segunda-feira, 30 de junho de 2014

Elói Helt: Adeus, Guri!

          O menino do Deoclides Helt e da Dona Vitalina, irmão da Elai, foi embora prematuramente. Soube por amigos de sua partida definitiva. E, quando isso acontece, nosso pensamento volve-se ao passado...

          Dia 23 de novembro de 1978 - Distrito de Duas Pontes - também conhecido por Zortéa - futuro Município desmembrado de Campos Novos. Eu estava completando 26 anos. Dei minhas aulas do período da noite e voltei para casa. Esperava pela Miriam que havia ido a Capinzal, onde estudava. Ela e mais de 40 jovens, quase todos os  que haviam completado a oitava série na Escola Básica Major Cipriano de Almeida no ano anterior, e uns do Mater Dolorum, tomavam, o ônibus ao entardecer e iam para o Colégio Cenecista padre Anchieta, onde cursavam Contabilidade, em Capinzal.

           Uma grata surpresa me aconteceu naquela noite. O ônibus e mais alguns carrros encostaram defronte nossa casa. Vieram, meus ex-alunos, para fazer-me uma surpresa: festa de aniversário. Eram muito divertidos, simples. Eu lecionara para a maioria. Os demais, eram colegas de trabalho na empresa Zortéa Brancher. Dentre eles, apenas um que eu ainda não conhecia, um rapaz alto, muito educado, o Elói (Francisco) Helt.  Soube que era filho do Deoclides, que morava na Linha Residência. A família Helt era muito grande, mas eu conhecia quase que todos. Ademais, joguei muita vezes futebol no campo do Esporte Clube Serramalte, de propriedade deles. Coincidentemente, o Elói estava com uma camisa azul daquele clube.

          Servimo-lhes umas cubas-libres, azeitonas, e uns picadinhos. Muitos deles não conheciam azeitonas e ficavam olhando, receosos, para os pratos. Eu fazia de conta que não percebia, mas notava que tentavam se entender sobre como comer aquela "coisa" verde-oliva que, muitos deles, sabiam que existia, mas nunca tinham comido. Fizemos nossa parte, colocamos músicas, cantaram, riram, contaram causos, me abraçaram e, depois de no máximo duas horas,  foram embora, pois tinham que trabalhar no outro dia, alguns muito cedo.

          No anos seguinte vieram nossas filhas, as gêmeas Michele e Caroline. Ao final de 1980, uma excursão dos formandos da CNEC. Fomos a Florianópolis e Balneário Camboriú. Nossas crianças, na praia, cobriram de areia o amigo Elói. Deixaram apenas a boca e o nariz livres para respirarem. Tenho uma foto registrando isso. Gostava muito de crianças.  Sempre teve aquele seu jeitão de criança crescida, não perdeu nunca...

          Passei, quando já morávamos em Ouro,  a fazer parte da Diretoria do Vasco da Gama, de Capinzal. Numa contenda com o Arabutã, o Sabará (Alaor Gramázio Pereira de Lima, saudoso...), reforçou o time com alguns jogadores da região. Lembro-me bem que o Elói estava no Gol, já tinha um bom porte para goleiro, era contratado pelo Joaçaba.  Adiante, ele parou com o futebol profissional e abriu em escritório em Ouro, como Despachante do Detran e Auto Escola.

          Alugamos uma sala comercial de nossa família para ele, ali no Centro do Ouro. Com o tempo, elegeu-se vereador. Fomos companheiros em muitas jornadas políticas, militamos do mesmo lado. Elegeu-se Vereador em Ouro, foi presidente da Câmara Municipal.  Era um moço muito educado, as pessoas gostavam dele. Jogava como goleiro em times amadores. Mas a sua predileção era jogar pela Linha Residência, comunidade em que seu pai era proprietário do campo de futebol.  Atuamos muitas vezes ali no Arabutã como adversários e, mais à frente, como companheiros.

          De certa feita, quando jogávamos contra o seu time, o Frei Davi Colle, que era nosso centroavante, muito habilidoso, aplicou-lhe um chapéu dentro da área e fez gol.  Pois o goleiro Elói ficou tão chateado, pegou a bola no fundo das redes, foi até a marca do pênalti, virou-se contra seu próprio gol  e deu um balão, tão e tão forte, que a bola foi para os lados de um banhado que havia no Parque e Jardim Ouro. Era de noite e nunca mais encontramos a bola...

          Com o tempo, veio morar em Joaçaba, mudou sua atividade, passou a representar uma marca de colchões magnéticos. Comprou uma área de terras (chácara) ali defronte à empresa Pegoraro. Construiu sua casa, com piscina, bosque e um campo de futebol soçaite. Depois, comprou mais uma chácara ali perto, no Bairro Anzolin. Vivia com a esposa Vanusa e com dois filhos. Há um bom tempo, quando a conheceu, apresentou-a a nós. "Cridão, Miriam, quero apresentar a vocês minha peça". Apresentou-nos:  era bonita e ele orgulhava-se muito dela.

          Há uns 6 meses, eu estava fazendo minha costumeira caminhada,  quando passei pela frende da casa dele, aqui em Joaçaba. Estava fazendo uma escadaria ali próximo do campo, até a rua. Imagino que fosse para os jogadores descerem por ali para jogar. Disse-lhe que ele estava muito parecido com o pai dele. Até pensei que fosse o Deocldes: do mesmo tamanho e muito semelhante. E ele, mostrando-me, orgulhosamente, sua bela propriedade.

          Na sexta-feira, fiquei sabendo que ele falecera, que estivera doente por dois meses. Ficamos muito tristes, pois sempre tivemos uma boa amizade com ele. Deixou-nos, aos 55 anos. Muito a lamentar. Mesma idade que tinha meu pai quando o perdemos, também num mês de junho, dia de muita chuva e frio.  Agora, certamente que foi juntar-se a tantos amigos que já se foram e que estão vendo a Copa lá de cima. E, certamente, com muita opinião sobre tudo. Jogou futebol, divertiu-se, mas foi chamado. Resta-nos desejar que os que ficaram possam, como nós, ter sempre belíssimas recordações dele, e que ele possa ser muito feliz na Eternidade. esteja com Deus, Elói!

Euclides Riquetti
30-06-2014

Um comentário:

  1. Eloi Francisco Helt, grande amigo meu, grande pessoa, grande ser humano, esteja ele, onde estiver está alegrando a todos, com sua alegria, sua forma educada e gentil para com todos...
    Marthinna

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