sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O mundo vai acabar dia 21??!!


          A indagação soa cômica mas, assim como existem, especialmente aqui no Vale do Rio do Peixe, pessoas que ainda compram bilhetes premiados de loteria, não é difícil de se imaginar quantos andam preocupados com o fim do mundo, que vai acontecer no próximo dia 21. Na semana passada, uma coitadinha de um velhinha viu seu mundo quase acabar ao dar mais de vinte mil por um bilhetre premiado. Virou notícia, os internautas comentaram barbaridades sobre a ganância das pessoas. Ficou lograda e mal falada, a agora pobre velhinha.

           Para o Joelmir Betting, jornalista renomado e muito bem versado em Economia, o mundo acabou anteontem. Virou cinzas. E, para quantos outros ainda vai acabar nas três semanas que nos restam...

           Quando saí para o trabalho, bem de madrugadinha, fui observando a paisagem, as pedras e as árvores que margeiam as rodovias, as fábricas, as casas,  e imaginando como tudo isso vai ficar depois do fatídico dia 21 do novo mês, tão temido, capaz de tirar o sono de tantos e de tantas, (ou de tontos e de tontas), quando o mundo vai acabar.  Transitei na frente de dois motéis e aventei com a possibilidade de que muitos estejam aproveitando para gastar seu dinheirinho ganho com tanto suor por ali mesmo, suando o suor do prazer, bem melhor do que o outro, o do trabalho...

          Muitos amigos estão discutindo, exaustivamente, a questão der o mundo acabar. O Ademir Belotto escreveu no jornal A Semana que até cancelou ou adiou suas férias, marcadas para o dia 20, embora entenda que isso não vai acontecer. Claro que ele está apenas zoando.

           Lembrei-me de que quando eu tinha uns oito ou nove anos, estavam construindo a casa do Valdemar Baréa, dentista, em Capinzal, e fomos, com meu primo Dinho Casara e o Chiquinho Biavatti, espiar os buracos abertos para os pilares, que já continham água. E já corria a conversa de que o mundo iria acabar por aqueles dias. Iria vir uma escuridão de sete dias e sete noites. Eu não entendia porque haveria escuridão de noite se a noite já era bem escura, mas fiquei com muito medo. Não queria ficar sem meu pai, minha mãe, meus irmãos... Meus amigos gastaram seus dinheirinhos, notas de um e dois cruzeiros, comprando pés-de-moleque, picolés, caquis, e indo ao Cine Glória. Não valia a pena correr o risco de não gastar e perder tudo se  o mundo acabasse nos dias seguintes. As notícias no rádio eram assustadoras. Por via das dúvidas, deixei uns três cruzeiros para a eventualidade de continuar existindo, o que acabou se concretizando. Quem gastou, ficou liso, leso e louco, com o dizíamos na época.


          De minha parte, proponho levar minha vida normalmente nas próximas três semanas. Até já programei uma belíssima viagem para o início do ano, vou conhecer novos lugares, aqui pertinho, na América do Sul mesmo, vou deleitar-me em mordomias, afinal, trabalhei tantos anos e mereço uma compensação, um presente que vou dar a mim mesmo.  Vou amaciar meus tênis correndo todos os dias, nadar, assistir a bons filmes românticos e comédias, tomar muito sorvete, comer chocolate Diamante Negro, igualzinho daquele que havia no Bar Avenida, em Ouro,  na minha infância, mas que eu não podia comprar porque o dinheiro era curto.  Vou comer, também, chocolate branco, crocante, bombons artesanais iguaizinhos daqueles de Treze Tílias e de Gramado. E tomar uns vinhos de altitude, Cabernet Sauvignon ou Sauvignon Blanc, a mãe das uvas do mundo. Pode também ser Chardonay, mas as safras têm que ser 2000, 2002, 2004 e 2005, preferencialmente nessa ordem, pois foram as melhores da década passada.   Quero ir de novo para Curitiba, nem que seja para comer aqueles salgadinhos ali daquelas ruas que cruzam a Rua das Flores, que os chineses fazem, apenas isso.  Ah, não posso esquecer-me de algo muito importante: vou internetar muito, muito!

          Mas há algumas coisas que me fazem matutar, diante da possibilidade de algo estrondoso (poder ser um grande estrondo) vir a acontecer. E, se tudo se confirmar,  o Palmeiras não vai precisar disputar a série B.  E todos aqueles prefeitos e vereadores que se elegeram, vão passar em branco, sem posse, mesmo tendo conquistado, legitimamente, seu cargo.   E o Obama, vai continuar Presidente?

          E você, está fazendo o quê? Como vai encarar isso? Já se programou? Tem também um Plano B para o caso de que o mundo não acabe?

          Se acabar, vai ter algumas vantagens: Não vai precisar renovar o seguro do carro, pagar IPVA, licenciamento, Plano de Saúde.

          Quando o mundo acaba, o seguro paga os prêmios a quem, se todos vão morrer? Será que os donos das seguradoas têm seguro para si, sua casa, seus carros e seus aviões? Sim, porque, teoricamente,  dono de seguradora pode ter um avião, diferente de nós, simples mortais, que no máximo  andamos neles, muitas vezes à custa de 10 vezes no cartão...

          E todos aqueles carros que foram comprados com a redução do IPI, vão ficar esmagados, ou vão virar pó? As moças que se casaram  agora vão ser devolvidas ao vento sem terem conhecido os dois lados do casamento? As promoções nas lojas, que valem até dia 31 de dezembro, como ficam depois do dia 21? E as sogras, vai acontecer o que com elas?

          O  négócio, mesmo,  é esperar para ver o que acontece. Vou fazer como quando era criança: Não vou sair por aí gastanho todos os meus trocos. Vai que o mundo não acabe?

Euclides Riquetti
30-11-2012




         

    

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Identidade Visual de Nossas Cidades

          Você poderia me dizer que elemento identifica a cidade em que nasceu ou onde mora?  Há, por acaso, uma  fotografia que, quando alguém  vê, permite identificar sua  cidade?  Difícil, né?   Penso que isso ocorre porque não há a devida preocupação com esse item importante para a sua divulgação.  Além disso, mais do que ter significação para os seus cidadãos, deve tê-la para potenciais visitantes, que ajudam a mover a economia local. Investem-se recursos na propaganda do nome da cidade, sem muitos resultados, quando a identidade visual pode proporcionar uma divulgação com pouco custo.  Publicitários e designers criam marcas, logos,  para a identidade visual das cidades, como fazem para caracterizar certos eventos. Mas estas, dificilmente emplacam.

         Mas somos unânimes em identificar algumas cidades ou países  do mundo  que têm algo bem característico,  e que isso está aliado ao seu aspecto histórico ou  mesmo por qualquer outra convenção. São muitos os exemplos:

          O Coliseu (Colosseo),  identifica facilmente, Roma., na Itália. O Templo de Atenas, a Capial da Grécia. A Ponte Hercílio Luz, Florianópolis. A torre Eiffel, Paris. Um cidadão de bigode, com um chapéu de confeiteiro ou cozinheiro  na cabeça, Portugal. Uma ponte com o Empire States ao fundo, e a Estátua da Liberdade,  Nova York. Buenos Aires tem a sua Casa Rosada, de cuja sacada Evita Perón falava aos descamisados.  Amsterdam, ou a Holanda, tem  os Moinhos de Vento e as Tulipas Vermelhas. Veneza,  as pontes arcadas sobre as águas,  e as gôndolas.  Londres, a torre da ponte o fog, as edificações sobre o Thames. O Kremlin, a Rússia.

O Pão-de-Açúcar, o Maracanã, o Cristo, identificam nosso Rio de Janeiro. As carataras com um mirante, Foz do Iguaçu. Brasília, tem o conjunto da Esplanada dos Ministérios, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, todos ali, bem projetados e articulados pelo nosso centenário Oscar Niemeyer. São João del Rei, suas Igrejas. Salvador, o seu Pelourinho. Treze Tílias, nossa vizinha, tem todas aquelas casas tirolesas. Blumenau, as construções em enxaimel, próximas do Rio Itajaí-açu. Joinville, a  Rua do Príncipe, com suas imponentes e históricas palmeiras. Ponta Grossa, com os arenitos de Vila Velha. Manaus tem o seu Teatro Nacional, majestoso, imponente. União da Vitória, a ponte com arcos, construída em 1944. Irani, tem seu monumento ao Contestado.

          Não estou falando de identificações através somente de algumas edificações, como o caso de São Paulo, com sua Catedral da Sé. É mais fácil identificar São Paulo ou Rio de Janeiro?  Caxias do Sul, tem um monumento ao Colono/Imigrante, mas são poucos que sabem dele. Porto Alegre tem o Parque Farroupilha, a Usina do Gasômetro, mas é difícil que alguém, no mundo, a identifique por estes bens. Curitiba, algo que me  marca é a Ópera de  Arame, mas, segundo uma amiga, é o Jardim Botânico,  embora tenha seu zoológico, o Teatro Guaíra,  e diversas edificações históricas, como a da Universidade Federal, no Centro.

          Capinzal tem a Igreja Matriz e, junto com Ouro, a Ponte Pênsil. Joaçaba, a catedral Santa Terezinha e o monumento a Frei Bruno.  E nossas outras cidades têm o que para chamar nossa atenção?

          Agora, pense e me diga, leitor (a), que outra cidade, quando você vê uma imagem dela na TV ou uma foto na revista ou jornal,  já fica sabendo qual é?

          Ter algo que se apresenta como a característica visual  de uma cidade, algo que realmente a identifique, que não seja uma produção de mídia,  ajuda muito na sua divulgação. E para atrair turistas e, com isso, movimento na economia.


Euclides Riquetti
28-11-2012


         

         

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Morando em República - Um bom modo de viver

          Morar em repúblicas de estudantes, principalmente quando se tem regras de convívio bem definidas e, sobretudo, quando as pessoas se entendem, é muito auspicioso. Posso falar disso de cadeira, pois morei numa dessas em plena juventude, em União da Vitória.

          Cheguei ali no final de fevereiro de 1972 e, após ficar três dias num hotelzinho, busquei uma pensão de custos compatíveis com minhas possibilidades. Encontrei a "Pensão Nova", ao lado da Prefeitura de Porto União, que de nova só tinha o nome. A primeira providência foi comprar um daqueles espelhos de moldura de madeira cor laranja, tão tradicionais, mais para ver minha cara de tristeza do que para corte de barba. Hoje, ainda fazem daqueles espelhos, iguaizinhos, só que com "soada" de plástico em vez de madeira.

          Os primeiros dias naquela cidade foram deprimentes. Ainda bem que as aulas começaram de imediato. Ia para a Fafi, ali na Praça Coronel Amazonas e, ao passar na frente de dois sobrados idênticos, visualizava uma placa" "República Embaixada do Sossego".  No térreo, depois, implantaram a lanchonete X Burguer. Imaginava que seria um sonho poder morar numa república, ter colegas e fazer amigos para conversar, trocar conhecimentos, viver alegremente. Lembrei-me de que em Capinzal havia uma, a dos funcionários do Banco do Brasil, e nela moravam, dentre eles, dois colegas e um professor meu: Valdir Marchi, Itamar Peter e Wolfgang Behling, o Professor Wolf. Este, era muito compenetrado em nos ensinar Matemática, sendo que ás vezes, distraído, colocava o giz entre os lábios e o cigarro punha entre os dedos, para escrever no quadro-negro.

          Meu sonho de morar em República tornou-se realizado graças ao Cabo Leoclides Frarom, meu amigo capinzalense que estava servindo no 5º BE.  Eu andava na calçada, defronte à Casa do Bronze, na Rua Matos Costa, quando passou uma viatura do Éxercito e escutei aquela voz conhecida que gritou: "Rua Professora Amazília, 408 - no Paraná" Passe lá amanhã! .  Fui!!!

          Veio o convite: "Quer morar conosco?" - Convite feito, convite aceito! Fui morar na "República Esquadrão da Vida", colegas muito leais e divertidos. Uma vez mandaram cartão de Natal com a mensagem:  "Nós, da República Esquadrão da Vida, neste Natal e Ano Novo, estaremos alertas e vigilantes" Era a senha  para sua proteção e o cumprimento natalino. 

          Já nos primeiros meses mudamos para o nº 322, da mesma rua. Morar quase 4 anos com a turma foi muito bacana! Quanto aprendi, quanto socializei-me! Primeiro, fui corrigindo minhas pronúncias erradas das palavras. Depois,  alguns hábitos. Minha parte Jeca foi ficando de lado...

          Fiz lá amigos que jamais esquecerei, pois muito me ajudaram: O Cabo  Dionízio Ganzala, que me deu suas chuteiras de presente e um livro de Inglês Básico. O Osvaldo Bet, que tinha já na época poucos cabelos, era faixa laranja no judô, e lá adiante conquistou a preta. O Cabo Backes, que era nativo do Lajeado Mariano, que num final de domingo, após um jogo do Iguaçu,  matou a galinha que a Dona Lídia criava numa gaiolinha e cozinhou sem retirar todas as penas, mas que matou nossa fome. O Evaldo Braun, que estava se despedindo, indo embora para São Paulo.

          Havia o  Aderbal Tortatto, da Barra do Leão, que trabalhava no Banco do Brasil, a quem chamávamos de "Pala Dura, o Impecável", porque se arrumava muito bem para ir encontrar-se com a fotografa de "A Fotocráfica", com quem se casou. O Tortatto, quando foi Cabo do Exército, atuava com jóquéi no final de semana para melhorar a renda... O Odacir Giaretta, marceneiro, palmeirense e coxa  fanático,  que tinha um sonho: Ser contador. Virou contador e foi montar escritório próximo ao estádio do Coxa, em Curitiba. E vieram o João Luiz Agostini (Milbe), que depois trouxe o Carlinhos, seu irmão. E o Eduardo, irmão do Osvaldo, que chamávamos de Betinho. O Mineo Yokomizo, o Japa, que me deu um sapato 39 (o meu era 42, mas usei mesmo assim...), trabalhava no Banco do Brasil, era meu colega de turma.O Francisco Samonek, que o Japa chamava de "Sabonete", ex-seminarista, do BB, agora lidera ações sociais na Amazônia. O Ludus, Luoivino Pilattri, de Tangará, era eventual e tocava violão.

         Mais adiante os cabos Godoy (de Caçador, Odacir Contini (de Concórdia)  e Maciel, também de Concórdia, com quem eu praticava meu Inglês. E o Cabo Figueira, que nos dias de temperatura abaixo de zero tomava banho frio, às 5 da manhã, para ter disposição durante o dia. E o Frei Guilherme Koch, parente do tenista Thomas Koch, parceir de Edson Mandarino. O Frei era Diretor do Colégio São José. Viera aprender como  era a vida real. O "Boles", cujo nome era Boleslau, que tinha um táxi, viera de Cruz Machado.  O Celso Lazarini, o "Breca" de Lacerdópolis, que fora  goleiro do Igauçu. O Celestino Dalfovo, o Funilha, que não gostava de enxugar os pés, era da região dos arrozeiros de Rio do Sul.

          E o Frarom  era nosso "Administrador", controlava as despesas da Mercearia, o ordenado da cozinheira, o aluguel. O convite dele foi muito bom, muou minha vida.

         Lá,  no Esquadrão da Vida, tínhamos uma geladeira que não funcionava. Tomávamos café preto da garrafa térmica, amanhecido, e comíamos pães franceses com margarina (cada um comprava a sua). Todos os dias tínhamos feijão, arroz e um ovo, mas seguidamente tínhamos bifes (um para cada um). De vez em quando saía uma limonada. Ganhávamos gelo para colocar no Q Suco e no Q Refresco,  da mãe do Neomar Roman (primo do Odacir Giaretta), que hoje é médico. Assistíamos às corridas do Emeron Fittipaldi na F1 pela janela. A mesma Senhora deixava a janela da sala dela aberta para vermos TV. Nos revezávamos em nossa janela para ver os "lances" da corrida. Ah, e no domingo, além de frango, tínhamos maionese... Que delícia, que mordomia! Como valorizávamos o pouco de que dispúnhamos!

          Foram esses, sim, os melhores anos de minha juventude. Ter morado com esses e  mais alguns, foi uma grande realização pessoal. Vivi, aprendi, vivi. Um bom modo de viver.  E há, ainda, muito para contar, oportunamente.

Euclides Riquetti
27-11-2012




         

         

domingo, 25 de novembro de 2012

Dirce Adriane Scarton - a amiga que já deixa saudades.

               A jovem mãe e professora Dirce Adriane Scarton vai, sim, deixar-nos muitas saudades. É mais uma vítima de nosso trânsito nas estradas. Como muitos outros amigos que já perdemos, a Adri, como os familiares e pessoas mais chegadas a chamavam, também virou uma estrelinha e foi misturar-se às outras milhões, bilhões  que marcam nosso universo, e decoram, com seu brilho tenro, suave, nossa paisagem celestial nas nossas  noites.   A Adri tornou-se uma estrelinha prateada, com sua luz discreta, como era de seu jeito. E buscou seu lugar com elegência, charme, meiguice, que é o que dela mais nos marcou...   Tinha uma gama de qualidades virtuosas que é difícil enumerar. Foi juntar-se ao pai, Hermes, e à mãe, Dona Dometila. Desta, herdou  todas as virtudes, muitas, incontáveis. 

          Ontem, por volta das 22 horas, ligou-me meu filho Fabrício para dar-me uma notícia que seria a última que eu poderia esperar: Sua professora, Dirce Scarton, de quem ele muito gostava, tinha perdido a vida em acidente de carro. Não queria acreditar que isso aconteceu. Ficamos chocados também nós,  aqui de casa. Todos tínhamos muito apreço e admiração por ela. Foi minha aluna no Mater Dolorum, em Capinzal, professora de nossos três filhos, na CNEC, nossa colega como professora de  Matemática e Física, na Sílvio Santos, em Ouro.  Nossa mente volta ao tempo, quando era aluninha no Mater,  muito estudiosa, disciplinada, meiga, bonita, com seu cabelo castanho cacheado, comprido. Mais adiante, sai de cena e volta já jovem, frequentando a piscina do Clube da Colina, na dela. Era a época em que eu levada nossas crianças para nadar. Ela era uma garota que aparentava certa timidez, mas sempre simpática e atenciosa.

          E, poucos anos depois, vira professora dessas mesmas crianças, vira nossa colega, divide conosco as mesmas angústias, quer que seus alunos aprendam, calculem, raciocinem. E, com  sua habitual maneira delicada, doce, habilmente os conduz para o raciocínio e a aprendizagem.

          Além da profisional competente, a colega engajada, foi defensora de nossos ideais, solidária nas reivindicações de nossa classe, a dos professores, muitas vezes tão maltratados que fomos.

          A tragédia nos tira uma grande amiga, que deixa seu companheiro, seu filho, suas irmãs e irmãos, seus sobrinhos. Temos elevado apreço por todos os seus familiares, que honram a descendência do Hermes e da Dometila. 

          Adri, não vou vê-la.  Recuso-me, terminantemente,  a mudar a imagem singela que tenho de você. Junte-se a tantos amigos em comum que tivemos aqui na terra.   Diga a todos eles que, mesmo que não tenham vivido longos anos, valeu a pena viver. Diga-lhes que nós temos muitas saudades, que  o mundo é bom, mas que nem tudo anda como nosso desejo, e que as vidas ceifadas não são motivo para que os esqueçamos. Um grande abraço, amiga! Que Deus lhe dê as devidas compensações . Seus entes queridos e nós, seus amigos, temos muito orgulho de você!

Euclides Riquetti
25-11-2012   

Reencontros em União da Vitória

          O imprevisto, justamente por ser uma fato ou uma situação de que não sabemos que vai acontecer, muda nossos rumos e planos muito rapidamente. Por isso mesmo, dizem, e eu digo também, precisamos deixar em nossa pauta diária um vazio, quem sabe de uns  de 20%, ou seja, temos um planejamento do que vamos fazer, mas durante a atividade profissional ou mesmo nas ações pessoais do dia-a-dia, novos acontecimentos podem ditar o ritmo ou a condução de nossos afazeres. Mas há aqueles que nos fazem mudar 100%.

          Há menos de um mês, num domigno, acabado o almoço, recebemos um comunicado de que um tio, João Anzolin, falecera em Erechim, e o sepultamente ocorreia três horas depois. Saímos em 15 minutos e pudemos dar nosso abraço de solidariedade  a seus familiares, nossos parentes, a maioria dos quais nem conhecíamos. Nesta sexta-feira, final de tarde, minha irmã Iradi, que mora em União da Vitória, ligava-me de Curitiba para dizer que estava lá, com sua sogra, Dona Honorina Ghidini, 90, que falecera em razão de problemas cardíacos. Saímos eu e meu irmão, Hiroito (Tio Piro), ontem, bem cedinho,  e fomos para cidades gêmeas do Iguaçu,  onde nos juntamos aos seus familiares para as últimas homenagens àquela Senhora. Ela foi a fundadora, com seus filhos, há quase 40 anos, da Lanchonete X-Burguer, hoje restaurante, pioneira no X-Salada naquela cidade.

          Quando situações assim acontecem, acabamos por reencontrar muitos conhecidos, pessoas que não vemos  há muitos anos, às vezes décadas, mas que fizeram parte de nossa história. E, ontem, não foi diferante. Depois do cumprimento aos familiares, a percepção de que todos estavam bastante tranquilos, pela consciência do dever filial cumprido, por terem cuidado bem da mãe e avó, por terem compartilhado sua vida estreitamente com ela. Isso é muito bom. Não remorsos, não há arrependimentos. A lógica é essa, os filhos cuidarem e, um dia, que nunca se quer que chegue, enterrarem os pais. Quando essa situação se inverte, revestida de tragédias, nada há que possa consolar os que ficam. Por isso mesmo, sempre que somos convidados a uma festa reunindo amigos, fazemos todo o possível para participar, para comemorar a alegria do reencontro, em momentos de muita felicidade.

         No caso de ontem, especificamente, reencontrei lá o Rubão, que me contou que o amigo Piu-piu, Milton José Branco, colega de faculdade, está por lá, aposentado, casado, fazendo parte da Igreja dos Mórmons, ali da Rua Paraná, em frente da qual passei muitas vezes quando morava ali perto, entre 1972 e 1976.  Reencontrei o Carlinhos Agostini, bitorunense, agora empresário, irmão do João Luiz "Milbe", com quem partilhamos nossa juventude no tempo de nossa  "República Esquadrão da Vida", ali da Rua Professora Amazília, no início da década de 1970. Conversamos muito, contou-me de fatos ocorridos, que entristeceram muito o Milbe e sua família, que foi a perda de um filho, jovem médico. Falamos de nossos filhos, de sua coragem "reforçada" pelos pais, que têm mais oportunidades do que no nosso tempo. É muito gratificante reencontrar pessoas como o Carlinhos...

           Ao meio-dia,  reencontrei o Seu Moacir, 74, dono da San Diego Auto Peças, cabelinho e bigode branco. Conheci-o há exatos 40 anos. Não mudou nada, está elegante como sempre, saudável, atencioso. Não me reconheceu, pois não nos víamos há 35. Estive na loja dele, conversamos, lembramos de muitos negócios que fizemos quando eu trabalhava na Mallon.

          Há meia   quadra dali,  a empresa "Quero Mais", da colega Alda Roseli Meyer, que chegamamos de Rose. Cheguei lá, encontrei o Miro, que também não me reconheceu. Ele também mudou, está grisalho, mas guarda todos os traços da juventude, quando ele vinha buscar a namorada no portão de entrada de nossa FAFI.  Mencionei sobre ele,  Amir Jacob, que chamamos de Miro. Lembramos do Munir Cador, de quem fui segundo Vice-presidente, no Diretório Acadêmico Alvir Riesemberg, com muitas saudades. Então chega a Rose, com sua caminhonetinha branca, elegante, não me reconhece. Mas, daí há pouco, já estávamos reapresentados, alegremente, como nos tempos de juventude. Mostrou-me as fotos dos filhos, todos bonitos, bem encaminhados. Lembramos de nossos colegas, da Sheila Arnt, casada com o Dr. Leo Gonçalves, que mora em Treze Tílias. Do Floriano Guérios, que está no Positivo há mais de 30, da Fátima Caus Morgan, minha comadre, e de outros mais. Foi muito bem ter encontrado o casal Miro e Rose, que casou no dia 6 de dezembro de 1975, exatamente um sábado antes do que eu. Lembramos que no dia 13, também casaram o amigo capinzalense Roque Manfredini, saudoso, com a Regina Menezes.

          Á  meia-tarde, nos despedimos de dona Honorina, deixada com o marido e o filho Sérgio, no jazigo da família. Visitamos o de Romeu da Silva, o Português, nosso paizão lá na Mercedes, que era vendedor muito competente de caminhões. E também o da família do Dr. Barbozinha, que está lá, com sua esposa e três filhos, todos bonitos nas fotos, e que perderam a vida naquela tragédia de 20 de junho de 1982...

          Então, leitor (a), veja como os imprevistos podem mudar a pauta de qualquer um, de redefinir nossas ações, rumos,  nossas condutas, até nossos comportamentos.

          Tio João e Dona Honorina estão  lá no céu. Curtam, ali, as merecidas recompensas.  E nós continuamos a registrar nossas ações e impressões  aqui na Terra. Abraços!

Euclides Riquetti
25/11/2012.