídes, tiravam o leite das vacas e punham coalhar para fazer o queijo que iriam vender na cidade, para o comércio do  Adelino Casara, do Alcides Zuanazzi,  do Jacob Maestri ou do Severino Baretta. O Estefnito cuidava de apetrechar os bois e eu, faceiro, ia tocando-os. Todos trabalhávamos. Eram assim as famílias de origem italiana. Trabalhavam, rezavam antes das refeições. Na quaresma havia terço todas as noites, as famílias iam em rodízio, de casa em casa. Depois, um mate doce e pipocas "melecadas". Melecadas eram aquelas que até hoje fazem aqui em casa, e que a turma adora, com o "açúcar amarelo" quente, deretido, dando-lhes inigualável sabor.

          Depois de tudo encaminhado, o Estefenito pegava a carroça e me punha em cima. Os bois iam sob o seu comando de voz e da corda. Subíamos o morro para buscar o milho, em final de colheita, onde ainda havia umas cargas já quebradas e cobertas com uma lona velha. Ele ia cantando: "O Sílvio Biarzi tem três filhas pra casar/Uma delas é a Irlandina/Aquela mesma eu vou buscar"!. E eu ia cantando junto. Ele era apaixonado pela moça que morava em Linha Vitória, do outro lado do morro das terras deles...

          Hoje, 55 anos depois, está lá ele, casado com a sua musa inspiradora, a Irlandina, e com os filhos e netos, morando na Linha Sete, grisalho e participando de todas as festas e bailes da Terceira Idade do Baixo Vale do Rio do Peixe. Brinco muito sobre isso com eles quando os encontro! E, encontrá-los, me remete à infância, a muitas e agradáveis lembranças. E, como diz o amigo Adelto Miquelotto, Agrônomo da Cidasc: "Como o amor é lindo"!!!

Euclides Riquetti
03-01-2013

         

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Meu lado light e meu lado robô

          Penso que as pessoas, a maioria delas, têm comportamentos distintos em si mesmas. Sermos diferentes dos outros já é da conta, mas sermos diferentes em nós mesmos é algo para uma autoanálise. De repente que as pessoas não param para ver como é isso, mas neste início de ano percebo  que desenvolvi alguns costumes habituais que se tornaram de meu efetivo comportamento. Tenho um lado "A" e um lado "B". E isso me assusta, pois, para minha paz, eu deveria ter somente o primeiro, o que me soa como algo tenro, suave. Porém uma parte de mim está robotizada e eu preciso superar isso. Por mim mesmo, sem ajuda profissional.

          Segundo meus próprios entendimentos, advindos dos conceitos e opiniões da galera do ramo, para a cura dos males, o primeiro passo é reconhecer que se tem um  mal. E o meu, pela minha avaliação, é esse algo que me impele a fazer alguma coisa, em todos os momentos.Não consigo ficar parado. Agora, por exemplo, enquanto escrevo ouço o noticiário no rádio e oriento  minha netinha a colocar seus livrinhos numa caixinha.

           Há algumas coisas  que faço enquanto durmo: roncar, revirar-me e, sobretudo,  sonhar, e esta  é um grande ganho de tempo, pois quando se sonha dormindo podemos ter satisfações que a vida diária não nos oferece. Por exemplo, quando tinha uns 17 anos e lavava carros no Posto Dambrós, em Ouro, sonhei que meu pai tinha comprado o Aero Willys do Oscar Goulart, genro do amigo dele, o Luiz Gonzaga Bonissoni. Fiquei muito feliz, vivi meus quinze minutos de felicidade.

        Quando acordei, fiquei decepcionado, ( a realidade é mais dura e só seis  anos depois  a família comprou seu primeiro carro), mas compensei isso colocando carros na rampa para lavar. Colocava a Kombi do Chascove, a Veraneio do Dr. Vicente e a do Apolônio Spadini, os fuscas do Breno Toaldo, da Celita Colombo, do Aílton Viel e do Meneghotto. (Acho que lembro bem destes porque eram os que me davam gorjetas). Tinha a F-100 do Doin, mas tinha também o Galaxie do Dr. Celso, o DKW do Olávio Dambrós,  o caminhão do José Andrade, a pick up do Antônio Biarzi,  a do Silvestre Godoy, e o caminhão do Zitro Brum, também alguns jipes, muitos jipes.

           O mais enjoado era o Laurindo  Biarzi, com seu jipe "54". Mas era a forma que eu tinha de materializar meus sonhos. Trabalhosa, é claro, que me resultou  uma pneumonia, um ano depois, curada pelo mesmo Dr. Vicente da Veraneio, lá no Hospital Nossa Senhora das Dores, quando já havia passado no vestibular. Fiquei uma semana internado...sonhando!

          E tem o "sonhar acordado", que também pratico muito. Quando meus filhos eram pequenos e percebiam que eu estava sonhando acordado, pediam-me algo e eu respondia "sim". Depois, vendo o que faziam, eu reclamava e eles diziam que eu tinha autorizado fazer aquilo. Eu não lembrava, mas certamente havia permitido. Fiz isso enquanto sonhava acordado.

          Também tenho minha conduta  romântica, as minhas inspirações, meu afeto, minha grande capacidade de sentir, amar, querer, querer proteger. Tudo no lado "light", o A.

          Mas, o que me intriga, é esse meu lado "B". Acordo pensando no que vou fazer. Sinto culpa se não tiver algo de concreto para produzir. Quando em feriados, tenho que fazer algum reparo na casa (nova), cortar grama, ajeitar a rua, lavar um carro, lavar calçadas, a louça... Parece-me, sempre, que tenho que fazer algo material, braçal.

          E, hoje, depois de 48 anos "batendo ponto" em alguma empresa, escola ou repartição, é o primeiro dia em  que estou livre de vínculos profissionais. Sou apenas um professor aposentado. E isso me intriga. Vou ver quanto tempo levarei para migrar minha cabeça para uma nova situação. De repente que me livro desse lado "B". Escrever crônicas e poemas está no meu "A". Posso começar lavando um carro, organizando  um monte de papéis, fazendo caminhadas, correndo... E ajeitar as malas para uma bela viagem. E avolumar muito  o lado "A" para que ele ocupe todo o espaço que eu usava para praticar o meu lado robotizado. É, acho que é por aí: começar um novo ano com uma nova postura, um novo e mais agradável modo de viver. Não à autorrobotização!!!

E continuar escrevendo para que você  leia!

Euclides Riquetti
02-01-2013

         

         


    

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Eu e meus pecados - o último poema

Aqui estou, meu Senhor
Eu e meus pecados
Não queremos muito, não
Apenas sermos perdoados.

Eu, por havê-los cometido
Por ter perdido,  às vezes,  a razão
Por não ter escutado meu coração.
Eles, por me terem seduzido.

Somos,  ambos,  duas almas descuidadas
Merecemos, assim, o incondicional  o perdão
Não somos da história o vilão
Queremos nossas culpas deletadas!

Preciso em minh' alma toda a alvura
Inicar 2013 novinho em folha
Então, peço perdão, não tenho escolha
Perdoa-me, Bom Senhor lá das Alturas!

Falo por mim e por meus pecados
E por isso mesmo já vou escrevendo
Não podemos terminar dezembro
Sem que sejamos perdoados
Eu... e meus pecados...

Perdão, Senhor, perdão!!!
Euclides Riquetti
31-12/2012



Parabéns, Aline! Paraatleta Medalha de Ouro na São Silvestre

          Uma das melhores notícias que eu poderia ter neste final de ano é,  sem dúvida nenhuma,  a da vitória de Aline dos Santos Rocha na prova para cadeirantes na Corrida de São Silvestre, neste 31 de dezembro de 2012, em São Paulo.

          Há dois  anos vejo a Aline treinando na pista do Clube Comercial, aqui em Joaçaba, junto com os seus colegas paraatletas. Seu treinador/namorado, Professor Fernando Orso, muito dedicado, cobra dela rendimento e ela busca, incansavelmente, a sua superação. A bela Aline, 21 anos, sofreu um acidente e tornou-se cadeirante aos 15 anos.Há dois, começou a treinar, incentivada pelo namorado.  Disse-me, dia desses, que seu sonho é participar, em condições de competir por medalhas, nas Paraolimpíadas de 2016. Humildade, dedicação,  determinação e simpatia são características sempre presentes em nossa atleta. Seu empenho nos treinos a  a leva ao sucesso. Seu companheirismo, estimulando ao Daluan e aos outros atletas, mostra que é uma grande pessoa.

          Em 22 de novembro postei no meu blog: "Parabéns, Aline!. Foi quando ela ganhou duas medalhas de ouro pela cidade de São Caetano-SP. Depois ela foi para os Parajasc, em Brusque, e repetiu o feito. Agora, nos enche de orgulho e emoção, conquistando sua medalha de ouro na São Silvestre.

          Tenho certeza de que os fogos saudando a chegada do Ano Novo aqui em Joaçaba estarão misturando-se ao dos amigos que comemorarão o grande feito da Aline.

Parabéns ao casal de namorados, Aline e Fernando, certamente os que mais têm a comemorar.  E, muitas outras vitórias estão por vir!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Objetos em desuso - reflexão para final de ano

          Quando criança ainda, numa de minhas férias escolares, fui passar um mês com meus avôs em Linha Bonita. Os Baretta  eram comerciantes, tinham um casarão que mais atrás servira também de pousada. E, naqueles idos de 1961, eu era bastante observador, cuidava dos movimentos das pessoas e daquilo que faziam. Lembro que,  nos domingos à tardinha, após os jogos de futebol, vinham os jovens de toda a redondeza para jogar baralho. E tomar umas "birotas". Naquele tempo não tinham geladeira, pois não tinham energia elétrica suficiente, embora a maioria das casas tivessem  um rodão d´água, que acionava um dínamo, que permitia clarear os ambientes apenas para umas duas, no máximo três lâmpadas. Então, a cerveja era resfriada num tanque de alvenaria, construído sob o assoalho de madeira, com água do poço, retirada com baldes de madeira também. E pediam para minha nona, Severina, cozinhar ovos na água, em dúzias, para matarem a fome no final de tarde.

          Lembro que um dos jovens senhores que vinham até lá era o Vitalino Bazzo, com chapéu de feltro cinza, terno da mesma cor, de um xadrez discreto. (Foi na década de 1970 que os paletós "xadrezão" entraram na moda. Combinavam com aquelas calças boca-de-sino e os cabelos longos das pessoas).  baldes do poço. E havia o Américo Módena, o Fernande Maziero, o Dirceu Viganó, o Nézio e o Vilson Rech, o Alcides Antonietto, o Nelson Falk, o Itacir Dambrós, o Valdir Baretta, que se misturavam com outros mais jovens e com meus tios. Tinham chapéu de feltro, que eram os chiques. Alguns, de palha. Comprei um aos 9 anos, quando já estava moranda na cidade e trabalhava. Lavava louça e lustrava a casa para uma prima. Com meu primeiro salário, comprei um belo chapéu.... Ah, e trabalhar não tirou nenhum pedaço de mim, não me queixo disso, mas me orgulho, pois aprendi a valorizar todas as minhas coisas.

          Na época, havia um cidadão que vinha da Estação Avaí, que ficava do outro lado do Rio do Peixe, e ia ver a namorada, filha de um dos muitos Barettas que ali moravam, do Serafim. E tinha algo que dava inveja a todos os outros: um par de galochas de borracha, pretas. Era um material bem elástico e flexível, um "sapato maior que envolvia um sapato menor", que não deixava que o de couro embarrasse, nem que nele entrasse umidade. E ainda tinha um guarda-chuva com as varetas de madeira, bem grande. Vinha a pé, passava pela balsa ou bote, vinha de uma distância de dois quilômetros e meio para ver a namorada. Quando passava defronte à bodega, todos o invejavam. Naquele tempo não conhecíamos ainda as capas  chuva, de nylon, que apareceram por lá apenas uns cinco anos depois. Imagine o sucesso dele se tivesse também uma capa de chuva. Ter uma, foi um de meus sonhos de adolescência, que não pude realizar, pois só "quem podia" conseguia ter uma. (Só consegui comprar um chapéu...)

          Era o tempo em que não havia tratores para trabalhar. Colhíamos trigo com foicinhas, usávamos as enxadas para carpir, as máquinas pica-paus para plantar milho. E trilhadeira alugada para colher o trigo. Havia máquinas acionadas a mão para debulhar ou moer milho. Depois vieram equipamentos a gasolina e os elétricos. Foi uma "reevolução na roça".

          E, relembrando dessas coisas, das galhochas que caíram em desuso, lembrei-me do cinzeiro que meu pai ganhou de uma aluna, lá do Belisário Pena, do 4º ano, a Cássia.  Isqueiro  era um presente bonito para um aniversário, dias dos pais, formaturas. (Agora, eu não daria cinzeiros ou isqueiros para ninguém).  E davam também abotoaduras, algumas combinadas com um filete metálico que prendia a gravata, tudo ornando e combinando. E, antes ainda, as mulheres usavam luvas e  chapéus, que as tornavam mais elegantes. Bonitas não, pois bonitas elas já eram, apenas que os ornamentos as deixavam mais atraentes, chamativas, engraçadas.

         Hoje os sonhos de consumo são outros, criaram outrs necessidades para nós, encontraram outras formas de nos atrair, contagiar. As máquinas de escrever foram substituídas por computadores com impressoras. Muitos deixaram de fumar e dar um isqueiro ou um cinzeiro de presente é coisa muito brega e deselegante. Luvas, agora, para o trabalho,  para pilotar motos, ou proteger contra o frio. As máquinas fotográficas convencionais foram substituídas por digitais. Os filmes de pelícola 35 mm estão dando lugar a sistemas digitalizados. As vitrolas , os gravadores de rolo ou fita, os toca-discos, deram lugar a mídias moderníssimas, chegando-se aos bluerays.

          Muitos  acessórios clássicos, tão presentes nas novelas e filmes de época e revistas  podem voltar à nossa mente nesses dias em que paramos para refletir a chegada de mais um final de ano. Pensar nos chapéus de feltro, nas abotoaduras, nas luvas das senhoras, nos isqueiros, nos cinzeiros, nas galochas, nas agulhas dos toca-discos e nos discos de vinil. Quanta coisa mudou e quanto ainda tudo vai mudar. Até as bodegas das colônias dapareceram, junto com a energia da juventude de muitos amigos que se foram ou que estão aí, resistindo ao tempo. Olhamos para trás e vemos um filme que nos traz simples, mas saudosas lembranças.  E nos resta pedir saúde a Deus, e que nossas ideias não caiam de uso, não se tornem obsoletas também!

Euclides Riquetti