sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rio de todos os peixes

Rio de todos os peixes

Atrevido e valente
Sempre que a calmaria se ausente
O imponente e voraz Rio do Peixe
Desliza furiosamente...

Invade lares, prepotente
Arranca plantas portentosas
Causa avarias espantosas
Esse imperador inclemente!

Nas arenas montanhosas
Vence cada dobra, impiedoso
É um colosso vigoroso
Com suas águas belicosas...

Depois, apenas baila, mansamente
Valsa como o  canto verso de um salmo
Então, sereno, paciente e calmo
Jaz,  ali, docemente.

Rio  do Peixe, nosso venerando Senhor
Ora anjo – uma canção de acalanto
Ora intrépido,  despojado de encanto
No vale verde, é soberano gladiador!

Com seu visível poder, ou simplesmente ignoto
Deus Natural, Real Majestade
Orna o campo, enfeita a cidade
Sou teu súdito  e fiel devoto...

Rendo-te homenagem, meu rio!
A ti, com tua força imedida
Jamais, em toda a minha vida
Eu ousarei propor-te desafio...

Bem conhecemos teu enredo, tua história
E bem sabemos de tudo o que és capaz
És um guerreiro muito forte, sempre audaz
Reverenciado, dou-te medalhas e glórias.

Tu, que já foste o lago de mi ´as  pescas
Tu, que foste a raia de meu tenro nado
E serpenteias neste vale encantado
De Navegantes,  foste palco em tantas festas.

Pelo açoite do chicote  sem piedade
Peço-te, humildemente, perdão
Aceita esta breve oração
Garboso rio, Fluviosa Divindade!
PERDOA-NOS, RIO DO PEIXE!!!

Euclides Riquetti

04-08-2010

Reverdades

Eu preciso reavaliar as minhas teses
E até me aprofundar em teorias
Considerar que nos avanços há reveses
E verdades mesmo em vãs filosofias.

Preciso redescobrir o desconhecido
E, meditando, decifrar grandes enigmas
Levar em conta o fator incerto e não sabido
Quebrar costumes, rejeitar "some" paradigmas.

As verdades infindáveis são eternas
Sobrepõem-se ao tempo e ao efêmero virtual
"Stop and play" controlam máquinas modernas
"Del and save" dão o toque digital.

Mas, entre análises e métodos profanos
Reviverão  os sentimentos colossais
Não findarão, são próprios dos humanos
A sensibilidade não fenecerá jamais.

(Jamais a máquina sobrepujará os sentimentos humanos)

Euclides Riquetti
Inverno de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A busca do soneto perfeito

Desejei compor um soneto perfeito
E quem sabe chorar desatinos
Era jovem, era aquele o meu jeito
Já buscava meus alexandrinos...

Desejei tal soneto, faz tanto
Com os versos mais certos, rimados
Que em ti despertassem encanto
E marcassem os beijos roubados.

Escolhi as palavras bonitas
Acendi o meu sonho romântico
E dediquei-te as linhas escritas

Eu pus nele o ideal parnasiano
Foi poema, foi trova, foi canto
Foi a glória de um poeta espartano.

Euclides Riquetti
20-02-2010

Você é feia

Você é feia
Mas há algo em você que me anima
Você é feia
É feia, assim, desde menina.

Magricela, rosto comprido
Corpo sem nehum atrativo
Mas você me fascina.

Desejo você, ardentemente
Quero você aqui presente
Pois você me fascina
Mesmo feia, assim, desde menina!

Você cresceu
Seus olhos escuros se sobressaem em seu rosto fino
Seus cabelos, sem graça,
Dão-lhe charme desmedido.

Você cresceu feia, sem atrativos
Mas despertou em mim
A paixão pelo desconhecido...

Despertou-me os instintos
Adormecidos
Você, mesmo feia, assim, desde menina...

São tantas, tantas as qualidades que lhe faltam
Que parece uma ninguém
Em meio a tantas.

Mas alguma coisa há em você
Que me encanta, me encanta.
Não é mesmo a simpatia com que me trata
(Desiderata)

Nem há elegância em seu andar
Não há atenção para chamar.

É tão difícil entender o que se passa.
Mas, confesso, há um todo em você
Que me atrai loucamente
Que me enche de desejo
Profundamente...
Que me faz querer seus beijos
Deliciosos
Que me faz amar seus olhos
Melancólicos
Que me faz querer você, perdidamente
Apaixonadamente
Amorosamente...

Euclides Riquetti
Verão/2011

Corpos e almas que se queimam

Corpos que se esculpem e se queimam
Imersos nas brasas da paixão
Corpos que se jogam nas areias
Corpos que se estendem pelo chão...

Almas que se julgam e se penam
Imersas nos pecados, na ilusão
Almas que insurgidas se condenam
Almas enegrecidas de carvão...

Corpos que se vestem de vaidade
Belos, formosos, sedutores
Com almas que se esquivam da verdade
Belos, charmosos, pecadores...

Corpos que se deitam em falso chão
Almas que se atormentam na  razão
Vidas que navegam em  incertezas...


São corpos que envelhecem cedo,  cedo
São almas que levitam,  sem sossego
São vidas que flutuam nas correntezas.

(E se vão embora!...)

Euclides Riquetti
Abril de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Árcade versário

Não farei rimas consonantais
Nem abusarei de combinações vogais
Apenas direi o que o coração ditar
Não rimarei adjetivo com verbo regular.

Farei poemas de meus desatinos
Farei sonetos com verso livre
E se julgar que for de bom alvitre
Comporei sonetos alexandrinos...

Farei paródias de canções conhecidas
Repetirei os verbos, porei conjunções
Mas não ousarei desatar emoções
E nem buscarei lembranças perdidas.

Não farei mais nada que não seja eterno
E nem serei um reles parnasiano
Eu a esperarei, ano após ano
Outono, verão, primavera e inverno.

E, quando disser: eu também o amo
Eu lhe entregarei meu coração  profano
Onde ainda cabe nosso amor mundano...

Euclides Riquetti
05-05-2006

Vento de outono

Venta o vento moreno de outono
Venta o vento...
Cai a pálida folha, vencida no tempo
E venta o vento.

Brilha o brilho do sol brilhante:
É maio, maio de mês
É a noiva que noiva, que sonha
Sonha com a noite da primeira vez...

Cintila a estrela prateada
Na madrugada
E sibila o vento na gélida noite
Embala a noite, adentro avançada...

Escreve o poeta o poema
E a meta
É a moça, a musa.
E os versos, dispersos, não rimam: fascinam!
E a noite provoca, encanta, abusa...

E viva você, tema do canto!
Viva! Viva!
Como o barco que vai flutuando, leve
Na noite breve
Festiva!

Euclides Riquetti
07-05-97

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A chuva que cai

A chuva que cai
Transparente
Levemente
Molha corações e almas
Peles morenas e peles alvas.

A chuva que cai
Na relva verde, sensível
Que lembra seus olhos brilhantes
Fascinantes...
Traz-me a lembrança indizível!

A chuva  cai
E você me inspira
Como os acordes na lira
E embala meu pensamento
Que se perde no vento
Que se vai no tempo...

A chuva que cai
E rola na calçada
Leva  embora o presente
E meu coração traz à mente
As ternas lembranças passadas.

A chuva que cai
Molha você, molha a terra
Molha o sonho da espera
Pois logo vem a primavera
Mas a chuva cai!

( E eu penso em você...)

Euclides Riquetti
Sexta-feira, 19/08/2011 - manhã de chuva...