sábado, 18 de outubro de 2014

Sentir teu perfume no ar...

Na manhã,  depois da tempestade
Volta o vento calmo do Sul
E lembro-me,  com muita saudade
De teu rosto de divindade
De teu  olhar verde-azul...

Na manhã, depois da tormenta
Volta-me toda a alegria
Meu coração já não  lamenta
E minha alma deseja, sedenta
Navegar nesta calmaria...

Na manhã do dia que chega
O canto dos pássaros a me alegrar
Para mandar embora a tristeza
E, no despertar da natureza
Sentir teu perfume no ar...

Euclides Riquetti
18-10-2014

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Poder sonhar ( a liberdade...)

Poder Sonhar
A liberdade é como o vento:
Sopra, ora para esta, ora para outra direção...
Liberdade é o fogo que queima a lenha, vira brasa e aquece a água e as almas.
É como o pássaro que voa no ar
A água que corre pelo vale
O canto da gaivota que plana, sem cansar
Sobre o mar.

Liberdade é um dia de sol:
É quando as nuvens  se escondem atrás do azul infinito
Ou a noite matizada por estrelas.
E, quando perco o rumo de meus olhos para vê-las
Se perdem na imensidão.

Liberdade é como o grito da vitória
O Soco no ar
O abraço comovido.
É o olhar sobre o vasto campo florido
Colorido!

Liberdade é poder não ter que  levantar-se cedo
É poder deslizar os pés descalços
No verde gramado
É poder sentar no banco da praça e dizer: Este lugar é meu, aqui é o meu lugar!

Liberdade é andar com a pessoa que se ama
Sem ter hora pra chegar
Em nenhum lugar.
E apenas poder...
Continuar a sonhar!

Euclides Riquetti

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Então me abrace...

Então me abrace, carinhosamente
Só um pouquinho...
De mansinho...
Me afague e me abrace!

Então me abrace, sutilmente
E, com ímpetos leves de desejo
Me dê um beijo...
Me beije e me abrace!

Então me abrace com seu abraço sensual
Encoste seu peito no meu
Deixe-me sentir que não morreu
O amor que sentimos
E que por muito tempo nutrimos
Um pelo outro...

Então me abrace com seu abraço legal
E me faça sonhar
E me faça cantar
Uma canção de ninar
Sem nenhum disfarce...

Então me abrace, doce e desejável mulher
E faça comigo o que você quiser:
Uma, duas, três
Mais uma vez
Nós e nossa nudez...
Mas me abrace!

E me faça voar
Como se eu fosse planar
Até alcançar
Você....

Mas me abrace!!!

Euclides Riquetti
16-10-2014


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Rita Petry - a dignidade, as amizades, a saudade...

          Há pessoas com quem a gente fala poucas vezes na vida e elas nos deixam marcas indeléveis. Têm um modo especial de nos encantarem, de encantarem as pessoas. Falam com doçura, têm habilidade, muito jeito para conduzir uma conversa de uma maneira tranquila e elegante. São seres diferenciados dos demais. Parece que Deus lhes deu a harmonia entre seus movimentos, no seu modo de agir, na capacidade de transmitir o que sentem, o que querem dizer. Também se comunicam sem precisar dizer palavras, sem escrevê-las...

          Uma dessas pessoas, Rita Maria Costenaro Petry, em seus 47 anos de vida, foi-se constituindo numa esposa dedicada, numa mãe atenciosa, num ser que conseguia agregar carinho, simpatia e amizades. Esposa do Elói, cuidou de seus filhos, Naor, que se casou com a Gisela,  e a Isabela Andressa, que se casou com o Francis e lhe deu o neto Davi. Deu aos filhos  o melhor em termos de educação, encaminhando-os para as vias dos padrões da ética, do respeito, da dignidade, da busca do direito de formarem sua própria família e serem felizes.

          Mas, o mundo dos sonhos que foi projetado e edificado pelo casal Rita e Elói, e que se consolidaria com a vinda dos filhos, com a realização pessoal  de ambos, com o êxito em seus empreendimentos e projetos pessoais, um dia começou a ser ameaçado, parecendo que a estrada a percorrer já não era um caminho de flores, mas sim com  pedras em todo o seu curso. E, aos 15 dias do mês de abril de 2013, o caminho pedregoso se lhe foi fatal, e seu coração parou de pulsar. O mundo desabou para toda aquela família. Os filhos ficaram muito abalados. Perderam a mãe que tanto amavam e por quem eram também amados.  

          A filha, Isabela, quando perguntada sobre o que sua mãe representava para ela, falou:

          "Minha mãe foi a personificação do lema "força, foco e fé". Durante os últimos anos,  lutou como poucos por sua vida, sem perder a fé de que achava que  iria conseguir e nos ensinou a não desistir, mesmo na adversidade. Foi uma mãe fora do comum, sempre soube dosar carinho e educação na
medida certa, sem deixar faltar um afago mesmo na hora de repreender. Foi uma esposa e mãe dedicada, cuidou de todos nós com muito amor. Se tornou uma vovó doce como mel. Apesar de doente, pouco ficou longe do neto em seus últimos meses, mesmo que por pouco tempo, e eu faço questão de contar isso pro Davi todos os dias. Foi uma pessoa de muitas amizades, era muito verdadeira. A saudade é imensa e as lágrimas voltam quando começo a escrever, mas o amor que eu sinto por ela me diz que o melhor pra ela foi ir pra junto do Pai, onde ficam os bons,  para que ela ficasse bem".

          Sayonara Barnardi, amiga dela, disse: "A  Rita era uma grande amiga, amiga de adolescência, estava sempre sorrindo, dando conselhos, brincando....a casa dela estava sempre de portas abertas para todos.Tinha muito amor à vida e queria se curar para viver para os filhos,  que amava mais que tudo. Sempre estava pronta para  dar conselhos. Até hoje sinto muito a falta dela".

          As manifestações da filha e da amiga sintetizam muito bem o que era, como era, como agia e como a Rita se relacionava com os familiares e com os amigos, o que também é reiterado pela cunhada Cilda, que até hoje chora ao lembrar de sua partida tão prematura.

          E todos nós que a conhecemos, uns mais e outros um pouco menos, sabemos da importância que pessoas como ela têm para as famílias e para a sociedade. Com formação na área pedagógica, tinha elevado sentido de compreensão sobre o ser humano, em especial sobre os professores e os estudantes. Agora, só nos resta lembrar daquele anjo que nos deixou há exatos 18 meses, mas cujos exemplos poderão ser seguidos, infinitamente, por todos nós. A valorização da vida, da existência na terra, precisa ser reiterada e celebrada constantemente

Um carinhoso abraço, que Deus a tenha no Reino de Sua Glória Eterna, amiga!

    Euclides Riquetti
    15-10-2014  - Dia do Professor



          

        segunda-feira, 13 de outubro de 2014

        O silêncio do "microfone de ouro" - morre Ademir Pedro Belotto

                 No domingo, 12, Dia da Criança, Capinzal e região foram tomados por uma ingrata surpresa: Após uma hemorragia que teve na noite de sábado, Ademir Pedro Belotto, radialista, Diretor da Rádio Capinzal Ltda, onde atuava há 27 anos, e do Jornal "A Semana", há 13, deixava a vida terrena por volta das 14 horas, no Hospital Santa Terezinha, de Joaçaba.

                  Recebi o recado de um amigo e, após o choque, tratei de propagar a informação. Meus amigos precisavam saber que o "Belo", como os mais próximos costumavam chamá-lo, nos pregara uma grande peça: fora morar no Reino de Deus sem deixar aviso nem despedida.

                  Ora, fosse ele um jogador de futebol famoso, certamente teria tido sua partida de despedida, como comumente acontece. Aliás, certamente que eu mesmo me convocaria, participaria do grupo "Amigos do Belotto", onde certamente estariam atuando gente que jogou bola conosco nos Veteranos do Arabutã nos anos 90. Era nosso ponta-esquerda, tinha habilidade com a perna esquerda, embora não tivesse grande preparação física. Nessa arte, conheci-o ali na Baixada Rubra, no Ouro, quando eu o marquei num jogo contra o Masters de Joaçaba, time formado por radialistas da Catarinense, professores da Unoesc, ex-atletas do Joaçaba Esporte clube, e profissionais liberais. Coube-me marcá-lo e a tarefa foi fácil: estava jogando com um tênis branco, num gramado escorregadio. Justificava-se, com seu peculiar sorriso... Eu o entendia. Não era fácil jogar sem chuteiras.

                  Fácil era o domínio na área de vendas de máquinas pesadas, sua atividade  na época. Fácil foi ter empunhado os microfones da Rádio Caçanjurê, em Caçador, aos 17 anos; da Rádio Catarinense, em Joaçaba; da Rádio Capinzal, em 1987, o que se deu até há poucos dias. Fácil, foi criar com dignidade, juntamente com sua esposa, a Juçara, os filhos César Augusto, Thiago Luiz e Thayana Larissa, legando-lhes bons exemplos, proporcionando-lhe oportunidades de estudos, dando-lhes os direcionamentos para uma vida com ética e decência.

                  Difícil mesmo, foi chegar aos 58 anos e, depois de ter conhecido a Europa e visitado sua querida filha na Irlanda, ter encarado uma doença, um tumor alojado na mandíbula, uma cirurgia em Pato Branco, no dia 02. Difícil foi ser pego de surpresa, na noite de sábado, com uma hemorragia, o internamento, o óbito. Mais difícil para a esposa, os filhos e amigos, do que para ele mesmo. Difícil para os irmãos, sobrinhos, em especial para seu irmão Ademar Augusto Belotto, o Japão, nosso amigo aqui em Joaçaba, que foi seu guia na juventude e que o acompanhou de perto em toda a sua vida. Aliás, o choro durante a sua fala, na despedida, no Cemitério Frei Edgar, na tarde desta terça-feira, sintetizava o sentimento de todos nós, seus amigos, que estivemos acompanhando-o, quer no Centro de Eventos São Francisco de Assis, na Paróquia São Paulo Apóstolo, em Capinzal, quer na celebração de corpo presente, na Matriz, em Capinzal, quer aqui em Joaçaba.

                  Perdemos o Belotto e isso enlutou Capinzal e Ouro e as cidades das cercanias. Silenciou, definitivamente, o "microfone de ouro", que tanto nos alegrou e nos orgulhou nos cerimoniais que dirigiu em centenas de eventos. Uma vez emprestou-nos sua valiosa voz para a produção de um vídeo que produzimos relatando e retratando a história do Município de Ouro e a emancipação. Fomos companheiros em muitas jornadas. Nossos filhos foram colegas de escola, no Grupo de Dança Italiana, no Grupo de Escoteiros Trem do Vale. Quantas vezes nos encontramos com o casal Ademir e Jussara e todas as crianças. Bons e memoráveis tempos que não têm como voltar...

                  Mas temos as belas lembranças... A franqueza do diálogo maduro, o respeito mútuo. Ele era muito habilidoso em escrever crônicas que apresentava no Jornal do Meio Dia, na Capinzal. Algumas vezes, me solicitava autorização para ler alguma de minhas crônicas. Eu lhe dizia que, para ele, as portas estavam sempre abertas e que ele podia utilizá-las da forma que lhe aprouvesse. Uma questão de confiança, uma ética muito respeitosa!

                 Ora, não faltará quem escreva sua biografia. Os colegas de trabalho emocionaram as centenas de pessoas que estiveram na Matriz São Paulo Apóstolo com seus depoimentos. Só quem plantou o bem perante seus amigos e colegas leva os elogios sinceros e merecidos.

                  Que bom poder falar assim de um amigo, uma pessoa que sempre foi muito equilibrada e que um excelente profissional. Ficar trabalhando por tanto tempo numa emissora de rádio, num setor de atividade humana em que a polêmica é fator muito presente, é significação de grande capacidade de trabalho e de harmonização.

                  No domingo à noite, Capinzal foi invadida por pessoas de todas as comunidades e das cidades vizinhas. Foram dar adeus ao homem da voz belíssima, que ao falar impunha respeito e detinha credibilidade. Isso mostra o quanto era bem visto e o tamanho da legião de amigos que formou ao longo de sua vida. O Vale do Rio do Peixe está de luto.

         Fique bem, na proteção de Deus, Belo!

        Euclides Riquetti
        13-10-2014

        O tempo passa...

         
        O tempo passa...
        E isso é uma verdade incontestável.
        A vida se vai...
        E deixa sinais inapagáveis!

        O tempo passa, calado.
        Então é preciso agir
        Porque há um mundo a ser ousado
        Uma realidade a se construir.

        O tempo passa
        Vai-se como um sopro de vento
        Vai-se,  imperceptível e lento
        Mas ele passa...

        E, mesmo calmo e silencioso
        Vai, despertando saudades nas pessoas
        Despertando boas lembranças dos momentos
        Nutrindo vaidades ou sentimentos
        Enquanto passa!

        O tempo passa
        E isso é, mesmo, a maior verdade
        E,  nos rostos,  ele vai deixando
        Suas marcas indeléveis.
        Por onde  passa...

        Euclides Riquetti