Mais de 30 anos depois de acontecer a reabertura para a Democracia no Brasil, ainda vemos que, na América Latina, ainda há uma séria resistência a esse regime, principalmente em Cuba, onde a ditadura de Fulgêncio Batista foi fulminada por um ideal revolucionário preconizado pelo médico Ernesto Che Guevara e eternizado pelos irmãos Castro e seus seguidores. E uma nova ditadura sufocou uma velha ditadura. Na terra d' El Paredón, liberdade de expressão é apenas arremedo de sonho...
É certo que houve avanços em Cuba em termos de Educação e Saúde. (Escrevo isso porque sempre ouço educadores e adeptos de suas ideologias assim dizerem). Nos outros aspectos, vejo um país refém de um poder absoluto e um atraso, uma janela fechada para a realidade do mundo que até os padrinhos deles do Leste Europeu já refutaram.
A filóloga e jornalista cubana Yoani Sánchez, 37 anos, esteve visitando o Brasil na semana passada. Defende a liberdade de expressão, coisa que não tem em Cuba, onde o Presidente Fidel Castro Governou por 47 anos e agora passou o cargo para seu irmão, Raúl. A bloqueira mais em evidência no mundo sofreu protestos de militantes da esquerda aqui no Brasil, principalmente em Brasília, São Paulo, Salvador e Recife. No Rio de Janeiro teve um final de semana tranquilo, até com passeio no bondinho do Pão de Açúcar. Foi recepcionada por um deputado e pela atriz Rosamaria Murtinho.
Os ataques verbais e quase que as vias de fato contra a cubana, para ela, mostram que no Brasil há a pluralidade de pensamento, avanços importantes na política, uma grande evolução nas ideias e ideais. Diante das manifestações, sorriu. Não os condenou, porque acha isso legítimo.
Nas redes sociais houve grande repercussão em torno de sua estada aqui. Parte dos internautas condenou drasticamente os que protestaram contra sua vinda e parte colocou-se contra estes. Os contra a cubana dizem que quem a defende não conhece a história, não sabem o que é a luta. Os a favor dela dizem que os militantes são retrógrados e estão a serviço do Poder no Brasil.
O fato de uma pessoa ter tido a coragem de se posicionar contra um regime que entende estar prejudicando seu país, no caso Cuba, tem ajudado a blogueira a tornar-se símbolo, quem sabe, de uma luta que tende a acontecer no mundo contra as ditaduras e os ditadores. Já vimos isso acontecer nos países árabes, recentemente. E nos parece que a América Latina está-se tornando a bola da vez. E precisamos ter a compreensão que não é somente aquilo que eu pensamos que é democrático, mas que respeitemos o pensamento do outro.
Os manifestantes brasileiros conseguiram dar à blogueira uma visibilidade que não teria em nenhum outro país. A naturalidade com que ela encarou e compreendeu aquilo que conceituou como fruto da pluralidade e da democracia, foi um lição para aqueles que disseram que ela trabalha para Cia, que é uma traidora e outras coisas mais. Lá em Cuba está condenada por delito de opinião, como fizeram aqui no Brasil há quatro décadas com alguns brasileiros que pensavem diferente do que o regime mandante.
Vivemos em um tempo em que o populismo e as ditaduras ainda conseguem ser governo, mesmo com as facilidades de informação que temos. Cergar-se diante da realidade é até um direito de quem não quer ver. Mas apoiar regimes que sufocam a população é muito questionável. O Brasil, que viveu duas décadas sob a égide do governo militar, pode não ser um grande exemplo de sucesso na democracia, mas hoje nós podemos emitir nossa opinião livremente, escolhermos onde e o que queremos comprar, optar por que espécie de educação queremos dar a nossos filhos, escolher, bem ou mal nossos governantes, irmos e virmos para onde e quando quisermos.
Deus salve a democracia!
Euclides Riquetti
26-02-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Amigos, peço-lhes a gentileza de assinar os comentários que fazem. Isso me permite saber a quem dirigir as respostas, ok? Obrigado!