sábado, 14 de setembro de 2013

Sobre um Pioneiro do Oeste Catarinense


          Já me referi ao cidadão José Waldomiro Silva, que nasceu no interior de Campos Novos, em 21 de junho de 1902, na fazenda do avô paterno, Jordão Francisco da Silva. Silva é um exemplo de pessoa simples, que deu a volta por cima, que podemos considerar um vencedor, com méritos. Um menino de fibra, que tornou-se um homem de fibra, um líder incontestável. Exerceu, em sua vida,  mais de uma dezena de ocupações. O menino que, aos 12 anos,  ajudava a defender o povoado de Rio Capinzal empunhando uma Winchester 44, mesmo pobre, conseguiu, pela sua maneira simples a carismática de ser, eleger-se duas vezes prefeito de Joaçaba e duas vezes Deputado Estadual. Mas sua biografia vale mais pela maneira como conduziu sua vida simples mas de sucesso do que pela carreira política.

          Aos sete anos mudou-se para as proximidades do Rio Pelotas, poróximo da hoje Zortea e em 1910 a família foi para Rio Uruguai, ali próximo de Marcelino Ramos. Acompanhou a chegada da linha férrea, sendo que seu pai vendia carne para os trabalhadores da mesma. Ficaram pobres depois que revolucionários que vinham do Rio Grande do Sul passaram pela propriedade da família e saquearam seus bens.  Viu a construção da ponte sobre o Rio Uruguai, ligando Santa catarina ao Rio Grande, em Marcelino Ramos.

          Em seu livro, "O Oeste Catyarinense - Memórias de um Pioneiro", ele conta toda a história de sua vida, com riqueza de detalhes sobre a construção da estrada-de-ferro, a enchente de 1911, o assalto ao trem pagador pelo grupo liderado por Zeca Vacariano e Manoel Francisco Vieira. Em 1912 foi  morar em São João do Triunfo (Paraná), voltando, em 1914, aos 12 anos, para Rio Capinzal.

          Sobre essa época,  faz uma minunciosa descrição do centro de Capinzal e dos acontecimentos de então,  sobre os conflitos entre os revoltosos do Contestado e os homens da madeireira Lumber. Conta sobre o acampamento de 500 soldados de uma Força Federal que ficaram acampados nas proximidades da estação Férrea de Rio Capinzal, para guarnecê-la,  na época. Interessante é saber que, naquele tempo,  a área situada à  margem esquerda do Rio do Peixe, chamada Rio Capinzal era ligada por uma balsa de Afonsinho da Silva à do lado direito, o então Distrito de Abelardo Luz, onde havia somente a rua central povoada, e hoje se localiza a cidade de Ouro, que pertencia ao Paraná, enquanto que a outra, Rio Capinzal,  pertencia a Santa Catarina.

           Vale muito a pena conhecer as descrições e narrações de José Waldomiro Silva, pois foi uma testemunha presencial dos conflitos em nossa região contestada.

          Das descrições em seu livro, citarei uma que julgo importante para todo o capinzalense conhecer, às páginas 21 e 22:   "O nome de Rio Capinzal se originou do seguinte fato: Segundo voz corrente na época, o fazendeiro-proprietário das terras de Capinzalo, de nome Antônio Lopes, cuja fazenda de campos e matos fazia fundos com o Rio do peixe na barra do rio que levou o nome de Capinzal. Para fazer pastagens e invernar suas criações, fez grande desmatação à  margem do Rio do peixe, da barra do lajeado ali existente, acima e, depois da queima, semeou capim melado ou capim gordura, cuja semente trouxe de São Paulo, para onde viajava seguidamente com tropas de muares que vendia em Itapetininga, tendo assim formado uma grande pastagem (capinzal)"

          Em 1917, quando da criação e instalação de Cruzeiro, no povoado de Limeira (hoje Joaçaba), eles foram morar ali, onde exerceu diversos ofícios, inclusive o de balseiro. Em 1921, morou em Rio do Peixe (Piratuba), depois em Irani, e voltando para Limeira 9Joaçaba), ao final de 1924 para exercer a função de Escrivão de Paz. No ano seguinte, foi para Itá como cartorário, voltando a Limeira em 1927.

         Em suas memórias, José Waldomiro Silva fala da Revolução de 1930, da Construção da Ponte Emílio Baungharten, entre Joaçaba e Herval, sobre a passagens dos comboios de trem, sobre a fundação do Clube 10 de maio, de Joaçaba, sobre a morte do pioneiro de Treze Tílias Andreas Thaler, sobre a fundação do Município de Concórdia, o Tiro de Guerra, a enchente de 1951, e outros fatos marcantes.

          Em 1947, já aposentado, foi morar em Ponta Grossa, mas foi convidado a voltar a Joaçaba para concorrer a Prefeito, tendo sido derrotado por oscar Rodrigues da Nova. Fez sua campanha montado em lombo de cavas emprestados pelos seus correligionários, visitando as fazendas de Herciliópolis e Irani.

            Novamente candidato, foi eleito Prefeito de Joaçaba, assumindo em 31 de janeiro de 1951, ficando até 1954, ano em que se elegeu Deputado estadual, sendo o mais votado do Estado, reelegendo-se em 1958. E, em 1960, elegeu-se novamente Prefeito de Joaçaba, vencendo ao jovem Paulo Stuart Wright por uma diferença de apenas 9 votos. Ao final da década de 1960 foi morar em Florianópolis e em 1987 lançou o seu livro de memórias.

           José Waldomiro Silva foi propriamente um cigano. Nas cidades onde morou frequentou escolas do antigo primário, mas sua evolução na escrita veio em razão de tê-la praticado muito na atividades cartoriais. Seu livro de memórias nos traz muitas informações valiosas, incluisive citando os nomes dos primeiros moradores dos povoados onde residiu. Vale a pena ler!

Euclides Riquetti
14-09-2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Palavras certas

Palavras certas podem ser apenas palavras
Se estaticamente colocadas, linearmente dispostas
Mas, quando escritas ou faladas
Na conformidade em que são pronunciadas
Ferem, matam, pelo peito, pelas costas...

Palavras podem ser amargas como o fel
Por-nos em caminhos tortos, sem dar-nos um norte
Mas também doces, assim como o mel
Ter tons de azul, de rosa ou pastel
Ou terem a cor negra da temível morte.

Palavras jogadas ao vento
Perdem-se no firmamento
E não voltam mais.
Mas palavras certas, com destino certo
Não importa onde, não importa quais
Se o teu coração estiver por perto
Tu não as esquecerás jamais!

Euclides Riquetti
13-09-2013

Abre a janela (Eu te amo!)

Abre a janela e olha pro céu
(Eu te amo)
Abre a janela e vê o sol
(Sim, eu te amo)
Fecha os olhos e vê as estrelas
(Ah, sim, como eu te amo)
Fecha os olhos e vê as  rosas amarelas
(Sinta que, realmente, eu te amo).

Abre o teu coração e sente que o amor existe
(Percebe que eu te amo)
Abre teus braços e me abraça com toda a paixão
(Claro que eu te amo!)
Traze  teus lábios para perto dos meus
(E veja que muito eu te amo)
Quero sentir o calor dos beijos teus
(Eu te amo, eu te amo, eu te amo!)

Euclides Riquetti
12-09-2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ler com o coração

Ver com os olhos, mas ler com o coração
Saber entender, compreender
Mais do que simplesmente ler
Mergulhar na leitura com paixão!

Sentir as frases inteiras, as palavras isoladas
E achegar-se, sutilmente, nos significados
Mergulhar em todos os monossílabos articulados
Perceber todas as sílabas pronunciadas!

Ler, sim, com a leitura da paixão ardente
Navegar os pensamentos nas ondas do ar
No mundo dos encantos, dos poemas, mergulhar
Lavar com a chuva fria a alma da gente!

Ler com o coração o que está no âmago do outro ser
Tentar sentir do sangue das veias a  quentura
Banir a presença de qualquer amargura
E contemplar com os olhos a beleza que se pode ver.

Ler com emoção
Ler com paixão
Ler com o coração!

Euclides Riquetti
11-09-2013

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A perda do Vitor Savaris

          O primeiro dia da semana veio com o sol emanando energias altamente positivas em seus raios dourados. A temperatura estava agradável e as pessoas se animavam na ida à escola, ao trabalho, ou simplesmente na prazenteira caminhada pelas ruas do Parque e Jardim Ouro. Mas a harmonia da tarde foi quebrada por uma notícia indesejável, mas real... e era alterada toda a rotina tão costumeira ali em Ouro.

           Pela meia tarde ligaram-me vários amigos, em sequência, para informar-me que o nosso amigo Vítor  Savaris tinha falecido. Lamentei muito, pois convivi com ele os últimos 16 anos, tendo-o como colega na atividade pública. Adversários que fomos, tornamo-nos companheiros de jornadas desde 1996. E fomos criando laços de amizade muito fortes. Entendíamo-nos muito bem, nutríamos um forte respeito mútuo.

          Conheci o Savaris nos tempos em que lecionei e trabalhei em Zortea, a partir de 1977,  quando este era ainda um Distrito de Campos Novos. A família dos Savaris (o Nono Selvino e a Nona Amélia), pais do Vítor, moravam ali perto, no Pouso Alto, nas margens do Rio Pelotas. Tinham atividades agropecuárias e um areial. Exerciam forte liderança na comunidade, gostavam de política e de futebol. Eram gremistas fanáticos, todos eles. Até tinham um  time de futebol, o Grêmio de Pouso Alto. E ele, magro e muito alto, era atacante pelo lado esquerdo, corria muito. Marquei-o em alguns jogos nos tempos de aspirante do Grêmio Esportivo Lírio. Na verdade, éramos dois magricelos e ambos muito corredores. Na época já dava para perceber que ele era gente muito boa.
        
          Em março de  1980 voltei a morar em Ouro e, um ano depois, ele também foi lá residir, no Bairro Parque e Jardim Ouro. Não havia sequer 50 famílias ainda por lá. Hojé é o mais populoso daquela cidade. Com forte liderança na Capela São João Batista e no clube de futebol local, foi-se tornando muito conhecido. Lecionei para seus filhos, os quais eram muito educados e dóceis. Recebiam do Vítor e da Nilda um alto padrão de educação familiar.

          Savaris chegou a ser vereador e ocupou o cargo de Secretário Municipal de Transportes e Obras nas administrações dos prefeitos Sérgio Durigon, José Camilo Pastore e Neri Luiz Miqueloto. Conhecia todos os cantos do território do Município e era muito dado com todos os colegas de trabalho. Em 2012 concorreu a Vice-prefeito mas não obteve o resultado que esperava. Pouco tempo depois, foi acometido por doença muito grave, que ceifou sua vida nesta segunda-feira.

          Menos de 60 anos, aposentado há um ano, jovem para os tempos atuais, uma pessoa de grande vitalidade, mas que teve muitos abalos em sua vida.  E acabou não resistindo à doença, infelizmente.

          Na última vez que conversei com ele, estava muito animado, disse-me que tinha ido com os irmãos ver um jogo do seu Grêmio em Porto Alegre, na nova Arena do Clube. Acreditava que iria melhorar, poder curtir a família, ter muitos netos... Mas isso não foi possível!

          Resta-nos guardar dele as boas lembranças do futebol, dos churrascos, da amizade e lealdade no trabalho. Posso asseverar, em qualquer situação, que ele foi um grande amigo... Resta-me rezar a Deus para que lhe dê a Felicidade Eterna, no Reino de Sua Glória! Fique bem, amigo Savaris!

Euclides Riquetti
10-09-2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Vai, leva contigo

Vai, leva contigo o perfume que me contagiou
Vai andar pelos caminhos que escolheste e que traçaste.
Vai, leva contigo as lembranças do que se passou
Vai, relembrar, sozinha, o que em ti guardaste.

Vai, vai-te econder nos vales ou montanhas
Ou  refugiar-te  em ti, só tu e teus pensamentos
E,  mesmo que tuas atitudes me pareçam estranhas
Compreenderei que te movem os sentimentos...

Vai, mas por mais distante que te possas esconder
Não deixarás de lembrar de meus saudosos versos
De todos aqueles que eu pude  te escrever.

Vai, mas onde estiveres, lembra-te de de mim
Pois guardo para ti todos todos os meus afetos
Tudo o que eu sinto em mim, eu guardo para ti!

Euclides Riquetti
09-09-2013

domingo, 8 de setembro de 2013

Enquanto trotam, silentes, os cavalos da noite...

Enquanto os cavalos da noite trotam silentes
As estrelas se espaçam no céu para o seu cintilar
Os ventos frescos  lufam nas árvores contentes
Energizadas pela dócil  fluidez do ar!

Sob os telhados e  os brancos lençóis de algodão
As almas se encostam dentro dos corpos aquecidos
(O tímido luar dissipa a forte escuridão)
E os amantes se escondem com seus instintos adormecidos.

As vozes e as melodias que nos são trazidas nos ruídos do vento
Nos dão recados que brotam  dos corações desalentados
Nos trazem as dores, as angústias e o lamento
Dos seres deprimidos, tristes e  abandonados.

E enquanto trotam, silentes,  os cavalos da noite
Que vagam libertos do malvado açoite
Para onde vão as almas, elas e seus pecados?
Ah! As almas se acomodam em seus corpos pecadores
E esperam os raios do sol, do dia os salvadores
Aop encontro do destino que lhes foi traçado!

Euclides Riquetti
08-09-2013