sábado, 12 de outubro de 2013

Nossa Senhora Aparecida e o Dia das Crianças

          Os brsileiros comemoram, em 12 de outubro, dois eventos muito importantes em seu calendário: o Dia da Criança e o Dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Tanto que a data se constitui en feriado nacional.

           Comemorar, com alegria, o Dia da Criança, distribuindo doces, presentes e, ainda lembrando de Cosme e Damião, deixa todo mundo contente, não apenas as crianças mas também todos nós, que guardamos, em nosso interior, algo muito sublime, que é nosso espírito de criança. Só quem o tem e o percebe sabe de sua importância.

          Crescemos comemorando a data, mas precisávamos de que ela se tornasse "um dia de folga", coisa de que muito gostamos. E, a partir de 1980, através da Lei nº 6.802/80,  nosso país pode comemorar num belo feriado, em razão de ser também consagrado a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

          O Dia da Criança está-se transformando num grande evenmto comercial. Antigamente, davam doces de presente. Hoje os catarinenses pretendem, segundo pesquisas dos lojistas, gastarem R$ 150,00 em média para presentar seus filhos. Técnicamente e legalmente, são consideradas crianças, no Brasil, as pessoinhas que ainda não completaram 12 anos, que passam, a partir de então, a ser tratados como adolescentes. Meu amigo Frei Luiz Wolf, que foi vigário em Capinzal, me dizia que que ninguém gosta de ser considerado "adolescente", então ele os chamava de mini-jovens. Uma saída inteligente e criativa de nosso Frei que, com maestria tocava seu violão na Matriz e com sua bela voz nos encantava em suas missas.

          Aqui na região, em Ouro acontece a procissão Motorizada, que costumeiramente sai de Capinzal e vai até Linha Sul, com sua imagem conduzida num caminhão do Corpo de Bombeiros. Ali é celebrada uma missa muito concorrida e, após, ocorrem os festejos, com gostoso churrasco ao meio-dia.

          As famílias Viganó, Maté, Baretta e Dambrós são as mais antigas dali e lideram a organização do evento. Os moradores mais recentemente chegados também  fazem parte do grupo que faz acontecer a bela festa.

          Mas a maior procissão que acontece em Santa Catarina é realizada em Campo Novos, no Planalto Catarinense, onde cerca de 70.000 fiéis de todo o Brasil se fazem presentes, num percurso de 4 Km desde a Matriz, no Centro, até seu Santuário, no Bairro Nossa Senhora Aparecida.

          A devoção dos brasileiros para com Nossa Senhora Aparecida é muito forte. Nossa "Mãe do Céu Morena", como é cantada,  teve sua imagem encontrada no Rio Paraíba, em 1717, por três pescadores. e foi declarada e proclamada, em  16 de julho de 1980, como Padroeira do Brasil, pelo Papa Pio XI.

          Então, com muita alegria, comemoremos nosso "Dia das Crianças" e o "Dia de Nossa Senhora Aparecida - Padroeira do Brasil", com nossa homenagem a nossas "crianças grandes", Michele, Caroline e Fabrício. Também às crianças de nossa rua, Pietra, Maria Eduarda, José Antônio, Mariane e Maria Clara.
E, em especial, a nossa neta Júlia!

Euclides Riquetti
12-10-2013        

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Não permitas que não te deixem sonhar

Não permitas que não te deixem sonhar
Nem que te impeçam de viver a tua infância
Vive este tempo que jamais voltará
Vive, intensamente, a alegria de ser criança.

Sempre que puderes abrir o teu sorriso franco
Faze-o com toda a tua amável sutileza
Distribui-nos teu carinho e teu encanto
Que de tua alma brotam com nobreza.

Ama teu pai, tua mãe e  quem te protege
Respeita teus professores e teus colegas
Reza por Deus que te ilumina e rege...

Tem em ti a proteção do anjo que não falha
E que retribui pela oração com que te entregas
O anjo que te ama e que te guarda!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A cama do Amílcar

          O Amílcar estava indignado ontem. Dormiu quase que a tarde inteira. Quase chegando a hora  de tomar "cimarrón" e veio a véia e lascou;" Levante, véio! Num vê que a loça tá tuda incima da pia pra lavá?!" Ele estava curando a ressaca de ontem, por causa de umas caipirinhas do fim de tarde anterior...
   
          Houve muita revolta no coração dele. Só não dá pra dizer que "houve choro e ranger de dentes" porque isso seria plagiar uma máxima já bem difundida, mas que, certamente, houve ranger de dentes e um pouco de chororô, ah, isso houve! Quando tinha que trabalhar, era porque tinha que trabalhar, pagar a Fafi pra filha, o aparelho para os dentes dela, o celular "cum internética" e outras mordomias. Agora que todo mundo está encaminhado, ninguém está rico, mas dá pra ir levando sem muito "istresse" vem a Véia Nena e começa a pegaçón no pé.

          " Me dá um sussego, Nena! Dá um táime aí que mais tem Deus pra dá do que o diabo pra tirá, Nena! I o mundo num foi feito tudo num dia. Foi sete dia pra fazê o mundo!"

         Dia antes ele tinha ido com o "zenro" pro Porto. Enquanto este ia entregar erva-mate, o Amílcar foi ver uma cama nova que disseram que é muito boa, que nem dor na coluna não deixa dar. Viu muitas camas. Não sabia que tinham criado tantos modelos e tantas cores de camas. Telefonou para sua Nena muito admirado:

          "Óia, Nena! O mundo tá virado num cumunismo de bom! Num é mais como antigamente, que a zente tinha que desfiá as páia do milho pra enche o paión  e de manhan tinha que revirá ele pra dá volume. Agora tem as "cama bósqui" que son uma beleza. Umas cama de dois andar que despois de uma semana a zente vai zirando o andar de cima pra non intortá, nun ficá uma valeta no meio.  Dizem que tem até material da Nasa, mais eu num acredito, imazine que a Nasa vai dexá eles pôrim as ispuma deles na cama dos brasilero. Os brasilero eles querem só ispiá no satélite e mais nada."

          E o Amílcar foi contando para a sua Nena de como foi bom voltar lá pro Porto e rever alguns amigos, comprar uns Steinhagger Doble W, dar uma olhadinha na estação do trem, que agora virou Câmara de Vereadores porque nem trem mas passa por lá. Também comprou uns remédios numa farmácia e voltou para o posto de gasolina onde tinha marcado encontrar-se com o genro. Voltaram para General Carneiro na casa da filha e de lá rumou para Palmas. A Nena estava esperando com os limões, o acúcar e o gelo para fazer a deliciosa caipirinha com o Steinhager Doble W.

         Retirou a carteira do bolso, colocou em cima da geladeira, entregou para a Nena os remédios que comprou. Uma dúzia de  frascos de plástico com Omeprazol Genérico. A véia foi ä loucura:

         "Pra que tanto remédio pro istômego, seu asno?

         "Pra tu, Nena! Tu sabe que tem aquela gastura no istômego, sua potranca! Tava in promoçón por R$ 9,90 cada cacinha. Intón fiz bem in comprá, né, véia? I me faça a caipira que hoze tô pro crime!"

         

          Esse é nosso Amílcar!

Euclides Riquetti
10-10-2013
         

         
                   

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Apenas um raio de sol no seu caminho

Permita-me ser um raio de sol no seu caminho
Apenas um, mesmo que tímido e acanhado.
Um pequeno esplendor, bem pequenininho
Um raio luminoso em sua pele jogado.

Um raio de sol como outro raio qualquer
Singelo, dourado, simplesmente fenomenal
A brilhar sobre seu corpo perfeito de mulher
Algo terno, admirável, sublime e sensual.

E que seus olhos de esmeralda possam me encontrar
Em horizontes plácidos nas paisagens airosas
Enquanto beijo a brisa suave que vem do mar.

E, nesta primavera e verão sulinos
Que os ventos nos tragam os aromas das rosas
E as notas  emanadas das cordas de um violino.

Euclides Riquetti
09-10-2013





terça-feira, 8 de outubro de 2013

Um recado

Recebi um recado
Do brilho prateado
Do luar:
Vem comigo
Vem meu amigo
Vamos passear!

Vamos andar pela via láctea
Conhecer a imensidão intacta
Do espaço sideral
Andar pelo  Universo
Em frente e verso
Pelo mundo colossal!

Recebi um recado alvissareiro:
Vou andar pelo universo inteiro
Com a sua companhia.
Vou com seus olhos claros
Pelos recantos mais raros
Vou com toda a alegria

Vou, sim. Vou com você, querida!

Euclides Riquetti
08-10-2013

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Revendo os paraatletas da ARAD em Herval

          Sabe, leitor, quando você sai de casa no domingo para um almoço e ao voltar para casa pode dizer que valeu a pena?! Pois sim amigos, fomos ontem almoçar com os amigos e paraatletas da  Associação Regional dos Atletas com Deficiência  - a ARAD, evento que aconteceu no galpão da Associação dos Moradores do Bairro São Vicente, em Herval d ´Oeste. É um espaço físico que tem muita semelhança com o do CTG de Capinzal, localizado na Área de lazer Dr. Arnaldo Favorito. Construído em estrutura de madeira roliça, a diferença consiste em que o de Herval não possui paredes laterais. Muito espaço para estacionamento, igualmente à margem esquerda do Rio do Peixe, com um campinho de futebol suíço logo ao lado. A mesma distância do mesmo rio. Muitas árvores, deliciosa sombra, paisagem encantadora.

          O Costelão da Arad estava uma delícia! Comandados pelo mestre Antônio Zulian, os churrasqueiros fazem do assadouro uma casa de artes em que preparar o costelão e a carne de leitão passa por todos os rituais, desde os cortes, passando pelo assar e chegando até o buffet,  trazendo aquele aroma que atrai todos os passantes da redondeza. O outro Zulian, Luiz Carlos, e o Jardelino Danielli, que lideram a comunidade, fazem sua parte com maestria, cuidando da organização geral. Uma equipe de senhoras, na retaguarda, garante que tudo saia de maneira perfeita, Parabéns!

          Ao chegarmos ao local,  fomos recepcionados pelas amigas Eva Maria da Fonseca e a Meri  Nunz,  e logo pudemos abraçar  nossa parceira de nossas novas jornadas por aqui, a educadora Josefina Boscia.

          Com muita simpatia e a capacidade de  atenção que lhes é peculiar, receberam-nos o treinador Fernando Orso e a paraatleta e  Presidente da ARAD, nossa medalhista Aline Rocha, e a Maristela Orso, mãe do Fernando, sempre presente, o que faz já há oito anos.  Também abraçamos a Aline Valmórbida e sua mãe e protetora Dona Irani Noel. Revimos o Daluan, o Valdir, a Regina, a Nádia e o marido, e outros. E, na sequência, fomos revendo todos os nossos queridos paraatletas, cada uma lá fazendo sua parte, todos receptivos, dóceis e simpáticos.

          A forma como a ARAD vem crescendo e a força de seus componentes é surprendente. Começaram do nada, com a Maristela transportando paraatletas em seu próprio carro, mas hoje estão-se estruturando melhor do que muitas entidades que apenas sugam dinheiro do Poder Público. A comunidade os apoia porque sabe da seriedade com que os líderes estão conduzindo a educação e os treinamentos dos integrantes.

          No aspecto técnico, a entidade vem preparando seus atletas para os PARAJASC 2013, que acontecerão na pista olímpica do Clube Comercial, aqui em Joaçaba, de 22 a 27 de outubro, e vai particiar nas modalidades de atletismo para pessoas com deficiência física, masculino e feminino, bocha paraolímpica e atletismo para deficiente visual masculino. O projeto "Pequenos Guerreiros" vem atendendo 9 crianças com deficiência física e 3 com deficiência visual de nossa região. Os deficientes visuais estão, agora, sendo integrados como atletas.

          Ora, como é bom poder dizer que passamos momentos agradáveis e prazerosos ali, conhecendo novas pessoas, revendo antigos amigos e fazendo novos deles. E, estar presente, sentir que eles também ficam contentes com a presença de 400 pessoas que foram lá para prestigiá-los, partilhar de sua alegria e satisfação, ouvir os causos que nos contam, é, mesmo, muito gratificante. E ver que a Associação dos Moradores do Bairro São Vicente fez uma parceria "bem camarada" com nossos paraatletas para que o evento acontecesse, possibilita-nos ver que há muitas pessoas em que o sentimento de fraternidade e o calor humano dizem muito mais do que o dinheiro.

          Um grande abraço a todos os paraatletas da ARAD!

Euclides Riquetti
07-10-2013      

domingo, 6 de outubro de 2013

Faltou luz. Que bom!

          No final da ensolarada tarde de sábado,  o som da gaita do Adriano atravessava a rua, sobrepunha-se às roseiras que dão um especial e singelo colorido ao jardinzinho da frente de minha casa, varava as janelas, a porta da frente, a área de passagem lateral,  e ia parar lá no quintal, onde os sabiás, pardais e canários estão dividindo os galhos de minhas fruteiras para (re)pousarem,  e o gramado para ciscar.

          A melodia me transporava para as estâncias gaúchas,  para nossos pampas sulinos, onde as patas dos cavalos sulcam os carreiros em direção ao gado que pasta. O sol está-se escondendo atrás do morro, tornando nosso céu decorado por cores de indescritíveis matizes. Cada um de nós se ocupa com o que tem à mão: TV, telefone celular, computador, forno de microondas... De repente, tudo escurece e alguém gita: "Faltou luz!"  - É a Jujuba, que ainda pouco presenciou em sua vida essa questão de "faltar luz".

          Em poucos segundos, todos os recursos disponíveis acionados:  fósforos, velas, lanterninha de celular, pires para grudar as velas. (Duvido que, em sua casa, você nunca tenha usado um pires ou um cinzeiro para colar uma vela nessas ocasiões...) E a volta à normalidade (ou anormalidade?) - sem luz nas lâmpadas! Hora de ir ao encontro da realidade!

          A Jujuba ensaiou um pequeno choro, na verdade um resmunguinho de nada, fui logo imitando alguns animais, latindo, uivando, miando, fazendo "óinc", e ela foi adivinhando qual animal era. A Mama Ine e a Vó Mi começaram a mover as mãos,  formatando e projetando sombras e bichos nas paredes,  e ela, rindo, adivinhava que bicho era aquele. E falava: "Ih, sem luz não dá para ver desenho na TV! Nem dá pra tomar banho!" E, em poucos minutos, uma "brain storm" já estava instalada em nosso ambiente familiar. E a Jujuba, espreitando  pelo janelão do poço de luz: "Olha lá, tem uma estrelinha lá no céu! Como é bonita!"

         Pela sacada,  pude ver que na parte baixa da cidade e nas bandas da Unoesc a luz retornara. Comentei: " É só aqui no alto que está faltando luz. Algum carro deve ter batido num poste. Quando isso acontece, ficamos sem luz por um tempo, mas logo ela volta!"

          E a Julinha, com aquele seu jeitinho bem opinativo, me vem com essa: "Sabe, vovô, nas ruas tem muita gente comendo banana e jogando casca no chão. Se as pessoas pisam na casca, elas escorregam e caem. O pneu do carro deve ter escorregado na banana, derrubado o poste e daí ficamos sem luz!"

          E agora, velho?! Bem, rimos, vivemos meia hora de encantos, de diálogo, de alegria, coisa inexplicável. E lembrei-me das vezes em que faltava luz em minha infância, quando eu,  meus irmãos e meus pais ficávamos na varanda defronte de nossa casa, lá no tempo em que tudo era Capinzal, olhando para a ponte, esperando que algum carro passasse e nos trouxesse luz. Naquela época,  naquela mesma ponte onde agora passam dezenas de carros por minuto, tínhamos que esperar, muitas vezes, até meia hora para que passasse um. E nós acreditávamos que os caminhões, principalmente o F-600 do Rozimbo Baretta,  meu primo, nos traria de volta a luz, que muitas vezes demorava até dois dias para voltar. Mas, coincidência ou não, logo depois que o caminhão apontava lá perto do Cine Glória, no máximo quando se perdia lá na rua da cadeia, retornava a luz. Saudades disso também...

          Bendita a falta de luz no anoitecer de ontem. Apenas meia hora, mas tempo suficiente para vermos que há  outros modos de se viver mesmo sem termos à mão nossas comodidades e tecnologias. Como antigamente!

Euclides Riquetti
06-10-2013