sábado, 18 de março de 2017

Catando grimpas e revirando a memória! Saudosismo...

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          Há algumas coisas que a gente fazia quando criança e que, depois, o tempo nos dá uma pausa e as esquecemos por completo. Adiante, circunstancialmente, surgem ocasiões que nos fazem voltar atrás e nos remetem a reflexões... a lembranças, ternas e agradáveis lembranças!

          Pois, nesta manhã agradável e ensolarada aqui do Sul do Brasil, saí para dar uma volta na quadra, aqui perto de casa. Levei um pedaço de fio de luz que estava ali, "pendurado num prego". Ora, ainda tem gente que pendura coisas em pregos, como têm aqueles que mais ainda, penduram "num prego atrás da porta". Tenho um almoxarifado cheio de ferramentas em minha casa. Organizado, não bagunçado!

           Tenho muitas ferramentas, pois as fui angariando desde a construção da casa. Não vou ficar aqui dizendo quantas e quais, pois você não vai, mesmo, se interessar por minhas ferramentas, desde as convencionais às elétricas, do martelo à serra elétrica, da picareta à furadeira. Mas tem os "brinquedos", os apetrechos do esporte, das raquetes de tênis de quadra aos molinetes de pesca do Fabrício, da bola de futebol à de basquete, ainda todas as medalhas que ele ganhou desde o futebol até o haecon-do.

            Mas hoje vou falar das grimpas das araucárias. Das que caem dos pinheiros quando sopra o vento. Das da região de União da Vitória, onde morei na juventude, onde eu li "Eu Vi Cair o Último Pinheiro", do autor José Cleto, pai do Esoani Parísio Cleto, o fera que tirou primeiro lugar no vestibular de Letras da Fafi, em 1972, que tinha barba de filósofo, era uma inteligência acima da média, bem sucedido,  mas muito simples e amigo, capaz de dar atenção ao mais simples dos mortais... Ele nos dizia que seu nome era raro porque os pais, José e Celina usaram, as três ultimas letras de José, invertidas: ose virou "eso"; e de Celina: ina virou "ani" e, aglutinando-as, deu eso+ani= "Esoani". E assim os pais escolheram seu nome, exótico, diferente, único, talvez.

          E vou falar das aventuras da infância, primeiro no leãozinho (Capinzal-Ouro), onde o Stefenito Frank ajuntava os pinhões no potreiro, acendia um fogo de grimpas e jogava sobre este os pinhões, sapecando-os. Delícia!

           Lembro, também, dos pinhões maduros  que catávamos nos potreiros do Benjamim Miqueloto e do Augusto Masson, e que sapecávamos no meio das grimpas em chamas, nos domingos de tarde, ali próximo da "cadeia", no Ouro. O Dito, o Itcho e o Zé (Rosito, Heitor e Raul Masson); o Nito e o Neri (Irenito e Neri Miqueloto); o Bode Branco  e o Carlinhos (Ivo e Carlos Guerra), o Lombo Preto (Arcílio Massucatto), dos Coquiarinhas (Altivir e Valdir Souza), meu o Foguete e o Pisca (Ironi e Euclides Riquetti...), o Paulinho (Adelir Paulo Lucietti), o Tostão e o Nego (Darci e Valdecir Lucietti), o Armindo (Ermindo Campioni); o Tratorzinho (Luiz Alberto Dambrós), o Adecho, o Ademar e o Micuim  (Adelcio, Ademar e Adelto Miqueloto)   o Cosme e o Moacir (Richetti), do Nereu e do Nico (Nereu e Irineu Oliveira), e outros moleques.

          Pois hoje eu cato grimpas, como fiz outrora, para começar o fogo na churrasqueira aqui de casa. Melhor que papel, é fogo imediato e garantido. Lenha queimando, churrasco delicioso, pois, quem tem o costume de fazer fogo com lenha, não troca por carvão de jeito nenhum...

Grande abraço a todos os amigos que passaram pela minha vida, os que aqui citei e os demais, alguns presentes e outros já ausentes, foram morar no céu. A estes, minhas orações...

Euclides Riquetti
19-07-2015

Quando o outono chegar


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Quando o outono chegar... e  faltam poucos dias
E as folhas começarem a cair sobre os gramados
Meu pensamento vai revolver-se  ao passado
E buscar os tempos que me trazem nostalgia.

Quando o outono chegar... e já não houver calor
Virá o vento fresco que embriaga o entardecer
Em meus devaneios, apenas tentarei compreender
Por que, nas almas, ora há alegria, ora tanta dor.

Quando o outono voltar, vou relembrar docemente
De nossas divergências e todas as convergências
Dos velhos poemas permeados de reticências
E dos momentos em que vivemos alegremente.

Dar um adeus a todas as tristezas indesejáveis
Esperar a vinda do sol tímido nas manhãs
Buscar as mentes límpidas e as almas sãs
Encontrar seu sorriso meigo, as palavras amáveis.

Euclides Riquetti
19-03-2017





sexta-feira, 17 de março de 2017

O Zique, a Goiaba e a Guaiaba

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          A goiaba é um fruto rico em Vitamina C, tem mais que a laranja ou o limão. Já mencionei, em algum de meus textos, que na minha adolescência eu comi muita goiaba. Primeiro, porque quando saí de casa, com menos de 14 meses de idade, e me levaram para morar com meu Padrinho,  no Leãozinho, lá havia uma goiabeira bem ao lado do tanque de lavar roupas. O tanque fora confeccionado com pedras retangulares habilmente cortadas,  cimentadas e  sobrepostas bem entrelaçadas. Uma bica de bambus conectados trazia a água de algum lugar do morro da roça. Lembro bem da goiabeira que produzia os frutos de um verde bem escuro. Deliciávamo-nos com eles.

          Neste  de domingo, fui dar minha caminhada de final de tarde  e, chegando na Pista do Clube Comercial, senti um agradável olor vindo de algum lugar. Um delicioso aroma que eu conhecia de muitos anos. Virei-me para o lado e lá estavam dois pés de goiabas amarelas, daquelas cuja polpa é branca. Lembrei-me de quando minhas crianças eram pequenas e havia goiabeiras abundantemente, nos terrenos vizinhos, das famílias do Aldecir Campioni e do Benjamim Miqueloto. As crianças faziam muita festa com as goiabas: a Carol, a Michele, o Fabrício, o Felipe, o Maxuel, o Júnior, a Evelin, a Aquidauana, o Tiago, a Márcia, a Janaína, o Renato. Tínhamos o cuidado de dar-lhes aquelas que iniciavam o amadurecimento, pois as madruas, frequentemente, são portadoras do bicho-da-fruta, aquele que vem dos ovos que as moscas-da-fruta põem e buscam, quando vão se tornando "bichos", o interior dos pomos. Eu, pelo menos, não era adepto do "o que não mata, engorda!

          Não sei por que razão, se pela ausência das moscas ou pela variedade, (ou porque a gente não enxerga direito), mas as goiabas de polpa branca não possuem bichos, mesmo maduras. Não aquelas ali, que as pessoas retiram das goiabeiras e comem, ali na Pista. Nem vou pesquisar sobre isso, pesquise você, caro leitor (a).

          O Zique é meu afilhado, filho dos finados Compadre Carmozino e Comadre Jurema. Quando o batizamos já era grandinho, uns 9 anos, os pais tinham se tornado católicos e fizemos isso lá na Matriz São Paulo Apóstolo, nossa suntuosa Igreja de Capinzal. Tem as mesmas características da Basílica de São Pedro, em Roma, com uma abóbada semelhante. Pois que o Ezequiel devia ter uns nove anos quando o batisamos e, quando ele viu que o Padre jogava água na cabeça dos bebês com aquele jarro grande, esmaltado de branco, ele apavorou-se e saiu correndo pela Igreja. Deu-nos um trabalhão o Zique, mas eu, o Compadre e alguns dos demais presentes conseguimos levá-lo para a Pia Batismal.

          O Zique cresceu, jogou bola como Goleiro do Bairro Alvorada, foi para a Escola até o final do Ensino Fundamental, não quis mais estudar e foi trabalhar. Então casou-se e teve filhos. Quando ele me encontra, junta suas mãos, agora maiores que as minhas e me diz: "Bênça, Padrinho!" - E eu lhe respondo: "Deus o abençoe, Ezequiel!" E, depois,  peço-lhe como vai o serviço, as crianças, se estão indo para a escola direitinho.

          Pois que dia desses estávamos numa turminha, lá numa obra,  e começaram a falar que era tempo de goiaba. E ele: "Eu como muita guaiaba. Faz bem pra saúde e é gostosa!"  Um seu colega falou: "Zique, não é "guaiaba", é "goiaba!" E começaram a teimar... Então  me pediram  para mediar a questão. Falei-lhes: Olha, o nome certo é goiaba, embora muitas pessoas chamem elas de guaiaba. Guaiaba é uma palavra "não oficial", mas tem gente que a chama assim. Mas o Zique falou: "Sabe, Padrinho, tem das duas. Goiaba é daquelas mais amarela e guaiaba é daquelas mais verde!" E todos desandaram a rir. O Zique é esperto, acha saída para situações assim.

        Rimos muito. Prezo essa gente humilde e trabalhadora como se fossem minha família, eles bem sabem disso. Esses meus amigos e companheiros, pessoas muito simples a quem sempre pude dar minha atenção e retribuir-lhes a amizade, quando se reúnem, não deixam ninguém triste. Riem  muito, fazem-nos rir também.  Tudo é motivo pra piada e risos. E gostam de melancia, "vergamota" e "guaiaba".

          Mas, e afinal, você, leitor (a), prefere goiaba ou guaiaba?


Euclides Riquetti
30-04-2013

quinta-feira, 16 de março de 2017

Ganhar teu beijo


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Quero dar-te um abraço terno
Um abraço simples, mas que seja eterno
Não mais descolar-me de ti:
Um eterno e terno abraço,  (em ti...)
Eterno, eterno abraço terno!

Quero levar-te o abraço do encantamento
O abraço que se perde no firmamento
E que se encontra, depois, ali depois do raio de sol
O abraço que se esconde... sob o branco lençol!
E que te percas em mim por um mágico momento...

Quero que aceites meu abraço dado
Quero que me apertes  no abraço apertado
O abraço na manhã que te surpreende
O abraço no teu corpo que me acende
E que busca o teu beijo sagrado...

Enfim, não te surpreendas, não
Com as reações de teu coração!
E não te assustes com minha ousadia
Nem  te incomodes com tanta rebeldia
Pois quero apenas tua atenção.

Quero dar-te um abraço terno
Quero ganhar teu beijo, quero muito, quero!

Euclides Riquetti

Brilhou, de novo, o sol...

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Brilhou, de novo, o sol que se ofuscara
Que se escondera ao final da Primavera
O sol fugidio  que  tanto me preocupara
Que me torturou pela angustiante espera.

Seu brilho pôs-me alegria no meu coração
Deu entusiasmo a este ser que se abalara
Reconduziu-o ao caminho da inspiração
Ao verso romântico que já se ausentara.

Brilhou o sol, brilharam a estrela e o luar
Fizeram com que voltasse toda a alegria
Depois que a busquei  para me confortar.

Então, os últimos dias do ano se salvaram
E vi dissipar-se a dúvida que me afligia 
E voltaram-me os sonhos que me faltaram.

Euclides Riquetti

Um beijo com embalo de tango...


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Não quero  beijo sabor chuchu
Quero apenas um bem vermelho...
Mas que venha de ti, venha de tu
Um beijo desenhado no espelho.

Pode ser um beijo bem curtinho
Um beijinho doce, apenas beijo
Com o sabor do beijo,  beijinho
Bejinho cheio de amor e desejo...

Vai, me dá um, ou me dá dois
Três... quatro...  infinitamente
Daqueles pra relembrar depois
Pra relembrar ... eternamente!

Tão bom como aquele de chima
Ou como aquele de morango
Um de cereja também combina
Um beijo com embalo de tango!


Euclides Riquetti

16-03-2017

Bom dia, amore!


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Bom dia, amore!
Aqui estou!
Faça de conta que sou um fiore
Que em seu jardim desabrochou!

Um fiore pequenino
Que veio bebê
Que se tornou um menino
Que gostou de você...

Mas que se manteve fiore
E que lhe deu
E que recebeu
Carinho e amore:
Um sutil e romântico fiore!

Sou apenas isso:
Um fiore que sabe amar
Que busca sempre encontrar
Uma forma poética de lhe dizer
Que é importante viver
Sorrir e não chorar!

E, sobretudo:
Amar, amar, amar...

Euclides Riquetti
24-12-2015

quarta-feira, 15 de março de 2017

A necessária reforma moral do setor público



Meu texto no Jornal Cidadela ...
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       O serviço público brasileiro, compreendendo principalmente  a política praticada no âmbito do Executivo e do Legislativo, precisa, urgentemente, de uma severa reforma moral. O descaso com alguns serviços essenciais à população, a falta de critério nos investimentos do dinheiro público, a roubalheira institucionalizada e outros fatores, levam a população a desacreditar, totalmente, nos seus dirigentes.
       O tempo foi passando, os brasileiros pediram a troca de comando na União, acreditavam em mudanças efetivamente, e a decepção tem sido grande. Políticos atolados até o seu pescoço, tanto parlamentares como os integrantes do Executivo, estão atolados em denúncias de corrupção e roubos. No Brasil afora, hospitais bagunçados, falta de medicamentos, filas longas e demoradas para atendimento médico especializado, exames e procedimentos já não nos causam perplexidade, mas sim revolta, repulsa e vergonha. E estradas esburacadas, rios sem pontes, rodovias inacabadas e lamacentas, e notícias, a toda a hora, sobre as obras suntuosas para a Copa do Mundo e as Olimpíadas com seus orçamentos recheados de aditivos contratuais e muita roubalheira. Enquanto isso, o Governo mentindo, fazendo toda a espécie de barganha possível para ver realizada a Reforma da Previdência Social. Reforma que teria que ser elaborada e votada por gente lúcida e limpa.
       Lamentavelmente, os brasileiros estarão submetidos a leis que serão propostas por um governo torto e desmoralizado, aprovadas por, na maioria, parlamentares corruptos e ladrões, sem nenhum crédito perante a população. Ministros, ex-ministros, deputados, senadores, todos sendo investigados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, onde até o Presidente da República e seus principais ministros ocupam espaços generosos nos noticiários. Em vez de serem notícia pelas ações nobres e efetivas, o são pela sagacidade com que se defendem, pelos seus malfeitos.
       Não podemos deixar de observar que o serviço público também, no âmbito estadual e municipal, nos mostra muitos malas ocupando cargos para os quais não merecem ser nomeados. Não têm conhecimento técnico e nem mesmo merecimento político. Precisamos de uma reforma moral no setor público. A inoperância e o desconhecimento precisam ser substituídos pela eficiência, pela ética e pela sagaz defesa da população.  No âmbito local, um ponto para o Vice-prefeito de Joaçaba, Jucelino Ferraz, que determinou que os funcionários da área social voltem a trabalhar o dia inteiro. E a população joaçabense espera que outros secretários, os que ainda não o fizeram, façam o mesmo em seus departamentos.
Euclides Riquetti – Professor aposentado

O tempo passa, sutilmente... passa!


Passa o tempo, sutilmente  passa
Passa pra mim e  pra você  também
Infelizmente, nosso tempo passa

 (E você não vem e não me abraça)
Rápido, mas quieto, ele vai além...

Passa pra mim e pra você o tempo
Manhã vem, tarde vai, noite vem mais uma vez
Passa o dia de sol, passa o cinzento

 (E eu caminhando só, eu no  relento...)
Caminhando e pensando em você!

Passa o tempo como passa a vida!
Passa e nos deixa seus sinais
Há a hora da chegada, a hora da partida!

 (A hora esperada, e a que quero esquecida...)
 E há aquelas que eu quero mais e mais!

Euclides Riquetti

terça-feira, 14 de março de 2017

Pão quente!

Relembrando:

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          O dia  não vira, ainda, os primeiros claros do sol que deveria vir de Leste. As pessoas já andavam pelas ruas em sua ida para o trabalho, quando a fábrica da Pagnoncelli Hachmann abria sua estrondosa buzina a vapor, anunciando à cidade e a seus funcionários a hora do início de seu trabalho. Algumas senhoras emoldurando a cabeça com uma fita vermelha ao pescoço, que pertenciam ao "Apostolado da Oração", dirigiam-se à Matriz São Paulo Apóstolo para a Missa das Seis que seria celebrada pelo Frei Gilberto. As crianças nem tinham saído de suas casas para tomarem o caminho de suas escolas.. O frio da noite inibira até os animais de emitirem seus uivos, piados, grasnados  e mugidos. Apenas um ou outro galo liberava o canto na garganta. Era ainda madrugada...

         O silêncio era quebrado apenas pelo toque-toque das ferraduras nos cascos de um cavalo zaino que vinha em marcha bem ritmada pela "ponte nova", tracionando uma charrete. E algumas senhoras desciam até as proximidades da ponte, ali defronte a Indústria de Bebidas Prima,  portando suas cestinhas ou esportas confecionadas com palha de trigo. Objetivo: comprar pão sovado, da Padaria do  Cadorim, a única existente no primeiro quarto da década de 1960.

          Lembro da época como se fosse hoje. Fiz até amizade com o padeiro, que depois virou meu colega de aula na Escola Técnica de Comércio Capinzal: Artêmio Tonial, o Padeiro. Adiante, foi sucedido pelo Alcebides Soccol. A cidade se habituava a essas pessoas que traziam alegria em forma de pão quentinho...

          E lembrar do pão que vinha na  caixa de madeira portada pela charrete faz-me volver  o pensamento para aquela cidade bucólica de nosso Vale do Rio do Peixe, com a praticamente ausência de veículos nas ruas naquelas horas da manhã. Apenas um ou outro caminhão carregado de toras de madeira para alimentar as serrarias. Quando acabava nossa fornada de pão caseiro meu pai ia,  às sextas-feiras, esperar pelo pão de padeiro. Era uma alegria comer aquele "sovadinho". Depois,meu pai e eu tomávamos o mesmo rumo naquelas saudosas manhãs: o Colégio Mater Dolórum, onde eu frequentava o Terceiro Ano Primário, tendo como professora a Dona Marli Sartori. E meu pai o Normal, em nível do atual Ensino Médio, que naquela tempo chamavam de Segundo Ciclo Secundário.

       E ele era o único dentre duas dezenas de mulheres. Ainda lembro de seu quadro de formatura e de algumas pessoas que tinham sua foto nele: Vanda Faggion Bazzo, Dr. Nelson de Souza Infeld e algumas freiras. E, como colegas, Luinês Soares, Inês Dalpisol, Estela Flâmia, Lourdes Eide Fronza, Doraci Infeld, dentre outras.

          Os anos foram passando, as coisas mudaram muito. As cidades entopetaram-se de carros, multiplicaram-se as padarias, mercearias, mercados. Inventaram mil e uma receitas, todas muito deliciosas. A cada dia inventam maravilhosos novos produtos nas confeitarias e padarias.  Mas há duas coisas insubstituíveis em minha cabeça e meu coração: O cheirinho do pão quente saído do forno a lenha que minha mãe fazia  e a maciez do pão sovado do Cadorim, que o Artêmio e o Bide nos traziam na charreta do cavalo zaino. Isso é impagável...

Euclides Riquetti
22-05-2013

Cuidemos bem de nossos filhos



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Cuidemos bem de nossos filhos amados
Porque o amor deles é muito verdadeiro
Amemo-los com nosso coração inteiro
Eles que foram alegremente esperados.

Cuidemos dos filhos como das roseiras
Pois o belo precisa ser sempre cultivado
Nosso bem maior, então bem cuidados
Para que sigam as trilhas verdadeiras.

Cuidemos deles, dando-lhes a proteção
Rezemos por eles em todas as horas
Os pais que os amam os querem agora
E os quererão sempre em seu coração.

Euclides Riquetti
14-03-2017

O Santo sim; o nome, não!


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          Na Capinzal e Ouro,  na década de 1960 morava um cidadão que tinha muitas atividades. Era polivalente e "se virava" de muitos modos. Não deixava faltar nada para a a família.
Em tempos em que nós nem sabíamos direito "de que lado se situava o mar", ele já conseguia levar sua "tropinha"  para as praias no verão. E o cara também gostava de fazer piadas, de zoar com vida dos outros. Era só alegria!

          Gostava de falar palavras novas que aprendia. Guardava as mais difíceis e, quando surgia a oportunidade, usava nas suas falas. Fez o "ginásio" já bem madurão. Precisava estudar e trabalhar muito porque tinha que garantir o jabá da prole. Queria acompanhar a evolução dos tempos. Em seu estabelecimento, sempre tinha uma grande cuia para o chimarrão.  Sabia como agradar seus fregueses. Era chimarrão e conversa, muita conversa. (Naquele tempo, cliente era só medico e dentista que tinham, os demais eram todos "fregueses"...). E me dizia: "Olhe, Cride, o negócio é usar a Psicologia Aplicada ao Trabalho!"

          Ah, sim! O amigo, a quem chamarei de Zé da Kombi, foi meu colega de aula no Juçá Barbosa Callado. Era bastante aplicado, até. Não faltava às aulas. E lotava a furgona de gente na saída da aula, que ia despejando pela cidade, principalmente em dias de chuva. Nossos professores de Psicologia foram o Dioni Maestri e o Paulo Bragatto Filho. E gostávamos de Psicologia. Tínhamos isso no ginásio na época. Um privilégio!

          Nosso "gente boa", alíás muito boa por sinal, tinha umas "manias". Tantas que sua "vècchia" lhe deu as malas quando achou que o que ele fazia estava demais. E gostava de contar-nos as histórias de suas aventuras. Quando queria dar um "chego" na gandaia, saía de casa para jogar baralho. Ia a pé, deixava a Kombi na garagem. Mas tomava outro rumo.

        Uma das que bem me lembro era de suas escapadelas para os bailecos nas periferias da cidade. Contava-nos e dava risada. Ia para o salão do  "Sete Facadas", era muito amigo dele e bom freguês. Não deixava pendura, embora até crédito fácil tivesse se fosse preciso. Dançava umas "marcas", tomava umas cervejas, investia num abraços (hoje chamam isso de amassos),  e mais nada. E cuidava bem para que a camisa branca, de colarinho, não ficasse com marcas de rouge ou battom. O cheiro de cigarro dizia que era por causa dos palheiros que os companheiros tragueavam no jogo das cartas.

          Naquele tempo, nas redondezas do lugar, do outro lado do rio, havia outros salões: "O Bota Preta", o Sovaco da Cobra" e o "Alegria do Touro". Na entrada deles, sobre a porta, um aviso: "Tire o chapéu e entregue sua arma para o proprietário". Por uma questão de respeito...  Eram os clubes "alternativos" da época. Concorriam, com muitas dificuldades, com o Ateneu Clube, o Floresta e o Primeiro de Maio.

          Tinha um problema, principalmente nos dias de chuva. Não era por causa do guarda-chuva com as hastes de madeira e o cabo de chifre. Era o barro na rua. A rua que levava até o salão do Sr. Fontoura não tinha calçamento e precisava  ter cuidado para não sentar-se ao chão. Não havia tampouco lâmpadas nos postes. E não podia levar lanterna junto porque senão a patroa desconfiava. Mas o problema maior era com os sapatos. Não podia sair  de casa com galochas para ir jogar baralho ali pertinho, ela não iria compreender isso, pensaria que ele estaria aprontando...

          Então, quando ele voltava, mais de meia-noite, lavava os sapatos no riacho Coxilha Seca, ali em frente à Marcenaria São José. Em casa, deixava-os lá fora. No outro dia estavam secos e limpos, não davam  pista pra desconfiança.

          Como na época que não havia televisão nas casas,  as pessoas tinham muito tempo para pensar e bolar sacanagens. Uns amigos dele, uma noite, foram lá e passaram barro nos seus sapatos. E, de manhã, a "Dona Braba" viu aquilo e ficou furiosa. E o acordou dando-lhe chineladas. Ele, sem entender nada, começou a se confundir, pensando que esquecera de lavar os sapatos. Parecia que os tinha lavado. Será que bebera demais e não lembrava direito?! E isso lhe custou uma semana dormindo no sofá da sala...

          Tenho saudade dos causos que o amigo me contava e que nem posso escrever aqui, mas rio sozinho quando lembro deles. Levou azar alguns anos adiante, quando veio a TV. A patroa foi vendo muitas novelas, muitos filmes, por muito tempo,  e começou a ficar esperta na questão. Então a  história não teve um final feliz. Duas malas cheias de roupas e sapatos. E morar na Kombi... Deu-se mal nosso santo. Falo do santo, mas não digo o nome. Nem o apelido!


Euclides Riquetti
16-05-2013

A vida não é perfeita


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O ser humano não é perfeito
Como não é perfeita sua vida
Tem suas virtudes e defeitos
Há a instabilidade desmedida.

As imperfeições são evidentes
Os nossos íntimos vulneráveis
Muitas vezes são tão aparentes
No âmago dos corpos frágeis.

Reações calmas ou violentas
Ou simplesmente inesperadas
Angústias nas almas sedentas.

Emoções em seres conturbados
E a esperança sempre buscada
Na imensidão do céu azulado.

Euclides Riquetti
14-03-2017

segunda-feira, 13 de março de 2017

O Sabonete e a "Orora" (Aconteceu em Porto União da Vitória...)




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Clube Apollo - União da Vitória - PR




          O ano era 1972. Plena juventude, cidade nova, novos amigos, morada nova. A vontade de conhecer novos lugares, novos ambientes. Fiz grande amizade com o Sabonete, meu colega de República Esquadrão da Vida e de Letras na  Fafi. Ex-seminarista e muito bem empregado, costumávamos sair juntos nos finais de semana para "explorar a cidade". Fomos ao Aeroporto José Cleto e conseguimos tirar fotos ao lado de um avião. Fomos ver o "Cristo", no alto do Morro, em União da Vitória, que estendia seus braços e olhar sobre o Rio Iguaçu e as cidades gêmeas. Andávamos a pé, gastávamos nossos sapatos.

        Mas também gostávamos de ir a Bailes no Clube Apollo, do qual ficamos sócios. E, nos domingos, tarde dançante no 25 de Julho. Imperdível.  De vez em quando, uma saidinha para São Miguel, em Porto União. E, naquele tempo, só entrávamos lá de terno e gravata. Ainda bem que tínhamos nossos ternos fa formatura do então Segundo Grau. No final do domingo, o Cine Ópera. Tudo para compensar a semana de muito estudo na Faculdade e no Yázigy, onde fazíamos Inglês para desenvolver nossa fluência na conversação.

          Mas tínhamos tambérm nosso lado "sinistro" das coisas. Só que o sinistro da época era bem light, soft. Era um sinistrinho brando... No domingo, iamos ao Estádio Enéas Muniz de Queiroz ver o Iguaçu, torcer. " Chuta, Joaquim! Corre, Rotta! Corta, Chavala! Defende, Roque! Juiz ladrão!!! Muita gritaria, reclamação com o juiz. E, em muitos de nossos sábados, a ida para as gafieiras, levados pelos "mais antigos", que sabiam tudo disso, eram experientes no assunto e na ára.  Tinham lá o Primavera, que era um "meia-boca", o Farinha Seca, o Boneca do Iguaçu, ao lado da ponte férrea, e o Poeira. Estes três eram "boca inteira". 

          Éramos muito tímidos, mas nossos companheiros nos encorajavam e acabávamos indo para "dar uma espiadinha". Lembro bem de uma vez que nos levaram para o Boneca do Iguaçu. O Sabonete, que era muito "liso", tinha alta formação religiosa. O apelido, uma conformação fonética e semântica, contando seu sobrenome e sua inteligência. Como bom de "argumento", sabia Latim e Grego,   ia na frente e pedia para que deixassem "dar uma olhadinha", sem pagar entrada. Cheio de falas,  prometia que se gostássamos pagaríamos ingresso e ficaríamos, viraríamos fregueses. Ao contrário, iríamos para casa.

          Pois que em nossa primeira incursão, tão logo passamos por uma cortina de fumantes, adentramos ao salão e lá tinha de tudo. Cheiro de cerveja e conhaque. Cadeiras de várias cores e modelos, mesas de múltiplas cores e estampas. E genrosas senhoras,  de todos os padrões: altas, baixas, esquálidas, obesas, loiras, morenas, ruivas. E os homens: de todos os padrões: pobres, ricos, feios, bem feios, mais feios, carecas, mais carecas, obesos, bem obesos, solteiros (nós e mais alguns) e... casados! Mais casados do que solteiros! Todos tinham bons motivos para ali starem.

          Até aí tudo bem não fosse o susto do Sabonete: "Vamos sair já daqui! Não podemos ficar! Tá louco, cara!... O meu chefe tá aqui. O que ele vai pensar de mim? Vai pensar que eu sou um depravado. E estou no estágio probatório... - Argumentei que quem tinha que se preocupar era o chefe dele, "bem casado", que estava ali fazendo festa, amassando uma "bem fornida, teúda e manteúda". Mas não teve jeito, o Sabonete ficou apavorado, dando graças a Deus que o chefe não o viu. Ainda bem que entramos na "condi"!sem pagar o ingresso!

          Passado o susto, demos umas caminhadas pelas ruas centrais,  olhamos as vitrinas da Loja do Zípperer, da Loja Olga, dos Domit, das lojas do Magazine Jacobs, passamos pelo Bar do Bolívar no outro lado dos trilhos, vimos os cartazes dos filmes do Odeon, do Ópera e do Luz, este bem perto de casa. Ainda passamos pela  Willy Reich, bem pertinho de casa. Era época do "Sesquitecentenário da Independência" e estavam inaugurando a transmissão de TV em cores no Brasil, até transmitindo a "Mini Copa" de Futebol. Nos embasbacamos com a beleza das imagens coloridas no aparelho.

          Chegamos em casa e contamos para o Frarom sobre a decepção que o Sabonete teve ao encontrar seu chefe, um exemplo de chefe, um homem honrado, lá com sua teúda amarrada ao pescoço no "Boneca".
E ele veio  com essa: "Olha, cheguei agorinha. Fui dar uma olhadinha no "Poeira", mas nem entrei. Só dei uma esticada de pescoço pela porta.  Estava no intervalo, porque lá a dança já começa pelas oito horas. E o vocalista da bandinha estava dando um aviso: "Queremos dizer para a sociedade portuniense que aqui comparece  que temos em nossas mãos uma aliança de casamento que foi encontrada no chão de nosso tradicional salão, tendo se grudado na sola do sapato de borracha daquele amigo ali, ó..." E ninguém se manifestou, ninguém que estava lá queria mostrar seu verdadeiro estado civil, "casado". Com  o precioso objeto  na mão, pegou-o entre os dedos  e foi adiante: "Olha, aqui estão  gravadas  as iniciais da dona dessa preciosa jóia: Começa com " Ó", deve ser da... "Órora"! E lá não havia Ororas nem Auroras...

          Nem precisou ele continuar com a história. Ríamos mais do jeito com que ele nos contava das histórias do que com a graça que traziam.  E começava uma rodada de histórias e piadas que nos faziam esquecer das tristezas. Tudo muito divertido. Melhor que ter ido ao bailinho! Diversão com economia de dez cruzeiros. Dava para pagar a lavadeira na semana.

          E o respeito entre o Sabonete e o Chefe dele nunca foi abalado...

Euclides Riquetti
17-05-2013

Caminhar ao sol

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Caminhar ao sol, sorver seus raios dourados
Deliciar-se ternamente, feliz, feliz contente
Raios brilhantes, luminosos e  brilhados
Bronzeando as peles, os ombros elegantes
Aquecendo a alma da pensativa caminhante.

Caminhar ao sol, a mente navegando bem distante
E perdida em pensamentos já morenos
Em pecados que guiam passos errantes
Deletando da alma todos os venenos
Que possam inpregnar-se nos espíritos serenos.

Caminhar ao sol, como se em frio  intenso
Amenizá-lo, numa agradável sensação de bem-estar
Caminhar ao sol, num prazer imenso

Caminhar ao sol, embeber-se de luz e de  paixão
Deixar o pensamento leve a navegar
Afagar a alma, acalentar o coração!

Euclides Riquetti

domingo, 12 de março de 2017

A XXVII Romaria Penitencial de Frei Bruno em Joaçaba


 


Foto: Portal Caco da Rosa

         Aconteceu em Joaçaba, na manhã deste domingo, 12, a Vigésima Sétima Romaria Penitencial de Frei Bruno, reunindo cerca de 30.000 romeiros. Os fiéis saíram em procissão desde a Catedral Santa Terezinha, acessando as avenidas XV de Novembro e Caetano Natal Branco, até o jazigo de Frei Bruno, no cemitério Frei Edgar, em Joaçaba.

         Frei Bruno está em Processo de canonização, em razão de haver testemunhos de pessoas que afirmam ter recebido graças do sacerdote que podem se constituir em verdadeiros milagres. A humildade dele é relatada pelos que o conheceram, sendo um religioso muito atencioso para com os habitantes d Joaçaba, Herval D´Oeste e Luzerna. Costumava caminhar pelas ruas das cidades, distribuindo suas bênçãos e levando palavras de conforto para os aflitos e acometidos de doenças.

          Participei da Romaria, quando encontrei diversos amigos de Joaçaba, Capinzal e outros municípios. Era possível verificar a presença de ônibus e carros dos três estados do Sul do Brasil. 

        Frei Bruno nasceu em Duesseldorf, na Alemanha, em 08 de setembro de 1876 e faleceu em Joaçaba no dia 25 de fevereiro de 1960. 



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Monumento a Frei Bruno - estátua com 37 metros de altura - olhando para as cidades de Joaçaba e Herval D ´Oeste

Euclides Riquetti
12-03-2017

Me deem notícias

 

 

Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Informem-me simplesmente
De alguma forma muito cara
Ou mesmo me deem uma pista clara
Pois preciso saber, realmente
Onde foi parar essa ave tão bonita e rara!

Digam-se se voou sobre o oceano
Ou se foi passar o fim de ano
Em algum lugar de nosso mundo
Ou foi dormir seu sono mais profundo
Nos galhos de uma árvore de um pomar!

Informem-me, de imediato, por favor
Desejo saber seu paradeiro
Se a gaivota foi voar o céu inteiro
Ou se foi esconder-se do calor
Do verão que veio pra ficar!

Me deem notícias...
Digam-me onde a gaivota foi voar
Digam-me onde a canária foi cantar
Me deem notícias!

Euclides Riquetti
26-12-2015

Como num deserto...


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Como nos desertos
Ventos e areias me ferem os olhos
E meu coração cheio de imbróglios
Entrega-se aos rumos mais incertos...

Como se num inverno
O frio inibe meus movimentos
E fico paralisado como se os ventos
Me tornassem um corpo de gelo eterno...

Como se não houvesse luz
Escondo-me nas trevas misteriosas
Nas estradas mais longas e perigosas
Nos caminhos pelos quais você me induz...

Como se não houvesse nada
Nem um amanhã risonho a me esperar
Ou um barco com o qual navegar
Sou uma alma perturbada...

Mas espero por um novo dia
Por seu sorriso terno e cativante
Por flores perfumadas com alegria
Pelo seu abraço contagiante.

Apenas por isso, nada mais!

Euclides Riquetti
26-12-2015