sábado, 27 de julho de 2019

Nós vamos ficar bem...






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Nós poderemos voltar  ficar bem
Se buscarmos pequenas soluções
Poderemos  resolver tudo e ir além
Se controlarmos nossas emoções.

As vidas das pessoas são sujeitas
A percalços que as atormentam
A muitos conflitos e turbulências
Às  situações que as alimentam.

Calma, muita calma é preciso
Mesmo que isso pareça impossível
Mas poderá voltar-nos o sorriso
Se acontecer-nos algo imprevisível.

Diálogo, coração muito aberto
Franqueza e muita determinação
A solução pode estar muito perto
Desde que abrandemos o coração!

Apenas isso!

Euclides Riquetti

Onde está a perfeição?


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Estaria a perfeição na forma da obra do escultor
Ou na premonição dramática do velho profeta?
Estaria ela na arte sacra ou no desenho do pintor
Ou no soneto alexandrino de um pobre poeta?

Estaria a perfeição na grácil destreza da ginasta
Ou nos movimentos harmoniosos da bailarina?
Estaria ela no cometa que vem e logo se afasta
Ou no luar prateado que os namorados ilumina?

Estaria a perfeição nas águas límpidas da fonte
Os nos raios de sol que douram a sua pele macia?
Estaria ela na neve que decora os topos do montes
Ou na nuvem branca que nos encanta e contagia?

Direi apenas que ela está na mulher idealizada
E no rosto ingênuo da criança que eu vejo em ti
Está na musa sedutora, no rosto da bela amada
Está naquela por quem meu coração sorri!

Euclides Riquetti

A Festa do Colono em Ouro - acontece hoje



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Foto: Rádio Capinzal - festa de 2018


          Início do ano de 1981.  Era Prefeito em Ouro o Sr.Ivo Luiz Bazzo. Era também  época de fazer realizar um sonho que ele vinha acalentando há um bom tempo: realizar uma festa que viesse a tornar-se tradicional naquele município, cuja base de sustentação econômica era a atividade agropecuária. Trocou umas ideias com sua equipe, e formou uma Comissão Organizadora para fazer com que tudo pudesse ser planejado e executado a baixo custo e desse um bom resultado. Seria a oportunidade de o Poder Público e os cidadãos renderem suas homenagens aos colonos, que foram os grandes responsäveis pela consolidacão de Ouro como referência em agricultura e pecuária.

             A Primeira Festa do Colono do Muncípio de Ouro seria promovida em Pinheiro do Meio, a comunidade geograficamente melhor situada no seu território. Tinha um bom campo de futebol, a comunidade estava construindo o primeiro ginásio de esportes rural,  havia o prédio escolar também disponível.  E era a comunidade com menor número de  famílias. Mas os sócios da comunidade foram briosos e investiram dinheiro próprio para que pudessem ter seu ginásio de esportes onde os filhos pudessem jogar. Iriam tomar empréstimos pessoais junto a bancos e emprestar para a sociedade. Depois, com os lucros auferidos no evento, devolveriam os valores a cada um.

          Foram então convidadas para uma reunião algumas lideranças representativas que poderiam ajudar na organização da festa: Carlos Tessaro, Presidente da Cooperzal; Carmelino Morosini, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ouro; Mauro Brancher, chefe local do escritório da Acaresc; Delmar Antônio Zanela, Gerente do Banco do Brasil; Édio Brusco, Gerente da Perdigão Ouro S/A; Carlos Baretta, vereador da comunidade de Linha Caçador, que representava aquela região do Município; Sérgio Riquetti, Vice-prefeito;  Euclides Riquetti, Secretário Municipal de Administração.  Feita a primeira reunião, programou-se uma maior, já com outras lideranças que foram sendo incorporadas, como Ozíris D 'Agostini, empresário;  Celita Colombo, Supervisora Local de Educação; Álvaro de Oliveira, locutor da Rádio Capinzal Ltda, Nolberto Zulian, contador da Prefeitura; Nízio Dal Pivo, Líder da Comunidade de Pinheiro do Meio e outros.

          Definiu-se que a festa, basicamente, teria a seguinte programação: Pela manhã, Missa Celebrada pelo Frei Victorino Prando, no interior do Ginásio com inauguração do mesmo em ato cívico; Serviço  de Som, a cargo de Celso Farina;  de Serviço de Cozinha durante a manhã e meio-dia pelas senhoras da comunidade; Churrasco ao Meio-dia; Jogo de Futebol entre a Seleção o Interior do Ouro e o Arabutã Futebol Clube à  tarde. Os jogadores da Seleção  foram convocados pelo Alduir Silva, conhecido como Binde, com ajuda de Eurides Baretta.  Estes venceram o Arabutã, do Técnico Valdomiro Correa, por 1 a 0.  E, à noite, um grande baile.

          No período da tarde, antes do jogo de futebol, foram sorteados brindes arrecadados junto ao comércio de Capinzal e Ouro.

          O movimento de pessoas foi muito grande durante todo o dia. Toda a programação foi um sucesso e houve grande sobra financeira, a qual permitiu que as contas fossem pagas.

         No ano seguinte, após uma avaliação da Comisão Organizadora,  que constatou que a população aprovou o formato do evento, aconteceu a Segunda Festa do Colono, em Pinheiro Baixo. E, com exceção da edição de 1983, que teve que ser suspensa por causa das calamidades decorrentes das enchentes, em todos os anos veio sendo realizada. Até uma década atrás era realizada cada ano em uma comunidade e passou, depois da construção do Centro de Eventos de Nossa Senhora do Caravággio, a ser realizada ali,  onde há uma boa estrutura para acomodação das pessoas, estacionameto de veículos, exposição de equipamentos agrícolas e a Capela de Nossa Senhora do Caravággio para celebração de missa. Ainda há a realização de shows e bailes. O Café Colonial, ao final do dia, é sempre um atrativo muito esperado. O formato inicial não teve grandes mudanças nas três décadas de realização.

A Festa do Colono em Ouro é a que comporta o maior número de participantes para eventos desse gênero no Vale do Rio do Peixe.

Euclides Riquetti
08-07-2013

sexta-feira, 26 de julho de 2019

E o sol brilhou, de novo!



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O sol brilhou, de novo,  neste inverno
Brilhou em meio a esta fria estação
Brilhou porque eu rezei com devoção
Pedindo sua Proteção ao Pai Eterno.

O sol brilhou com os raios dourados
Aqueles que morenaram o seu corpo
Enquanto eu navegava triste a absorto
Buscando ter meus sonhos ancorados.

O sol cobriu de luz seu corpo bonito
Deixando-o ainda mais belo e sedutor
Pondo em seu rosto um brilho infinito.

O sol me levou de volta a seus braços
Para sentir o seu perfume e seu calor
Perder-me em seus beijos e seus laços!

Euclides Riquetti
26-07-2019




Quando, de novo, o sol brilhar







Quando, de novo, o belo sol nos voltar a brilhar
E pudermos ouvir o coro dos canários e pardais
Quando o doce canto das gaivotas nos acordar
Como nas manhãs de que não esquecerei jamais
E Deus, com suas Divinas Mãos nos abençoar
Entenderei que o pouco é melhor que nada mais!

Talvez nosso desejo de possuir nos torne exigentes
Desperte em nós a vontade do mais ter e do querer
Renunciar a bens preciosos nos deixa descontentes
Quando nos acostumamos a ganhar é difícil perder
E não haverá nada que nos possa deixar contentes
Se não abrirmos mãos de nossa vontade de vencer!

E, quando chegamos ao ponto de sentir pena e dor
De nos martirizarmos por causa de vãs desilusões
É porque dentro de nós ainda existe muito amor.
Mas, quando aprendermos a dominar as emoções
E buscarmos um mundo de beleza e de muita cor
Poderemos brindar à alegria e paz nos corações!

Euclides Riquetti

Preserve seus amigos verdadeiros






Preserve seus amigos verdadeiros
Aqueles que lhe querem sempre bem
Os que se mostram leais companheiros
Cuide bem deles se você os tem.

Não pretenda ser o centro do universo
Não pense que só você tem problemas
Pois estes podem bem ser reversos
Tão fácil como escrever um poema.

Busque valorizar quem reza por você
Lute contra o desânimo e o marasmo
Boa amizade a gente tem que perceber

Procure  lutar para ter êxito na vida
Esforce-se, lute, com muito entusiasmo
Agradeça a Deus por ter casa e comida!

Euclides Riquetti
28-04-2017

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Se te amar, amei, amava



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Se te amar, amei, te amava
Também te querer eu te queria
Enquanto verbos eu te conjugava
Tu apenas rias...

Embalar teus sonhos eu embalava
Enquanto tu dormias
E tu não me ouvias, nem escutavas
Porque não me querias...

E eu compunha poemas
Que tu não lias
E eu cuidava de teus dilemas
Mas tu não sentias...

E meus propósitos se findavam
Porque tu não sabias
Que tu rias e eu chorava
Desde aquele dia...

Mas amar-te, eu te amei deveras
Nas noites escuras e nos dias
Chorei invernos, verões e primaveras
Chorei versos, chorei melodias!

Euclides Riquetti
28-04-2017


Feliz...



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Feliz...
Por ter amado e sido amado
Por querer e ter quem queira
Por sonhar o sonho desejado
Porque a felicidade é bem maneira!

Feliz...
Por ser rodeado de gente
Que me compreende!

Feliz...
Porque a felicidade se conquista
Com a atitude certa
Na rua turbulenta
Na manhã cinzenta
Ou na praia deserta!

Feliz...
Por ter tido você!

Euclides Riquetti
28-04-2017

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Triste...






Triste...
Porque a tristeza é melancólica
Real, não metafórica!

Triste..
Porque a tristeza existe!

Triste...
Porque mesmo a manhã ensolarada
Não foi suficiente
Para, na tarde acanhada
Ficar bem contente!

Triste...
Porque há um algo inexplicável
Que me detona, implacável
E me deixa triste
Porque você resiste...

Euclides Riquetti
28-04-2017

O Seminário Nossa Senhora dos Navegantes: boas lembras!








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Foto Rádio Capinzal 

 


          Vivi minha infância muito presente no Seminário Nossa Senhora dos Navegantes, no então Distrito de Ouro, município de Capinzal.  Havia um Frei lá, João, depois o Frei Otávio, que eram os responsáveis pela educação inicial dos nossos futuros padres. Um  casarão que pertencera à Família Penso fora adquirido pelos Padres Capuchinhos e, com ampliações, comportava o Seminário. Os meninos estudavam no Mater Dolorum, até concluir o Primário. Depois iam para Riozinho, na região de Irati, no Paraná. Mais adiante, o Padre Adelino Frigo e o Victorino Prando estiveram na sua Direção.

      Lembro que o Martin Mikoski e o André Bocheco eram os braços direitos dos diretores nas décadas de 1960 e 1970.  Lideravam os meninos nas lides da roça, do estudo e das orações. Tomaram outros rumos, foram exercer outra vocação que não a do sacerdócio. Depois veio o Frei Orlando, que dirigia o jeep azul e a Ford, levando os seminaristas para trabalhar na granja deles. O esforçado Frei Orlando, compositor do Hino a Nossa Senhora dos Navegantes tornou-se sacerdote. Era uma alma bondosa. Continua sendo uma figura muito carismática. Com sua voz ressonante, enche os espaços das Igrejas onde canta.

          Eu tinha muitos colegas de aula que eram do Seminário. E também um primo. Tinham suas horas de estudos, as de orações e meditação, e ainda ajudavam na Granja dos Padres. Uma Senhora, Dona Aurora, era a mãezona de todos eles. Era uma matrona forte e respeitada, impunha respeito em talvez umas cinco dezenas de meninos afoitos.

          Aos domingos, iam para alguma comunidade, a pé, para jogar futebol. Lembro que o Luiz Frigo corria muito, tinha as pernas compridas e reclamava do juiz, normalmente um Frei.

          Quando a Festa de São Paulo Apóstolo  se avizinhava, eram colocados a pintar estatuetas de gesso do padroeiro, que eram trazidas de Curitiba. A batina marrom, um manto verde, o rosto marfim. Era mais ou menos isso. E havia alguns acabamentos que eram feitos pelo Frei João, para que o serviço ficasse bem feito. Ainda hoje há, em algumas casas no interior, exemplares desse São Paulo Apóstolo, que era benzido e vendido no Dia da Festa, 25 de janeiro, ou no domingo mais próximo. 

          No Colégio, os meninos eram bulidos, sistematicamente, por muitos dos colegas. Eles tinham umas características que os diferenciavam de nós, como por exemplo, na fala: Nós dizíamos "pra" e eles diziam "para". O Frei exigia que aprimorassem sua fala. Nós achávamos que aquilo era coisa de granfino. E diziam os esses nos plurais. E as declinações certas ao final dos verbos. Na sala eram comportados e isso nos deixava intrigados porque tinham mais prstígio do que nós que fazíamos nossas  inocentes  baguncinhas.  No futebol, eram melhores do que nós, porque em seu tempo livre, jogavam muita bola. Faziam petecas com palha de milho e penas de galinhas que eram uma maravilha. Tinham seu material escolar organizado, bem mais do que o meu, que não posso me citar como exemplo para ninguém, tamanho era meu desleixo. Por tudo isso os colegas buliam com eles.

          Eu ia diariamente ao seminário, era quase um deles. Algumas vezes me tentava a dizer que queria estudar para me tornar padre, mas  sabia que não tinha nenhuma aptidão ou vontade para isso. Acho que era por causa da companhia dos amigos. Aqueles que terminavam o primário iam para Irati e nós ficávamos muito tristes, pois só vinham para casa ao final do ano. Tinham que ficar lá em provação. Acho que isso levava  muitos deles a desistir de seu intento.

          Certa vez houve uma briga no Colégio e a minha turma de amigos ficou dividida, uns contra e outros a favor deles. Eu era a favor, pois aqueles meninos não incomodavam ninguém, mas havia uma cisma de alguns contra eles. Lembro que os contra eles desciam o morro rapidamente,  ao final da aula, antecipando-se aos seminaristas,  e amarravam as guanxumas  que havia ao lado dos carreiros para que, quando eles corressem, caíssem. E, depois, armavam uma algazarra para vê-los correr e caírem. Para nós, aquilo era divertido, não levam mais do que uns esfolões. Tinha um que era bravo, o Paulo Rosalem, que virou padre e soube que ele faleceu recentemente, em Capinzal.

           E muitos deles acabaram saindo  e tornando-se bons professores. Aliás, muitas das universidades do Oeste e Meio Oeste de Santa Catarina foram bem sucedidas porque ex-seminaristas tornaram-se professores delas, chegando ao Doutorado ou Pós-doc. E tornaram-se  diretores, reitores até. Mas também rechearam o mercado com profissionais liberais. Ou na área pública. A seriedade com que eram cobrados no estudo lhes deu uma base sólida de conhecimentos que lhes permitiu galgar escalas acima com relativa facilidade.

          Tenho boas lembranças daquelas tardes em que eu ia com um irmão pequeno participar das brincadeiras com os seminaristas.

          O Seminário Nossa Senhora dos Navegantes foi desativado, assim como os demais da região. Seus prédios são ocupados por escolas particulares, centros de administração pública e de múltiplo uso. Foi assim em Ouro, Luzerna, Ibicaré e Iomerê. No Paraná, em Ponta Grossa, um deles hoje abriga a Universidade Federal Tecnológica do Paraná.

          Nossa região, em razão de sua colonização italiana, era povoada de seminários. Os pais sonhavam em ter um filho Padre. Os filhos viam no Seminário uma maneira de sair de casa e estudar. E já valia para eles a regra de que "o futuro a Deus pertence". Talvez o Vaticano não tenha conseguido ter o número de propagadores do Evangelho que esperava, mas o certo é que muitos colégios e faculdades ganharam excelentes professores, ajudando a dar um ton de maior qualidade à nossa educação. Graças a Deus,  e não em nome de Deus...

Euclides Riquetti
28-01-2013

terça-feira, 23 de julho de 2019

Açougueiros de Rio Capnzal

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Reeditando... mais uma de minhas crônicas que foi publicada, neste mês, no livro "Capinzal - Cidade do meu coração"...
   
          Em minha infância, costumávamos brincar numa rua de Rio Capinzal. Chamavam-na de Rua do Beco. Hoje tem nome: Rua Giavarino Andrioni. Jogávamos "taco" e bola. Brincávamos de esconde-esconde, fazíamos fogueiras no inverno, no meio da rua. Era tudo muito divertido.

          Meus amigos "de rua" foram indo embora: O Ademir e o Milton Mantovanello foram para Cascavel. O Ademir Bernardi para a Barra do Leão. O Paulinho Lucietti, cujo nome era Adelir, foi para Dois Vizinhos. O Mário e o Arlindo Thomazoni, para Araruna. O Moacir e o Cosme Richetti, irmãos, bem como os irmãos  Altevir e o Valdir Souza, para Joaçaba. O Celito Bandido Baretta, para a Linha Bonita. Os irmãos Adelto e Adélcio Miqueloto  são os que ainda restaram em Ouro.

          Um dos momentos mais divertidos ali era quando os tropeiros traziam bois para o abate. Vinham, normalmente, de Capinzal. Traziam os mais mansos conduzidos "soltos", em tropas,  e quando havia algum muito bravo levavam no laço. E,nós,  todos, subíamos no barranco para ver as façanhas dos boiadeiros. Algumas vezes, não raro, uma das reses fugia, eles corriam atrás dela pela cidade os cavaleiros, seus cavalos galopantes e os cães bem adestrados. E, quando a coisa apertava, os tropeiros gritavam e nós fugíamos, entrando no moinho do Bernardi, ou correndo para os barrancos mais altos. Até que os animais fossem recapturados e recolocados numa mangueira.

          A mangueira era  feita com madeira forte, de angico e bugre. Ao lado, uma pequena edificação onde eram abatidos, diariamente dois os três animais e alguns porcos.  Um cepo com uma cavidade, por onde era introduzida uma ponta do laço que os homens puxavam em dois, para trazer o animal até o local do abate. Depois, a sangragem e a elevação, com uma talha de correntes, a retirada do couro, das vísceras, a água existente num tanque jogada em baldes para lavar a carçaça pendurada. A serra partindo o boi em meio ao espinhaço. É dali que saem  o filé, a alcatra, a costela, a  fraldinha, o mignon. Um tacho com permanente braseiro, de ferro fundido, onde era aquecida a água para a pelagem dos porcos. Depois, esse mesmo tacho era utilizado para o cozimento da banha. Após a prensagem, os torresmos. E sempre sobrava um pouquinho para nós, de graça!

          Lembro bem dos homens que ali trabalhavam: O Guilherme, os tios Arlindo Baretta e e Anildo Mázera, o Ivo Campioni e o Vitorino Lucietti, que era sócio do empreendimento, que pertencia à Comercial Baretta. Além do abate, vendiam a carne, a banha, as morcelas, os salames e o queijo-de-porco. E as pessoas vinham cedo, antes de o dia clarear, para comprar a carne. Lá, do outro lado do rio, havia o "picador", na Rua XV, dos Miqueloto, que tinham o abatedouro na saída para a Siap. E o procedimento de trazer os animais era o mesmo. Mas esses tinham uma "gaiota", um carroção puxado por cavalos que levava a carne para o picador, em Capinzal.

         Pelos lados dos Miqueloto, os Srs. Benjamim e Luiz eram os capitães e colocavam todos os seus filhos na área de trabalho, desde pequenos. O sobrinho Romeu Neis  e o Pedro Lima eram os mais práticos. Sabiam conduzir o gado e abater.

          As carnes eram penduradas para resfriarem-se e, no verão, na Câmara Fria. Nos açougues, os cortes eram feitos com serras de fita, de acordo com o que era pedido pelos fregueses. Se a carne não for refriada, o corte sai horrível, fica com uma aparência ruim, nem dá vontade de comer depois. Mas os habilidosos açougueiros cortavam os pedaços com o peso desejado pelo freguês, com pouco erro. Tinham muito conhecimento do ofício. E os pedaços, embrulhados em folhas de papel "de embrulho", que estavam sobre o balcão. Nesses papéis era feito, a lápis, o cálculo da despesa, "de cabeça", pois não havia calculadoras disponíveis. E quase que sempre faltando uma das suas quatro pontas. É que aquela parte era usada para escrever o nome do freguês, o valor do gasto, e jogar na gaveta, quando ele não tinha caderneta. Para cobrar no fim do mês. E nem precisava de assinatura...A palavra valia! Muito!!!

Euclides Riquetti
11-04-2013

Quando lavavam roupas nos rios






Quando lavavam roupas nos rios...  minha crônica que escrevi em abril/2013, e foi  publicada no livro "Capinzal - Cidade do meu coração",  em Capinzal - SC. Está às páginas 104 e 105:
          Quando de minha infância, ainda não havia rede de distribuição e fornecimento de águas em Rio Capinzal. Destarte, as senhoras tinham que buscar locais onde huvesse água em abundância para fazer o serviço de lavar roupas. Poucas famílias possuíam máquinas de lavar para esse serviço. E, as máquinas existentes, a maioria de madeira, umas espécies de tinas, não deram dotadas de dispositivos que lhe permitissem o enxágue, a centrifugação ou pré-secagem da roupa, antes de que fosse estendida no varal. E poucas pessoas conheciam sabão em pó, o famoso "Rinso".

         Lembro que as donas de casa buscavam a beira dos rios para o serviço. Tinham uns "lavadores" de madeira, uma espécie de "rampa" que era colocada na margem, escorados em pedras, com uma base para o ajoelhar-se e um detalhe  retangular onde era depositada a pedra de sabão para que não deslizasse e fosse perder-se nas águas.  Muitas vezes, quando o sabão escapava das mãos das lavadeiras, eram o filhotes que buscavam recuperá-lo nas águas. Crianças pequenas, de sete ou oito anos, nadavam bem e tinham domínio das águas. Eu mesmo recuperei muitos para as senhoras. Em alguns lugares, onde havia pedras, as lavadeiras gostavam de bater e esfregar as roupas sobre elas, o que ajudava muito para que ficassem bem limpas.

          O Rio do Peixe era muito frequentado, havia alguns lugares próprios, onde o barranco era menor, áreas preparadas pelas pessoas para que as senhoras pudessem colocar seus lavadores e ainda para a ancoragem de botes, que ficavam amarrados em angicos ou mesmo em sarandis. Quando o rio ficava sujo por causa das chuvas, fazer o que? Fácil. Sempre tinham um tonel que recebia a água das calhas e tinha água armazenada, da chuva. E ainda grande parte das casas tinham cisternas, onde armazenavam grande estoque de água. Quem não as tinha, guardava água em tonéis.

          Mas, pelo menos cinco  destinos eram, principalmente, os mais utilizados para lavarem roupas: O valo da Usina Hidrelétrica da Família Zortéa; os rios  Capinzal e Coxilha Seca, afluentes do Peixe;  e as duas margens deste, tanto na Sede Municipal quanto no Distrito de Ouro, nas localizações abaixo da barragem de pedras.

          No Rio Capinzal, desde a foz junto ao do Peixe, até onde ele adentrava o perímetro urbano, no Loteamento Santa Terezinha, havia muitos pontos onde as roupas pudessem ser lavadas. As águas eram limpas, havia lambaris, jundiás, joanas e carás habitando-as. E, ali, logo abaixo do Grupo escolar Belisário Pena, havia um grande pomar de caquis, de propridade da família  Soccol, onde a margem facilitava muito o trabalho das senhoras. Havia diversos pontos utilizados em todo o curso do rio.

          Na margem direita do Peixe, logo após a entrada ao "Valo da Usina" , havia outro ponto bastante utilizado. Lembro que minha mãe, Dorvalina Baretta (Riquetti), a Dona Aurora Stopassola, a Dona Iracema Surdi, minhas Tia Elza Baretta e Maria Lucietti Richetti, e outras tantas, tinham seus lavadores,colocados  imediatamente acima de uma comporta para brecar o excesso de água a alimentar a usina, que depois transformou-se numa fábrica de pasta mecânica, para a produção de papel e  papelão.

          E, no Rio do Peixe, logo abaixo da barragem, nas duas margens, dezenas de locais próprios para serem colocados os lavadores, até o limite Sul da cidade. centenas de senhoras se alinhavam, com seus cestos de roupas e lavadores, próximo do rio. Depois, já em casa, com baldes de água bem limpa retirada dos poços, com anil adicionado, enxaguavam as peças brancas para que tomassem uma cor mais alva. Nessa época também começaram a utilizar "Q Boa", a única água sanitária então conhecida.

          Com o tempo, felizmente, veio o serviço de captação, tratamento e distribuição de águas  pelo Simae, no início da década de 1970, quando eram prefeitos, respectivamente, Apolônio Spadini e Adauto Colombo, em Capinzal e em Ouro. Mas, infelizmente, as águas de nosso Rio do Peixe deixaram de ser as mesmas. Houve o cresimento das cidades à montante e,  com isso,  a implantação de muitas indústrias, desde Caçador. E as lavouras da bacia hidrográfica passaram a utilizar defensivos agrícolas. Também se perdeu muito do respeito que se tinha pelas águas. E nossos rios ficaram  poluídos, sobraram poucos peixes. Também, com a danificação da barragem, menos água passou a ficar retida ali. E a paisagem perdeu muito de sua beleza.

          Gosto de lembrar e registrar essas atividades, pois refletem, além da história, as dificuldades que as pessoas tinham para algumas atividades que hoje são muito facilitadas pelas tecnologias. Bem melhor acionar o botão do automático da máquina de lavar do que ficar, algumas tardes por semana, ajoelhadas, com o corpo arcado sobre o lavador...

Euclides Riquetti
13/04/2013