sábado, 13 de fevereiro de 2021

Da Por que meu pai teve que abandonar o seminário? Ainda bem... Mais reprise

 

 
Ponte Irineu Bornhausen - Liga Ouro e Capinzal - 1956


          Na década de 1950, as cidades de Santa Catarina eram muito pacatas. As do Oeste e Meio-Oeste Catarinense eram pequenas. Seus moradores vieram entre 30 e 50 anos antes, a maioria originários da Serra Gaúcha, onde se situam Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves e outras cidades, cujos distritos originaram muitas outras. Eram filhos e netos de imigrantes italianos, que ali chegaram a partir da década de 1970. Meu familiares, de parte de minha mãe, os Baretta, chegaram em 1876. Os Richetti vieram de datas próximas às deles. Para Santa Catarina, para o antigo Distrito de Abelardo Luz, o primeiro nome da vila onde hoje se situa o Município de Ouro, vieram em meados da  década de 1920. Meu pai, Guerino,  nasceu em 1921,  e minha mãe, Dorvalina Adélia,  em 1923. Viraram moradores da Linha Bonita, embora meu pai tenha morado em outras paragens do nosso antigo Município de Cruzeiro, hoje Joaçaba.

          Ouvir as histórias que eles e os tios me contavam sempre me foi muito interessante. Ser antigo me permitiu ter vivido quando ainda nem se sabia que TV existia. E,  rádio, só alguns tinham. Dizem que na época da Segunda Guerra Mundial, quando as pessoas iam para a cidade (1939 a 1945), passavam na casa do André e da Dona Elza Colombo para saber notícias da Guerra, pois havia expedicionários nossos combatendo na Europa, mais precisamente na Itália.

          Foi justamente durante essa Grande Guerra que meu pai fugiu do Seminário,  do Instituto São Camilo, de São Paulo. Com nove anos (1932),  ingressou no Seminário de Iomerê, ele e outros vizinhos, um Boaretto, tio do Leonir, Prefeito de Capinzal, o Albino  Baretta, Padre que faleceu há poucos anos,  e não me recordo bem qual o outro.

          Em 1994 realizamos, na Linha Bonita, o Primeiro Encontro da Família Baretta, idealizado pelo amigo Albino Baretta, não o Padre, mas o filho do Pierim. O Catequista, Ministro da Eucaristia, que cuidou do irmão dele, paraplégico, o Neto, por cerca de 30 anos e que mora em Capinzal. Foi uma festa e tanto. Vieram familiares de diversos estados brasileiros. E também veio, de São Paulo, o outro Albino, o Padre, que já estava velhinho, com mobilidade limitada. Perguntei-lhe se fora amigo de meu pai, em São Paulo. Ele nada respondeu. Mais adiante o primo Rozimbo me contou o porquê de o Albino não gostar de meu pai e eu o compreendi. Fiquei muito contente por ele não gostar de meu pai. A Festa da Família Baretta foi algo bonito. Repetiu-se uma vez, mas depois não mais aconteceu.

          Devo minha vida justamente ao Padre Albino Baretta. Albino significa "alvo", "branco", bem claro. Mas foi justamente porque ele era inquieto, e aquele que viria a ser meu pai também, que eu existo. Senão vejamos:

          Os seminaristas do São Camilo, de Iomerê,  foram todos para São Paulo, na Vila Pompéia, onde meu pai ficou de 1932 a 1942, tendo, então, 19 anos. Fez ali o Colegial, equivalente ao hoje Ensino Médio, que já foi Segundo Grau. Estudava Filosofia que, pela regra, são dois anos de Filosofia e três de Teologia para que o Noviço se torne Padre. Meu pai usava batina escura, era alto e magrão, tinha óculos clássicos. Aprendera Canto Orfeônico, Francês, Italiano, até tocava piano e órgão. Gostava muito de História e Geografia, tinha sempre excelentes notas. Mas também gostava de trabalhar, costume ou hábito de todos os descendentes de italianos. Sabia lidar com o serrote, o martelo, a marreta, o nível, o metro, a colher de pedreiro, o esquadro. Os mais limitados iam de enxada, foice, picareta... Ele, bom de cálculo (ensinou-me a calcular medições de terras e volumes quando eu estava no segundo ano primário), era pedreiro. E, no Seminário, sempre havia o que fazer. Herdara do Nono Frederico as habilidades.

          Bem, num dia daqueles, estava meu pai a construir uma cancha de bochas, lá na Vila Pompéia, quando o colega Albino Baretta começou a dar palpites, em vez de ajudar. Meu pai deu-lhe uma marretada no dedão de um pé e foi sangue para tudo o que é lado.

          À noite, a Cúpula Diretiva do Seminário, embuída do maior senso de justiça, reuniu-se para decidir o futuro do rebelde Guerino. Era uma decisão difícil, que ficou adiada para a manhã seguinte. Precisavam analisar tudo, calmamente, mas, à espreita, o réu já percebia que seu destgino seria a rua, a expulsão, uma vergonha para a Família Italiana, em plena Segunda Guerra Mundial. Então, enquanto todos dormiam, jogou uma trouxa de roupas pela janela do quarto, saiu devagarinho e silenciosamente pelo corredor, sem ser percebido, e adeus seminário. É por isso que o Padre Albino é responsável por eu existir. E, terei imenso prazer erm lhe proporcionar, cara leitora, a continuidade dessa história, em próxima crônica. Enquando isso, a Marjorie Estiano e a Fernanda Montenegro ganham um descanso merecido.


Euclides Riquetti
25-03-2012

Quando, de novo, o sol nos voltar a brilhar

 




Resultado de imagem para fotos homem triste



Quando, de novo, o belo sol nos voltar a brilhar
E pudermos ouvir o coro dos canários e pardais
Quando o doce canto das gaivotas nos acordar
Como nas manhãs de que não esquecerei jamais
E Deus, com suas Divinas Mãos nos abençoar
Entenderei que o pouco é melhor que nada mais!

Talvez nosso desejo de possuir nos torne exigentes
Desperte em nós a vontade do mais ter e do querer
Renunciar a bens preciosos nos deixa descontentes
Quando nos acostumamos a ganhar é difícil perder
E não haverá nada que nos possam deixar contentes
Se não abrirmos mãos de nossa vontade de vencer!

E, quando chegamos ao ponto de sentir pena e dor
De nos martirizarmos por causa de vãs desilusões
É porque dentro de nós ainda existe muito amor.
Mas, quando aprendermos a dominar as emoções
E buscarmos um mundo de beleza e de muita cor
Poderemos brindar à alegria e paz nos corações!
Euclides Riquetti

Luto em Santa Catarina: Morre o Escritor, Advogado e Desembargador Edson Nelson Ubaldo

 



       Faleceu hoje, em Florianópolis, o Doutor Edson Nelson Ubaldo. O camponovense, com larga folha de serviços  prestados à Justiça Catarinense, também era talentoso escritor. Tenho, em minha prateleira, dentre os livros autografados por diversos amigos escritores, um de Nelson Ubaldo, "Rédea  Trançada", editado em 1980. 

       Em 1989, quando assumi o cargo de Prefeito do Município de Ouro, tendo como vice Nadir Zanini, (sobrinho do parapsicólogo e escritor Padre Ovídio Zanini), foi-me sugerido convidar para assessor Jurídico um jovem advogado nascido na Linha Maziero, Ouro, Elton Vítor Zuquelo, que também era funcionário da Caixa Econômica Federal, em Capinzal, a qual era instalada no edifício Sanalma, centro de Capinzal, de propriedade do ex-Vice-prefeito do Município de Ouro, Saul Parisotto. Ele atuava como advogado em parceria com o historiador e advogado Dr. Vítor Almeida, em Capinzal, figura muito importante na história e cultura daquela cidade. Quando estava se preparando para o concurso, ele se "escondia" na casa de seu irmão João, nosso vizinho ali em Ouro. Poucas pessoas sabiam do lugar em que ele se ocultava para estudar com tranquilidade e poder ter o necessário nível de concentração, e eu era uma dessas pessoas. 

       Zuquelo era tão competente e estudioso, que o perdi antes da metade de meu mandato. E não é para menos: Foi aprovado em concurso público e tornou-se Juiz de Direito em Santa Catarina. 

       Tão logo ele solicitou que fosse dispensado, conversei com amigos para que me indicassem um assessor jurídico que fosse muito capacitado. Então, o Vereador Pedro Morosini, que era acadêmico do curso de Direito, na UNOESC, de Joaçaba, falou-me de que eles tinham um professor excelente, profundo conhecedor do Direito, Dr.Edson Nerlson Ubaldo, de Campos Novos. Havia se aposentado na Prefeitura de Campos Novos e talvez aceitasse trabalhar conosco, mais por gentileza do que pelo salário, que era de valor ínfimo. 

       Além de sua alta capacidade profissional, Ubaldo era um cavalheiro e um cidadão muito valente. Tinha uma fazenda no trecho entre Campos Novos e Zortéa, que nem município era ainda. Certa vez, um filho dele foi sequestrado e ele mesmo investigou, recuperou o filho e deteve o sequestrador. Contou-me, com detalhes, como fez para chegar ao cativeiro e desbaratar o sequestro. 

       Ao término do mandato, foi para Florianópolis assessorar a Prefeita Ângela  Amin, hoje depurada federal. Adiante, tornou-se Desembargador do tribunal de Justiça de Santa Catarina. Para mim, foi uma honra ter tido tão eminente advogado me assessorando e me aconselhando. Acredito que nenhum prefeito teve a sorte de contar  om pessoas como Elton Vítor Zuquelo e Edson Nelson Ubaldo como assessores. 

       A notícia de seu falecimento muitos nos entristece. Santa Catarina perde um grande jurista e talentoso escritor. O escritor, com forte acento da literatura de cunho regional, era ocupante da Cadeira Número 12 da Academia Catarinense de Letras. Um verdadeiro conhecedor, avaliava vinhos com maestria. Como professor de Direito Processual Civil, era respeitado e admirado pelos seus alunos. Com mais de uma dezena de livros publicados, escreveu contos, 3 relacionados ao Direito,  alguns de poemas, e ainda o clássico "Vinho- Um Presente dos Deuses", Foi também professor da Escola Superior da Magistratura e da Escola Superior de Advocacia de Santa Catarina. Tem 8 livros publicados, sendo quatro de contos, três de Direito e o clássico “VINHO UM PRESENTE DOS DEUSES”.

Também  Professor Honorário das Universidades HermílioValdizán, Garcilaso de La Vega, Sto. Toríbio de Mogrovejo (Peru) e Domingo Sávio (Bolívia). Sócio Benemérito do Instituto de Filosofia do Direito da Universidad de Lomas de Zamora (Argentina) e membro do Círculo de Especialistas em Direito da Fundação Konrad Adenauer (Alemanha). Como viticultor, foi pioneiro da produção de vinhos de altitude em Santa Catarina, produzindo a partir de viníferas nobres, desde 1981, o que serviu para que obtivesse a Comenda Anita Garibaldi, em 2009. Foi fundador da Academia catarinense de gastronomia, em 2014. 

Aos amigos e familiares do Doutor Edson, um fraterno abraço e as mais sentidas condolências.


Euclides Riquetti

13-02-2021

    

Sim, anjos existem!

 



Resultado de imagem para imagem anjo protegendo mulher

Sim, anjos existem, estão em todos os lugares
Protegendo-nos, cuidando-nos, flutuando
Nas paredes dos templos e nos altares
No coração de cada ser bondoso e venerando.

Anjos existem e nos dão os seus sinais
São presença constante em toda a nossa vida
E depois que surgem, não somem jamais
Sempre presentes na dor e na alegria sentida.

Anjos se vestem com suas túnicas brancas
Com as asas branquinhas da cor do algodão
Pousam nos seres das almas mais francas
Voam pelos ares e céus de toda a  imensidão.

Sim, os anjos existem e você é um deles
Pois está presente em todas as minhas ações
Anjo de amor que mata minha sede
Rezo por você as minhas singelas orações.

Euclides Riquetti

O silêncio do "microfone de ouro" - reprise - homenagem a Ademir Pedro Belotto - no Dia Mundial do Rádio

 



         No domingo, 12, Dia da Criança, Capinzal e região foram tomados por uma ingrata surpresa: Após uma hemorragia que teve na noite de sábado, Ademir Pedro Belotto, radialista, Diretor da Rádio Capinzal Ltda, onde atuava há 27 anos, e do Jornal "A Semana", há 13, deixava a vida terrena por volta das 14 horas, no Hospital Santa Terezinha, de Joaçaba.

          Recebi o recado de um amigo e, após o choque, tratei de propagar a informação. Meus amigos precisavam saber que o "Belo", como os mais próximos costumavam chamá-lo, nos pregara uma grande peça: fora morar no Reino de Deus sem deixar aviso nem despedida.

          Ora, fosse ele um jogador de futebol famoso, certamente teria tido sua partida de despedida, como comumente acontece. Aliás, certamente que eu mesmo me convocaria, participaria do grupo "Amigos do Belotto", onde certamente estariam atuando gente que jogou bola conosco nos Veteranos do Arabutã nos anos 90. Era nosso ponta-esquerda, tinha habilidade com a perna esquerda, embora não tivesse grande preparação física. Nessa arte, conheci-o ali na Baixada Rubra, no Ouro, quando eu o marquei num jogo contra o Masters de Joaçaba, time formado por radialistas da Catarinense, professores da Unoesc, ex-atletas do Joaçaba Esporte clube, e profissionais liberais. Coube-me marcá-lo e a tarefa foi fácil: estava jogando com um tênis branco, num gramado escorregadio. Justificava-se, com seu peculiar sorriso... Eu o entendia. Não era fácil jogar sem chuteiras.

          Fácil era o domínio na área de vendas de máquinas pesadas, sua atividade  na época. Fácil foi ter empunhado os microfones da Rádio Caçanjurê, em Caçador, aos 17 anos; da Rádio Catarinense, em Joaçaba; da Rádio Capinzal, em 1987, o que se deu até há poucos dias. Fácil, foi criar com dignidade, juntamente com sua esposa, a Juçara, os filhos César Augusto, Thiago Luiz e Thayana Larissa, legando-lhes bons exemplos, proporcionando-lhe oportunidades de estudos, dando-lhes os direcionamentos para uma vida com ética e decência.

          Difícil mesmo, foi chegar aos 58 anos e, depois de ter conhecido a Europa e visitado sua querida filha na Irlanda, ter encarado uma doença, um tumor alojado na mandíbula, uma cirurgia em Pato Branco, no dia 02. Difícil foi ser pego de surpresa, na noite de sábado, com uma hemorragia, o internamento, o óbito. Mais difícil para a esposa, os filhos e amigos, do que para ele mesmo. Difícil para os irmãos, sobrinhos, em especial para seu irmão Ademar Augusto Belotto, o Japão, nosso amigo aqui em Joaçaba, que foi seu guia na juventude e que o acompanhou de perto em toda a sua vida. Aliás, o choro durante a sua fala, na despedida, no Cemitério Frei Edgar, na tarde desta terça-feira, sintetizava o sentimento de todos nós, seus amigos, que estivemos acompanhando-o, quer no Centro de Eventos São Francisco de Assis, na Paróquia São Paulo Apóstolo, em Capinzal, quer na celebração de corpo presente, na Matriz, em Capinzal, quer aqui em Joaçaba.

          Perdemos o Belotto e isso enlutou Capinzal e Ouro e as cidades das cercanias. Silenciou, definitivamente, o "microfone de ouro", que tanto nos alegrou e nos orgulhou nos cerimoniais que dirigiu em centenas de eventos. Uma vez emprestou-nos sua valiosa voz para a produção de um vídeo que produzimos relatando e retratando a história do Município de Ouro e a emancipação. Fomos companheiros em muitas jornadas. Nossos filhos foram colegas de escola, no Grupo de Dança Italiana, no Grupo de Escoteiros Trem do Vale. Quantas vezes nos encontramos com o casal Ademir e Jussara e todas as crianças. Bons e memoráveis tempos que não têm como voltar...

          Mas temos as belas lembranças... A franqueza do diálogo maduro, o respeito mútuo. Ele era muito habilidoso em escrever crônicas que apresentava no Jornal do Meio Dia, na Capinzal. Algumas vezes, me solicitava autorização para ler alguma de minhas crônicas. Eu lhe dizia que, para ele, as portas estavam sempre abertas e que ele podia utilizá-las da forma que lhe aprouvesse. Uma questão de confiança, uma ética muito respeitosa!

         Ora, não faltará quem escreva sua biografia. Os colegas de trabalho emocionaram as centenas de pessoas que estiveram na Matriz São Paulo Apóstolo com seus depoimentos. Só quem plantou o bem perante seus amigos e colegas leva os elogios sinceros e merecidos.

          Que bom poder falar assim de um amigo, uma pessoa que sempre foi muito equilibrada e que um excelente profissional. Ficar trabalhando por tanto tempo numa emissora de rádio, num setor de atividade humana em que a polêmica é fator muito presente, é significação de grande capacidade de trabalho e de harmonização.

          No domingo à noite, Capinzal foi invadida por pessoas de todas as comunidades e das cidades vizinhas. Foram dar adeus ao homem da voz belíssima, que ao falar impunha respeito e detinha credibilidade. Isso mostra o quanto era bem visto e o tamanho da legião de amigos que formou ao longo de sua vida. O Vale do Rio do Peixe está de luto.

 Fique bem, na proteção de Deus, Belo!

Euclides Riquetti
13-10-2014

Se você não quer que apareça...- reprise - Dia Mundial do Rádio

 


Resultado de imagem para foto microfone antigo


          Anos de 1970 e 1971. Brasil Tricampeão Mundial de Futebol no México. Vivíamos o início do "Milagre Brasileiro", tão contestado bem adiante.  As pessoas tinham medo de ver seu nome exposto nos meios de comunicação e se cuidavam muito para manter uma razoável linha de conduta. Em Capinzal e Ouro, a Rádio Clube, sucessora da Rádio Sulina Ltda, que se localizava alii na Felip Schmidt, andar superior ao da Tipografia Capinzal. A "Rádio do Bonissoni", como a chamavam, utilizando uma aparelhagem simples e bem básica, prestava um grande serviço de utilidade pública.

          Lembro bem da equipe que foi-se formando e se revezando na apresentação de seus noticiários: Chaves, Vilmar Pedro Maté, Márcio Rodrigues (Pimba), Dorneles Lago, Válter Bazzo, Joe Luiz Bertola, Aderbal Gaspar Meyer (Barzinho). Estes também atuavam nos programas musicais. Mas, exclusivamente nos musicais, que chamavam de "caipiras", o Tertulino Silva, conhecido como Terto, e sua equipe. Os musicais ao vivo, com gaiteiros, violeiros e violonistas. Na locução, ainda, Alda Roseli Meyer. Egídio Balduíno Bazzo, o Titi, com uma programa musical e de variedades. Seguidamente, uns comentários do advogado e diretor ~Enio Gregório Bonissoni. Na administração e atendimento, Mariza Calza.

          Pois nessa época gloriosa, numa cidade geminada e provinciana, todo mundo conhecia todo mundo. E, na hora do almoço,  junto ao Jornal do Meio Dia, vinha a temida, mas muito esperada,  "Ronda Policial", apresentada pelo Sargento Altair, da PM, e normalmente pelo Vilmar Maté.

          Era mais ou menos assim:

          a- Boa tarde, ouvintes! Estamos iniciando, neste momeeeento...
         b-  Rooooonda policial.
         a - Os fatos como acontecem, aqui nos microfones de sua Clube!
         b - Apresentação do Sargento Altair......
         a - E de Vilmar Pedro Matté.
         b- ... e os inimigos do alheio andaram visitando a casa do Sr............. , lá na Entrada do Campo!
         a- Mas os olhos da Dona Justina já estão de olho nos larápios. E, se alguém , amigo ouvinte, lhe  oferecer um rádio de pilha marca Motorádio, por favor, denuncie diretamente na Delegacia de Polícia, diretamente ao o Sargento Altair,  para que ele possa deter o meliante!
         b- Mas um fato muito grave aconteceu na noite de ontem na Zona do Baixo Meretrício, nossa ZBM,  mais conhecida como Frestão, quando o Sr. ........, armado de faca, investiu contra seu amigo, o Sr............., causando-lhe uma perfuração no abdômen. Dizem que a causa foi o desentendimento porque ambos queriam os serviços da mesma mulher!
         a- Algumas senhoras que atendem no estabelecimento, fazendo uso de um táxi Opala que se encontrava no local,  promoveram o transporte da vítima para o Hoispital São José, onde foi operado pelo Dr. Celso e já se encontra fora de perigo...
         b- Lembre-se:  Os olhos da Lei estão sermpre sobre você! Não faça nada de errado. E, se não quer que apareça... Não deixe que aconteça!!!    

          Era  assim nossa Ronda Policial. Dona Justina era a Justiça, a Dona Justa, a Polícia. E era temida, mesmo. Nos bailecos, tínhamos que nos comportar porque, na segunda-feira, se bancássemos bobeira, nossos nomes poderiam estar na Ronda...As pessoas se cuidavam por dois motivos: tinham medo de que seu nome fosse exposto na Ronda, ou mesmo porque tinham medo de Deus, do Padre, da Freira, porque fazer "coisa errada! era pecado...

          Hoje você, leitor, pode achar isso uma barbaridade. E é, pois não se pode expor o nome das pessoas ao ridículo. Mas, que as pessoas se cuidavam mais, ah como se cuidavam...

Euclides Riquetti
20-06-2013

Os 70 Anos da Rádio Catarinense - reprise - Homenagem no Dia mundial do Rádio

 



          A Rádio Catarinense está comemorando 70 anos. É uma emissora de grande audiência no Meio-Oeste de Santa Catarina. Tem uma programação bem diversificada. Ouço-a desde que meu pai comprou um rádio, e eu tinha já 14 anos. É, naqueles tempos difíceis, a vida  era mesmo difícil, as famílias tinham pouco conforto disponível.

         Na semana que passou, houve grande participação popular na programação da emissora, que ligavam para dar seus depoimentos sobre a emissora, em si, mas sobretudo sobre passagens que tiveram em ralação a ela. A  história da emissora é feita pelo seu capital maior: o ouvinte. Ainda, pela sua equipe de trabalho e os patrocinadores. A adoção de tecnologias modernas e a gestão eficiente completam o quadro de sucesso da emissora.

          Na tarde da sexta-feira, liguei para falar com o Elmir Bender, que para os capinzalenses, zorteenses e ourenses era o "Gorduchão", que trabalhava na Rádio Capinzal e tinha a lanchonete Gorduchão Lanches, ali defronte à Estação Rodoviária de Capinzal. bati um belo papo com ele no ar, lembramos de algumas passagens de nossa vida:

- Marquei ele numa partida de futebol, ao final da década de 1970, no campo do Grêmio Lírio, em Zortéa. Era ponta-esquerda dos aspirantes do Arabutã FC, um rapazinho, ainda. E eu era lateral direito dos aspirantes do GE Lírio. Ele, humildemente, diz que "não jogava nada", mas posso dizer que tive que cuidar bem dele pra que não fizesse gols.

- Ele lembrou de quando veio a minha casa, no Ouro. Trouxe a capa do disco de vinil "Pink Floyd The Wall" para que eu traduzisse. Fiz isso, gentilmente. Eu era professor do irmão dele, o Valcir, que fazia dobradinha com o Jalmir Jaskou, lá na escola Sílvio Santos... Depois, enquanto tocava as músicas em seu programa de rádio, ia dando, simultaneamente, a sua tradução para  os ouvintes entenderem.

- Falei que, no início da década de 1980, convidado pelo Venâncio Mengarda, da antiga Acaresc, hoje Epagri, acompanhei os biólogos  norte-americanos Stephen James Dagwel e Marilyn Perney, de Virginia Beach, Estados Unidos, numa incursão deles por aqui. Fiz a função de intérprete das reuniões deles com jovens dos Clubes 4-S de Linha Gramado, em Capinzal, Linhas Caçador e Santa bárbara (Ouro), Itororó (Herval D ´Oeste) e Quilômetro 16 (?), em Joaçaba. Depois, interpretei a entrevista deles à Rádio Catarinense, para o repórter Ademar Augusto Belotto, o Japão.

- Meu pai comprou o primeiro rádio da família quando eu já tinha 14 anos. Era um caixão de madeira com um equipamento bem menor dentro, um rádio remontado que foi  produzido pelo compadre dele,
Atílio Fontana, que estava estabelecido em Lacerdópolis. Como em Capinzal a emissora local estava desativada, ouvíamos a Catarinense e a Herval D `Oeste, aqui de Joaçaba, onde tomávamos conhecimento dos fatos da região.

- Ele lembrou da última entrevista que fez comigo, quando eu atuava como "Amigo do Hospital Nossa Senhora da Dores", de Capinzal. Falei que, há 4 anos, tivemos que rifar uma Kombi reformada, que o pai de uma paciente doou para que pudéssemos arrumar dinheiro para pagar o décimo-terceiro salário dos funcionários do Hospital. Nosso colega amigo do Hospital, Benoni Viel, da Auto Elite, patrocinou a reforma da parte mecânica da Kombi, ajudando-nos na empreitada também. E falamos das dificuldades que os hospitais têm para se manterem atendendo a população em razão da pouca paga pelos serviços que prestam ao SUS.

- Falei que, quando eu estudava no antigo "ginásio", em Capinzal, as colegas de escola só falavam do pessoal da Rádio Catarinense, do Bolinha e do Iraí Zílio, eram todas muito fãs deles e os outros funcionários da Rádio. Ficávamos bravos com eles porque nós, os de lá, pouco contávamos... Havia um que tocava um disco com uma música tinha nome de uma delas, na letra, razão pela qual ele "furava" o bolachão.  Claro que vou omitir o nome dela aqui...

O que eu não falei: Como tomei bom tempo dele no ar, relato aqui uma passagem que tive, com amigos, em Brasília: Fomos, com o Prefeito Sérgio Durigon e o saudoso radialista Ademir Pedro Belotto, para receber, em Brasília, o prêmio de "Prefeito Empreendedor", auferido pelo Durigon em razão de um case que redigi relatando um Plano de Desenvolvimento para o Município de Ouro. Lá, conhecemos a Dra Zilda Arns, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, catarinenses de Forquilhinha, que ficou impressionada em ver que um município pequeno estava entre os 5 que mais atuavam na área empreendedora do Brasil. Depois, no almoço, conhecemos um cidadão, de sobrenome Filipin, que disse ser primo dos de Capinzal. Quando lhe pedi o que fazia lá, falou: "Em Brasília...19 horas"! Era locutor, trabalhou em  voz do Brasil, fazia cerimoniais para o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Tinha uma frustração: Quando jovem, sonhava em trabalhar na Rádio Catarinense, em Joaçaba. O chapecoense veio para cá e não conseguiu ser aprovada nos testes... Mas estava lá, fazendo isso agora.

          Bem, tenho alguns amigos na Catarinense, alguns antigos e outros recentes. Tenho um rádio de pilhas, um Motorbrás, que caiu numa escada e espatifou-se. Colei os plásticos, fui pondo os componíveis nos devidos lugares, mas não deu para recuperar a peça de troca de estações. Como estava sintonizado na Catarinense, agora só posso ouvir a mesma...

Vou saudar meus leitores com uma frase que o locutor Marcos Valnei,  ao finalizar seu programa "Rádio Saudades", ao final da tarde, diz: "Escreva no seu presente a história de suas futuras saudades". Bonito, né?!

Euclides Riquetti
12-07-2015

Quando a esperança renascer...

 




Resultado de imagem para imagens flores amarelas


Quando a esperança renascer das cinzas
E então o  verde corar todos os gramados
Quando as florinhas amarelas voltarem
Nos campos do Sul de céu azulado...

Quando os seus cabelos forem sacudidos
Pelo vento fresco da manhã de solidão
Quando sua voz movimentar os sentidos
E eu poder ouvir a sua doce canção...

Quando no horizonte eu puder vislumbrar
A silhueta imaginária de seu corpo elegante
Quando na noite, de novo,  puder recordar
As linhas doces  e a beleza de seu semblante..

Eu saberei que valeu a pena!

Euclides Riquetti

Todos os meus pecados

 


 

Resultado de imagem para fotos homem contemplando




Espero  por um novo tempo, um terno  novo dia
Uma nova e bela manhã, uma nova esperança
Um tempo de muito  amor, um tempo de alegria
Um tempo de colher, um  tempo de bonança...

Um belo novo ano, com êxito e sucesso
Saúde, paz e flores, rosas perfumadas
Poemas sem dilemas, versos e mais versos
Pecados absolvidos, almas perdoadas.

Um novo ano feliz,  com abraços e muitos beijos
Uma rosa vermelha, champanhe ou amarela
Lábios de cereja, de doce e de desejo...

Manhãs ensolaradas, tardes de céu azulado
Pensamentos profanos passando pela janela
Indo juntar aos teus, todos os meus pecados...

Euclides Riquetti

Um sábado belíssimo? fique bem!

 


Resultado de imagem para imagem sol em Joaçaba

Tenha um sábado belíssimo
Um dia levemente ensolarado
Um céu azul com matizado
De nuvens brancas, lindíssimo!

Tenha um sábado de alegria
Muita jovialidade e animação
Muita paz no seu coração
E o prazer de viver este dia!

Tenha um sábado diferente
Com suas coisas dando certo
E meu espírito estará perto
Cuidando de você, certamente!

Tenha um sábado gracioso
Muita motivação para a vida
Reencontros sem despedidas
Um dia simplesmente gostoso!

Pois vou fazer-lhe uma oração
Pedir pra todos muita saúde
Equilíbrio com amplitude
Muito carinho no coração.

Fique bem, fique muito bem!

Euclides Riquetti

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A casa grande - a casa das paixões indescritíveis... Texto poético

 




Resultado de imagem para casa com jardim

        Imagine uma casa grande. Grande pelo número de seus cômodos, grande por tudo o que pode acontecer com ela, por aquilo que pode acontecer em seu interior. Uma casa com jardins de flores amarelas e perfumosas,  gramados verdes da cor da esperança, com janelões altos, envidraçados. As portas com almofadas. Quatro almofadas verticais e uma horizontal, em estilo italiano, bem peculiar ao costume das famílias. Uma casa em que algo tem o formato de um coração, mas não posso precisar qual algo é.

          Mergulho na casa grande como se estivesse mergulhando num vasto oceano. Um oceano de cristais esverdeados. Busco, em cada aposento, perfumes raros e amadeirados que estão impregnados justamente nas madeiras. Cada tábua e cada mata-junta da casa grande têm uma história. Cortinas da cor bordô  que lembram as vestes da dama elegante. Ah, eu queria pintar uma obra-prima em que eu retratasse tudo aquilo que eu quero descrever.

        Na casa grande as pessoas riem, sorriem. Nela eu procuro sorrir o sorriso da mais pura alegria. mas uma sensação de dor e de saudade toma conta de meu íntimo. E procuro respostas: quero saber o porquê... O porquê de minhas aspirações não se concretizarem. Quero saber por que a própria história da casa grande me rejeita. Eu, que sempre a louvei, quis pra mim, desejei, não como um bem material, mas como algo que se queira, fico inconformado.

         Nenhuma distância pode amainar os sofrimentos. Lembranças são  inerentes a quem tem uma história.  Saudades também... Perdas, quando ocorrem, levam ao desespero. A sensação de perda é sempre deprimente e constrangedora. Perdas não têm sentido, perdas geram sofrimentos desnecessários. Que poderiam ser refutados com toda a veemência e com a eloquência dos discurso do orador e os poemas épicos do ultrajado.

          Uma casa grande, mas mais significativa do que as demais. Ruas estreitas, obstáculos, carros caracterizados, pessoas que tomam condução para o trabalho, crianças que se dirigem às escolas, velhinhos que acenam com as mãos já calejadas, com o rosto envelhecido, mas irradiando sorrisos de felicidade. Ah, que in veja! Eu gostaria de envelhecer na casa grande, curtir bem ela, desfrutar de tudo o que ela pudesse me oferecer. Vou lutar por isso, quero viver muito, quero ser feliz. Eu e a casa grande, onde transformarei as dores de minha alma e de meu coração em afagos, apoios, abrigo terno e delicioso. Imperdível!

         Uma casa grande, lembranças de um carro escuro, de perfumes, de ousadias, de temeridades, de certezas que se transformam em incertezas. Uma casa grande. Grande, mas com muito amor, carinho, doçura. Algo para ser eterno, afável, de indizível descrição, mas compreensível. Uma casa grande onde o amor vingará e as mazelas e tristezas irão embora  com os ventos para não mais voltarem. E, sempre que for necessário, um pedido de perdão. Talvez por amar demais essa casa grande! Porque uma casa grande, em algum momento, encantou-me e me traz lembranças!

Euclides Riquetti
11-01-2015

Preciso do vento que vem do mar

 



Eu preciso do vento que vem do mar

Preciso da lembrança para me embalar
Preciso do sol nas tardes e manhãs
Preciso de ti (nas tardes e manhãs)
E no sonho tenro que a noite me traz.

Preciso afirmar minhas convicções
Rever conceitos que me vêm e apago
Conter meus impulsos e frear emoções
Preciso do alento de teus afagos...

Sou como a mão que alinha tijolos
Dispondo-os simetricamente
Como o profeta que prediz os sonhos
Sonhadamente
Como o poeta que empilha versos
Livremente, harmoniosamente!

Mas preciso de ti para formatá-los
E só para tu lê-los,  decerto
E só tu os ouças por certo.
Preciso...como preciso do vento
Que vem do mar!

Euclides Riquetti

Lembranças que entristecem




Há lembranças que me entristecem
Há outras que me alegram sempre...
Lugares por onde ando que fornecem
Cenários que me marcam docemente.

As boas, procuro reavivar com alegria
Deleitar-me, mergulhar em devaneios
Sorver aquela doce e suave nostalgia
Navegar nos sonhos, alimentar anseios.

Castelos azuis com as janelas brancas
Ruas que sobem, ladeiras que descem
Há lembranças boas, lembranças santas.

Lábios que beijei, corpo bem abraçado
Versos escritos, bocas que emudecem
Imagens presentes, volvidas no passado.

Euclides Riquetti




Por que as folhas caem?

 


Por que as folhas caem?

Porque nos dias há luz

Porque a noite nos seduz

Então as folhas caem...


Por que as folhas caem?

Porque o tempo passa

Porque há vinho na taça

Então as folhas caem...


Por que as folhas caem?

Porque tudo é incógnita

Porque tudo foge à lógica

Então as folhas caem...


Por que as folhas caem?

Porque o outono virá

Porque, então, tudo mudará

Então as folhas caem...


Por que as folhas caem?

Porque as aves planam

Porque pessoas se amam

Então as folhas caem! 


Euclides Riquetti

12-02-2021





O amor sempre vence

 




Resultado de imagem para foto casal apaixonado

O amor sempre vence
E isso é mesmo preciso
Quando ele convence
Reconquista o sorriso!

O amor que enobrece
Traz a alegria pra nós
O coração não padece
Se não ficarmos sós!

O amor que embriaga
Nos impele a lutar
Nos anima e encoraja
A amar, amar, amar!

O amor nos enternece
E nos deixa extasiados
A gente até rejuvenesce
Quando  apaixonados!

Bem assim!

Euclides Riquetti

O Futebol - poema -

 


Gilmar Rinaldi (meu colega de adolescência em Ouro - SC, é natural de Mariano Moro, RS), reserva de Taffarel no tetra e medalha de prata  nas Olimpíadas de Los Angeles;  Dunga (Capitão da Seleção do tetra) e Taffarel, goleiro titular do tetra. Os três são bem sucedidos como empresários do
agronegócio (Dunga e Taffarel)  e da construção civil (Gilmar). Matilde Rinaldi, irmã de Gilmar, morava em nossa casa, em Ouro - SC. 


O futebol é a grande paixão do brasileiro.
A paixão que move os corações
É a mesma que move os pés
Que faz com que as pessoas, de todas as idades
Busquem, com determinação
A conquista da vitória!

No verde gramado dançam
Harmonicamente
Os corpos dos atletas.

Nas arquibancadas desenham-se
As mais espetaculares coreografias
E o grito de gol,  incontido
Sai das gargantas dos aficcionados
Pelo esporte bretão
Que encanta e envolve as multidões.

Este, está presente em todos os lugares, a toda a hora
Em todos os pensamentos!

É um Brasil de chuteiras
Para um povo
Onde todos somos técnicos em futebol!

Empunhamos nossas bandeiras
E levamos as cores de nossos times pelas ruas
Pelas fachadas dos prédios
Pelas janelas de nossos carros.

E, neste contexto, desenha-se o cenário do sonho
Da busca da glória
Do vencer
Da superação!...

Euclides Riquetti
(A pedido da Michele, em 02-07-2003)
Poema foi lido pelo apresentador de TV Elia Júnior - ao Capitão Dunga - de nossa Seleção Brasileira de Futebol - no lançamento da pedra fundamental do estádio da cidade de Joinville - SC

Na noite em que choveu (perdi o luar...)

 



Na noite em que choveu, perdi o luar
Perdi as estrelas, perdi a estrada
Só não perdi a madrugada
Que ficou para me afagar...

Afagaram-me o miados da gata
Os latidos da fêmea desconsolada
Os  relinchos da zaina domada
Na noite chuvosa e... ingrata!

Afagou-me a mulher sem nome
Que me desejou bons sonhos
Leves, coloridos, rionhos
Que falou-me ao telefone

Mas, sobretudo, afagou-me quem me acariciou
Me abraçou, beijou, amou
E me fez feliz!


Euclides Riquetti

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Eu já tenho um violão

 




Resultado de imagem para imagem de violão





Eu já tenho um violão
Tenho também uma musa
Também tenho um coração
E uma mente confusa...

Eu já tenho a letra
Tenho também a melodia
Um alma negra
E muita nostalgia...

Eu tenho disposição
Mas me falta a energia
Sumiu minha inspiração
Nos últimos dias...

Vou fazer uma canção
Romântica, chorosa
Quero a sua atenção
De mulher carinhosa...

Eu já tenho um violão
E preciso aprender
A lhe fazer a canção
Que a irá convencer...

Você pode estar certa
De ter todo meu amor
O meu amor de poeta
Que a ama com fervor!

Apenas isso...
Bem assim!

Euclides Riquetti

Foi por você

 



Foi por você que eu fui buscar as estrelas prateadas

Foi por você que fiquei acordado na noite enluarada

Foi por você que eu caminhei os longos caminhos

Foi por você que eu machuquei as mãos nos espinhos.


Foi por mim mesmo que eu fui buscar melhores dias

Foi por mim mesmo que transpus montes com alegria

Foi por mim mesmo que plantei aquele belo girassol

Foi por mim mesmo que pensei você na tarde de sol.


Foi por nós dois que minha mente sobrevoou a neve

Foi por nós dois que escrevi poemas de paz e de amor

Foi por nos dois que sonhei com você no meu sono leve.


Sim, tudo o que eu fiz foi por motivos muito especiais

Por querer lhe dar um mundo de luz e de muita cor

Para dizer que eu a amo e não quero perdê-la jamais!


Euclides Riquetti

11-02-2021





Transcendendo

 



Transcendo
Saio do conforto daqui
Liberto-me de meu céu imaginário
Navego no mundo, solitário
E vou pra perto de ti., de ti, de ti...

Transcendo
Busco as respostas que ainda não tenho
Volto no tenro  passado
Projeto-me o  futuro desejado
Viajo, vou e venho...

Transcendo
Porque acomodar-me é covardia
Porque omitir-me  é vergonhoso
Não combina com meu ser impetuoso
Há a desafiar-me, sempre, a ousadia.

Transcendo
É a maneira que tenho para estar contigo
De tocar tuas mãos e beijar teus lábios
De dizer-te os versos mais raros
De chorar em teu ombro amigo.

Transcendo
Para exercitar minha rebeldia
Para dizer-te de meu encantamento
Para, com todo o arrebatamento
Abrir-te minha  alma, guria...

Transcendo...

Euclides Riquetti

O anjo que te abençoava e te protegia...

 




Nadam os cisnes brancos no lago negro
Sombreado pelas imbuias e eucaliptos
Enquanto acalmo meus anseios e medos
Nos momentos mais cruéis e sinistros...

Miro na água meus olhos em lágrimas
Busco a silhueta do corpo que me tenta
Mas nada vejo além de imagens trágicas
De corações despedaçados pela tormenta!

No arroio que vem da selva e deságua
No mar da intranquilidade obscura
Afogo minhas dores e minhas mágoas
Nas profundezas de minha forte dúvida...

Terei sido eu o algoz que fere e mata
Ou o anjo que te protege e te guia?
Teria sido eu o assassino mais primata
Ou o anjo que te abençoava e protegia?

Euclides Riquetti


Na beira do mar

 



Fui me pretear
Na beira do mar.
Preteei-me um pouco
Na beira do mar
Pois queria morenar.

Foram sete manhãs
Foram algumas tardes
Sem alardes
Apenas com saudades...

Apenas com a convicção
De que corpo e coração
Poderiam descansar
Na beira do mar.

E me morenei
Quase me preteei
Na beira do mar
Onde havia gaivotas brancas
E algumas pardas dentre tantas
Que voavam no mar.

Comiam o pão que lhes jogava aquela senhora
Que ali se soleou outrora
Mas que agora
Leva o neto
Esperto
Para ver o mar.

E eu, contemplativo
Fico olhando aquilo
Com a saudade a me  matar
Dos anos que se foram
Passados a sonhar
Vendo a vida passar.
(E a  melancolia a me judiar)
Na beira do mar.

Euclides Riquetti