sábado, 3 de outubro de 2015

Inspiração foi embora...

Inspiração foi embora...
Deu lugar à desolação
Ao vazio toda a hora
Nem sequer uma ilusão...

Inspiração tomou voo
Fugiu, foi ao mar
Eu não a perdoo
Não devia me deixar...

Inspiração me deixou
Eu, sem caneta e papel
Solidão me pegou
Fiquei pintor sem pincel...

Mas quem sabe desperte
Em mim algo diferente
Algo que me liberte
Da angústia frequente...

Quem sabe você possa
Consertar os estragos
Pois a vida que é nossa
Só quer carinhos e afagos...

Quem sabe meu lamento
Tenha logo resultado
E que me volte com o vento
O seu corpo perfumado...

E que seus olhos brilhantes
Me devolvam a inspiração
Pra que eu possa, como antes
Escrever-lhe uma canção!

Euclides Riquetti
03-10-2015








Mais do que uma simples primeira-dama

         Segundo a Wikipédia, Michelle La Vaughn Robinson nasceu em Chicago EUA, em 17 de janeiro de 1964 e graduou-se pelas universidades de Princeton e pela Harward Law School. É advogada e escritora norte-americana.  Pessoalmente, eu a considero  uma mulher muito inteligente, bem articulada e trabalhadora.  Não é um penduricalho a tiracolo do marido, como muitas outras. Tem duas filhas, Malia e Sasha, com 17 e 14 anos, respectivamente. Michelle La Vaughn Robinson Obama é conhecida no mundo político como Michelle Obama, esposa do presidente dos estados Unidos da América, Barak Obama.

          Conheceu o marido no escritório de advogados associados Sidley Austin, em Chicago, onde trabalhavam. Trabalhou como assessora de um prefeito e para o Centro Médico da Universidade de Chicago. Esposa do então Senador, foi fundamental para sua eleição a Presidente por duas vezes.

         Admiro mulheres inteligentes, habilidosas, maduras e destrinchadas e bonitas, como é o caso dela. Acompanho, razoavelmente, os seus movimentos e atitudes. Sabe portar-se discretamente, acredito que seja a grande conselheira do marido, não se descuida da educação das filhas, defende causas nobres sem chamar a atenção para si,  respeita e defende as minorias. 

          As principais figuras da mídia mundial costumam destacar Michele Obama pela elegância com que se veste e pela maneira como se posta em público, movimentando-se com  elegância e desenvoltura. Também vejo isso como atributos dela, mas, muito mais, procuro ver e analisar suas posições sobre os temas em evidência e sobra a educação.

Tem divulgado que, para daqui a pouco mais de um ano quando seu marido deixar a Casa Branca, pretende continuar os projetos solidários que iniciou nos últimos anos, como campanhas de combate à obesidade infantil e a promoção do  direito  das mulheres à educação.  Hoje, por razões de segurança, deixou de fazer algumas coisas simples de que gosta, mas que pretende voltar a fazê-las tão logo terminem os compromissos de Obama. Declarou, recentemente, numa entrevista:  “Também tenho saudades de abrir uma janela, por exemplo, ou conduzir o meu próprio carro”.

       Sobre a educação das filhas, disse nesta semana: "Nenhum garoto é bonito ou interessante o bastante para impedi-las de estudar".

Michele Obama é minha personagem feminina nesta semana!

Euclides Riquetti
03-10-2015



         

Açúcar mascavo - uma história de paixão!


          Por ter nascido e  morado na colônia tive estreita ligação com a roça  desde meus tenros anos. Dos meus 4 aos 8, já ajudava a cuidar dos animais na propriedade de meu padrinho, João Frank , no Leãozinho.  Bem cedinho, 5 horas, já estávamos de pé, nas frias madrugadas de julho. Café com leite e pão com mel era comida de crianças. Os adultos tomavam café preto com grappa (graspa, como dizem aqui), para esquentar. Antes de o dia clarear,  estávamos com os bois atrelados à canga e andando em círculo ao redor do "torcho", o Engenho com três cilindros e engrenagens de madeira, para moer a cana. E, minha função, era a de puxar os bois. Ia à frente deles, com uma corda, a ligeira, madrinhando-os. Depois que eles se adaptavam à rotina,  a corda era jogada para trás e era só ficar segurando-a que eles iam à frente, fazendo seu trabalho. Quando clareava, a cana já se transformara em caldo, a guarapa.

         Uma parte da guarapa ia para o tacho retangular, colocado sobre umas pedras, para se fazer o açúcar amarelo. Só na idade adulta vim a saber que o tal de açúcar mascavo era o açúcar amarelo. Eu imaginava que o mascavo, pelo nome, devia ser fabricado somente em Portugal. Era assim meu desconhecimento e minha ingenuidade... Sob o tacho, fogo lento, brando, e as moças mais jovens, Catarina e Delcia,  cada uma com uma pá de madeira, tipo espátula, para vir mexendo o líquido, evitando que a fervura o fizesse transbordar. Era uma tarefa que levava umas duas horas. Ao final, se o açúcar saía "quase branco", era a glória. Porém, se a cana tivesse tomado muita geada, sairia mais escuro.

          O padrinho orientando tudo, dando as ordens. E levando guarapa para o alambique para fazer cachaça. O Estefano,  que já buscara os bois, ia colocando a cana para moer. O Aristides ajudava.  A madrinha  Raquel e a filha mais velha, Alaídes, tiravam o leite das vacas e punham coalhar para fazer o queijo que iriam vender na cidade, para o comércio do  Adelino Casara, do Alcides Zuanazzi,  do Jacob Maestri ou do Severino Baretta. O Estefnito cuidava de apetrechar os bois e eu, faceiro, ia tocando-os. Todos trabalhávamos. Eram assim as famílias de origem italiana. Trabalhavam, rezavam antes das refeições. Na quaresma havia terço todas as noites, as famílias iam em rodízio, de casa em casa. Depois, um mate doce e pipocas "melecadas". Melecadas eram aquelas que até hoje fazem aqui em casa, e que a turma adora, com o "açúcar amarelo" quente, deretido, dando-lhes inigualável sabor.

          Depois de tudo encaminhado, o Estefenito pegava a carroça e me punha em cima. Os bois iam sob o seu comando de voz e da corda. Subíamos o morro para buscar o milho, em final de colheita, onde ainda havia umas cargas já quebradas e cobertas com uma lona velha. Ele ia cantando: "O Sílvio Biarzi tem três filhas pra casar/Uma delas é a Irlandina/Aquela mesma eu vou buscar"!. E eu ia cantando junto. Ele era apaixonado pela moça que morava em Linha Vitória, do outro lado do morro das terras deles...

          Hoje, 55 anos depois, está lá ele, casado com a sua musa inspiradora, a Irlandina, e com os filhos e netos, morando na Linha Sete, grisalho e participando de todas as festas e bailes da Terceira Idade do Baixo Vale do Rio do Peixe. Brinco muito sobre isso com eles quando os encontro! E, encontrá-los, me remete à infância, a muitas e agradáveis lembranças. E, como diz o amigo Adelto Miquelotto, Agrônomo da Cidasc: "Como o amor é lindo"!!!

Euclides Riquetti
03-01-2013

Meus Poemas Hicai


Olhar de janela
Paisagem de imensidão
Riqueza na mão.

Ponte majestosa
Liga cidades irmãs
E almas bondosas.

No vale encantado
Vai o sinuoso rio
Do peixe e do nado.

Natureza viva
Esperança renovada
Verde e colorida.

Dia ensolarado
Vem meu verão, vem meu sol
Alento esperado.

Só não vem você
Acalentar minha alma
E não vem por quê?

Acho que não vem
Porque há um pecado em querer
E culpa também.

Então pensamentos
De dúvidas povoados
Misturam-se aos ventos.

E eu aqui...

Euclides Riquetti

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Sentir o teu perfme no ar


Na manhã,  depois da tempestade
Volta o vento calmo do Sul
E lembro-me,  com muita saudade
De teu rosto de divindade
De teu  olhar verde-azul...

Na manhã, depois da tormenta
Volta-me toda a alegria
Meu coração já não  lamenta
E minha alma deseja, sedenta
Navegar nesta calmaria...

Na manhã do dia que chega
O canto dos pássaros a me alegrar
Para mandar embora a tristeza
E, no despertar da natureza
Sentir teu perfume no ar...

Euclides Riquetti

Algumas considerações sobre os idosos e seu dia.

          O Dia Internacional do Idoso foi comemorado ontem, primeiro de outubro. Foi instituído, pela ONU, em 1991.  No Brasil, temos o "dia nacional", desde 1999. O que comemorar e o que lamentar?

        Para quem já passou dos 60 anos de idade, há muito, sim, o que comemorar. Primeiro, porque se viveu por um bom tempo.  Eu quero viver muito mais e  me cuido para conseguir isso. E, ainda, com qualidade, fazendo para isso meu "dever diário", que é caminhar ou correr, fazer exercícios físicos, ter alimentação saudável, ler e escrever muito, pensar, imaginar, criar algo, resolver questões relacionadas a minha vida e ajudar a resolver as dos meus familiares. Estou aprendendo a pintar em telas, utilizando tinta acrílica. Provavelmente, chegarei aos óleos. E, penso, todos os cidadãos, homens e mulheres que tenham atingido esta idade,  e fizeram sua parte, devem comemorar, muito.

          Há, também, muitos programas oficiais de apoio a eles. Os municípios têm atividades sociais e preventivas de saúde a lhe oferecerem, com recursos próprios ou mesmo da União e dos estados. A presença das assistentes sociais nas prefeituras é uma realidade e elas conseguem dinamizar muitas ações em favor dos idosos. Alguns, de baixa renda, até conseguem viajar de ônibus sem pagar, porém nem todos, ou pagar meia entrada em eventos culturais e nos cinemas.

          Mas o "a lamentar" também precisa  ser lembrado e colocado para reflexão. Veja, leitor, leitora, a situação difícil dos aposentados do INSS. Quase que todos, não fosse o apoio dos filhos, (o que é uma obrigação Constitucional, diz respeito ao direito da família), não conseguiriam sobrevir com o que ganham, principalmente os que precisam pagar aluguel da moradia, ou condomínios, contas de luz, água, telefone, medicamentos, consultas com especialistas, etc., etc.

        E, ainda, há que se ressaltar o desrespeito que acontece em relação a eles, como por exemplo os que ocupam, indevidamente, as vagas que lhes são reservadas nos estacionamentos, tanto nas vias públicas como que em locais privados. (O mesmo fazem com relação aos deficientes físicos...).

          Há a previsão de que, em 2015, o número de idosos ultrapasse o de crianças no Brasil. E isso é natural e lógico, pois estamos vivendo mais anos e as famílias estão tendo número menor de filhos. Gosto de acompanhar estatísticas e isso é bem perceptível e real.

          E a história dessas pessoas... a experiência... tem valido alguma coisa? Estão aproveitando todo o capital  intelectual e cultural dessas pessoas para ajudar a sociedade a se tornar melhor? Muito pouco, infelizmente.

          Com poucos filhos e uma geração de idosos crescendo muito, haverá o tempo em que eles não terão mais quem os conduza para os locais de que precisam, como, por exemplo, irem ao banco receber sua aposentadoria, ao posto de saúde, ao mercado, à farmácia, e a outros lugares. Terão dificuldades em se locomover e mesmo em se movimentar. Caberá ao Poder público prover-lhes essas faltas. Imagino que, num futuro breve, venha a existir transporte público EXCLUSIVO para idosos e que, no interior dos veículos, haja monitores sociais para orientá-los. Inclusive, pontos diversos nas cidades onde possam ser deixados e outros monitores os levem para os seus locais de interesse e os levem de volta ao ponto para que possam voltar para casa com segurança.  Continuar a fazer essas atividades os tira de casa e isso os ajuda a viver.

          De qualquer forma, cada um vai levando sua vida como pode. Mas não devemos ficar esperando que tudo caia do céu. Trabalhar quando se tem ainda energia e se programar uma velhice com dignidade (e lutar por isso), é de fundamental importância. E, ainda, participar de trabalhos de voluntariado ou de ocupação e inserção social e cultural, apoiando ou frequentando entidades que têm compromisso com o ser humano. Faço parte da Família SESC aqui em Joaçaba, onde, duas vezes por semana, tenho aulas e confraternizo com os demais.  Repito: Faço minha parte.

Parabéns, cidadão, cidadã, pelo seu dia!

Euclides Riquetti
02-10-2015

Abra seus olhos e sorria

Abra seus olhos e me sorria
Como se fosse pela primeira vez
Como se não fosse apenas mais um dia
Um dia de incertezas, um dia de um talvez...

Olhe nos meus olhos e me  dê o seu sorriso
Faça como você costuma fazer
Você sabe o quanto eu preciso
Amar, amar, e sentir prazer.

Sinta o que meus olhos têm a dizer
Na manha bonita ou na tarde ensolarada
Na noite misteriosa em que não consigo ver
Quando me acordo durante a madrugada.

Dê-me apenas o brilho do seu olhar
E me faça sorrir e ficar contente
Temos um longo caminho a trilhar
Mas vivamos felizes cada minuto presente!

Euclides Riquetti
02-10-2015






quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Reencontros em União da Vitória

 Mais reprise....
          O imprevisto, justamente por ser uma fato ou uma situação de que não sabemos que vai acontecer, muda nossos rumos e planos muito rapidamente. Por isso mesmo, dizem, e eu digo também, precisamos deixar em nossa pauta diária um vazio, quem sabe de uns  de 20%, ou seja, temos um planejamento do que vamos fazer, mas durante a atividade profissional ou mesmo nas ações pessoais do dia-a-dia, novos acontecimentos podem ditar o ritmo ou a condução de nossos afazeres. Mas há aqueles que nos fazem mudar 100%.

          Há menos de um mês, num domigno, acabado o almoço, recebemos um comunicado de que um tio, João Anzolin, falecera em Erechim, e o sepultamente ocorreia três horas depois. Saímos em 15 minutos e pudemos dar nosso abraço de solidariedade  a seus familiares, nossos parentes, a maioria dos quais nem conhecíamos. Nesta sexta-feira, final de tarde, minha irmã Iradi, que mora em União da Vitória, ligava-me de Curitiba para dizer que estava lá, com sua sogra, Dona Honorina Ghidini, 90, que falecera em razão de problemas cardíacos. Saímos eu e meu irmão, Hiroito (Tio Piro), ontem, bem cedinho,  e fomos para cidades gêmeas do Iguaçu,  onde nos juntamos aos seus familiares para as últimas homenagens àquela Senhora. Ela foi a fundadora, com seus filhos, há quase 40 anos, da Lanchonete X-Burguer, hoje restaurante, pioneira no X-Salada naquela cidade.

          Quando situações assim acontecem, acabamos por reencontrar muitos conhecidos, pessoas que não vemos  há muitos anos, às vezes décadas, mas que fizeram parte de nossa história. E, ontem, não foi diferante. Depois do cumprimento aos familiares, a percepção de que todos estavam bastante tranquilos, pela consciência do dever filial cumprido, por terem cuidado bem da mãe e avó, por terem compartilhado sua vida estreitamente com ela. Isso é muito bom. Não remorsos, não há arrependimentos. A lógica é essa, os filhos cuidarem e, um dia, que nunca se quer que chegue, enterrarem os pais. Quando essa situação se inverte, revestida de tragédias, nada há que possa consolar os que ficam. Por isso mesmo, sempre que somos convidados a uma festa reunindo amigos, fazemos todo o possível para participar, para comemorar a alegria do reencontro, em momentos de muita felicidade.

         No caso de ontem, especificamente, reencontrei lá o Rubão, que me contou que o amigo Piu-piu, Milton José Branco, colega de faculdade, está por lá, aposentado, casado, fazendo parte da Igreja dos Mórmons, ali da Rua Paraná, em frente da qual passei muitas vezes quando morava ali perto, entre 1972 e 1976.  Reencontrei o Carlinhos Agostini, bitorunense, agora empresário, irmão do João Luiz "Milbe", com quem partilhamos nossa juventude no tempo de nossa  "República Esquadrão da Vida", ali da Rua Professora Amazília, no início da década de 1970. Conversamos muito, contou-me de fatos ocorridos, que entristeceram muito o Milbe e sua família, que foi a perda de um filho, jovem médico. Falamos de nossos filhos, de sua coragem "reforçada" pelos pais, que têm mais oportunidades do que no nosso tempo. É muito gratificante reencontrar pessoas como o Carlinhos...

           Ao meio-dia,  reencontrei o Seu Moacir, 74, dono da San Diego Auto Peças, cabelinho e bigode branco. Conheci-o há exatos 40 anos. Não mudou nada, está elegante como sempre, saudável, atencioso. Não me reconheceu, pois não nos víamos há 35. Estive na loja dele, conversamos, lembramos de muitos negócios que fizemos quando eu trabalhava na Mallon.

          Há meia   quadra dali,  a empresa "Quero Mais", da colega Alda Roseli Meyer, que chegamamos de Rose. Cheguei lá, encontrei o Miro, que também não me reconheceu. Ele também mudou, está grisalho, mas guarda todos os traços da juventude, quando ele vinha buscar a namorada no portão de entrada de nossa FAFI.  Mencionei sobre ele,  Amir Jacob, que chamamos de Miro. Lembramos do Munir Cador, de quem fui segundo Vice-presidente, no Diretório Acadêmico Alvir Riesemberg, com muitas saudades. Então chega a Rose, com sua caminhonetinha branca, elegante, não me reconhece. Mas, daí há pouco, já estávamos reapresentados, alegremente, como nos tempos de juventude. Mostrou-me as fotos dos filhos, todos bonitos, bem encaminhados. Lembramos de nossos colegas, da Sheila Arnt, casada com o Dr. Leo Gonçalves, que mora em Treze Tílias. Do Floriano Guérios, que está no Positivo há mais de 30, da Fátima Caus Morgan, minha comadre, e de outros mais. Foi muito bem ter encontrado o casal Miro e Rose, que casou no dia 6 de dezembro de 1975, exatamente um sábado antes do que eu. Lembramos que no dia 13, também casaram o amigo capinzalense Roque Manfredini, saudoso, com a Regina Menezes.

          Á  meia-tarde, nos despedimos de dona Honorina, deixada com o marido e o filho Sérgio, no jazigo da família. Visitamos o de Romeu da Silva, o Português, nosso paizão lá na Mercedes, que era vendedor muito competente de caminhões. E também o da família do Dr. Barbozinha, que está lá, com sua esposa e três filhos, todos bonitos nas fotos, e que perderam a vida naquela tragédia de 20 de junho de 1982...

          Então, leitor (a), veja como os imprevistos podem mudar a pauta de qualquer um, de redefinir nossas ações, rumos,  nossas condutas, até nossos comportamentos.

          Tio João e Dona Honorina estão  lá no céu. Curtam, ali, as merecidas recompensas.  E nós continuamos a registrar nossas ações e impressões  aqui na Terra. Abraços!

Euclides Riquetti
25/11/2012.

Nossas verdes folhas e nosso céu anil!


 Nosso mundo verdejante é uma dádiva de Deus
Que enfeita nossos dias ensolarados
Que anima nossos sonhos esperados
Que encanta os olhos teus e os olhos meus!

Ipês elegantes, belos,  roxos, ou amarelos
Cingem a  paisagem em meio às matas aqui do Sul
Que se estendem sob este Divino manto azul
E se banha com os raios do generoso sol  singelo.

Em nossos rios, as águas correm e pedem socorro:
"Cuidem de nós, não deixem que nos maltratem!
Não nos poluam, apenas nos bebam e nos exaltem!
Desde a foz no mar, até a nascente no morro"!

Nas nossas matas, cuidemos das rolinhas e dos sabiás
Respeitemos os canários que cantam em nossos jardins
Que vêm respirar os perfumes dos cravos e dos jasmins.
Preservem nas matas os tatus, as lebres e os preás!

Recomendemos a todos que cuidem de nossas cidades
Usem com critério os recursos naturais que temos
Que os nossos  verbos sejam "respeitemos e preservemos"
E com nossa natureza jamais façamos  maldades!

Que todos os avôs, avós, tios,  mães e também os pais
Deem bons exemplos de conduta ambiental
Ensinando a respeitar a natureza colossal
Para que não nos arrependamos jamais!

Abençoa, Senhor, nossas verdes folhas e nosso céu anil
Abençoa e guarda nossa encantadora natureza
Que Deus criou com toda a sua maestria e beleza
Verdadeiro santuário do Sul de meu Brasil!

Euclides Riquetti

Morando em República - Um bom modo de viver


Mais reprise, porque sou saudosista...

          Morar em repúblicas de estudantes, principalmente quando se tem regras de convívio bem definidas e, sobretudo, quando as pessoas se entendem, é muito auspicioso. Posso falar disso de cadeira, pois morei numa dessas em plena juventude, em União da Vitória.

          Cheguei ali no final de fevereiro de 1972 e, após ficar três dias num hotelzinho, busquei uma pensão de custos compatíveis com minhas possibilidades. Encontrei a "Pensão Nova", ao lado da Prefeitura de Porto União, que de nova só tinha o nome. A primeira providência foi comprar um daqueles espelhos de moldura de madeira cor laranja, tão tradicionais, mais para ver minha cara de tristeza do que para corte de barba. Hoje, ainda fazem daqueles espelhos, iguaizinhos, só que com "soada" de plástico em vez de madeira.

          Os primeiros dias naquela cidade foram deprimentes. Ainda bem que as aulas começaram de imediato. Ia para a Fafi, ali na Praça Coronel Amazonas e, ao passar na frente de dois sobrados idênticos, visualizava uma placa" "República Embaixada do Sossego".  No térreo, depois, implantaram a lanchonete X Burguer. Imaginava que seria um sonho poder morar numa república, ter colegas e fazer amigos para conversar, trocar conhecimentos, viver alegremente. Lembrei-me de que em Capinzal havia uma, a dos funcionários do Banco do Brasil, e nela moravam, dentre eles, dois colegas e um professor meu: Valdir Marchi, Itamar Peter e Wolfgang Behling, o Professor Wolf. Este, era muito compenetrado em nos ensinar Matemática, sendo que ás vezes, distraído, colocava o giz entre os lábios e o cigarro punha entre os dedos, para escrever no quadro-negro.

          Meu sonho de morar em República tornou-se realizado graças ao Cabo Leoclides Frarom, meu amigo capinzalense que estava servindo no 5º BE.  Eu andava na calçada, defronte à Casa do Bronze, na Rua Matos Costa, quando passou uma viatura do Éxercito e escutei aquela voz conhecida que gritou: "Rua Professora Amazília, 408 - no Paraná" Passe lá amanhã! .  Fui!!!

          Veio o convite: "Quer morar conosco?" - Convite feito, convite aceito! Fui morar na "República Esquadrão da Vida", colegas muito leais e divertidos. Uma vez mandaram cartão de Natal com a mensagem:  "Nós, da República Esquadrão da Vida, neste Natal e Ano Novo, estaremos alertas e vigilantes" Era a senha  para sua proteção e o cumprimento natalino. 

          Já nos primeiros meses mudamos para o nº 322, da mesma rua. Morar quase 4 anos com a turma foi muito bacana! Quanto aprendi, quanto socializei-me! Primeiro, fui corrigindo minhas pronúncias erradas das palavras. Depois,  alguns hábitos. Minha parte Jeca foi ficando de lado...

          Fiz lá amigos que jamais esquecerei, pois muito me ajudaram: O Cabo  Dionízio Ganzala, que me deu suas chuteiras de presente e um livro de Inglês Básico. O Osvaldo Bet, que tinha já na época poucos cabelos, era faixa laranja no judô, e lá adiante conquistou a preta. O Cabo Backes, que era nativo do Lajeado Mariano, que num final de domingo, após um jogo do Iguaçu,  matou a galinha que a Dona Lídia criava numa gaiolinha e cozinhou sem retirar todas as penas, mas que matou nossa fome. O Evaldo Braun, que estava se despedindo, indo embora para São Paulo.

          Havia o  Aderbal Tortatto, da Barra do Leão, que trabalhava no Banco do Brasil, a quem chamávamos de "Pala Dura, o Impecável", porque se arrumava muito bem para ir encontrar-se com a fotografa de "A Fotocráfica", com quem se casou. O Tortatto, quando foi Cabo do Exército, atuava com jóquéi no final de semana para melhorar a renda... O Odacir Giaretta, marceneiro, palmeirense e coxa  fanático,  que tinha um sonho: Ser contador. Virou contador e foi montar escritório próximo ao estádio do Coxa, em Curitiba. E vieram o João Luiz Agostini (Milbe), que depois trouxe o Carlinhos, seu irmão. E o Eduardo, irmão do Osvaldo, que chamávamos de Betinho. O Mineo Yokomizo, o Japa, que me deu um sapato 39 (o meu era 42, mas usei mesmo assim...), trabalhava no Banco do Brasil, era meu colega de turma.O Francisco Samonek, que o Japa chamava de "Sabonete", ex-seminarista, do BB, agora lidera ações sociais na Amazônia. O Ludus, Luoivino Pilattri, de Tangará, era eventual e tocava violão.

         Mais adiante os cabos Godoy (de Caçador, Odacir Contini (de Concórdia)  e Maciel, também de Concórdia, com quem eu praticava meu Inglês. E o Cabo Figueira, que nos dias de temperatura abaixo de zero tomava banho frio, às 5 da manhã, para ter disposição durante o dia. E o Frei Guilherme Koch, parente do tenista Thomas Koch, parceir de Edson Mandarino. O Frei era Diretor do Colégio São José. Viera aprender como  era a vida real. O "Boles", cujo nome era Boleslau, que tinha um táxi, viera de Cruz Machado.  O Celso Lazarini, o "Breca" de Lacerdópolis, que fora  goleiro do Igauçu. O Celestino Dalfovo, o Funilha, que não gostava de enxugar os pés, era da região dos arrozeiros de Rio do Sul.

          E o Frarom  era nosso "Administrador", controlava as despesas da Mercearia, o ordenado da cozinheira, o aluguel. O convite dele foi muito bom, muou minha vida.

         Lá,  no Esquadrão da Vida, tínhamos uma geladeira que não funcionava. Tomávamos café preto da garrafa térmica, amanhecido, e comíamos pães franceses com margarina (cada um comprava a sua). Todos os dias tínhamos feijão, arroz e um ovo, mas seguidamente tínhamos bifes (um para cada um). De vez em quando saía uma limonada. Ganhávamos gelo para colocar no Q Suco e no Q Refresco,  da mãe do Neomar Roman (primo do Odacir Giaretta), que hoje é médico. Assistíamos às corridas do Emeron Fittipaldi na F1 pela janela. A mesma Senhora deixava a janela da sala dela aberta para vermos TV. Nos revezávamos em nossa janela para ver os "lances" da corrida. Ah, e no domingo, além de frango, tínhamos maionese... Que delícia, que mordomia! Como valorizávamos o pouco de que dispúnhamos!

          Foram esses, sim, os melhores anos de minha juventude. Ter morado com esses e  mais alguns, foi uma grande realização pessoal. Vivi, aprendi, vivi. Um bom modo de viver.  E há, ainda, muito para contar, oportunamente.

Euclides Riquetti
27-11-2012

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sonhos são sempre sonhos

Zortéa - Tempos que não voltam mais


Vale a pena rever...

          Uma parte de minha vida, do início de 1977 ao final 1979, morei no Distrito de Zortéa, que pertencia ao município de Capos Novos. Lá eu convivia com três segmentos sociais distintos: Havia os professores e alunos da Escola Básica Major Cipriano Rodrigues Almeida; meus colegas de escritório da Zortéa Brancher S/A - Compensados e esquadrias;  e a turma do futebol, que atuava numa quadra de esportes com piso de cimento e no campo gramado do Grêmio Esportivo Lírio.

          Na condição de professor, eu atuava pela manhã e noite e, à tarde, no Departamento Financeiro da empresa, na função de controlar os débitos para com fornecedores e redigir correspondências. Traduzia as que chegavam do exterior e vertia para o Inglês  as que eram enviadas para o Reino Unido, Argentina, Haiti, Iraque, Arábia Saudita, dentre outros. E ainda emitia faturas pro-forma para a venda de compensados nas exportações. Foi uma época em que muito aprendi e muito me diverti. As pessoas, lá, eram muito felizes.

          Em 1978 a comunidade católica recebeu os Padres Missionários, com quem fizemos muita amizade. Havia o Padre Mantovani, que chamávamos de Gringo, era natural de Lacerdópolis, muito carismático, conseguiu envolver, com seus colegas, a comunidade local para a religião, para a busca do bem. E o envolvimento vinha com a escola, a família, a comunidade, e até a empresa, que realizava turnos de trabalho diferenciados de forma que os empregados pudessem participar das Missões.

          Bem, acabei envolvido de tal maneira que me tornei celebrante de cultos religiosos. Fiz isso durante dois anos. Mas, paralelamente, jogava minha bolinha, treinando nos finais de tarde e jogando aos sábados e domingos, preferencialmente futebol de campo. E, aí, me vem uma  história que me faz  rir:

         Marcamos um jogo  dos professores e maridos das professoras contra os alunos, para um domingo de manhã, às 10 horas. E, naquele domingo, era minha vez de celebrar o culto. Cheguei cedo à Capela, deixei meu fusca branco,  novinho,  estacionado "em ponto de bala" na estradinha ao lado dela, com meu kichutte na bolsa. Tão logo terminasse o culto, eu iria para o campo jogar.

          Fiz minha parte na celebração e quando eram nove e quarenta anunciei o canto final. E, enquanto cantavam, saí, liguei o fusca e desci para o campo. Jogamos alegremente, numa boa.

          Na segunda-feira, bem cedo, o amigo Darci Zílio, que era Ministro da Ecaristia, procurou-me: " O que aconteceu que você não deu a bênção final e saiu de  fuque,  sem terminar o culto?" Argumentei que eu acabara o culto, anunciara o canto e saíra para o jogo.

          O Darci me cai na gargalhada: "Seu maluco, você esqueceu de dar a bênção final!"  Todos ficaram um bom tempo esperando. Achavam que você tinha se sentido mal e saído às pressas. Como você não voltou,  eu mesmo dei a bênção!" Que vergonha!...

          Bem, há poucos instantes eu soube, pelo seu filho, Vanderley, via facebook, que o Darci já morreu há 8 anos...

          É, fiquei devendo uma pro amigo Zílio, que me ajudou naquela. Agora, é rezar um pouco pra que ele tenha a recompensa, lá em cima, por tudo o que sempre fez pelos amigos e comunidade de Zortéa.

Euclide Riquetti
20-11-2012

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Sinto, em ti, o sabor da uva madura...

Sinto, em ti, o sabor da uva madura
Há, em ti, a energia do sol dourado
A força que brota do vinho tinto
A destreza de um animal alado
Um anjo de docilidade e formosura.

Sinto, em ti, o calor das areias do deserto
A calmaria da nuvem embranquecida
O perfume do lençol bem limpo
O aroma da baunilha  amarelecida
E o frescor do intenso vento do inverno.

Vejo, em ti, a agilidade de uma andorinha
A singeleza e a esperteza de uma criança
A beleza e a realeza da princesinha.

Então...
Reúno todos os teus predicativos
Os teus sabores e a tua energia
As qualidades, todas em harmonia
Todos os melhores dos adjetivos
Para te dizer, com toda a alegria
Que me inspiras no meu dia a dia!

Euclides Riquetti
29-09-2015








Grupo Escoteiro Trem do Vale, de Capinzal, poderá ser reativado

        Fiquei sabendo que há um movimento, em Capinzal, para se reativar o Grupo Escoteiro Trem do Vale. Uma ótima iniciativa do antigo integrante do grupo, o médico veterinário  Renan Hermes e amigos. Consta que, no dia 03 de outubro, sábado, às 14 horas, reunir-se-ão nas dependências do Galpão Crioulo, do CTG de Capinzal, na área de lazer Dr. Arnaldo Favorito, onde funciona o Restaurante do Cabeção.   Na oportunidade, o Chefe Escoteiro Luiz Henrique Pocai, da cidade de Lages, estará ministrando palestra aos convidados.

          O Trem do Vale iniciou suas atividades em 1990, liderado pelo pai do Reenan, também veterinário (e professor), Atônio Maria Hermes, o Marco Hachmann, e  o saudoso  Caio Zortéa, entre outros. Funcionou durante 10 anos, sendo desativado no ano 2000.

          Minhas filhas Michele e Caroline (gêmeas), então adolescentes, integravam o grupo. Costumávamos levá-las aos acampamentos, oportunidade em que os pais dos escoteiros e lobinhos trocavam ideias. A Vera Zortéa era a chefe das escoteiras. Tinham intensa atividade, aprendiam muitas coisas boas. Posso destacar que, de uma feita, a Michele e a Caroline, com ajuda de duas colegas, tendo ocorrido um acidente com nossa vizinha, Ézide Miqueloto, que teve uma fratura óssea num membro inferior, foi socorrida pelas meninas que se valeram dos conhecimentos de escoteiras: apanharam um colchão, puseram-no ao chão, sobrepuseram-lhe a acidentada e, pegando uma em cada ponta do mesmo, levaram para dentro de casa, escada acima, com toda a calma e serenidade, inclusive a Nona.  Depois chamaram por socorro.

          No meu tempo de União de Porto União da Vitória,  eu acompanhava algumas atividades do Grupo Escoteiro Iguaçu, o mais antigo de Santa Catarina, (fundado há 82 anos), pois nosso vizinho de república, o Neomar Roman, agora médico, fazia parte do grupo, que era liderado pelo (Romano?)  Berejuk.

         Segundo a Wikipedia, o "Escotismo foi fundado por Lord Robert Stephenson Smyth Baden-Powel, em 1907, na Inglaterra,  sendo  um movimento mundial, educacional, voluntariado, apartidário, sem fins lucrativos,  A sua proposta é o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa e na Lei Escoteira, e através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que o jovem assuma seu próprio crescimento, tornar-se um exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina."

Nosso aplauso à `inciativa de reativarem nosso "Trem do Vale", uma entidade que tem, sempre, muito a oferecer aos adolescentes e jovens capinzalenses. Os que fizeram parte do mesmo, quando em atividade, sentem muitas saudades daqueles bons tempos.

Euclides Riquetti
29-09-2015

         

Vigésima Segunda Crônica do Antigamente


Mais uma para relembrar...

          Buscar conhecimentos em cidades maiores sempre foi uma aspiração das pessoas das pequenas cidades. Na década de 1960, quando passei a entender o porquê disso, já muitas pessoas de minha cidade natal, Capinzal, buscavam cursar o antigo Colegial, hoje Ensino Médio, em cidades como Porto Alegre, Passo Fundo, Curitiba, Florianópolis, Ponta Grossa e Porto União. Para esta última cidade sei que foram, bem antes ainda, por exemplo, os saudosos Irineu Maestri e Élea Panis, esposa do Valdomiro. Ali havia bons colégios, como o Santos Anjos e o São José, o primeiro administrado por freiras, o segundo por freis.

          Bem jovem, o Dr. Vítor Almeida foi para Florianópolis, os Macarini para Curitiba. Em  Curitiba, Eulésia e Euclair Brambilla, capinzalenses, davam guarida aos conterrâneos, oportunizando-lhes empregos e incentivando-os aos estudos. Já na década de 1970, anualmente, dezenas de jovens saíram para o Colégio Agrícola de Ponta Grossa, dentre eles o Alcebides Baretta, meu Primo, que lá está até hoje, sendo galgado, inclusive, à condição de Diretor.  Mas as grandes levas sucederam-se para Curitiba, primeiro, e depois Florianópolis, onde passaram a frequentar o antigo "Científico", realizaram os exames vestibulares e ingressaram nas Universidades, principalmente na Federal, por ser pública, gratuita, e com excelência nos cursos oferecidos. Engenharia Civil, Medicina e Direito eram os cursos mais procurados. No período de exceção, reduziu-se a procura pela Direito, retomada ao final da  década de 1980.

          Meu sonho de jovem também era buscar uma formação profissional em nível universitário, sonhava com duas alternativas possíveis: tendo cursado o Técnico em Contabilidade, em Capinzal, buscaria estudar Economia, possivelmentre em Lages, que era a cidade mais próxima onde esse curso era oferecido, ou iria para uma Capital estudar Inglês por 2 anos e depois iria para os Estados Unidos onde ficaria entre seis  meses e um ano, praticando a Língua Universal. E, após isso, iria trabalhar em empresas de exportação e importação, ou mesmo na área do Turismo, esta ainda incipiente no Brasil, pois vendiamos uma imagem de miséria e desolação para o exterior, mostrando nos nossos noticiários apenas cenários das favelas das grandes cidades ou os flagelos nordestinos.

          Como eu costumava dividir os sonhos com amigos e com meu pai, Guerino, este deu-me um rumo: Vá cursar uma faculdade para ser professor, que você não vai ganhar muito dinheiro com isso, mas vai ter emprego sempre. Depois, conforme tudo for acontecendo, você escolhe que caminho trilhar. Meu pai e eu éramos amigos do Teófilo Proner, um ex-seminarista, natural de Lacerdópolis, que veio lecionar em Capinzal e Ouro, no Mater Dolorum, no Nossa Senhora dos Navegantes (hoje Sílvio Santos) e no Juçá Barbosa Callado, em anexo ao Belisário Pena. O Teófilo aconselhou-me a ir para Porto União da Vitória, onde havia o curso de Letras/Inglês, e eu poderia estudar aquilo que pretendia e depois voltar para a cidade natal, ou redirigir meus rumos. Achei a ideia interessante, iria para o Porto, arranjaria alguma forma de trabalhar durante o dia e estudar à noite, faria meu curso superior.

          Dei um jeito de comprar uma calça Lee, "importada",  peça indispensável para qualquer estudante universitário naquela época. Comprar uma "Lee" custava os olhos da cara, mas eu consegui convencer um amigo, o Adelir Paulo Lucietti, a vender-me a dele. Paguei uma nota preta, soltei a barra, alarguei-a, tornando-a uma autêntica "boca-de-sino", que era a onda dos anos 70. Cabelos compridos, calça desbotada, boca de sino, camisa xadrez ou uma camiseta "University of Chicago ou University os Caliphornia". Depois, era conseguir uma jaqueta "US Army", ou "Marinner". Resolvi isso com umas jaquetas que o  cabo Leoclides Fraron conseguiu para mim no 5º BE, o Batalhão de Porto União, comandado pelo Coronel Ricardo Gianordoli, e que eram dos lotes descartáveis. As jaquetas tinham seus botões oficiais do Exército retirados e podiam ser usadas por nós. Era para tingi-las de preto, mas a onda verde-oliva era muito forte e gostávamos de usar nessa cor.  Mandei uma para meu pai, que recusou-se a tingi-la e, com orgulho, a usava para ir lecionar no Grupo Escolar Nossa Senhora dos Navegantes, onde tornou-se Diretor.

          E fui como Teófilo para Porto União, hospedei-me no Hotel Central, inscrevi-me no Vestibular, fui aprovado "na gataria", matriculei-me e transferi-me para aquela cidade, esutando na Fafi, em União da Vitória.

          Cheguei a uma cidade histórica, importante por ser um entroncamento ferroviário, um dos palcos da Guerra do Contestado. E, poucos dias antes, o Ministro dos Transportes, Mário David Andreazza havia inaugurado a Rodovia que ligava-nos a Curitiba, passando por São mateus do Sul e Lapa. Fiz grandes amizades e ali vivi por cinco anos. Brevemente, vou referir-me a minha "República Esquadrão da Vida", a meus estudos na Fafi e ao meu trabalho na Mercedes-Benz, do Jorge Ricardo Mallon.


Euclides Riquetti
12-09-2012

Voa, pensamento...


Sagaz inspiradora de palavras e  versos
Mergulha-se  em devaneios e ilusão
Escravos pensamentos estão despertos
Companheiros na  sua solidão.

Olhos brilhantes e meigos que  censuram
As palavras nos seus lábios pronunciadas
As mãos graciosas outras mãos seguram
O sonho que rouba as  madrugadas.

Vaga pisoteando pedras entre a verde relva
Vaga sem cuidados, sem limites, sem reservas.
Entre sucessos, tropeços  e conquistas.

Voa o pensamento entre as nuvens alvas
Voa no firmamento sua dileta alma
Enquanto a névoa lhe embaraça as vistas.

Euclides Riquetti
29-09-2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Evita Perón - Segunda Parte

Reeditando... vale a pena ver!
          A sedutora e carismática aspirante a atriz, Eva Duarte, que em sete anos saiu do anonimato para tornar-se Evita Perón, Primeira Dama da Argentina,  ídolo dos descamisados argentinos, conquistou o Poder através de sua liderança e da coerência de seus discursos. Casada com Juan Domingo  Perón, que alçou à condição de Presidente democraticamente e constitucionalmente eleito pelas classes trabalhadoras argentinas, Eva tornou-se um ícone da política de um país que ansiava por mudanças. Sua determinação e coragem, a firmeza de seus discursos e a simpatia angariada entre os pobres canalizou votos e mais votos para o marido, que se elegeu Presidente.

          As façanhas da líder que organizou e deu vida à Fundação Eva Perón, foram-se tornando notícia em todos os lugares do mundo. Uma jovem senhora, bonita, elegante, apaixonada, que sabia tocar fundo o coração de seus compatriotas, agia na Fundação, mantida com doações de empresários e até de trabalhadores que repassavam parte de seus aumentos salariais conquistados através das lutas de Evita. Lá, comandava voluntários e  organizava eventos esportivos e sociais, sempre com o intuito de contemplar os menos favorecidos. Fundou casas de saúde, de proteção ao idoso, à mãe solteira, e escolas.

          A partir de sua morte, vitimada que foi por câncer, em 26 de julho de 1952, aos 33 anos, Evita causou muita comoção dentre os argentinos. Seu corpo foi embalsamado e restou vestida em vestido de cetim branco e, com sua pele clara,  parecia apenas um anjo ou  uma princesa  adormecido dentro de um caixão. Após seus funerais, longos, seu corpo foi enterrado no Cemitério Monumental de Milão, na Itália, onde permaneceu por 16 anos, até 1971, quando o transferiram para a Espanha, onde se encontrava seu exilado marido.

          Apenas após a morte deste, em 1974, Isabelita Perón, viúva e terceira mulher do General Presidente providenciou para que o corpo de Evita  fosse trasladado para Buenos Aires, onde ficou exposto um tempo numa urna de vidro, perfeito, como se houvesse morrido há poucos dias. Depois, foi sepultado no Mausoléu da Família Duarte, no Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. A comovente e apaixonante história da jovem Primeira Dama, após sua morte, é tão envolvente como a de seu tempo em vida.

          A vida de Evita foi revivida num drama musical biográfico dirigido por Alan Parker em 1996, sendo que seu papel foi vivido pela cantora Madonna, contracenando com Jonathan Price, no papel de Peróm, e Antônio Banderas no de Che. Madonna, ao saber da intenção de Parker em produzir Evita, dirigiu-se uma carta praticamente implorando pelo papel. Cher, Meryl Streep, Maria Conchita Alonso e Michele Pfeiffer também estiveram cotadas para o papel, que coube a Madonna.

          A música de Andrew Lloyd Webber, Don´t cry for me Argentina, com letra de Tim Rice foi gravada inicialmente, em 1978, por Julie Covington, para a Peça "Evita".  Em Italiano, por Rita Pavone, e no Brasil por Cláudia, com o título de "Não chores por mim, Argentina". E em muitos outros idiomas. É um trabalho lírico tão envolvente que, em qualquer língua, desperta emoções indescritíveis. "Santa Evita", de quem já existem até intenções de canonização, merece o louvor dos argentinos e de nós que somos seus seguidores.

          Em 25 de julho de 2012, por ocasião do aniversário de 60 anos da morte de Evita, a cédula de 100 pesos argentinos passou a ter estampada a efígie de Evita Perón, substituindo a de um ex-Presidente. Ela mora no coração do sofrido povo argentino, sempre às voltas com seus problemas políticos e econômicos. Mas ainda inspira os romancistas, os cantadores e os poetas. Inclusive eu...

....

Euclides Riquetti
10-12-2012

Águas salgadas de Marte

Diz a N.A.S.A
Que em Marte tem
Água salgada!

Não sei se ali vão erigir hotéis
Nem se construirão bordéis
Se asfaltarão as estradas!

Não sei se alojarão profetas
Nem sei se será destino de poetas
Se haverá noites e madrugadas!

Dizem que a água aparece na primavera
Corre nas encostas no verão
E, no outono, vai desaparecendo

Eu não tenho tempo pra ficar na espera
Não posso esperar um tempão
Pois que irei envelhecendo...

Enquanto isso, escrevo poemas arretados
Enquanto correm as águas de setembro
Enquanto me inspiro e relembro.
E os ventos arrancam telhados
Das eiras e das beiras
Como na última quinta-feira!

Euclides Riquetti
28-09-2015

Raul Seixas - o Amigo Pedro era de Joaçaba?


Mais uma para relembrar...

         Raul Seixas, bahiano que virou uma referência do rock brasileiro no início da década de 1970, começou cantando em Salvador, Bahia, com grupos de cantores locais de  pouquíssima expressão. Bem jovem, o filho de família de  classe média que não gostava de estudar foi para o Rio de Janeiro, onde gravou seu primeiro disco, "Raulzito e Os Panteras". Seu maior sucesso como Raulzito foi com a música "Roda Gigante", que na minha adolescência eu ouvia tocar nas rádios Clube de Capinzal, onde o Joe Bertola, o Vilmar Matté,  o Pimba, a Alda Meyer e o Válter Bazzo, meus contemporâneos, a colocavam para rodar, e nas rádios Catarinense, de Joaçaba; Rural, de Concórdia; e Fátima de Vacaria.

          Embora o Raulzito não tenha emplacado como sucesso nacional, as pessoas de minha geração, em nossa região, cantavam muito e curtiam a "Roda Gigante". Mas, verdadeiramente, a música que mais "abalou as estruturas" em Ouro e Capinzal  foi "Amigo Pedro", ao final da década de 1970. As pessoas gravavam-na em fitas cassette e repetiam-na nos toca-fitas dos carros. Lembro que meu irmãos, o Piro e o Ironi, muito a ouviam no somzinho do fusca OK 0445, azul, muito conhecido em nossa cidade na segunda metade daque década. E nos rádios dos pedreiros, carpinteiros, eletricistas e encanadores, nas casas em construção, quando alguém passava era difícil não ouvir essa música. Quando era tocada, aumentavam o volume do rádio...

          Pouco antes,  quando Raul Seixas esteve em Joaçaba, fez um memorável show e ficou uma semana por aqui. Há muitas histórias e muitas versões sobre a composição de "Amigo Pedro", que fora escrita em um guardanapo de papel. A que mais me convenceu foi a que me contou o amigo Ademir Pedro Belotto, nosso radialista e premiado comunicador: Após o show de Joaçaba, Raul Seixas foi para a fazenda em Água Doce,  de um amigo que fez por aqui. Não vou dizer onde este trabalhava porque acabaria dando de bandeja a identidade do cara, mas se chamava Pedro e até trabalhou numa repartição pública da cidade. Pedro o levou para descansar e "viajar" por lá. O cantor ficou muito amigo do Pedro e, algum tempo depois de ter ido embora, comunicou-lhe que compusera "Amigo Pedro" em sua homenagem.

          Independente de qual das muitas versões que existem sobre isso, tem-se como certo de que a inspiração para a música veio daqui, onde eu moro hoje. Nosso Maluco Beleza, que fez muito sucesso com Gita e outras canções, morreu aos 45 anos de idade, após 4 casamentos, muito álcool e outras substâncias ingeridas ou inaladas. E o grande contestador, uma das principais expressões do rock brasileiro de todos os tempos, que também foi chamado de "Pai do Rock", merece nossa reverência por nos ter deixado um considerável, belo e de altíssima qualidade musical. Seu acervo é muito valioso.  Fui fã dele também.


Euclides Riquetti
15-11-2012

Aquela nossa canção

Sempre que ouço aquela canção, eu me transporto até você
É uma balada romântica,  com harmoniosa melodia
Que me leva a me lembrar, com nostalgia
Da canção de que gostamos, e que me faz viver...

Então,  quero saber como vai
Se ainda sente o mesmo que já sentiu um dia
Se ainda me espera com alegria
Se ainda me quer, etcetera e tal....

Sempre que eu ouço a nossa canção
A que me leva, no embalo do pensamento
A navegar por todo o firmamento
Eu me levo a buscar sua proteção.

Porque sou poeta e cantador:
Sou nada mais que um simples compositor
Que tem sonhos e muito amor no coração
Que não vive apenas de ilusão, e que apenas quer saber:
Como vai você?

Euclides Riquetti
27-09-2015


domingo, 27 de setembro de 2015

Poeminha


Eu fiz pra ti este poema
Um poema de amar e querer bem
Eu fiz pra ti este poema
Apenas pra ti e pra mais ninguém.


Euclides Riquetti
27-09-2015

Um Senhor Estagiário - (The Intern)

          Se  você já tem 10 ou mais anos, pode assistir. Refiro-me ao filme "Um Senhor Estagiário", cujo título original é "The Intern", que reúne pelo menos três atores "top" do cinema mundial: Robert de Niro, Anne Hathaway e Rene Russo.

          O filme foi lançado no Brasil na quinta. Vi na sexta. Eu e mais 10 pessoas, às 17 horas, no Cinemark Floripa Shopping. Fiquei imaginando se um filmão desses estivesse passando no "Cine Glória" (depois Cine Odete), em Capinzal; no Ópera, em Porto União; ou nos Avenida e Vitória, em Joaçaba,  no início dos anos de 1970, época em que a TV que transmitia em cores apenas estava sendo lançada no Brasil. Seria "casa cheia" em todos os horários.

          A fita  relata sobre Ben Whittaker (de Niro), que, aos 70 anos, após trabalhar como gerente financeiro por 40 anos numa empresa que produzia listas telefônicas, está viúvo, encontra-se aposentado e entediado. Inscreve-se num programa que seleciona estagiários "sênior" para empresas e é escolhido para trabalhar num site de vendas de roupas da moda, de propriedade de Jules Ostin (Hathaway). Com 18 meses de funcionamento, o site é um sucesso, estando com mais de 200 funcionários. Atarefadíssima, e confusa em relação a sua vida pessoal, com sua empresa aderindo a um programa de reinserção de idosos ao trabalho, ela recebe o estagiário sênior para auxiliá-la. Centralizadora, acha que ele seria algo desnecessário, mas entra  na prática do politicamente correto e o aceita. 

          Pois o coroa, em pouco tempo, conquista a simpatia e confiança de todos os funcionários e acaba, inclusive, conquistando a confiança da chefe. Ele torna-se seu grande amigo e confidente, um verdadeiro conselheiro, mesmo que havendo, no início, um pequeno "choque de gerações".

          Bons atores resultam, sempre, em bons filmes. Além da empatia entre o estagiário e sua chefe, ele ainda caba formando par com a personagem de Rene Russo, 61, uma massagista que trabalha na empresa. Hathaway, a bela de "Diário de uma Princesa" e outras produções do cinema e da TV, 32 anos, está maravilhosa como sempre. E De Niro, 72 anos, o experiente ator tem muito a ensinar a todos os novatos.  Para rir muito, com um humor simples, criativo, inteligente. Uma comédia dirigida por Nancy Meyers, que vale a pena ser vista.

Recomendo! 

Vendaval em Joaçaba: que susto!

          Na quinta-feira, ao final da tarde, o pôr do sol estava diferente. Não era aquele amarelo-alaranjado,  com matizes vermelhos,  que costumamos ver. Eu andava à beira do mar, molhava meus pés nas águas frescas e fotografava. O espetáculo, acima dos montes acinzentados, apresentava um sol bem brasil, de um vermelho intenso, diferente, chamativo. Alguém me disse: Este sol não está normal, nunca vi algo assim... o comportamento do clima, uma hora depois, nos mostrou que, realmente, algo havia...

          Ao escurecer, a notícia: violento vendaval atingiu o Meio-oeste e Oeste de Santa Catarina, e o Norte do Rio Grande do Sul. Por telefone, nos davam conta de que, em Joaçaba, a coisa foi muito séria, principalmente nos bairros Nossa Senhora de Lurdes, onde moro, e no Clara Adélia, no..... e no centro da cidade, chegando, com violência, a Herval d ´ Oeste.

          Comecei a acessar os portais de notícias de Joaçaba e Capinzal, mas as notícias e as fotos tardavam a chegar. Faltava energia elétrica, estavam sem luz em pelo menos metade das residências de Joaçaba. Ao telefone, os familiares nos informaram de que o telhado de nossa casa fora atingido. Mas o Elizeu, nosso bom vizinho, e seu filho, estavam nos ajudando. Precisavam saber onde eu tinha telhas para repor as que foram quebradas. Eu passei algumas orientações para o menino, ao telefone, e ele retransmitia ao pai, que estava sobre o telhado. Eu tinha diversas peças guardadas para o caso de emergências. Ainda bem.

          Algumas pessoas  sempre dizem que o melhor parante é sempre o vizinho. Concordo! Graças a Deus que muitas famílias não foram atingidas e que se solidarizaram aos que tiveram suas casas danificadas, amenizando os problemas.  O espírito de solidariedade, também, esteve presente em muitas pessoas da região que ficaram livres do desastre climático e suas consequências, e estes foram ajudando os demais. Obrigado a todos os amigos que nos ligaram oferecendo apoio.

          Antecipei minha volta a Joaçaba em um dia, pois havia indicativos de muita chuva no sábado e domingo. No retorno de Florianópolis, muita chuva e muita água na pista, exigindo muito cuidado. Ao chegar, deparei com muitas casas destelhadas, cobertas com lona,  ou mesmo já recuperadas. A Apae e a creche, aqui pertinho de casa, também foram atingidas. Muitas árvores de porte foram derrubadas e muitas retorcidas. Sempre me diziam que a água, o vento e o fogo, são nossos aliados, mas podem voltar-se, de alguma forma, contra nós.

          Ao vizinho Elizeu e aos seus familiares, um grande e carinhoso abraço.

Euclides Riquetti
27-09-2015

         

Bem perto de você

É bom  estar bem perto de você
De seu perfume, de seu corpo, de seus braços
E, sem nenhum cansaço
Me perder, me aquecer, me envolver
É bom estar bem perto de você...

Voltei para bem perto de você
De sua vida, suas palavras, de seus beijos
Pra ter o seu carinho que eu desejo...
Eu quero mergulhar e me esquecer
Mas me lembrar somente de você...

Não quero ficar longe de você
De nenhum jeito, pois preciso muito, muito
Preciso  conversar, eu  tenho muito assunto
E nem sequer precisarei me convencer
Pois não quero ficar longe de você!

Euclides Riquetti