sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Vigésima Primeira Crônica do Antigamente

          No início da década de 1980,  o futsal e o futebol de campo estavam efervescentes em Capinzal e Ouro. Na anterior, havia sido inaugurado o Ginásio Municipal de Esportes na área central da cidade de Ouro. Foi construído pelo Prefeito Adauto Colombo. Mais adiante, no início dos anos 90, batizamos de Ginásio André Colombo, numa homenagem ao pai do Adauto, uma pessoa respeitada na sociedade ourense, pela sua biografia. Apelidaram o Ginásio de Abobrão, porque nós, moradores do Ouro, éramos os "abobreiros", enquanto os capinzalenses, que costumavam chamar-nos de argentinos, éramos os proungueiros. Até mesmo por isso, tinha a cor de uma amarelo abóbora. Éramos abobreiros assumidos e identificados.

          Em 1982, após alguns anos de muito trabalho, conseguiram concluir do Ginásio de Esportes de Capinzal, maior, com mais metros e lances de arquibancadas. Foram muitos jogos, muita festa. Alguns apelidaram o mesmo de "Lesmão", porque houve demora na construção. Outros o chamam de Diletão, aumentativo de Dileto, o Prefeito que o idealizou e construiu. Devemos reconhecer e aplaudir o ato do amigo Dileto, pois tinha uma visão de futuro diferenciada, construindo uma obra compatível com o volume de praticantes de esportes em Capinzal e de adeptos dos jogos de quadra. Nós, do Ouro, demos um troco a eles: Apelidamos o seu ginásio de "Porungão", pois como eles nos chamavam de abobreiros, nós lhe devolvíamos de "porungueiros", então o ginásio deles era o Porungão.

          Nas festividades de inauguração, houve um jogo entre a CME de Ouro e  a de Capinzal, em que nós, do Ouro, aceitamos jogar com os de Capinzal mesmo sabendo que iríamos levar de goleada, pois eles treinavam há muito tempo. Ah, eu "jogava" na condição de Diretor Esportivo da CME, já que minha bola não tinha tamanho suficiente para estar no meio das feras. Acabamos vencendo o jogo com o Celito Andrioni de goleiro, o Matté, o Adônis, o Zanini, o Mídio, o Amantino Garcia, o Irenito Miqueloto de treinador. Time improvisado, ganhar foi motivo de grande comemoração.

          Mas, algum tempo depois, a Perdigão, de Videira, tinha um timaço de futsal. Era a base da Seleção Brasileira, e esta, diversas vezes campeã mundial de futsal. Somente alguns anos depois é que outros países, como a Espanha, conseguiram "encostar" no Brasil. Os astros maiores eram Jackson e  Douglas, que recebiam salários altíssimos e eram as verdadeiras feras, os "top" do futsal brasileiro e mundial. Equivaliam ao atual Falcão, ou ao já aposentado Manoel Tobias.   E, por uma gentileza do Altair Zanchet e dos Brandalise, Capinzal recebeu o time da Perdigão. Lembro-me que o Maurício Dambrós "fez chover" na quadra e o resultado acabou sendo 3 a 2, não sei pra quem.
          Mas, o acontecimento da noite, não foi o jogo memorável, com a presença daqueles astros de fama internacional no "Porungão". O grande espetáculo,  aconteceu no intervalo do jogo. As pessoas que compravam ingresso, guardavam-no e houve um sorteio em que algumas pessoas, sorteadas, iriam tentar fazer a "cesta de ouro", arremessando uma bola do círculo central da quadra, para atingir a cesta do basquetebol. Quem conseguisse o feito, ganharia uma Bicicleta. Ou seria uma TV? Ah, mas isso pouco importa, importa-me, sim, a sequência dos fatos, a vibração que um deles  provocou nas mais de duas mil pessoas que se encontravam naquela praça esportiva.

          Foi quando adentrou na quadra um menino de baixa estatura, óculos fundão de garrafa, boné de lã na cabeça,  sapato de couro   (ou seria botina), jaqueta, enfim, um sujeito todo enrolado na roupa, chamado Tuto. Sim, ele mesmo, o Fábio Carelli, irmão da Édila, filho do Tito Carelli e da Ires Gavazzoni. Pois não é que o Tuto, sob o olhar tenso  da galera, posicionou-se bem no centro da quadra, deus três quiques com a bola ao chão e "JUMP"!!!... , a bola passou o arinho circular, afundou-se na redinha lateral e  foi quicar novamente no piso da quadra, sem mesmo bater na tabela, sem mesmo raspar no aro de ferro. Ah, a galera foi à loucura. Os locutores da Rádio Capinzal, dentre eles o Álvaro de Oliveira, ficaram embasbacados. Não sabiam o que dizer... Os jogadores, que estavam voltando para a segunda etapa, imaginaram que os apupos eram para eles, sorriam... Que nada! Nosso herói era o Tuto, o Fábio Luiz Carelli, que jogava basquete e volei nos JECOs pelo Mater Dolorum, treinado pelo Professor Neivo Ceigol... Ah, que noite memorável foi aquela.  Foi o assunto do dia seguinte, da semana seguinte. Na rua, no mercado, nas rodas de amigos, só se falava no grande feito do Tuto!!!

          Já contei essa história para o Olir e o Diovan, lá da GIDUR, setor da Caixa em Chapecó, chefes do Tuto. Acho que isso até deveria render uma  promoçãozinha para o amigo, mas sei que as promoções ele conquista pela sua competência e que, na Caixa, não tem  isso de dar promoção porque o funcionário um dia foi um craque do basquete. Mas, que ele merece, ah, sim, merece. De qualquer forma, ele teve seus 15 minutos e seus 15 dias de fama. Pelo menos em Ouro e Capinzal!...


Euclides Riquetti
07-09-2012

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Outro Sol

Há um outro sol em nossos dias, pois...
É aquele que na tarde vai embora
Que no inverno vai antes da hora
E, no verão, um pouco depois...

Termina o dia amarelado
(Embora tenha nascido avermelhado, alaranjado, ado... ado...)
Quando o céu deixa de ser azul (ado...ado...)
E se torna acinzentado
No leste e no sul.

Ah, dizem que é o mesmo que veio do Oriente
E que cumpre sua rotina de ir para o Ocidente!
Vem do Leste
Vai para o Oeste
(Eu digo que é para o Sudoeste).

Como acredito em ti
No google e no  dicionário
E nas doutrinas de Astronomia que já li
Nada posso dizer... em contrário!

Nosso Astro é um Rei
É uma divindade de escol
Cumpre, no universo, sua natural Lei:
Apenas ser um imponente astro-rei:
Nosso Rei Sol!

Sol da meia/noite lá,
Sol do meio/dia cá...

Euclides Riquetti
07-09-2012








quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O Sol Oriente

O Sol nasce vermelho no meu horizonte azulado
É a pintura divinal pelas mãos supremas  concebida
É um sol que rebenta  atrás do verde que o sustenta
E se pendura  no céu da manhã que é vinda.

O sol nasce para todos
Pra mim, pra ti, pra nós.
Difunde seus raios de fogo ao alvorecer
Recolhe-os, cansados, no meu entardecer.

E, em nossa noite, vai inundar as ásias
E, em nossa madrugada, clarear as europas
Para, pouco depois, alçando as douradas  asas
Dizer-nos Bom Dia e colorir as américas.

O sol nasce para todos
Para nós, para elas, para eles
Lírica, plana, ou ondulada etérea
A natureza viva espera por ele.

Esse mesmo sol que bronzeia peles morenas
Fere as peles alvas
Mas é nosso Sol
Com seus raios que nos abençõam, ou nos maltratam.

Nosso Rei Sol que vem do Oriente
É o mesmo que enseja  as premonições dos profetas
E que atiça a inspiração e as emoções dos poetas
É o Leste Sol que fortalece a gente.


E, na sua imobilidade
Conduz nossa mão delicada
Para, com leveza e suavidade
Desenhar sílabas, escrever palavras.

O sol que inspira meus poemas
Que apenas dita meus versos
Assim, sem nenhum estratagema
Far-me reunir os fragmentos dispersos.

E eu vou compondo meus escritos
Frases, versos, poemetos
Inspirado em seus raios benditos
Comporei, sim, eu te prometo...

Prometo pra ti...
Apenas para ti!

Euclides Riquetti
05-09-2012









domingo, 2 de setembro de 2012

Vigésima Crônica do Antigamente


          O ano da Copa de 1970 foi muito vibrante. No dia da Grande Conquista, em 21 de junho de 1970,  reunimo-nos no Bar do Valmir Pelizzaro, junto ao então Cine Glória, que antes fora dos irmãos Santini. Ali trabalhava o José Carlos Côas, o Zeca, irmão do Lourenço (Lolo), e do Carlinhos, que mora em Curitiba. o Zeca, agora, mora em União da Vitória. (Convivi com ele a partir 1972). O Bar do Cinema, como era conhecido, comportava umas mesinhas de pebolin e de mini-snooker, on de nós, menores, jogávamos com medo da Polícia e do Juiz de Menores, o José Dambrós. No sábado à noite os jovens ficavam esperando um lugar para jogar, tão concorridas eram as vagas às mesas.

          Quando o Brasil sagrou-se tricampeão, poucas famílias tinham aparelho de TV em sua casa. Cerca de quatro  anos antes, o Sr. Leonardo Goelzer empenhou-se em trazer o sinal de TV para nossa cidade. Nas eliminatórias da Copa, em 1969, já TV no Bar do Arlindo Henrique, no Bar do Canhoto, no Clube Floresta. Lembro-me bem no dia em que, em 20 de jlho de 1969, ia passando defronte à loja do Saul Parisotto, em Ouro, na sala comercial de seus sogros, Abel e Serafina, e olhando pela primeira porta vi o Neil Armstrong, comandante da nave Apollo 11,  descendo na Lua... Armostrong nos deixou na semana que terminou, aos 82 anos. (Hoje, ali, funciona  a loja RZ Parisotto).
          Só as famílias "que mais podiam" é que tinham TV em casa. Na nossa, não havia TV, nem sofá, nem geladeira... Então, a gente se acotovelava em alguns lugar, principalmente nos bares, onde pedia um cafezinho, jogava dominó e assistia TV: Telecatch Montila, ondce torcíamos pelo Ted Boy Marino e tínhamos raiva de "Jóia, o psicodélico", que era muito malvado. Ah, havia também o Verdugo, o Fatomas, e outros. E havia as noites em que a Hebe Camargo fazia seu programa de entrevistas. Meu colega, Altivir Souza, um dos "coquiarinhas", o mais jovem filho da Dona Aurélia e Seu Viriato Almeida de Souza, era meu companheiro de dominó e outros jogos, inclusive dos de azar. E ele dizia que a Hebe falava igualzinho à nossa professora, Dona Valdomira Zortéa, amável e simpática, de quem tenho as melhores lembranças. Achávamos interesante como ela pronunciava as palavras suavemente. Uma delas era "labirinto", lembro bem, em nossas aulas de Geografia...Hoje, o Altivir é tradicionalista, tens uns cavalos e uns boizinhos, aqui não muito longe de minha casa, é exímio laçador, e pratica o tiro de laço, no CTG.

           Bem, mas, como eu me reportava, para comemorar a conquista do tri, saímos em passeata (hoje fazem carreata), desde o Bar do Cinema, fomos para a Rua Ernesto Hachmann e a XV de Novembro, depois fomos para o Ouro. O Domingos Boff (Mingo), carregava uma bandeira do  Brasil. Cantamos o Hino Nacional na rua e os "Noventa milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração"... E era só alegria! Então, os brados cívicos ecoaram por todo o Brasil e vivíamos o "Milagre Brasileiro". O gremista Presidente Médici recebeu nossos tricampeões na Capital Federal e nós, brasileiros, continuamos a trabalhar para sobreviver, estudar para vencer.

          Tenho as melhores lembranças do ano de 1970, quando eu lavava carros no Posto Dambrós, ali em Ouro, e estava cursando Contabilidade na CNEC. E os jogadores de futebol ainda não estavam acostumados  a se reunir em rodas de pagode, nem em bailes funk, nem apareciam na TV ao lado do Michel Teló e outros. Apenas jogavam futebol. e muito bem, dando-nos muitas alegrias, honrando-nos e orgulhando-nos perante o mundo. Naquele tempo, Deus já era brasileiro!!!

Euclides Riquetti
02-09-2012