sexta-feira, 1 de março de 2013

Lançamento de "O Primeiro Assalto ao Trem Pagador" em Joaçaba

          Nesta quinta-feira, 28, aconteceu o lançamento do filme documentário dramatizado "O Primeiro Assalto ao Trem Pagador", no Teatro Alfredo Sigwalt, em Joaçaba. Saí de casa para chegar à sessão que aconteceria às 20 horas com mais de 30 minutos de antecedência. Encontrei o amigo Mário Wolfard e a esposa ali próximo ao teatro: "Volte, Riquetti. O Teatro já está lotado. Mas vai ter uma segunda sessão às 21,30". Não fiquei triste, fiquei muito contente, pois significou-me que nossa população valorizou a produção. Temia que não houvesse um bom afluxo de público e isso seria uma grande decepção para mim, que sou um inconteste admirador da História do Contestado e já li muito sobre esse assalto, ocorrido em outubro de 1909, ali próximo do túnel de Pinheiro Preto, na época colônia de Campos Novos.

          Fomos para a Praça da Catedral que foi aberta para estacionamento de carros. Em todas as ruas próximas muitos veículos. A primeira surpresa nos veio quando demos de cara com o Tchê Mendes,  o Shirlon Pizzamiglio e o Zucco do Besc.  O Tchê,  não o via há horas, mas sempre ouço seu programa nos domingos pela manhã na Rádio Catarinense. Um abraço no locutor e músico que protagonizou o filme na figura de Zeca Vacariano. Um palmo mais alto do que eu, ainda o magrão que há duas décadas trabalhava na Rádio Barriga Verde, em Capinzal, como repórter. O Shirlon, que também é Vacariano, sempre me falou sobre o seu conterrâneo Zeca, ambos de Vacaria, que organizou o assalto. E tem grande amizade com Mendes. Falei-lhes que o teatro estava lotado, disse que esperaria pela segunda sessão, que também lotou. (Na terça haverá novo bloco de sessões para quem ainda não o viu).

          O Tchê Mendes, caracterizado como no filme, com seu vozeirão estridente, lascou: "Não te acanhes, que nóis vamo lá e metemo uma bala neles e quero vê se num salta um lugá". Tive que rir. Ele vive na rua o mesmo tipo que faz no rádio. É uma figuraça, muito admirado aqui na região.

          Deixamos ele à vontade para que fosse participar da  cerimônia de lançamento e esperamos até que viesse a segunda sessão: todos os 480 lugares novamente ocupados. Não ficamos sem cadiras  porque nos alojamos na porta e esperamos a vez de entrar. Ganhamos com isso pois revimos amigos que não víamos há muito. E, de causo em causo,  o tempo foi passando.

          Na abertura, alguns discursos: o amigo Jaime Telles fazendo o cerimonial com toda a prática e eficiência que tem. Participa da fita como depoente. O cineasta e diretor Ernóy Mattiello,  relatando sobre a aventura de produzir o filme e ressaltando a parceria com a VMS Produtora, do Vilmar Miguel Sartori, um gringo lá do Pinheiro Alto, Ouro, que tem sua produtora em Joaçaba. O discurso, breve, do amigo Eusébio Viecelli, Prefeito de Pinheiro Preto, um dos patrocinadores. E, em seguida, o filme de 56 minutos.

          Com  a utilização de fotos da época e depoimentos de historiadores e pessoas antigas que fizaram seus relatos, pudemos ver a saga de Zeca Vacariano, andando em seu cavalo pelas picadas, organizando o assalto ao trem, pegando o dinheiro e pagando seus turmeiros, pois a Brazil Railway Company  vinha atrasando os pagamentos. Vacariano era comerciante e empreiteiro, tinha muitos empregados, era respeitado. Depois, na sequência, vários episódios da Guerra do Contestado. Aprendi mnais um pouco sobre essa.

          O filme nos mostra o outro lado da história, o contrapopnto estebelecido, podendo alterar a imagem e o conceito sobre o Zeca Vacariano, que pode ser visto como herói e não como vilão, pois a história sempre nos mostra a personagem sob a ótica de quem tinha o Poder e ditava as regras do jogo.

         Muitos de nossos conhecidos, como o Professor Gefferson, lá de Piratuba, Davi Froza, de Herval D ´Oeste, o Vicente Telles, grande historiador da Guerra do Contestado, o João Paulo Dantas, recentemente falecido, que viveu o papel de Felip Schmidt, Presidente da então Província de Santa Catarina,  e outros ainda estavam na fita.

          Mas o papel vivido pelo Tchê Mendes simplesmente foi espetacular. Além de seu indiscutível talento como radialista e músico regionalista, o homem nos mostrou ser um grande intérprete como ator. Tchê, nascido Mauro Mendes, é natural de Presidente Castello Branco, em 09 de abril de 1963, dois dias após a emancipação deste do Município de Ouro, ao qual era vinculado como Distrito de Dois Irmãos. E o Gabriel Sater, filho do cantor Almir Sater, foi seu coadjuvante na narração.

          Agora é aplaudir a produção do Ernóy e do Sartori, que logo estará disponível em canais de TV pagos.São homens de muita coragem. Nossa cultura lhes deve muito.

          E esperar por outra produção que está por vir: "A Guerra do Contestado".

Euclides Riquetti
01-03-2013


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