sábado, 25 de abril de 2015

Agarra-te aos teus sonhos....

Agarra-te aos teus sonhos,  firmemente
Não permitas que eles se afastem de ti
Sonha-os, nas tuas noites, alegremente
Transforma-os em realidade, docemente
Em abraços com todo o frenesi.

Lembra-te de que o tempo anda depressa
E que um novo dia pode não se repetir
Poderás não ver outra manhã como esta
A vida não é apenas um teatro, uma peça
Agarre o mundo que está a te sorrir.

Vive, com intensidade e emoção,  cada bom momento
Cada instante, cada hora, todos os dias.
Quisera eu que o tempo andasse muito lento
E que meus versos chegassem a ti através do vento
Levando-te meu amor, meu carinho, minha alegria.

Somente isso!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Voltando no tempo: Palestrando no Mater Dolorum, em Capinzal.

          Voltei, depois de alguns anos, ao Colégio Mater Dolorum, onde cursei o antigo  primário. Está lá, com sua construção majestosa, imponente, olhos voltados para a baixada central de Capinzal. Uma edificação de cinco décadas e meia, lembro-me de quando estava sendo construída. Olhei para os altos muros de pedras, escadarias, tudo me trazia e saudosas belas lembranças.
          Estudei no Mater de 1961 a 1964. Meu pai, na mesma época, curvava o "Normal", equivalente ao Magistério, hoje, em nível de Ensino Médio. Ele recebeu a medalha de "Honra ao Mérito", era um aluno muito forte, havia estudado no primeiro ano de Filosofia em São Paulo, no Seminário São Camilo, na Vila Pompeia. Eu me lembro, com saudades, de meus bons e belos tempos de criança. Fui lá a convite da Gisele Szymanski, palestrar para um grupo de alunos com idade entre 9 e 14 anos, que faz parte de um projeto muito especial. Gostei da galera...
         O tema para o qual fui convidado era "História das Enchentes do Rio do Peixe". Falei da enchente de 1911, quando as águas cobriram a estrada de ferro que havia sido inaugurada no ano anterior, destruindo as artes correntes. Da enchente de 1939, que chegou ao local onde se situa a Praça Pio XII, em Ouro, e que destruiu a recém inaugurada Ponte Pênsil padre Mathias Michelizza,  da de 1974, que quase atingiu a linha férrea, e da de 1983, a maior de todas. Esta atingiu, além da Bacia do Peixe, a do Rio Iguaçu, causando enormes estragos e mortes em Porto União da Vitória; e a do Itajaí-açu, que assombrou Blumenau e as cidades de seu vale. Da do ano passado, 2014, menor do que a de 1983. Falei dos vendavais que precedem as enchentes, da "área de risco" que é representada pelos territórios de Ouro, Capinzal, e os municípios à Oeste, onde, seguidamente, ocorrem eventos climáticos adversos.
         Tenho uma preocupação: Se, em algum momento, houver uma concentração de chuvas no Vale do Rio do Peixe, nas mesmas proporções do que aconteceu em 83, estamos "ferrados". A área urbana de Capinzal, com a forte urbanização da cidade alta e dos loteamentos situados à montante do Belisário Pena, em direção ao Estádio Dr. Vilson Bordin (da A. E. Vasco da Gama),  São Roque e Loteamento Colina,  e São Cristóvão, recebeu em três décadas um volume muito grande de casas, edifícios, empresas, pavimentação dos leitos das ruas e passeios para pedestres. Toda a água pluvial desses locais vai parar no Rio Capinzal, tributário do Rio do Peixe. E, no caso de precipitações fortes, com a elevação do nível do Peixe, este represa as águas do Capinzal e isso representa um grande perigo. O nível do Rio Capinzal seria mais elevado e os danos muito maiores do que em 1983.
         Abordei questões de ordem ambiental, da sua legislação, dos crimes ambientais e da falta de cuidados com nossa natureza. Os alunos mostraram-se atenciosos e penso que dei meu recado. Falei de outros assuntos,  como os cuidados que eles devem ter para não expor-se aos perigos, mesmo os que as redes sociais podem representar.
          Valeu ter reencontrado também minha ex-aluna Giana Mrrtins,  agora Diretora. Meus colegas Sérgio Durigon que, como eu, foi Prefeito em Ouro, e o  professor Tobaldini, nosso companheiro de jornadas classistas. Ainda, a funcionária Ana Godleski, que foi minha colega no primário. Ela me disse que,  quando se apertava, me pedia ajuda e eu a ajudava. E eu lembrei do pai dela, o Polaco Eletricista, que foi o professor dos demais eletricistas em nossa cidade, há 5 décadas.
          Foi muito auspicioso, para mim, poder voltar ao colégio onde fui aluno e professor, e onde meus filhos estudaram, para bater um papo com alunos e rever amigos.

Grande abraço em todos!

Euclides Riquetti
24-04-2014

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Águas da saudade...

  
As águas da saudade levam as esperanças
Para passear
Buscam o rumo das lembranças
Nos  vales a cantar.

Vão-se elas nas andanças
Como a canção de ninar
Levando consigo de herança
O direito de sonhar.

As águas da saudade brotam do amor frustrado
Da história que não deu certo
Do conto que não foi contado
Da palavra que não virou verso!

As águas da saudade vão e vêm
Pra lá, pra cá
Sem incomodar ninguém.

Não ferem o coração
Que se entregou com paixão.
São inofensivas
Compreensivas
Entendem a tua solidão.

As águas da saudade brotam de ti
Vêm até mim
Pra que eu possa te ajudar
A entender
A viver
Suportar!

Suportar a saudade
De dois corações sós:
O teu
O meu
O que se divide entre nós!

E que nos traz a saudade
Muita saudade!

Euclides Riquetti

Enchente de 1983...


Enchente de 1983 - 29 anos

           Quantos anos tinhas no dia 7 de julho de 1983?  Então, se eras jovem ou criança, deves ter ficado com marcas em sua alma  que jamais serão esquecidas. Quem viveu as incertezas climáticas daquele início de inverno, sabe por quantas situações de anormalidade os moradores do Vale do Rio do Peixe passaram. E o mesmo ocorreu com os do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, e os do Rio Iguaçu, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Paraná, onde o volume de águas esteve acima dos parâmetros até então conhecidos.

          Ouro e Capinzal compõem meu cenário daquele tempo, quando eu morava em Ouro e tinha duas filhas, gêmeas, com 4 anos, Michele e Caroline. Eu era professor, atuava na Escola Sílvio Santos, e era possível perceber, já há um mês antes, que as chuvas torrenciais que caíram em junho prenunciavam novas chuvas e enchentes. Os dias alternavam-se quentes ou frios. Nos dias quentes, já era de se imaginar temporais, as águas do Rio do Peixe com elevação de seu nível normal. Na parte aos fundos da escola, as águas da chuva formavam um lago, cobrindo o pátio todas as vezes que chovia. Reclamavam que a drenagem era insuficiente, mas a cada nova chuva mais água vinha do "Morro dos Padres", e as valas e tubulações não davam conta de escoá-las. A Festa Junina, de Santo Antônio, ficou prejudicada. E, no dia 7 de julho, cedo as aulas foram suspensas, os alunos deveriam ir para suas casas, pois o rio já saía de sua caixa, os riachos da área rural estavam transbordando, e os alunos precisariam retornar para as propriedades rurais, para não ficarem ilhados em algum lugar.

          Lembro que os caminhões das Prefeituras de Ouro e Capinzal começavam a retirar mudanças das casas ribeirinhas, pois havia um histórico de enchentes que precisava ser respeitado. Dez anos antes, na Grande Enchente do Rio Tubarão, o Rio do Peixe chegara a meio metro dos trilhos da ponte férrea sobre o Rio Capinzal. A preocupação das autoridades era pertinente. Naquele tempo,  nem se sabia da existência de órgãos de Defesa Civil. As pessoas norteavam-se pelas informações que ouviam na Rádio Capinzal e na Rádio Catarinense, esta de Joaçaba. O Aílton Viel narrava, o Jorginho Soldi reportava, e todos ficavam com os ouvidos ligados ao rádio para saberem notícias. Com os ventos que precederam a enchente, foram tombadas as torres repetidoras de TV, e o acesso às informações vinha, mesmo, pelo rádio.

         Ainda na parte da manhã, lembro que o Celito Matté liderava um grupo de pessoas para por sacos de areia nas portas dos fundos do Ginásio Municipal de Esportes (André Colombo), mas, isso foi em vão, pois logo as águas adentraram à quadra, destruindo o belo piso de madeira. Foram lá para o sexto degrau da arquibancada. Destruiu documentos que estavam na Secretaria do Ginásio, peças do Museu Professor Guerino Riquetti, que estavam alojadas som a Biblioteca Municipal Prefeito Ivo Luiz Bazzo.

          No meio da manhã, com a ajuda do primo Hélcio Riquetti, retiramos a mudança da colega professora Elzira, levando para o andar de cima da casa da mãe dela. O fogão a lenha, pesado, deixamos no andar de cima do sobradinho de seu irmão Kiko, que à tardinha  também foi alcançado pelas violentas e barrentas águas do Rio do Peixe.   E os caminhões se alinhavam na Felip Schmidt e Jorge Lacerda para carregar os estoques das casas comerciais e mudanças. Em Capinzal, ao anoitecer, as águas chegavam ao Depósito do Supermercado Barcella, ao do D´Agostini, às Casas Pernambucanas, Bradesco, Rodoviária, Fórum da Comarca, Hotel Beviláqua, cobriram a ponte Governador Jorge Lacerda,  também a ponte próxima ao Moinho Crivelatti e todas as outras possíveis passagens do Sul para o Norte do Centro de Capinzal, no rio do mesmo nome. A nova Central Telefônica, da Telesc,  que havia sido inaugurada poucos dias antes, foi invadida pelas águas. Eu havia comprado telefone e só tivemos o prazer de utilizá-lo por um, dia. Depois ficamos sem, por mais de um mês, apenas com um ramal improvisado, na Prefeitura de Capinzal,

          Quando entardecia,  as águas invadiram a Praça Pio XII, em Ouro. Retiramos a mudança do colega Jerônimo Santanna, com a pick-up do Luiz Toaldo. Depois fomos retirando a da casa do amigo Selvino Viganó. Lembro que do guarda-roupas de cerejeira, novo, fixo, só pudemos levar as portas. Logo depois, riui a primeira casa acima da Ponte Pênsil, em Ouro, onde funcionou a fábrica de ladrilhos do Iraci Toigo (antes anida fora do Armédio Pelegrini). E, ao mesmo tempo, 96 casas que se localizavam entre a estrada-de-ferro e o rio, em Capinzal, foram sendo derrubadas em série, pela violência das águas.

         O Agnaldo de Souza, Agente da Estação Férrea, marido de minha colega Professora Gracita, colocou a mudança na Estação, mas a água chegou lá também. Salvou apenas uns sacos com roupas, que ficaram sujas de óleo que vinha do norte, misturado às águas...

          No Parque e Jardim Ouro, 12 casas que se situavam na Rua Voluntários da Pátria, a Beira-rio, foram levadas pelas águas. A ponte próxima à Igreja de Caravággio no Rio Leãozinho, foi coberta pelas águas, bem como a SC 303, próximo ao Ramal Lovatel. Em Snata Bárbara o Lajeado dos Porcos cobriu-se pela enchente. Em Lacerdópolis a parte próxima ao Lajeado Nair foi a primeira a ser atingida, depois toda a área central da cidade.

          Já noite, as águas continuavam a subir, atingindo a Loja D ´Agostini, a Serraria da São José, no Campo,  a tipografia Capinzal, a ferraria do Luiz Segalin, a Funilaria do Santo Segalin,  a Comercial Maestri, o Bamerindus, o Bolão Ouro, a Auto Mecânica Ouro, a Prefeitura, o Posto de Saúde, enfim, dezenas de casas comerciais e centenas de residências.

          E ficamos sem energia elétrica, sem água potável, pois o ponto de captação do SIMAE foi totalmente destruído. Nos mercadinhos e armazéns foram vendidas todas as velas que dispunham em seus estoques. A gasolina acabou nos postos. Nos açougues faltava a carne. Alguns gêneros de primeira necessidade faltavam nas lojas. As farmácias haviam sido inundadas. A Rádio catarinense anunciava que  a ponte de concreto armado Emílio Baungart, que ligava Joaçaba a Herval D ´Oeste, fora destruída. E que o Rio Itajaí e o Iguaçu faziam horrores com os moradores de cidades como Rio do Sul, Blumenau, Itajaí e Porto União da Vitória. Nossa Ponte Pênsil também teve o madeiramento de suas cabeceiras arrancado dos cabos de aço de sustentação. Enfim, foi um Deus-nos-acuda!

          Mas sobrevivemos. Cada cidade buscou, de uma forma ou outra, recuperar-se, com ajuda do Governo federal e Estadual. Blumenau, para recuperar a autoestima, criou a Oktoberfest. Em União da VItória, criaram uma área ambiental nos pontos mais vulneráveis, acima da Ponte do Arco. Em Capinzal, o Prefeito Celso Farina obteve doação de casas de madeira que foram retiradas das obras da Usina de Itaipu, as quais eram utilizadas para alojar operários em sua construção,  e as  implantou na Cidade Alta, em São Cristóvao, e  criou a  Área de Lazer" (Arnaldo Favorito) ali onde antes havia 96 casas. Também aproveitou para remover as famílias que ocupavam áreas próximas à estrada-de-ferro, acima da ponte Irineu Bornhausen, levando-as para a Cidade Alta e arborizando o local. Em Ouro, o Prefeito Domingos Boff construiu casas nos altos do Parque e Jardim Ouro, onde agora se situa o Centro Comunitário do Bairro Alvorada. E projetou  um conjunto de casas da pela Cohab, que dei continuidade na condição de Prefeito, em 1989.

          Registros fotográficos de Jaime Baratto, Olávio Dambrós e de Nélito Colombo, dentre outros, mostram a gravidade da situação na época.

          Só de lembrar me dá vontade de chorar. Agora, 29 anos depois, parece que tudo aconteceu ontem.

Euclides Riquetti
08-07-2012

Neve de 1965 - Uma paisagem europeia

 

          Quando se fala em épocas em que as pessoas viveram, ou mesmo para estimar quantos anos viveram, muitos têm o hábito de dizer:  "A fulana (ou o fulano), viveu mais de 100 anos, porque sempre me dizia que tinha presenciado x florações das taquaras".  Bem, uma pessoa que deve ter vivido muitas florações das taquaras foi o "Caboclo Estevão", que morou em Pinheiro Baixo, Ouro, e era homem de confiança de um de nossos pioneiros, o Veríssimo Américo Ribeiro, carroceiro. O Estêvão teria vindo com o colonizador da região de Vacaria-RS, trabalhou com os Ribeiro e depois foi para Bonsuecesso, e os que o conheceram dizem que ele era uma  pessoal leal e bondosa. Guardo comigo uma foto dele, cedida pelo amigo João Américo Ribeiro, que cuida da propriedade da família em Pinheiro Baixo. Ele deve ter vivido mais de 100 anos...  O caboclo tinha uma mão enorme. (O Benito Campioni, irmão da Márcia, minha colega de trabalho, também tem uma mão daquelas de segurar e derrubar boi no chão). Quando o encontro, brinco muito com ele sobre isso,  meu ex-vizinho, gente boa.

          Esse intróito todo, fi-lo para chegar ao assunto do título: as neves que tive o prazer de presenciar, e que marcaram, de alguma forma, a minha vida. Mas, diferentemente das florações das taquaras, ela não tem um ciclo definodo para vir.

          O inverno de 1965 foi muito forte no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Eu tinha doze anos, estudava no Ginásio Padre Anchieta, e começou a fazer muito frio naquela estação. Tínhamos uma casa nova, de madeira, bem desenhada, ali na Felip Schmidt, ao lado da Indústria de Bebidas Prima, onde produziam refrigerantes e engarrafavam vinhos e outras bebidas. Quando fizeram o "engarrafamento", escavaram o terreno e deixaram um barranco, que com as chuvas que precederam o inverno foi desmorronando, pondo nossa casa em risco de desabamento. Na noite do dia 19 para 20 de agosto, fazia muito frio. De manhã, meu pai, Guerino, acordou-nos cedo para vermos e espetáculo que se desenhava à nossa frente: Ali onde hoje há o Posto da Combustíveis da Família Dambrós, havia uns gramados e umas plantinhas sobre as terras que eram jogadas para formar um aterro, e tudo estava coberto de neve. A Ponte Nova estava recoberta por um manto alvo, e o mesmo era contemplado nos telhados das casas, a maioria de madeira. Até os cabos de aço de sustentação da ponte pênsil acumulavam camadas de neve. As ruas de Ouro e Capinzal pareciam aqueles caminhos que se veem em filmes,  numa autêntica paisagem europeia. Os poucos carros que havia, e as carroças e charretes, estavam todos recobertos pelo branco brilhante. Os telhados do Hospital São José, do Hotel Imperial, do Hotel do Túlio, do Cine Glória, do Cine Farroupilha, da Distribuidora de Peças e Acessórios, da Casa do Ernesto Zortéa, do Marcos Fortunato Penso, do Pedro Surdi, da Dona Dileta da Silva, do Adelino Casara, do Adelino Beviláqua, e de muitas outras edificações, era possível vê-los por nós, que observávamos a paisagem com nossos olhos originários do Ouro.

          O peso da neve mexeu com a estutura de nossa casa. Tivemos que abandoná-la. Fomos distribuídos nas casas dos parentes, dos tios Arlindo Baretta,  Adelino Casara e Victório Riquetti. Eu, fui para a casa da Tia Maria, do meu primo Moacir. Lembro-me bem, que à tarde, precisei ir à Comercial Baretta fazer umas compras para a tia, e meu único par de sapatos estava molhado, gelado. Fui com as chuteiras do Moacir, que tinha as traves altas , e que minha ingenuidade fazia-me pensar que a sola ficaria mais alta que a neve. Só ilusão: congelei os pés. Aulas suspensas. O Frei Gilberto (Giovani Tolu), suspendeu nossas aulas, estava muito feliz, porque via, aqui na América do Sul, a mesma nostálgica paisagem que sua mente trazia de sua infância na Itália.

          O Joe e a Bunny,  eram  norteameriacanos que atuavam junto aos Clubes 4-S no interior do Ouro, havendo um clube pioneiro em Linha Sul ( o primeiro de Santa Catarina),  moravam de pensão na casa do Sr. Guilherme e da Dona Mirian Doin.  Eles eram dos 4-H, clubes dos Estados Unidos da América que tinham as mesmas funções e objetivos que os 4-S do Brasil:  Head,  Hands, Heart, and Health, que em português entndíamos como: Saber, Servir, Sentir e Saúde.  Acostumados com a nove do Norte, fotografavam, faziam bonecos e esculturas. O Joe, que jogava basquetebol na quadra do Padre Anchieta com o Dr. Leônidas Ribeiro, o Rogério Toaldo e outros, era alto e usava óculos ( até para jogar). Ficou maravilhado com a neve. E, nós, tivemos que demolir nossa casa, da qual tenho muitas saudades...

         Como resultado do frio, houve perdas e animais nos sítios e fazendas. Lembro que houve muita mortandade de abelhas. Até mesmo o mel que vinha de Abdon Baptista, não veio mais. Não vinha mais o caminhãozinho carregado, com as latas de 20 Kg, com que estávamos acostumados. E o produto encareceu. Alías, ficou sumido pelos anos seguintes, até que os enxames e as colmeias foram-se recompondo.

          Além dos eventos climáticos que resultaram na enchente de 1983, penso que a neve de 1965 seja o outro fenômeno que mais nos marcou.

          Ah, acho muito bonitas a neve e a geada. Mas, agora, com ar quente no carro, é muito mais fácil de encarar o frio. Viva a bela lembrança do passado!  E viva a moderna tecnologia!

Euclides Riquetti
15-07-2012

 

Cravos também falam...


O cravo branco, com sua calma e simpatia
Me disse "Bom Dia'!
E me recomendou que eu tivesse cuidado
Com o cravo bordô avermelhado...

Ora, um cravo falante
Era só o que me faltava!
Nunca vira isso antes:
Falava, ria, cantava.

Seria um cravo narcisista
Invejoso
Egoísta
Ou apenas um fiore formoso
Amoroso
Faceiro, artista?

Nunca vi coisa assim:
Uma flor que encantava
E que perfumava
Todo o espaço do jardim.

Mas,  depois,  entendi:
Há, entre as flores,  o desejo incomum de nos agradarem
De ver nossos olhos brilharem.
E, com meu próprio coração, eu vi
E com meus olhos,  senti:
Só pensavam em me alegrarem!

Adoro flores:
Rosas, dálias, crisântemos e margaridas
De todas as cores
Nos  jardins e nas casas floridas.

Mas o que me traz mais agrado
(Em termos de perfume...)
Certamente que é o cravo
Branco, bordô... ou rosa matizado!

Euclides Riquetti

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Eu quero ser sua canção

Não sei por que caminhos lisos  andou meu pensamento
Se se perdeu nas pedras soltas, ou se foi nas correntezas
Mas penso que seguiu a rota azul no imenso firmamento
Que  preferiu navegar,  solitário, nos mar das sutilezas...

Eu  fiz  muitas perguntas simples e todas sem respostas
E em todas as que eu lhe fiz, você mostrou-se indecisa
Propus amor, felicidade, mas não ouviu minhas propostas
Me deu somente dúvidas, respondeu-me com evasivas...

Não sei andar sem chão, sem base, apenas flutuando
Não sei mover-me sobre as nuvens, sem rumo definido
Não sei viver sem versos, nem quero ver você chorando...

Você é a melodia que me falta para animar meu coração
Você é  parte de mim, você  é meu ser, meu maior  sentido
Você é o tema de meus versos e eu quero ser sua canção.

Euclides Riquetti
22-04-2015

terça-feira, 21 de abril de 2015

Amor e versos, a única certeza...

Cada vez que escuto a  canção do  vento
Entendo porque as pessoas são diferentes
Indago-me se estou certo ou estou  errado
Livre é o meu, também é o seu pensamento
E não sei se estão certas todas as outras gentes.

Prefiro acreditar  que o destino foi traçado
Em linhas planas,  mas na terra arredondada
Riscado sem se saber por qual estrada
Ou por qual raio de sol se deve andar
Na busca por um porto sem se ter um mar.

Talvez seja maior o meu, o seu querer
Imagino quão difícil lhe deve ser.

Inspira-me a compor meus versos e canções
Nas noites estreladas e nas madrugadas
Sempre a imaginar dois belos corações
Presentes um no outro, as mãos dadas
Instantes de avivar nossas paixões...

Radiantes, alegres, sorrisos eternos
Almas cruzadas, vozes cativantes
Dias de turbulência, outros doces, ternos
Onde quer que esteja, sonhos consoantes
Rumos incertos, com pouca clareza
Amor  e versos, nossa a única certeza!

Euclides Riquetti
19-04-2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Quando meu sorriso encontra o teu sorriso

Quando teu sorriso sai pelas janelas
E vai buscar as flores meigas da manhã
Vai encontrar crianças, velhos  nas ruelas
As sempre-vivas verdes e amarelas
Se deliciar nos campos verdes das maçãs...

Quando meu sorriso encontra teu sorriso
Meu rosto tenso das agruras do universo
Sabe que encontrou aquilo que eu preciso
Que chegou perto do jardim do paraíso
Que escrevi nas prosas, que cantei nos versos.

E quando vejo os mil sorrisos que reluzem
Em cada canto da cidade em que tu cantas
Rostos divinos com olhares que me induzem
Corpos esbeltos que me atraem e me seduzem
Minha alma exulta e meu coração se encanta.

Sorrisos, ah, sorrisos, tão bonitos quanto o teu
Sorrisos que navegam pelos céus, que vêm encontrar o meu!


Euclides Riquetti
20-04-2015