sexta-feira, 11 de abril de 2014

Há algo especial em você

Há algo muito especial em você
Não sei se é o bilho no seu olhar
Ou o seu modo de sorrir e de falar
E isso é bem difícil de descrever
Mas há algo muito especial em você.

Inexplicável, indizível, diferente
Impossível de não ser percebido
Talvez um segredo bem escondido
Que a torna assim tão atraente
Encantadora, sedutora, envolvente.

Mas, o que pode a alma esconder
Num corpo que busca afagos, busca abrigo
Que espera meu abraço ensandecido
Meus beijos, meu desejo, meu querer
E ser o algo especial que há em você?

Euclides Riquetti

O valor do trabalho intelectual

          Veio-me à mente, depois de muitos anos "doando" escritos aos outros, pesquisar sobre o valor do trabalho intelectual. Pesquisei no "Doctor Google" e encontrei respostas estapafúrdias. Pura viagem!

          Então, permiti-me refletir sobre isso. Fechei-me em meus pensamentos e naveguei pelas minhas horas, dias, meses, anos de vivência. Comecei a analisar as coisas que eu fiz, minha vida profissional, minha vida literária. Então, algumas lembranças ( e constatações)  me autorizo a aqui revelar:

1. De certa feita, comentei num site de um poderoso veículo de comunicação de Santa Catarina, sobre a ideia de uma pessoa que defendia, "ardorosamente", quem a empregava:  o Poder Público, naturalmente! E ela postou uma resposta em que me desancava. Pois busquei informações: Ocupava um cargo público, "de confiança", que nada tinha a ver com a sua formação em nível de Ensino Superior. Então, analisei o texto que ela postou e verifiquei que havia um incontável número de erros na expressão de nossa Língua. Não me segurei: Fiz minha réplica ( ou já seria tréplica?...), e disse-lhe que, sendo ela uma "bem agarrada à teta em que mamava", tinha mesmo que defender o patrão. Mas que, trabalhando junto a tantos aspones, deveria, antes de postar qualquer comentário, pedir-lhes que a ajudassem a revisar o seu recado. A conversa parou por aí mesmo!

2. Em todas as situações que pessoas procuram profissionais para lhe prestarem serviços, já vão preparadas com o dinheiro, o talonário de cheques ou o cartão de crédito para fazer a paga. É assim na área médica, no advogado, no engenheiro, etc, etc. Mas, quando precisam de uma orientação de um professor, educador enfim, buscam a informação, não perguntam pelo valor do trabalho prestado, e nem sempre se lembram de agradecer pelo favor. Aliás, professor é o único ser que precisa dar atenção aos pais dos alunos ali defronte à gôndola ou ao caixa do supermercado.

3. Determinados "palestrantes" ganham dinheiro falando as palavras que as pessoas gostam de ouvir. E ganham os aplausos, o dinheiro, a glória e o respeito. Por exemplo, se eu fosse falar a um grupo de empresários eu os encantaria se lhes dissesse que eles são bem explorados pelos governos, que cobram, deles,  impostos exorbitantes. Tenho certeza de que eu seria muito apludido e até fariam uma "rodinha" ao redor de mim para me bajular, após o evento.  Porém, se dissesse que o custo tributário é transferido para o consumidor final, não me vaiariam, mas as palmas seriam escassas. Duvida? Mas claro que jamais vão me contratar para dar palestras. Até porque todas as que proferi, em toda a minha vida, foram gratuitas.

4. O cidadão, homem ou mulher, formam seu capital intelectual através da vivência: no estudo, no trabalho, com a leitura, com a convivência e interrelação com seres que se movimentam e pensam. E, ainda, muitos detêm grandes habilidades manuais, as quais aliam às habilidades intelectuais e, com isso, conseguem criar coisas maravilhosas.

5. Escrevo. Gosto de escrever. Tenho material para publicar livros de poemas, crônicas, histórias e até mesmo artigos e resenhas. Mas eu ficaria muito triste se editasse  um livro e alguém dissesse que iria ao lançamento para "colaborar comigo"! Eu ficaria com vergonha pela pessoa...

6. Então, tenho minhas constatações e convicções de que o trabalho intelectual só tem valor se é vinculado a coisas materiais, infelizmente. A música ao disco. O escrito ao papel. A artesanato ao material de que é feito. E assim vai...E, então, dizer o que do trabalho cultural?

Leitores: O texto veio a minha mente, como poderia ter vindo à minha mente, porque, de vez em quando, tenho que me indignar com algumas situações que surgem em meu caminho. E que me mostram o quanto é difícil medir-se o trabalho intelectual. Um texto como este vale alguma coisa?

Euclides Riquetti 
11-04-2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Um calar-se que faz sofrer

Havia um sol a aquecer a tua  aura serena
Um sol que migrou e foi brilhar lá bem longe
Pra encantar uma tímida e frágil falena
Que além do meu vale verde se esconde.

Havia um brilho lunar a pratear teus encantos
Um luar que amenizou a aflição de tua alma
Pra acalmar os teus ais, teus choros e prantos
E fazer-te mais doce, mais terna e  mais calma.

Havia um pedido de perdão e um desculpar-se
Pois um de nós dois, certamente que errou
Um pergunta sem resposta, apenas um calar-se.

Um calar-se que faz sofrer, que nos fere e pune
Mas que não apaga um sentimento que ficou
Pois o tempo que apaga é o mesmo que une....

Euclides Riquetti
10-04-2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

Foste embora na noite

Foste embora na noite, pra buscar outro porto
No barco dos sonhos, procurando outro mar
Foste embora pra longe, deixou-me absorto
Em meus devaneios, perdido a pensar.

Ancoraste num cais de uma cidade distante
Ninguém sabe quando, ninguém sabe onde
Fiquei no lamento, na saudade constante
Chamo por ti, mas ninguém me responde.

Passam meus dias, meus meses, meus anos
Sem nenhuma carta, sem nenhum sinal
Recolho-me no amargo de  meus enganos.

Espero em cada tarde, noite e manhã
Com a alma ferida por teu cruel punhal
Enquanto morro na espera de tua volta em vão.

Euclides Riquetti
09-04-2014

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ouro - 51 anos

     O município de Ouro está completando 51 anos neste 7 de abril. Foi emancipado pela Lei Estadual nº 870, em 23 de janeiro de 1963. Antes disso, a Câmara Municipal de Capinzal havia aprovado a emancipação. Dos vereadores da época, acho que restam dois, apenas: Lourenço Brancher e Benoni Viel, o primeiro advogado e empresário, o segundo proprietário das concessionárias "Auto Elite" e agropecuarista. Dois grandes amigos.

         Os dois foram muito generosos, na época, aprovando a concessão de equipamentos rodoviários e agrícolas para o novo Município, mas isso não se efetivou adiante. Inclusive parte das ações da Companhia Hidrelétrica Piratuba deveria passar para o município que estava despreendendo-se de Capinzal. Ouro levou junto os Distritos de Dois Irmãos e Barra Fria, esta na parte localizada à direita do Rio do Peixe. Em 11 de novembro do mesmo ano, Ouro concedeu "independência" a estes, que se tornaram, adiante, Presidente Castello Branco e Lacerdópolis.

          O curioso é que Ouro, embora emancipado em 23 de janeiro, só foi instalado em 7 de abril. Motivo: Dia do aniversário da UDN, o Partido que era pratigamente hegemônico em Ouro. Como do outro lado do rio, em Capinzal, havia muita força do PSD, grandes rivais, era conveniente para ambos a separação. Mas em Capinzal havia uma sólida base política do PTB, pelo que se constata.  Outra coisa que nos chama a atenção, é de que a Sede Municipal se situava em Ouro, no Distrito,  e não em Capinzal. Ali no prédio localizado ao lado da Prefeitura, onde funcionam alguns departamentos municipais, a Epagri e a Cidasc. O prédio fora comprado pelo Município de Capinzal junto à família Sartori. Na separação, Capinzal teve sua Prefeitura instalada em prédio alugado. Difícil de acreditar que a sede do município ficasse num distrito...mas era assim mesmo, coisas da política.

     Fato marcante é que as leis de emancipação foram aprovadas "no apagar das luzes" de 1962. Em documentário  que produzi, juntamente com a jornalista Vanessa Siepmann, tenho todos os detalhes da briga da emancipação, com depoimentos valiosos que gravei com algumas pessoas envolvidas: Ivo Luiz Bazzo, Antônio Maliska Sobrinho, Pedro Casemiro Zaleski e até Horácio Heitor Breda, já falecidos. E outros agentes que ainda vivem, dentre eles a Dona Noemia Sartori e o primeiro prefeito, nomeado interinamente, Nelson de Souza Infeld.  Tenho uma cópia do DVD que tem 42 minutos de gravações.

      A História do Distrito de Abelardo Luz, que se transformou em Distrito de Ouro e depois município, é muito interessante. Tenho-a toda registrada e vou deixar para meus filhos.

      Parabéns, Ouro, pelo seu aniversário.
    
Euclides Riquetti
07-04-2014

         

Costelão Campeiro de Santa Luzia

          Quem nunca saboreou um costelão campeiro,  não sabe o que está perdendo. Pois,  neste domingo,  pudemos participar da terceira edição do "Costelão Campeiro da Capela Santa Luzia", aqui em Joaçaba. Pertinho de nossa casa, é um programa imperdível. Feito com muito capricho, são 390 Kg de costelão colocados ao fogo às 5 horas da manhã. Doze horas de fogo brando, de lenha, bom tempero, muita habilidade e jeito campeiro. Capitaneados pelo Alemão do Bairro Anzolin e pelo popular "Torresmo na Área", um piratubense aqui radicado, dez outros assadores e cuidadores do fogo foram a equipe muito eficiente e dedicada ao serviço. Ação comunitária legítima. Gente que trabalha por amor, sem esperar nada em troca.

          Mais de 400 pessoas presentes ao evento, onde pude rever alguns amigos de longa data, dentre ele o Claudenei Schumann, que foi meu colaborador na época da CD Laser, lá  no Ouro. Ainda, a participação de muitos de nossos vizinhos aqui do Bairro Nossa Senhora de Lurdes.  O Maurinho Fracasso, filho do Nene e da Maria, lá de Capinzal, que era coroinha dos Freis David e Luiz Wolf. Os anos passaram, agora ele faz parte do Conselho Administrativo da Capela. É bonito ver que os outrora crianças, agora têm liderança e grandes responsabilidades, constituíram suas famílias, são gente do bem.
As pessoas de nossa região, para onde quer que se dirijam, sempre são muito ativas e líderes.

          Levamos a Júlia, que encontrou-se com as amiguinhas Maria Clara e Mariana, com quem costuma brincar nos fins de tarde, muitas vezes. O trio se movimenta muito, corre pra cá, corre pra lá e as mamães e vovós que corram atrás delas para cuidar.

          É, também, nessas ocsiões que formam pequenas rodinhas em que um fala de política, outro de futebol, outro de... Bem, mas dos amigos que encontrei disse-me que vira minha crônica sobre o Wilker e me indagou: "O cara era um baita beijador. Se participou de quase 120 produções no cinema e na TV, mais as dos teatros, mais as zinhas pelaí, quantas será que ele beijou?"  Falei: "Deve ter beijado pelo menos umas 150, né?" É por isso que gosto de me enturmar com gente divertida!
         O Costelão, aqui, é tão bom quanto o do amigo Willy Lamb, do Tordilho, do Celso Valkiv,  ou do Palhinha, lá em Capinzal e Ouro. E, nessas ocasiões, a gente lembra de quantas e quantas festas comunitárias e religiosas a gente passou na vida, que trabalhando, quer apenas prestigiando-as. Sempre que posso, participo de ventos do gênero, admiro o trabalho que as pessoas fazem pelas suas entidades. A Apae e o Abrigo do Coração, com suas feijoadas, a ARAD, com o tradicional almoço, aqui em Joaçaba, costumam levar um considerável número de pessoas para participar. Defendem causas muito nobres e merecem nosso aplauso e admiração.

         Parabéns, Torresmo e Alemão, pela qualidade do seu Costelão Campeiro!

Euclides Rquetti
07-04-2014