sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A música da noite

A música da noite
Veio embalando a brisa suave
Entrou em meu quarto
E pousou junto de mim.

Foi algo assim
Indescritível
Incrível
A música da noite...

A música da noite
Trouxe-me uma mensagem de amor
Uma mensagem de paz
Uma mensagem muito singela
Que veio pela janela
E me deu uma flor.

A música da noite
Trouxe-me a doce lembrança
De minha infância
E de  um rosto com traços suaves.

Ah, quantas saudades
Dessa mulher criança!

Trouxe-me o céu estrelado
A lembrança do passado
Dos anos dourados e dos sonhos sonhados
Mas não realizados.

A música da noite me trouxe você!
E eu me apaixonei...

Euclides Riquetti
08-02-2014

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Faltou luz!


          Posso considerar-me um sujeito privilegiado em termos de ter vivido, desde criança, em casas que tinham energia elétrica disponível. A partir de meus 13 meses de idade, já mencionei isso, fui morar com meus padrinhos no Leãozinho, João e Rachele (Vitorazzi) Frank,  à época uma colônia do Município de Capinzal, onde nasci. Lá tinham um rodão de água que acionava um dínamo. Alguns dos colonos daquela linha tinham desses rodões.

          Depois, aos oito anos, voltei a morar com meus pais, na sede do então Distrito de Ouro, onde havia energia. Na casa do Nono Victório Baretta e da Nona Severina, também tinham rodão, lá em, Linha Bonita. Havia aquelas lâmpadas incandescentes, de uma 25 "velas". O Nono Baretta tinha telefone na casa dele já na década de 1950, lá na colônia. Foi pioneiro. O aparelho está guardado com minha prima Celita Baretta Savaris, em Capinzal. É uma relíquia.  Na cidade, as de 60. Iluminavam mais que as velas e isso era um grande conforto.

          Na segunda-feira aconteceu um grande apagão por aqui, que chegou a atingir 11 estados brasileiros. Faltou luz! Em algumas cidades por alguns minutos, em outras por algumas horas. Assustei-me, pois vários equipamentos pararam de funcionar. Apenas as lâmpadas se mantiveram. Busquei informações num 0800 e a atendente, gentilmente, explicou-me que houvera um "apagão nacional".

          É nessas horas que a gente vê o quanto somos dependentes da energia elétrica em todos os nossos ambientes de convivência. Então, passei a lembrar-me dos tempos de infância em Capinzal em relação a isso, senão vejamos:

         Nossa cidade era atendida pela Usina da Família Zortéa, que se localizava ali no Ouro, no Rio do Peixe, à montane da Auto Mecânica Ouro. Havia uma edificação em alvenaria, que comportava uma turbina, acionada pela força hidráulica das águas que chegavam até ela através de um valo. Aos fundos da propriedade que hoje pertence ao Sr. Vitalino Bazzo, havia um muro de pedras que era chamado de "ladrão", por onde parte da água fugia do valo e voltava ao Rio do Peixe. A barragem, que chamávamos de açude, tinha uma comporta próximo de cada uma das margens do Rio. Este, embelezava nossas bucólicas cidades. Alguns botes, águas limpas, as senhoras, com seus lavadores, lavavam as roupas nas suas águas. E nós, nadávamos, pescávamos andavamos de bote. Qualquer moleque sabia nadar e pilotarbotes.

          Ainda na década de 1960 a cidade passou a receber energia da Companhia Hidrelétrica Piratuba. A usina dos Zortéa foi transformada pelo Clemente Zortea numa fábrica de pasta para papelão.  O Frigorífico Ouro, hoje BRF, tinha usina própria, na margem direita do Peixe. Adiante, com a chegada das portentosas redes de distribuição da Celesc, foi desativada. E o que é feito da usina dos Zortéa? -- Foi soterrada, está no mesmo lugar, embaixo da terra. Havia, lá bem embiaxo, um "carneiro", que impulsionava água para o clube Floresta nos anos 60, quem é do tempo sabe o que era isso. E a barragem continua ali, ligando Ouro e Capinzal, parcialmente destruída... Uma pena!!!

          A partir de 1967 a cidade ganhou ares de cidade importante. Os postes quadrados de madeira, que comportavam luminárias simples de lâmpadas incandecentes, passaram foram substituídos por postes de eucalipto tratado e receberm luminárias com lãmpadas fluorescentes, de 200 watts no mímino. A primeira rua a receber o benefício foi a Dona Linda Santos, a do Belisário Pena. "Parecia um  dia"  aquela rua. E nós, que saíamos da escola a pé, à noite, vibrávamos com aquela estupenda iluminação. Em menos de dois anos, as duas cidades, Ouro e Capinzal, contavam com a moderna e belíssima iluminação.

          Os anos se passaram, o Brasil possui um sistema "interligado", controlado por um operador nacional, um sistema "quase perfeito". Bah, não fosse esse quase e teríamos segurança em receber energia em casa e nas empresas sem riscos de faltar.

          A realidade é que ficamos muito dependente de suas formas de energia: a originada pelo petróleo, que movimenta os veículos; e a originada pelas hidrelétricas, alimentadas pela água em desnível, que gera força e é limpa e renovável. Consumimos mais do que precisamos. Fomos doutrinados a nos tornarmos consumidores de produtos e serviços que se acionam por energia. E não mais abrimos mão disso. Paralelamente, deveria haver a expansão da produção. Mas isso não vem ocorrendo, há entraves burocráticos e legaus a impedir. Além da flata de dinamismo dos órgãos de Governo, que até têm planejamento, mas são dirigidos por políticos de competência duvidosa... Laantável!

         Então, ter paciência, compreender as mudanças, entender a história e saber que sempre há uma possibilidade bastante razoável de termos imprevistos...

Euclides Riquetti
07-04-2014

Buscar-te na noite, embalado ao vento...

O vento que move as folhas das aroeiras arredias
É o mesmo que me acaricia com seu dileto açoite
Que me traz as estrelas e o frescor da noite
Após as chuvas ditosas do final do dia...

O vento que beija teus lábios de vermelho maçã
É o que me inspira na noite sedutora
Que me acalma com sua aragem redentora
E alenta meu corpo e minha alma sã.

Ah, noite de verão que meus medos esconde
No aguardo do outono que derruba a folha
Noite para pensar em quem está longe.

Pensar, sim, viajar pelo ignoto  firmamento
Que essa seja a nossa melhor escolha
Buscar-te  na noite, embalado ao vento...

Euclides Riquetti
06-02-2014

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

No campo dos girassóis (eu te encontrei)

Procurei-te nas manhãs azuis de meu imaginário
Nas manhãs de ontem, de hoje e de amanhã
Procurei-te nas granas deliciosas da romã
Que têm o terno gosto de teus lábios...

Procurei-te por debaixo de teus tenros lençóis
Nos gramados, bosques e colinas
Procurei-te em todas as praças e avenidas
Mas só te encontrei no campo dos girassóis...

Procurei-te,  mulher do sorriso contagiante
Que alimenta meus sonhos e pecados
E te encontrei moça, mulher, amada e amante...

Encontrei-te, fonte de meus sonhos e desejos
Encontrei-te,  musa de meus versos declamados
Encontramo-nos, eu, os girassóis e nossos beijos.

Euclides Riquetti
05-02-2014

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O Dilema do Galo Velho diante da Franga Poderosa

          Diz que o Galo Velho é sempre o mais respeitado, ainda mais se for Galo de Terreiro. Terreiro dos arredores das casas, não daquele que você provavelmente pensou. Lá ele canta de galo de dia e de noite. De dia, para mostrar-se imponente e majestoso diante das galinhas, das frangas, pintainhas, das galináceas, enfim. Se for Galo de Rabichos, então, com toda aquela elegência, crista elevada e bem vermelha, olhos curiosos e radarizados, pescoço de periscópio, penachos brilhantes que partem das cores do cavalo zaino até a negritude das pelagens dos mais velozes puros-sangue, então ninguém segura. Meta-se com ele e vai ver o que é bom pra tosse! Se estiver pensando em sacá-los, os rabichotes, para por numa peteca de palha de milho, vá com cuidado. Esporas afiadas esperam por você!

          Pois que um galo desses houve de morrer e... morreu.  E, morrendo, foi parar num lugar que não era céu nem inferno. Era uma "Casa da Mãe Joana" acho, mas não tenho certeza. Lá cada galinha e cada galo fazia o que queria, era uma democracia bagunçada em que quem falava mais alto mandava e "quem tinha  juízo" obedecia, como diz o ditado. O Galo Eusébio, lá chegando, deixou sua mochila cheia de quireras de milho por sobre um tronco de madeira. Começou a estudar a situação e viu que cada galo já tinha seu feudo bem dominado. E, os mais vistosos, eram assediados por muitas frangas e galinhas. As pintainhas que morreram precocemente eram respeitadas, nenhum cocó velho queria ser tachado de pedófilo.
 
          Pois o Eusébio deu umas "bisoiadas" pelos cantos e viu que havia uns terreiros desocupados naquele latifúndio improdutivo. Reconheceu a Tiloca, uma franguinha deliciosa com quem já "contracenara em vida". Pensou em "ficar" com ela. Namorar sério não, pois vai que apareça alguma novidade, uma nova carne branca no pedaço, sem colesterol, e tenha que assumir compromisso maior. Melhor não se comprometer com a Tiloca, companheira de outras jornadas.

          "Você aqui, seu velho turrão?! Pensou que ia ser eterno?", falou a gracinha. Eusébio disse que falasse baixinho, que era pra não dar vexame, que iam pensar que eles eram caipiras, gente criada no mato, à base de radicci e de morder cascas de melancia. Por comum convenência acertaram de respeitar-se, "para o bem de todos e felicidade geral da nação", como diria o Galo Pedro.

          Mas isso não impediu a moçoila de tirar umas casquinhas: "Sabe, Galo Velho, escutei na Rádio Catarinense, no Programa da Alegria, do Amarildo Monteiro, lá de Joaçaba, uma propaganda que tinha "Galo Velho" em promoção num supermercado a R$ 1,49 ao quilo. Vocês estão em baixa, é uma vergonha pra vocês, que sempre se acham tão soberanos e absolutos. Coxinha de franga jovem como eu, bonita, teudinha, vale, no mínimo, uns R$ 7,00. Até as asinhas nossas, que antigamente chamavam de Tulipas, e que agora chamam de "meio-da-asa", estão pra mais de Dez Reais. Estamos muito valorizadas".

          Eusébio ficou indignado com o que a raça humana vinha fazendo com sua classe, desmoralizando-a. Pois os perus estão aí valendo uma nota e os galos totalmente desvalorizados. Uma afronta à dignidade "humana" dos galináceos de grande porte. Se um dia voltar à terra, vai criar um sindicato que os defenda no pós-morte.  Desde pintinho,  o Galo Cidadão precisa ir sendo educado, preparado e protegido, sindicalizado,  para que não façam piadas com ele.

          Matutou: "Pensando bem, elas têm razão. Na vida terrena, os galos são "os tais". A palavra galinha é usada muito pejorativamente, e tantas vezes injustamente, enquanto os galos são laureados. Há as exceções, os caras galinhas, da raça humana, metidos a querer todas... mas isso é problema deles. Melhor não confundir a cabeça, deixar a crista tomar sol e ar fresco..."

           E lembrou-se de que há coisas ainda piores. No domingo pela manhã, no Programa do Tchê Mendes, na mesma emissora, este falou: "Cada ovo comido é um pinto perdido!"  É uma criativa e cheia de lógica filosofia de parachoque de caminhão. Mas, pensando bem, melhor ser um Galo Velho vendido em promoção na velhice do que um ovo comido!

Euclides Riquetti
04-02-2014         

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Deixa que o perfume dos ventos...

Deixa que o perfume dos ventos te acaricie
Afague tua pele e beije teus  lábios que eu tanto desejo
Erice  teus cabelos macios  e aplaque  teus medos
Permite  que o perfume dos ventos se delicie...

Deixa que a brisa da noite refresque teu corpo fogoso
Apalpe teus seios, teus braços, com toda a ternura
Que leve pra ti  os aromas  e toda doçura
E que a noite se transforme em algo sublime  e gostoso.

Deixa-te navegar na distância numa  viagem bonita
Ultrapassar as barreiras que te impedem de ser feliz
Voa pelos ares da mente na imensidão infinita

Deixa  que teu rosto receba o carinho de minhas mãos
E sente  o seu  toque sensual que você sempre quis
Deixa-te trazer até mim, embalada pelo som da minha canção!

Euclides Riquetti
02-02-2014