quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Faltou luz!


          Posso considerar-me um sujeito privilegiado em termos de ter vivido, desde criança, em casas que tinham energia elétrica disponível. A partir de meus 13 meses de idade, já mencionei isso, fui morar com meus padrinhos no Leãozinho, João e Rachele (Vitorazzi) Frank,  à época uma colônia do Município de Capinzal, onde nasci. Lá tinham um rodão de água que acionava um dínamo. Alguns dos colonos daquela linha tinham desses rodões.

          Depois, aos oito anos, voltei a morar com meus pais, na sede do então Distrito de Ouro, onde havia energia. Na casa do Nono Victório Baretta e da Nona Severina, também tinham rodão, lá em, Linha Bonita. Havia aquelas lâmpadas incandescentes, de uma 25 "velas". O Nono Baretta tinha telefone na casa dele já na década de 1950, lá na colônia. Foi pioneiro. O aparelho está guardado com minha prima Celita Baretta Savaris, em Capinzal. É uma relíquia.  Na cidade, as de 60. Iluminavam mais que as velas e isso era um grande conforto.

          Na segunda-feira aconteceu um grande apagão por aqui, que chegou a atingir 11 estados brasileiros. Faltou luz! Em algumas cidades por alguns minutos, em outras por algumas horas. Assustei-me, pois vários equipamentos pararam de funcionar. Apenas as lâmpadas se mantiveram. Busquei informações num 0800 e a atendente, gentilmente, explicou-me que houvera um "apagão nacional".

          É nessas horas que a gente vê o quanto somos dependentes da energia elétrica em todos os nossos ambientes de convivência. Então, passei a lembrar-me dos tempos de infância em Capinzal em relação a isso, senão vejamos:

         Nossa cidade era atendida pela Usina da Família Zortéa, que se localizava ali no Ouro, no Rio do Peixe, à montane da Auto Mecânica Ouro. Havia uma edificação em alvenaria, que comportava uma turbina, acionada pela força hidráulica das águas que chegavam até ela através de um valo. Aos fundos da propriedade que hoje pertence ao Sr. Vitalino Bazzo, havia um muro de pedras que era chamado de "ladrão", por onde parte da água fugia do valo e voltava ao Rio do Peixe. A barragem, que chamávamos de açude, tinha uma comporta próximo de cada uma das margens do Rio. Este, embelezava nossas bucólicas cidades. Alguns botes, águas limpas, as senhoras, com seus lavadores, lavavam as roupas nas suas águas. E nós, nadávamos, pescávamos andavamos de bote. Qualquer moleque sabia nadar e pilotarbotes.

          Ainda na década de 1960 a cidade passou a receber energia da Companhia Hidrelétrica Piratuba. A usina dos Zortéa foi transformada pelo Clemente Zortea numa fábrica de pasta para papelão.  O Frigorífico Ouro, hoje BRF, tinha usina própria, na margem direita do Peixe. Adiante, com a chegada das portentosas redes de distribuição da Celesc, foi desativada. E o que é feito da usina dos Zortéa? -- Foi soterrada, está no mesmo lugar, embaixo da terra. Havia, lá bem embiaxo, um "carneiro", que impulsionava água para o clube Floresta nos anos 60, quem é do tempo sabe o que era isso. E a barragem continua ali, ligando Ouro e Capinzal, parcialmente destruída... Uma pena!!!

          A partir de 1967 a cidade ganhou ares de cidade importante. Os postes quadrados de madeira, que comportavam luminárias simples de lâmpadas incandecentes, passaram foram substituídos por postes de eucalipto tratado e receberm luminárias com lãmpadas fluorescentes, de 200 watts no mímino. A primeira rua a receber o benefício foi a Dona Linda Santos, a do Belisário Pena. "Parecia um  dia"  aquela rua. E nós, que saíamos da escola a pé, à noite, vibrávamos com aquela estupenda iluminação. Em menos de dois anos, as duas cidades, Ouro e Capinzal, contavam com a moderna e belíssima iluminação.

          Os anos se passaram, o Brasil possui um sistema "interligado", controlado por um operador nacional, um sistema "quase perfeito". Bah, não fosse esse quase e teríamos segurança em receber energia em casa e nas empresas sem riscos de faltar.

          A realidade é que ficamos muito dependente de suas formas de energia: a originada pelo petróleo, que movimenta os veículos; e a originada pelas hidrelétricas, alimentadas pela água em desnível, que gera força e é limpa e renovável. Consumimos mais do que precisamos. Fomos doutrinados a nos tornarmos consumidores de produtos e serviços que se acionam por energia. E não mais abrimos mão disso. Paralelamente, deveria haver a expansão da produção. Mas isso não vem ocorrendo, há entraves burocráticos e legaus a impedir. Além da flata de dinamismo dos órgãos de Governo, que até têm planejamento, mas são dirigidos por políticos de competência duvidosa... Laantável!

         Então, ter paciência, compreender as mudanças, entender a história e saber que sempre há uma possibilidade bastante razoável de termos imprevistos...

Euclides Riquetti
07-04-2014

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