sábado, 2 de março de 2013

Mais uma Medalha de Ouro para Aline!

          Atletas da ARAD, entidade aqui de Joaçaba, estão competindo na Primeira Etapa do Circuito Loterias Caixa de Atltismo Paraolímpico. Estão lá Aline Rocha,  Aline Valmórbida, Daluan Cardemas, Diogo Wolf, Evandro da Rosa e Sidnei Lopes de Andrade. E os treinadores/professores  Fernando Orso e Luiz Cezar de Oliveira, Presidente da ADAD.

          Treinaram no Clube Comercial nesta semana. Conersei com  alguns deles, no treino. Estavam esperançosos. Precisam conseguir índices para continuarem a participar das etapas seguintes do Circuito Nacional.

          A mais entusiasmada e muitíssimo dedicada Aline Rocha pegava pesado com sua bicicleta/cadeira. Além da atividade regular para a obtenção da velocidade, portava uma corda elástica ligando uma a outra mão, que passava por trás de si, nas  suas costas. Isso exigia que ela fizesse muito esforço físico para impulsionar as rodas,  mas é o que está assegurando seu sucesso nas competições.

          Aline é uma cadeirante esguia, mas está conseguindo dar muita força à musculatura dos braços para impulsionar a cadeira dela. Até lhe perguntei se está praticando outros esportes. Disse-me que tem uma byke e que está praticando isso também. Falei-lhe que ela poderia praticar rappel também e que pesquisaria sobre isso para repassar-lhe. Pois bem, em Santa Cruz do Rio Pardo há um rapaz, Luiz Carlos Novaes Marques , que já desceu de um prédio de 15 andares nas cordas do rappel, com sua cadeira de rodas. Isso para chamar a atenção para a falta de projetos de acessibilidade para sua cidade.  Creio que a Aline possa fazer isso com muita facilidade pela preparação que ela tem e leveza de seu corpo.

        Pelas informações que obtive do treinador Fernando Orso, via facebook, que também é namorado da Aline Rocha, ela obteve a Medalha de Ouro nos 200 metros. A outra paraatleta, Aline Valmórbida, ganhou o Bronze. Competiram sob chuva leve.

        E A Celulose Irani, além do Instituto Pasteur e da Fundação Municipal de Esportes de Joaçaba, estão apoiando nossos paraatletas. Obrigado. Mas precisamos que mais gente venha a apoiar essa entidade, a ARAD e seus atletas.

         Parabéns, mais uma vez, desta para as Duas Alines!

Euclides Riquetti
02-03-2013



         

Mulher (reedição)

Mulher dos olhos amendoados
Encantados...
Mulher dos lábios rosados
Beijados...
Mulher dos cabelos castanhos
Que já não me são estranhos.
Dos pensamentos proibidos
Dos sentimentos bandidos...
Do corpo sensual
Da atitude magistral...

Teus abraços me despertam desmedida paixão
Teus beijos me levam à perdição!

E meus devaneios me conduzem ao infinito
Minhas palavras são apenas iguais a outras tantas.
Mas, quando as combino
E dou-lhes o romântico destino
Eu as torno santas
E elas me remetem ao teu rosto bonito.

Em minhas ilusões e em minhas turbulências
Tu te fazes presente
E levas contigo o carinho que guardei
Pra te ver de novo
Pois eu sou a madeira
E tu és o fogo...
Tu és demais!

Beijos

Euclides Riquetti
Reedição em 02-03-2013

A Imbecilização das Gentes - Pão e Circo

          Já me referi anteriormente à questão "pão e circo".  Agora, estou-me propondo a ir um pouco além, chegar ao lixo que nos é oferecido a toda hora,  gratuitamente, através dos meios de comunicação. Entendemos que os canais de comunicação são o meio mais barato que o cidadão comum tem para seu acesso ao lazer.

           Temos a TV aberta que invade nossos lares com programas que nos envergonham pela baixa qualidade das produções e pelas baixarias mostradas,  jornais  escritos com ortografia horrível e matérias  de péssima qualidade e infinitamente replicadas. Umas fotografias de políticos, quase que sempre as mesmas caras e, pior, as mesmas fotos de arquivo. E espaços importantes ocupados por matérias nada importantes, apenas com o fito de promover pessoas e não o conhecimento dos fatos. Matérias, a maioria pagas,  e que só interessam a quem é muito próximo das "figuras" coladas nas páginas.

          Apresentadores populistas como o Ratinho, no SBT, e alguns outros que ocupam as tardes e mesmo as noites, são um atentado à inteligência de todos os cidadãos de bem. Pessoas muito bregas expõem sua intimidade, abrem sua vida pessoal como se estivessem ganhando alguma coisa com isso, vergonhosamente, e usam um palavreado que, no mínimo, deveria ser autocensurado pelo próprios órgaos  de comunicação.

          Mas, nossa imbecilização maior está em termos, por exemplo, um BBB, o tal Big Brother Brasil, na TV Globo,  atingindo elevados  índices de audiência. O programa é animado pelo jornalista global Pedro Bial. Não pela questão do erotismo ensejado através de pessoas que se subpõem aos mesmos edredons,  nem pela bundas ou peitos ciliconados ou não, mas pela hipocrisia e a breguice da linguagem falada, com o uso de expressões babacas, pela disseminação de costumes que não são éticos nem verdadeiros.

          As paixões por determinados lazeres, como o carnaval ou o futebol, levando torcedores a condutas condenáveis, a exemplo do que aconteceu com torcedores corinthianos, na Bolívia, provocam acontecimentos que em nada nos orgulham. E as redes sociais, com pessoas escrevendo um português ininteligível  e utilizando uma linguagem vulgar, também são condenáveis.

          O pão e o circo, pior este do que o primeiro, fariam o Imperador Péricles, da Grécia, corar, se estivesse vivo. E nossa sociedade, enquanto não houver uma grande evolução intelectual, com escolarização em alto nível, e uma tomada de atitude proativa coletiva, não será contemplada com  mudanças nos costumes.

          Por enquanto, o que eu posso fazer é pedir para o Pedro Bial que tome uma atitude em favor do Brasil e da intligência dos brasileiros. Não chame de "meus heróis" pessoas que jamais fizeram algo que justifique isso. Melhor, tome uma atitude digna, se estiver fazendo algo contra sua vontade. Faça como o Papa: RFENUNCIE!


Euclides Riquetti
05-03-2012

sexta-feira, 1 de março de 2013

Lançamento de "O Primeiro Assalto ao Trem Pagador" em Joaçaba

          Nesta quinta-feira, 28, aconteceu o lançamento do filme documentário dramatizado "O Primeiro Assalto ao Trem Pagador", no Teatro Alfredo Sigwalt, em Joaçaba. Saí de casa para chegar à sessão que aconteceria às 20 horas com mais de 30 minutos de antecedência. Encontrei o amigo Mário Wolfard e a esposa ali próximo ao teatro: "Volte, Riquetti. O Teatro já está lotado. Mas vai ter uma segunda sessão às 21,30". Não fiquei triste, fiquei muito contente, pois significou-me que nossa população valorizou a produção. Temia que não houvesse um bom afluxo de público e isso seria uma grande decepção para mim, que sou um inconteste admirador da História do Contestado e já li muito sobre esse assalto, ocorrido em outubro de 1909, ali próximo do túnel de Pinheiro Preto, na época colônia de Campos Novos.

          Fomos para a Praça da Catedral que foi aberta para estacionamento de carros. Em todas as ruas próximas muitos veículos. A primeira surpresa nos veio quando demos de cara com o Tchê Mendes,  o Shirlon Pizzamiglio e o Zucco do Besc.  O Tchê,  não o via há horas, mas sempre ouço seu programa nos domingos pela manhã na Rádio Catarinense. Um abraço no locutor e músico que protagonizou o filme na figura de Zeca Vacariano. Um palmo mais alto do que eu, ainda o magrão que há duas décadas trabalhava na Rádio Barriga Verde, em Capinzal, como repórter. O Shirlon, que também é Vacariano, sempre me falou sobre o seu conterrâneo Zeca, ambos de Vacaria, que organizou o assalto. E tem grande amizade com Mendes. Falei-lhes que o teatro estava lotado, disse que esperaria pela segunda sessão, que também lotou. (Na terça haverá novo bloco de sessões para quem ainda não o viu).

          O Tchê Mendes, caracterizado como no filme, com seu vozeirão estridente, lascou: "Não te acanhes, que nóis vamo lá e metemo uma bala neles e quero vê se num salta um lugá". Tive que rir. Ele vive na rua o mesmo tipo que faz no rádio. É uma figuraça, muito admirado aqui na região.

          Deixamos ele à vontade para que fosse participar da  cerimônia de lançamento e esperamos até que viesse a segunda sessão: todos os 480 lugares novamente ocupados. Não ficamos sem cadiras  porque nos alojamos na porta e esperamos a vez de entrar. Ganhamos com isso pois revimos amigos que não víamos há muito. E, de causo em causo,  o tempo foi passando.

          Na abertura, alguns discursos: o amigo Jaime Telles fazendo o cerimonial com toda a prática e eficiência que tem. Participa da fita como depoente. O cineasta e diretor Ernóy Mattiello,  relatando sobre a aventura de produzir o filme e ressaltando a parceria com a VMS Produtora, do Vilmar Miguel Sartori, um gringo lá do Pinheiro Alto, Ouro, que tem sua produtora em Joaçaba. O discurso, breve, do amigo Eusébio Viecelli, Prefeito de Pinheiro Preto, um dos patrocinadores. E, em seguida, o filme de 56 minutos.

          Com  a utilização de fotos da época e depoimentos de historiadores e pessoas antigas que fizaram seus relatos, pudemos ver a saga de Zeca Vacariano, andando em seu cavalo pelas picadas, organizando o assalto ao trem, pegando o dinheiro e pagando seus turmeiros, pois a Brazil Railway Company  vinha atrasando os pagamentos. Vacariano era comerciante e empreiteiro, tinha muitos empregados, era respeitado. Depois, na sequência, vários episódios da Guerra do Contestado. Aprendi mnais um pouco sobre essa.

          O filme nos mostra o outro lado da história, o contrapopnto estebelecido, podendo alterar a imagem e o conceito sobre o Zeca Vacariano, que pode ser visto como herói e não como vilão, pois a história sempre nos mostra a personagem sob a ótica de quem tinha o Poder e ditava as regras do jogo.

         Muitos de nossos conhecidos, como o Professor Gefferson, lá de Piratuba, Davi Froza, de Herval D ´Oeste, o Vicente Telles, grande historiador da Guerra do Contestado, o João Paulo Dantas, recentemente falecido, que viveu o papel de Felip Schmidt, Presidente da então Província de Santa Catarina,  e outros ainda estavam na fita.

          Mas o papel vivido pelo Tchê Mendes simplesmente foi espetacular. Além de seu indiscutível talento como radialista e músico regionalista, o homem nos mostrou ser um grande intérprete como ator. Tchê, nascido Mauro Mendes, é natural de Presidente Castello Branco, em 09 de abril de 1963, dois dias após a emancipação deste do Município de Ouro, ao qual era vinculado como Distrito de Dois Irmãos. E o Gabriel Sater, filho do cantor Almir Sater, foi seu coadjuvante na narração.

          Agora é aplaudir a produção do Ernóy e do Sartori, que logo estará disponível em canais de TV pagos.São homens de muita coragem. Nossa cultura lhes deve muito.

          E esperar por outra produção que está por vir: "A Guerra do Contestado".

Euclides Riquetti
01-03-2013


Zina e Breca - Cachuca e Cride - uma história real

          Dois de junho de 1973 - sábado. Dia de Festa Junina em Porto União, no Colégio Cid Gonzaga. Toda a juventude das cidades gêmeas do Iguaçu estava ansiosa para que esse dia chegasse. É que acontecia uma festa muito badalada por lá. Além dos folguedos, dança na sala do auditório. Talvez que essa fosse a parte mais esperada da festa...

          O Professor Welcedino, um "serra-abaixo" catarinense gostava de ter tudo bem organizado. A festa era muito esperada. Quadrilhas de danças, quentão, pipoca, pinhão, doce de abóbora, amendoim, pé-de-moleque... Foguetes espocando no ar. As rádios Colmeia, Difusora e União com seus locutores falando do evento. Os jornais "O Comércio", "Caiçara" e "Traço de União" dando força. E nós, jovens, na expectativa.

          Mandei uma carta para minha irmã Iradi convidando-a. Veio com a prima Salete Baretta. Foram hospedar-se na casa da prima Gena Casara que estava estudando por lá. Chegaram na sexta à tarde. Tudo preparado para irmos à Festa no sábado. Imperdível.

          Mas um imprevisto quase que atrapalha nossos planos. Nosso colega da República Esquadrão da Vida, o Celso Lazarini, o Breca, nascido no hoje Lacerdópolis (quando ainda petencia a Capinzal) e que  morou na casa do Serafim Andrioni, no Ouro, e em 1968 trabalhava nas Casas Eduardo, em Capinzal, estava machucado.  Agora era o melhor goleiro de futsal em União da Vitória, fora profissional no futebol de campo. Pois na  sexta levou  um chute no nariz, na Quadra do Túlio de França.  O Dorinho  ia fazer o gol, o Breca foi brecar e o pé do artilheiro arrebentou o nariz de nosso colega. Emergência, cirurgia. Ficamos todos muito preocupados. Víamos o sofrimento do amigo e tínhamos nossa programação de lazer. Não queríamos perder a festa,  nem deixar o amigo sozinho em casa naquele sábado. Precisava de cuidados. Ele dizia que podíamos ir, que ele mesmo se cuidava. Gentil como sempre. É assim até hoje.

          Pertinho de casa havia um salão de estética, o "Silhueta". A Zina, a Célia comandavam. A Ivone, cunhada da irmã da Zina, estava sob seus cuidados. Eram minhas amigas. A Zina estava chorosa, de mal com a vida, deprimindo-se. Pedi-lhe um favor. Perguntei-lhe se poderia cuidar do Breca naquela noite para que pudesse participar da festa junina no Cid. Disse-lhe que ele estava machucado e precisava de cuidados. Pensei que um podia cuidar do outro. Aceitou que eu o deixasse em sua casa. Cuidaria dele. E assim o fez.

          Fomos com os colegas, o Osvaldo e os dois  Odacir, o Giaretta e o Contini, mais  minha irmã  e a prima para a festa. Eu de braços dados com minha irmã. O Boles não foi, tinha que ficar no ponto de táxi com seu Corcel 4 portas. Era um horário bom pra ganhar uma graninha.
Na chegada, percebi que havia uma bela garota com quem eu tinha dançado no "Clube 25"  duas semanas antes. Ela deve ter-se decepcionado comigo, pois eu estava de braços dados com uma de quase minha altura. Não sabia ela que era minha irmã que estava comigo.  Adiante, contou-me que pensou que era minha namorada...

         Na dança, muita animaçao na sala do auditório. Um colega meu era Cabo do Exército Brasileiro, do 5º BE, de Porto União, Odacir Contini. Educado, respeitava as regras dos militares. Quando íamos ao cinema, com os Cabos Frarom, Backes, Godói, Figueira ou Maciel, tínhamos que sentar atrás de qualquer oficial superior deles. Então, no Cine Ópera, entrávamos olhando para as cadeiras e precisávamos  ir ao fundo do cinema ver os filmes e respeitar essa regra hierárquica. Nenhum subalterno podia sentar à frente de um superior.  Pois bem, o Contini falou-me: "Vou tirar aquela morena que está com a Dora pra dançar. E, educadamente, deu a volta por detrás dos  presentes, pois havia um sargento no local.

          Quando vi que era a garota que eu conhecera poucas  semanas antes, cortei caminho pelo meio do salão. Eu não era militar, não  tinha superior, podia ir por onde bem entendesse. E, quando ele lá chegou, eu já estava com ela. E dançamos. Dançamos, dançamos  muito, rimos, contei-lhe piadas.

           Hoje, 40 anos depois, continuamos a dançar, juntos. Temos três  filhos e uma neta...

           E o Breca e a Zina?    Bem, ela está cuidando dele há  40 anos também. Têm uma filha, a Marcela, que voltou recentemente para Porto Uni'ao depois de estudar na Austrália. O Breca  vende carros em sua loja numa bela esquina da ida para o Estádio do Ferroviário. A Zina tem seu salão ali perto do Clube Concórdia. Continua igual há  40 anos. A mesma disposição, a mesma silhueta, a mesma amabilidade e a mesma simpatia. Visitei-os recentemente. Rimos muito, contei para duas amigas dela essa história. Disseram-me que eu deveria escrever sobre isso. Então aqui está.

           Duas histórias que começaram no mesmo dia. E, mesmo com as dificuldades do dia-a-dia, com todas as barras enfrentadas, formamos nossas duas famílias. A Zina e o Breca, a Cachucha e o Cride.


Euclides Riquetti
24-03-2013




         


         

        

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Moça Mulher

Ombros elegantes
Pés nus acariciando a calçada
Molhada...
Ou maltratando-se nos pedriscos da rua
Que é nossa, que minha, que é tua
Pés nus roçando a água...

Idealizo-te:
Olhos cativantes
Brilhantes
Provocantes:
Cintilantes!

Ternos  braços
Esperando meu abraço.

Lábios rosados
Almados
Desejados
Gostosos
Pecaminosos!

Morenice brejeira:
Short jeans franjado
Do algodão malhado
Estonado e...
Desbotado!
Sorriso de moça faceira.

Provocante e provocadora:
Blusinha branca casual
Brincos acrílicos
Pendurados
Grandes e  argolados
Cabelos inspirando meus  versos líricos
Dengosa  e sensual...

Moça mulher:
Vai, enegrecendo as  almas dos passantes
Embasbacados e confusos
Confusos como eu!

Apenas confuso...

28-02-2013





quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Revisitando o Deus Negro

          Não sei o porquê de hoje ter-me voltado à década de 1970, uma das mais produtivas de minha vida. Mas algo me impeliu a retornar a ela e, por conseguinte, relembrar de como era a vida dos jovens. Eu queria estudar, fazer uma carreira, construir uma vida digna, ter confortos que não tive antes, "ser alguém". E então  lembrei-me de pessoas que me apoiaram, me ajudaram... e também dos que me jogavam na vala da "ninguenzada".

           Quanta coisa contabilizei naquela década: Fiz 18 anos, terminei o curso de Técnico em Contabilidade, passei no vestibular, mudei de cidade, de estado, de trabalho, badalei muito, namorei,  terminei meu curso de Letras/Inglês, casei-me, tirei carteira de motorista, comprei meu primeiro carro, fiz concurso para professor, fiz minha casa, tive duas filhas, gêmeas. Ah, e escrevi algumas poesias que acabei jogando no lixo. Como gostaria de reavê-las! Apenas duas salvei, porque foram publicadas num livro, em União da Vitória e me restaram "Tu" e "Uma Oração para Você", esta muito significativa, que compus no verdor de meus 20 anos...

          Naquela década,  usávamos cabelos compridos, calças boca-de-sino e mais adiante pantalonas, camisa xadrez ou com estampas florais,  meias vermelhas, perfume Lancaster ou Pretty Peach. E, quem conseguia obter,  calça Lee ou Levi´s importada, indigo-blue. Era bacana ter jaquetas Lee ou então verde-oliva, a cor do Exército Brasileiro. Comprávamos distintivos "US Army" ou "Marinner", que aplicávamos nos ombros das jaquetas,  e isso era marca de prestígio perante a galera. Alguns conseguiam umas camisetas de malha de algodão que tinham a inscrição: "University of Californy" ou "Columbus University". Isso significava sucesso garantido.

          E as mulheres? Bem, a maioria delas também usava roupas assim, unissex. E a minissaia dos anos 1960 e as saint tropez  acabaram  substiuídas  por shorts curtos, aquelas meias "cabaret" e botas de cano médio ou longo. E, a partir de 72,  aquela onda de, no inverno, usar blusa de tricô e meia da mesma lã e das mesmas cores.

          Nos cinemas Guiliano Gemma fazia o Ringo derreter os corações das mulheres e as múscas italianas e  francesas que vinham nos compactos simples ou duplos e nos long-pays imperavam nas rádios.  A onda "inglês" veio meio junto, com  "The Beatles" em seu rock.

          Mas a grande onda da década veio por conta de uma ofensiva da Igreja Católica no sentido de mobilizar as novas lideranças jovens e reanimar as já maduras para suas lides religiosas.  Começaram com o cursíhos, obra iniciada na Espanha bem antes do que no Brasil.  Nunca participei de um, mas muitos amigos meus fizeram parte de ações cursilhistas. Jovens que optaram por deixar o seminário passaram a atuar como professores ou engajando-se nas atividades da Igreja. Inteligentes e com boa formação,  eram bons exemplos a serem seguidos.

         Foi nessa época que o corumbaense que foi para São Paulo aos 16 anos, Neimar de Barros, deixou o trabalho de junto à TV do Sílvio Santos, onde dirigiu os programas "Cidade Contra Cidade" e "Boa Noite Cinderela" e converteu-se de ateu para Católico Apostólico Romano. Tornou-se escritor poeta e pensador,  e passou a ter forte liderança dento da Igraja Católica. Visitou mais de 4.000 comunidades religiosas e vendeu mais de 4 milhões de exemplares de seus mais de 10 livros que escreveu nas línguas portuguesa e espanhola.

          Em 77, quando eu me iniciava efetivamente no Magistério Catarinense, na Comunidade de Duas Pontes, hoje município de Zortéa, em Santa Catarina, a moda  era ler "Deus Negro", de Neimar de Barros. Logo depois surgiram outros livros dele e o que mais chamava  atenção era "O Diabo é Cor-de-rosa". Todos liam, recomendavam, iam passando adiante a idologia, o pensamento do convertido autor. E, em seu rastro,  também vinha o Artur Miranda, que conheci lá na Casa Paroquial de Capinzal.
          Em 1986 Barros concedeu uma entrevista à Revista Veja que fez grandes estrondos nos meios religiosos brasileiros. Declarou que estava infiltrado na Igreja a serviço da maçonaria ( o que nunca foi comprovado, acho que foi invencionismo dele), que estava descobrindo os podres da mesma e disposto a revelá-los para o mundo. E declinou diversas "vergonhas" que estariam acontecendo nos meios eclesiásticos. A repercussão foi das piores.

         Eu tinha lido justamente os dois livros que mencionei, entrei na onda da época, era imaturo, não tinha propriedade sobre minha opinião ainda. Fiquei muito revoltado com ele e mesmo os comentários que li sobre ele, oriundos de seus admiradores internautas, não me fizeram mudar em relação ao péssimo conceito que formei a seu respeito. Acho que ele foi ou oportunista, ganhando muito dinheiro e se promovendo em cima da de nossa Fé, ou  um baita enganado,  que usou de meios pouco legítimos para atingir  seus nebulosos objetivos.

          Acho que de bom alguma coisa restou nessa história:  muitos jovens, na época, foram surgindo como lideranças nas cidades, alguns que se conheceram nesses encontros até constituíram família, tornaram-se importantes gestores públicos e privados, emprendedores, educadores. Enfim, essa geração teenager que tornou-se adulta  naquela década, deixou filhos com elevado nível de formação pessoal e intelectual que estão espalhados pelo Brasil e pelo mundo,  fazendo sua parte no contexto de nossa história.

          No ano passado, dia 06 de maio, bastante debilitado em função do Alzaimer de que estava acometido, Neimar de Barros veio a falecer. Sua morte passou em branco. Não pela doença, mas por ter sido rejeitado pelos eus fãs em razão da falta de coerência entre o que pregou e o que deixou de concreto como exemplo. Caiu no ostracismo e os brasileiros o esqueceram. Só lembram de seu nome os pré-idosos que viveram em seu tempo. Os outros, só conhecem o Neymar que joga no Santos, baita craque de bola!

Euclides Riquetti
27-02-2013
         



         

Eu gosto de ler poesia (soneto)

Não gosto de dias nublados
Nem de cinzento no céu
Prefiro aqueles ensolarados
Apenas nuvens cor de véu.

Não gosto de noites de inverno
E nem da chuvosa manhã
Prefiro o firmamento eterno
A tarde sem sol é vilã.

Eu gosto da planta florida
Eu gosto do senso da vida
Da canção e  da boa melodia.

Eu gosto de verde na planta
Da ave que voa e que canta
Eu gosto de ler poesia!

Euclides Riquetti
27-02-2013

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Deus Salve a Democracia!

          Mais de 30 anos depois de acontecer a reabertura para a Democracia no  Brasil, ainda vemos que, na América Latina,  ainda há uma séria resistência a esse regime, principalmente em Cuba, onde a ditadura de Fulgêncio Batista foi fulminada por um ideal revolucionário preconizado pelo médico Ernesto Che Guevara e eternizado pelos irmãos Castro e seus seguidores. E uma nova ditadura sufocou uma velha ditadura. Na terra d' El Paredón, liberdade de expressão é apenas arremedo de sonho...

          É certo que houve avanços em Cuba em termos de Educação e Saúde. (Escrevo isso porque sempre ouço educadores e adeptos de suas ideologias assim dizerem). Nos outros aspectos, vejo um país refém de um poder absoluto  e um atraso, uma janela fechada para a realidade do mundo que até os padrinhos deles do Leste Europeu já refutaram.

          A filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez, 37 anos, esteve visitando o Brasil na semana passada. Defende a liberdade de expressão, coisa que não tem em Cuba, onde o Presidente Fidel Castro Governou por 47 anos e agora passou o cargo para seu irmão, Raúl. A bloqueira mais em evidência no mundo sofreu protestos de militantes da esquerda aqui no Brasil, principalmente em Brasília, São Paulo, Salvador  e Recife. No Rio de Janeiro teve um final de semana tranquilo, até com passeio no bondinho do Pão de Açúcar. Foi recepcionada por um deputado e pela atriz Rosamaria Murtinho.

          Os ataques verbais e quase que as vias de fato contra a cubana, para ela, mostram  que no Brasil há a pluralidade de pensamento, avanços importantes na política, uma grande evolução nas ideias e ideais. Diante das manifestações, sorriu. Não os condenou, porque acha isso legítimo.

          Nas redes sociais houve grande repercussão em torno de sua estada aqui. Parte dos internautas condenou drasticamente os que protestaram contra sua vinda e parte colocou-se contra estes. Os contra a cubana dizem que quem a defende não conhece a história, não sabem o que é a luta. Os a favor dela dizem que os militantes são retrógrados e estão a serviço do Poder no Brasil.

          O fato de uma pessoa ter tido a coragem de se posicionar contra um regime que entende estar prejudicando seu país, no caso Cuba, tem ajudado a blogueira a tornar-se símbolo, quem sabe, de uma luta que tende a acontecer no mundo contra as ditaduras e os ditadores. Já vimos isso acontecer nos países árabes, recentemente. E nos parece que a América Latina está-se tornando a bola da vez. E precisamos ter a compreensão que não é somente aquilo que eu pensamos  que é democrático, mas que respeitemos  o pensamento do outro.


           Os manifestantes brasileiros conseguiram dar à blogueira  uma visibilidade que não teria em nenhum outro país. A naturalidade com que ela encarou e compreendeu aquilo que conceituou como fruto da pluralidade e da democracia, foi um lição  para aqueles que disseram que ela trabalha para Cia, que é uma traidora e outras coisas mais. Lá em Cuba está condenada por delito de opinião, como fizeram aqui no Brasil há quatro décadas com alguns brasileiros que pensavem diferente do que o regime mandante.
          Vivemos em um  tempo em que o populismo e as ditaduras ainda conseguem ser governo, mesmo com as facilidades de informação que temos.  Cergar-se diante da realidade é até um direito de quem não quer ver.  Mas apoiar regimes que sufocam a população é muito questionável.  O Brasil, que viveu duas décadas sob a égide do governo militar, pode não ser um grande exemplo de sucesso na  democracia, mas hoje nós podemos emitir nossa opinião livremente, escolhermos onde e o que queremos comprar, optar por que espécie de educação queremos dar a nossos filhos, escolher, bem ou mal nossos governantes, irmos e virmos para onde e quando quisermos.

Deus salve a democracia!

Euclides Riquetti
26-02-2013

         

         

Ame

Ame!
Perca-se, perdidamente
Entregue-se totalmente...

Derrube normas, regras e conceitos
Mostre suas virtudes e defeitos
Suas inquietudes, suas atitudes
E ame!

Dispa-se vivamente
Desnude-se completamente
Esqueça os que se importam com seus jeitos
E aplauda quem rejeita preconceitos:
Ame!

Jamais esconda seu olhar apaixonado
Não disfarce os seus  sentimentos
Em nenhuns  momentos
Apenas cuide daquele amor
Que a procura esperançado...

Quebre comportamentos
Rompa o silêncio
Mergulhe nos prazeres que lhe fazem bem
Ame, com suas forças, limites ou cansaços
Com seus lábios, com sua alma e seus abraços
Mas ame!

Ame nos dias de sol e nas noites estreladas
Naquelas que exaltei em prosa e verso
Nos dias de chuva e nas tardes acaloradas
Ame tudo o que existe no Universo:

Ame!

Euclides Riquetti

26-02-2013





segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Nego Joe em Novela da Globo

          Quando, no dia 11 de março,  às 18 horas, a TV Globo brindar o público brasileiro com a novela "Flor do Caribe", dirigida pelo Jaime Monjardim, e você, durante a trama ouvir "Quando o primeiro raio de sol/Encontrar o teu sorriso/Vai perceber que os seus olhos são/As janelas do paraíso!",  capinzalenses e ourenses terão muito a comemorar. É que a canção "Primeiro Raio de Sol",  interpretada pela banda catarinense  Nego Joe, liderada pelo vocalista e compositor Antônio Carlos Andrioni de Souza - o Nego, foi incluída na trilha daquela novela.

           Antônio Carlos,  o Nego como é chamado pelos amigos e familiares, filho do Dario "Nilson Dias" Pereira de Souza, e da Beth Andrioni, nasceu em Capinzal e passou sua infância em Ouro. Seu pai tocava em "Os Invencíveis" e, como diz o professor Sérgio Durigon, "o Nego Dario segura a barra de qualquer banda". A Beth costumava acompanhar o marido nos bailes em que tocava e,  desde pequeno,  o Nego acompanhou o pai. Nego ganhou prêmios em Lacerdópolis e Ouro, depois passou a ter conquistas regularmente nos festivais do meio Oeste Catarinense. Na época era aluno de nossa Escola Estadual Prefeito Sílvio Santos. Era aplicado, estudioso. As meninas achavam ele bonitinho, uma gracinha!

         Gostava muito de jogar futebol, treinando nas bases do Arabutã  Futebol Clube e no Ginásio André Colombo. Acompanhava o pai nos treinos e jogos, especialmente nas tardes de sábado. Formávamos com o Dario a dupla do lado direito, ele na ponta e eu na lateral dos veteranos.  Agora é mais chique dizer "master".  Foi apelidado de Nilson Dias porque era muito parecido com o atacante do Botafogo do Rio que tinha esse nome.E tinha o cabelo "black-power" igualzinho a este. E, na nossa cidade, apelido pegava mesmo, eu que o diga. Uma vez fomos jogar na terra dele, Água Doce. Não sei se jogamos bem, mas compramos maçãs num depósito que havia ao lado do campo a "preço módico". E a torcida pegava no pé dele porque estava lá jogando contra sua cidade. Ele apenas sorria. Como ele não reclamava de nada, quando o time ia mal o treinador descontava em cima dele. Sabia que o rapaz era educado e ficava quietinho. Pai e filho foram meus alunos.
          Talentoso, o Nego não apenas herdou do pai o gosto e o conhecimento refinado sobre a música. Herdou dos pais a sua maneira dócil e educada de ser.

          Radicado em Balneário Cambiriú, fundou sua banda em 2004 e veio crescendo sistematicamente. Fez várias aberturas para shows de renomadas bandas brasileiras, inclusive em edições do Planeta Atlântida, o maior evento musical do verão  em SC e no RS. Em 2006, com  sua "Canção da Paz", venceu o FEMIC catarinense. Na época nós os trouxemos para a cidade para um show. Esbanjou simpatia e animação. Em 2012 teve participação na novelinha Malhação, da Globo,  com "Give me Love".

          Agora, a Banda que faz sucesso nas redes sociais e em eventos do Sul do Brasil, amplia grandemente seu raio de atuação. E nós vamos ficar torcendo para que o Nego e seus companheiros faça muito sucesso. De música eles conhecem muito. São bastante responsáveis e profissionais, o que lhes dá credibilidade e abertura de espaços. A letra da canção é formidável. Muito apropriada para tematizar um par romântico. Parabéns, Nilson Dias e Bete, pelo filho que vocês têm!

          Abraços e Boa Sorte, Nego!

Euclides Riquetti

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Pensei

Pensei em te escrever
Uma bela canção:
Propor  algo diferente
Romântico, certamente.
Falar de sentir e viver
Falar de amor e paixão.

Pensei em te compor
Um poema,  ou um repente...
Ou, quem sabe um soneto apurado
Escrito com carinho e cuidado
Falando de flor e de amor
Pra te deixar feliz...  e contente!

Pensei em te declarar
Seja em verso, seja em prosa
Ou num bilhete mal escrito
Com um recado bem restrito:
Que em meu coração há lugar
Pra ti, mulher  misteriosa.

Pensei, analisei
Mas não encontrei o poema pefeito.

Então,  só me restou escrever
Escrever versos comuns, com defeitos.
Os piores, deletei
Os razoáveis, editei
E agora... publiquei!!!

Euclides Riquetti
24-02-2013




Nosso Frei Bruno de Deus

          As rádios de Joaçaba e Herval D ´Oeste,  no período que se sucedeu ao carnaval e, acentuadamente nesta semana, massificaram a população regional com chamadas para a 23ª Romaria Penitencial de Frei Bruno. E, o fundo musical delas, muito  motivador,  não poderia ser outro: "Nosso Frei Bruuuuno de Deeeeus!"

          Fiquei encantado com as chamadas e motivado a presenciar, pela primeira vez, da Procissão que acontece na manhã deste domingo, saindo da Praça da Catedral, aqui de Joaçaba,  para o Cemitério Frei Edgar, onde se localiza o jazigo de Frei Bruno. Ao mesmo tempo, vem uma comitiva grandiosa da cidade de Luzerna e se encontram todos no cemitério. Espera-se que 50.000  pessoas se façam presentes, vindas de todo o Brasil. Frei Bruno está com processo de beatificação em andamento, pois há relatos de que tenha operado verdadeiros milagres e concedido milhares de graças.  A cidade tem o Monumento Frei bruno localizado no alto de um morro, no Bairro do Trigo. Está lá, com seu cajado, abençoando nossas duas cidades.

          Aliás, assim como no Nordeste Brasileiro é comum dar-se  nomes como  Severino ou Raimnudo para os filhos, aqui já é comum nomear-se os nascidos como Bruna ou Bruno, principalmente aqueles cujas mães tiveram muitos problemas na gravidez ou no parto. Acreditam que a intercessão do sacerdote as tenha protegido nos momentos difíceis.

          Frei Bruno foi nascido Hubert Linden, em Dusseldorf, na Alemanha, em 08-09-1876 e faleceu em Joaçaba em 25 de fevereiro de 1960.  Chegou ao Brasil, na Bahia, antes mesmo de completar os 18 anos. Depois foi para Petrópolis e, já sacerdote, veio para Santa Catarina, ao Vale do Itajaí. Em 1945 esteve exercendo seus ofícios religiosos aqui em Esteves Júnior, no Município de Piratuba. Depois foi a Xaxim e veio a Joaçaba com quase 80 anos. Era um sacerdote que não esperava as pessoas o procurarem, ele andava a pé, com um guarda-chuva grande e desbotado, indo de casa em casa para levar suas bênçãos. Quando debilitou-se, recebia cartas que respondia, pois não tinha mais condições físicas para deslocamentos.
        Na noite de sexta  foi realizada a Segunda Serenata a Frei Bruno, no grande Pavilhão que leva o seu nome e se localiza ao lado da Catedral Santa Terezinha. O locutor e animador cultural Jaime Telles conduziu o evento, que teve a participação de diversos cantores da região que entoaram hinos sacros m louvor a Ele. Aliás, o Hino a Frei Bruno foi composto pelo Telles, com quem tivemos várias parcerias, já, pois somos detentores de cadeiras junto à Academia de Letras de Santa Catarina. Admiro seu trabalho também como compositor e declamador. Situo entre os melhores declamadores que já conheci. É um paranaense talentoso que veio para nossas cidades e hoje está perfeitamente entrosado com as comunidades. É criterioso em seus comentários, muito respeitado por isso mesmo. Mas, o melhor de sua produção está justamente em poemas e no Hino a Frei Bruno. Escutá-lo interpretando aquilo que ele mesmo compôs faz bem  a nosso espírito.

Reverenciemos, neste domingo, com o fervor de nossas orções, "Noooosso Frei Bruno de Deuuus!!!

Euclides Riquetti
24-02-2013