sábado, 5 de julho de 2014

Quando nasce uma nova flor

Quando nasce uma nova flor
Meu  jardim se enche de alegria
E um divino mundo de cor
Nos cerca de encanto e magia.

Flores são dádivas abençoadas
Que amo com verdadeira paixão
Brancas, vermelhas ou rosadas
A acalentar meu coração.

Quando nasce uma nova flor
Mesmo que em canteiro acanhado
Não importa  onde for
Dê-se-lhe amor e cuidado.

Ah, flores, muitas flores
Nas praças e nas avenidas
Cravos e rosas multicores
Para alegrar nossa vida!

Euclides Riquetti
05-07-2014

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Confesso-te que sonhei

Confesso-te que sonhei
Confesso-te que me lembrei
De ti...

Mas, se no meu sonho tu estavas presente
E eu te queria, apaixonadamente
Não ficavas perto de mim...

E eu,  que senti saudades
Que te esperei por uma eternidade
Não consegui
Me aproximar de ti!

Confesso-te que chorei
Confesso-te que eu lamentei
Por não poder ficar contigo
Aqui...

Então eu me perguntei
Será que foi o que pensei?:
Te perdi para o inimigo
O trágico destino
Perdi?

Quem será que foi o bandido
Esse ser tão atrevido
Que te tirou de mim?

Confesso-te que sonhei
Confesso-te que lembrei
Mas te perdi...
Sim, eu te perdi!

Euclides Riquetti
04-07-2014

quinta-feira, 3 de julho de 2014

É noite...

É noite, dos pensamentos sem dono
É noite de novo...
É noite das estrelas prateadas
Das almas condenadas (perdoadas??).
Mas é noite!

É a noite dos namorados
É a noite dos sonhos encantados...
É a noite das orações
Das dores nos corações...
É, sim, é a noite!

A noite é  dos amantes
Dos beijos provocantes
A noite é dos aflitos
Dos versos escritos e ditos
A noite é apenas a noite...

E, atrás daquela  janela
Alguém se esconde.
Atrás da cortina singela
Uma voz responde:
Estou aqui...
Pensando em ti!
Somente em ti.
Em ti...
(Aqui!)

Euclides Riquetti

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Na Rotary Fritz Lucht - em Joaçaba (mais poemas e memórias)

          No início de 1981 estive no CIP, em Joaçaba. Localizava-se na Vila Pedrini.  Fui com uma Rural Willys da Prefeitura Municipal de Ouro, azul e branca, para pegar merenda e cadernos. Na Escola,  havia uma professora de plantão,  Mercedes Simon, de Luzerna, que me atendeu. Nunca mais a vi. Recentemente, indo à Borracharia do Sr. Lauri Amora, dei uma olhadinha, mas não entrei lá. Na semana passada, visitei-a. Fui atendido pela Diretora, Georgete. Também pelas professoras Sônia Stoffel de Souza, nossa vizinha, esposa do Rodrigo, mãe do Rodrigo Gabriel e da Duda,  e a Eliane Cardoso. Trabalham com Língua Portuguesa. Estão desenvolvendo, com os alunos do Ensino Fundamental, a partir do 5º ano, atividades literárias: Gêneros Poéticos e Memórias Literárias. A professora Sônia havia suerido me convidarem. A Eliane convalidou a ideia. Então, nesta terça, 30, lá fui eu conversar com os alunos.

          Agora, em suas instalações, funciona a Escola Rotary Fritz Lucht, municipal. As edificações  foram passadas ao Município pelo Estado de Santa Catarina. Há três anos estão em plena atividade. As instalações, que estavam abandonadas, deverão ser reformadas,  agora. Dizem que estava uma tapera. haverá necessidade de muito trabalho para que tudo fique "nos trinques". Mas a estrutura predial é muito boa e está bem localizada. Informaram-me que têm mais de 600 alunos matriculados lá.

          Conheci as ações da Rotary no dia 7 de setembro, no desfile, ali na XV de Novembro, centro da cidade de Joaçaba. Achei que o desfile de seus alunos e professores estava muito bom. Gostei! Tenho alguns amigos virtuais e outros pessoais que lá trabalham. Além das duas professoras citadas, a Edna Faganello, que se encontra em licença. A Maura Barcellos e a Andréia Bernardt são amigas também. Esta é ourense, lá do Distrito de Santa Lúcia. Foi muito bom reencontrá-las.

          Meu trabalho ficou dividido em duas partes. Na primeira, antes do recreio, enfoquei a produção de poemas. Li alguns dos meus, mostrei-lhes e falei-lhes das características e de quanto é agradável compor. Alguns alunos me disseram, ao pé do ouvido, que gostam de escrever poemas. Ora, se forem estimulados, certamente serão escritores. Ademais, quando se é adolescente, fica-se com vergonha de mostrar algumas posições bem pessoais que são retratadas nos poemas. Adiante, porém, isso se torna normal. Quando organizávamos os recitais de poesias, em Capinzal e Ouro, os alunos compunham seus próprios poemas para declamarem. E, compor poemas, para eles, já era rotina.

           Depois do intervalo, contei-lhes algumas histórias e lhes li umas crônicas. "Futebol no Céu", em que as personagens são os amigos que jogaram comigo no Arabutã e no Grêmio Lírio e foram morar no céu estão presentes. E, nesses dias, estão torcendo pelo Brasil lá de cima. Assustados, claro, porque a Copa tem mostrado que não existem mais bobinhos jogando futebol. Se não vai na bola, vai na mordida!

          A presença dos professores Diomar, de História, que descobri ser nosso vizinho, e da Leioloane, de Inglês, mais a da Thaís, que é neta do Erni Edgar Fleck, antigo delegado de polícia em Capinzal, valorizaram nossa palestra. Estiveram na Sala Ambiente junto com os alunos. Conheci, no recreio, o simpático Wilsinho, que jogou no Joaçaba e que atuou como profissional junto com o Felipão,  no Rio Grande do Sul,  há três décadas e meia. Falamos sobre o Biluca, nosso companheiro, que se foi recentemente.  Fiquei muito contente em conhecer novas pessoas, novos educadores.

          Participar de eventos assim me deixa animado. Faz-me lembrar dos muitos anos de atuação como professor, no Cid Gonzaga, em Porto União, na Major Cipriano Rodrigues Almeida, em Zortéa, na Sílvio Santos, em Ouro, e na CNEC e no Mater Dolorum, em Capinzal. Gosto muito de ter contato com jovens e adolescentes. Como fiz isso durante mais de 30 anos, sempre me animo a fazer-me presente nas escolas.

Grande abraço aos novos amigos e alunos da Escola  Rotary Fritz Lucht!

Euclides Riquetti
02-07-2014      

terça-feira, 1 de julho de 2014

Nos dias depois das chuvas...

Dissiparam-se as turbulências
Foram-se embora as águas  turvas
Perderam-se nas corredeiras e nas curvas
Foram banhar outras querências.

Rebrilhou meu sol e meu  céu revestiu-se de azul
A natureza nos devolveu os seus encantos
Recoloriu-se o mundo aqui no Sul
Enxugaram-se as lágrimas dos prantos.

A euforia e os ânimos se repuseram
Nos sorrisos dos rostos róseos, dentes brancos
Nas almas que já não se desesperam...

Nos dias depois das chuvas eu te busquei
E deliciei-me em admirar os  seus encantos
Nos dias depois das chuvas... eu te reencontrei!!

Euclides Riquetti
02-07-2014

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Hospital São José: Capinzal está de luto!

          O Hospital São José, que funcionou durante 70 anos em Capinzal, no Meio-oeste Catarinense, fechou suas portas hoje, 30 de junho de 2014, às 18 horas. Já às 16 horas,  os pacientes que se encontravam internados foram transferidos para o Hospital Nossa Senhora das Dores. Senti vontade de chorar. Foi como se, em  minha cidade natal, tivéssemos perdido uma pessoa de bem, um amigo de muitos anos!

          O São José foi, durante três décadas, conhecido como o "Hospital do Doutor Favorito". Depois passou a ser chamado de "Hospital do Doutor Celso". Adiante, já sob a tutela do Doutor Pedro Toaldo, passou a ser chamado de "São José". Hoje, com 50 leitos e atendendo 70% de seus pacientes internados através do SUS, com a realização de cerca de 500 procedimentos cirúrgicos diversos anualmente e uma média de 1.500 internamentos (por ano), paralisou, definitivamente, suas atividades. Vinha sendo dirigido pelo competente Dr. Pedro Lélis Panis.

          Ouvimos duas entrevistas do Panis. Uma, há poucos dias, informando que o Hospital iria fechar suas portas. E, outra, agora há pouco, informando que o São José não está mais em atividade. Com a política de gestão da saúde atual, é tido como certo que os hospitais com menos de 50 leitos sejam desativados. E isso é uma realidade muito cruel. A Tabela do SUS - Sistema Único de Saúde, não é reajustada há 19  anos. A remuneração dos serviços que os hospitais particulares e filantrópicos recebe do Ministério da Saúde (SUS), é vergonhosa. Conheço o sistema, fui Prefeito em Ouro e fui Secretário da Saúde naquela cidade. Também fui membro do grupo Amigos do Hospital Nossa Senhora das Dores e sei das dificuldades que as instituições têm para se manter. Há três anos, para pagarmos o Décimo Terceiro Salário dos funcionários, fizemos uma rifa de uma Kombi reformada, doada pela família de uma jovem que havia sido internada e que se sensibilizou com o atendimento. Fizeram questão de doar a perua, que rifamos para cumprir esse compromisso.

          O Nossa Senhora das Dores só foi salvo porque as comunidades de Capinzal, Ouro e Zortéa, ajudam o mesmo através de uma contribuição inclusa nas faturas de consumo de água do SIMAE. Esses municípios mantêm convênios com o Hospital, que é filantrópico, e pertence às Irmãs Servas de Maria Reparadoras. Pela sua condição institucional, pode receber recursos e equipamentos dos governos das três esferas. Mas o São José, particular, não tem toda a atenção e proteção necessária para sobreviver, embora tenha prestado serviços de relevância social.

          Minha família utilizou os seus serviços. Meu filho, Fabrício, nasceu ali. Muitos de vocês, amigos e leitores, principalmente quem é originário do Baixo Vale do Rio do Peixe, foi atendido ou teve um familiar ali atendido. Agora, infelizmente, perdemos o São José. Capinzal está de luto. Assim como Ouro e Zortéa, e ainda 19 outros municípios da região de onde recebeu pacientes por sete décadas.

          O time de funcionários, muito bem preparado, já está sendo encaminhado para trabalhar nas cidades vizinhas. Os médicos já vinham atuaando, paralelamente, no "Hospital de Cima". O São José, conhecido também como o "Hospital de Baixo", está fechado. Muito a lamentar.

Euclides Riquetti
30-06-2014

Elói Helt: Adeus, Guri!

          O menino do Deoclides Helt e da Dona Vitalina, irmão da Elai, foi embora prematuramente. Soube por amigos de sua partida definitiva. E, quando isso acontece, nosso pensamento volve-se ao passado...

          Dia 23 de novembro de 1978 - Distrito de Duas Pontes - também conhecido por Zortéa - futuro Município desmembrado de Campos Novos. Eu estava completando 26 anos. Dei minhas aulas do período da noite e voltei para casa. Esperava pela Miriam que havia ido a Capinzal, onde estudava. Ela e mais de 40 jovens, quase todos os  que haviam completado a oitava série na Escola Básica Major Cipriano de Almeida no ano anterior, e uns do Mater Dolorum, tomavam, o ônibus ao entardecer e iam para o Colégio Cenecista padre Anchieta, onde cursavam Contabilidade, em Capinzal.

           Uma grata surpresa me aconteceu naquela noite. O ônibus e mais alguns carrros encostaram defronte nossa casa. Vieram, meus ex-alunos, para fazer-me uma surpresa: festa de aniversário. Eram muito divertidos, simples. Eu lecionara para a maioria. Os demais, eram colegas de trabalho na empresa Zortéa Brancher. Dentre eles, apenas um que eu ainda não conhecia, um rapaz alto, muito educado, o Elói (Francisco) Helt.  Soube que era filho do Deoclides, que morava na Linha Residência. A família Helt era muito grande, mas eu conhecia quase que todos. Ademais, joguei muita vezes futebol no campo do Esporte Clube Serramalte, de propriedade deles. Coincidentemente, o Elói estava com uma camisa azul daquele clube.

          Servimo-lhes umas cubas-libres, azeitonas, e uns picadinhos. Muitos deles não conheciam azeitonas e ficavam olhando, receosos, para os pratos. Eu fazia de conta que não percebia, mas notava que tentavam se entender sobre como comer aquela "coisa" verde-oliva que, muitos deles, sabiam que existia, mas nunca tinham comido. Fizemos nossa parte, colocamos músicas, cantaram, riram, contaram causos, me abraçaram e, depois de no máximo duas horas,  foram embora, pois tinham que trabalhar no outro dia, alguns muito cedo.

          No anos seguinte vieram nossas filhas, as gêmeas Michele e Caroline. Ao final de 1980, uma excursão dos formandos da CNEC. Fomos a Florianópolis e Balneário Camboriú. Nossas crianças, na praia, cobriram de areia o amigo Elói. Deixaram apenas a boca e o nariz livres para respirarem. Tenho uma foto registrando isso. Gostava muito de crianças.  Sempre teve aquele seu jeitão de criança crescida, não perdeu nunca...

          Passei, quando já morávamos em Ouro,  a fazer parte da Diretoria do Vasco da Gama, de Capinzal. Numa contenda com o Arabutã, o Sabará (Alaor Gramázio Pereira de Lima, saudoso...), reforçou o time com alguns jogadores da região. Lembro-me bem que o Elói estava no Gol, já tinha um bom porte para goleiro, era contratado pelo Joaçaba.  Adiante, ele parou com o futebol profissional e abriu em escritório em Ouro, como Despachante do Detran e Auto Escola.

          Alugamos uma sala comercial de nossa família para ele, ali no Centro do Ouro. Com o tempo, elegeu-se vereador. Fomos companheiros em muitas jornadas políticas, militamos do mesmo lado. Elegeu-se Vereador em Ouro, foi presidente da Câmara Municipal.  Era um moço muito educado, as pessoas gostavam dele. Jogava como goleiro em times amadores. Mas a sua predileção era jogar pela Linha Residência, comunidade em que seu pai era proprietário do campo de futebol.  Atuamos muitas vezes ali no Arabutã como adversários e, mais à frente, como companheiros.

          De certa feita, quando jogávamos contra o seu time, o Frei Davi Colle, que era nosso centroavante, muito habilidoso, aplicou-lhe um chapéu dentro da área e fez gol.  Pois o goleiro Elói ficou tão chateado, pegou a bola no fundo das redes, foi até a marca do pênalti, virou-se contra seu próprio gol  e deu um balão, tão e tão forte, que a bola foi para os lados de um banhado que havia no Parque e Jardim Ouro. Era de noite e nunca mais encontramos a bola...

          Com o tempo, veio morar em Joaçaba, mudou sua atividade, passou a representar uma marca de colchões magnéticos. Comprou uma área de terras (chácara) ali defronte à empresa Pegoraro. Construiu sua casa, com piscina, bosque e um campo de futebol soçaite. Depois, comprou mais uma chácara ali perto, no Bairro Anzolin. Vivia com a esposa Vanusa e com dois filhos. Há um bom tempo, quando a conheceu, apresentou-a a nós. "Cridão, Miriam, quero apresentar a vocês minha peça". Apresentou-nos:  era bonita e ele orgulhava-se muito dela.

          Há uns 6 meses, eu estava fazendo minha costumeira caminhada,  quando passei pela frende da casa dele, aqui em Joaçaba. Estava fazendo uma escadaria ali próximo do campo, até a rua. Imagino que fosse para os jogadores descerem por ali para jogar. Disse-lhe que ele estava muito parecido com o pai dele. Até pensei que fosse o Deocldes: do mesmo tamanho e muito semelhante. E ele, mostrando-me, orgulhosamente, sua bela propriedade.

          Na sexta-feira, fiquei sabendo que ele falecera, que estivera doente por dois meses. Ficamos muito tristes, pois sempre tivemos uma boa amizade com ele. Deixou-nos, aos 55 anos. Muito a lamentar. Mesma idade que tinha meu pai quando o perdemos, também num mês de junho, dia de muita chuva e frio.  Agora, certamente que foi juntar-se a tantos amigos que já se foram e que estão vendo a Copa lá de cima. E, certamente, com muita opinião sobre tudo. Jogou futebol, divertiu-se, mas foi chamado. Resta-nos desejar que os que ficaram possam, como nós, ter sempre belíssimas recordações dele, e que ele possa ser muito feliz na Eternidade. esteja com Deus, Elói!

Euclides Riquetti
30-06-2014