sexta-feira, 24 de abril de 2015

Voltando no tempo: Palestrando no Mater Dolorum, em Capinzal.

          Voltei, depois de alguns anos, ao Colégio Mater Dolorum, onde cursei o antigo  primário. Está lá, com sua construção majestosa, imponente, olhos voltados para a baixada central de Capinzal. Uma edificação de cinco décadas e meia, lembro-me de quando estava sendo construída. Olhei para os altos muros de pedras, escadarias, tudo me trazia e saudosas belas lembranças.
          Estudei no Mater de 1961 a 1964. Meu pai, na mesma época, curvava o "Normal", equivalente ao Magistério, hoje, em nível de Ensino Médio. Ele recebeu a medalha de "Honra ao Mérito", era um aluno muito forte, havia estudado no primeiro ano de Filosofia em São Paulo, no Seminário São Camilo, na Vila Pompeia. Eu me lembro, com saudades, de meus bons e belos tempos de criança. Fui lá a convite da Gisele Szymanski, palestrar para um grupo de alunos com idade entre 9 e 14 anos, que faz parte de um projeto muito especial. Gostei da galera...
         O tema para o qual fui convidado era "História das Enchentes do Rio do Peixe". Falei da enchente de 1911, quando as águas cobriram a estrada de ferro que havia sido inaugurada no ano anterior, destruindo as artes correntes. Da enchente de 1939, que chegou ao local onde se situa a Praça Pio XII, em Ouro, e que destruiu a recém inaugurada Ponte Pênsil padre Mathias Michelizza,  da de 1974, que quase atingiu a linha férrea, e da de 1983, a maior de todas. Esta atingiu, além da Bacia do Peixe, a do Rio Iguaçu, causando enormes estragos e mortes em Porto União da Vitória; e a do Itajaí-açu, que assombrou Blumenau e as cidades de seu vale. Da do ano passado, 2014, menor do que a de 1983. Falei dos vendavais que precedem as enchentes, da "área de risco" que é representada pelos territórios de Ouro, Capinzal, e os municípios à Oeste, onde, seguidamente, ocorrem eventos climáticos adversos.
         Tenho uma preocupação: Se, em algum momento, houver uma concentração de chuvas no Vale do Rio do Peixe, nas mesmas proporções do que aconteceu em 83, estamos "ferrados". A área urbana de Capinzal, com a forte urbanização da cidade alta e dos loteamentos situados à montante do Belisário Pena, em direção ao Estádio Dr. Vilson Bordin (da A. E. Vasco da Gama),  São Roque e Loteamento Colina,  e São Cristóvão, recebeu em três décadas um volume muito grande de casas, edifícios, empresas, pavimentação dos leitos das ruas e passeios para pedestres. Toda a água pluvial desses locais vai parar no Rio Capinzal, tributário do Rio do Peixe. E, no caso de precipitações fortes, com a elevação do nível do Peixe, este represa as águas do Capinzal e isso representa um grande perigo. O nível do Rio Capinzal seria mais elevado e os danos muito maiores do que em 1983.
         Abordei questões de ordem ambiental, da sua legislação, dos crimes ambientais e da falta de cuidados com nossa natureza. Os alunos mostraram-se atenciosos e penso que dei meu recado. Falei de outros assuntos,  como os cuidados que eles devem ter para não expor-se aos perigos, mesmo os que as redes sociais podem representar.
          Valeu ter reencontrado também minha ex-aluna Giana Mrrtins,  agora Diretora. Meus colegas Sérgio Durigon que, como eu, foi Prefeito em Ouro, e o  professor Tobaldini, nosso companheiro de jornadas classistas. Ainda, a funcionária Ana Godleski, que foi minha colega no primário. Ela me disse que,  quando se apertava, me pedia ajuda e eu a ajudava. E eu lembrei do pai dela, o Polaco Eletricista, que foi o professor dos demais eletricistas em nossa cidade, há 5 décadas.
          Foi muito auspicioso, para mim, poder voltar ao colégio onde fui aluno e professor, e onde meus filhos estudaram, para bater um papo com alunos e rever amigos.

Grande abraço em todos!

Euclides Riquetti
24-04-2014

Um comentário:

  1. Querido professor Euclides Riquetti!
    Hoje postei algumas das fotos no blog da Escola de Educação Básica Mater Dolorum (na página do Programa Mais Educação).
    Foram momentos maravilhosos em que pudemos desfrutar de sua companhia, de suas belas histórias e poesias. E ainda nos dedica um texto! Quanta honra!
    Algumas de nossas crianças, apesar da pouca idade, têm grandes feridas na alma, fruto das dores que a vida já lhes causou. E o senhor, com sua sabedoria e o encantamento com que utiliza das palavras, tocou-lhes no coraçãozinho, pode acreditar. Já fizeram poesias, escreveram e ilustraram as histórias contadas, por conta própria! Criaram poesias para ti, poeta!
    Isso é mágico e só quem participa do processo de aprendizado, convivendo na escola e compreendendo o íntimo dessas crianças, pode vivenciar!!!
    Obrigada, novamente, professor!

    Com carinho, da professora Gisele, das crianças do Programa Mais Educação, da diretora Giana e dos demais profissionais da escola!

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