sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O mundo vai acabar dia 21??!!


          A indagação soa cômica mas, assim como existem, especialmente aqui no Vale do Rio do Peixe, pessoas que ainda compram bilhetes premiados de loteria, não é difícil de se imaginar quantos andam preocupados com o fim do mundo, que vai acontecer no próximo dia 21. Na semana passada, uma coitadinha de um velhinha viu seu mundo quase acabar ao dar mais de vinte mil por um bilhetre premiado. Virou notícia, os internautas comentaram barbaridades sobre a ganância das pessoas. Ficou lograda e mal falada, a agora pobre velhinha.

           Para o Joelmir Betting, jornalista renomado e muito bem versado em Economia, o mundo acabou anteontem. Virou cinzas. E, para quantos outros ainda vai acabar nas três semanas que nos restam...

           Quando saí para o trabalho, bem de madrugadinha, fui observando a paisagem, as pedras e as árvores que margeiam as rodovias, as fábricas, as casas,  e imaginando como tudo isso vai ficar depois do fatídico dia 21 do novo mês, tão temido, capaz de tirar o sono de tantos e de tantas, (ou de tontos e de tontas), quando o mundo vai acabar.  Transitei na frente de dois motéis e aventei com a possibilidade de que muitos estejam aproveitando para gastar seu dinheirinho ganho com tanto suor por ali mesmo, suando o suor do prazer, bem melhor do que o outro, o do trabalho...

          Muitos amigos estão discutindo, exaustivamente, a questão der o mundo acabar. O Ademir Belotto escreveu no jornal A Semana que até cancelou ou adiou suas férias, marcadas para o dia 20, embora entenda que isso não vai acontecer. Claro que ele está apenas zoando.

           Lembrei-me de que quando eu tinha uns oito ou nove anos, estavam construindo a casa do Valdemar Baréa, dentista, em Capinzal, e fomos, com meu primo Dinho Casara e o Chiquinho Biavatti, espiar os buracos abertos para os pilares, que já continham água. E já corria a conversa de que o mundo iria acabar por aqueles dias. Iria vir uma escuridão de sete dias e sete noites. Eu não entendia porque haveria escuridão de noite se a noite já era bem escura, mas fiquei com muito medo. Não queria ficar sem meu pai, minha mãe, meus irmãos... Meus amigos gastaram seus dinheirinhos, notas de um e dois cruzeiros, comprando pés-de-moleque, picolés, caquis, e indo ao Cine Glória. Não valia a pena correr o risco de não gastar e perder tudo se  o mundo acabasse nos dias seguintes. As notícias no rádio eram assustadoras. Por via das dúvidas, deixei uns três cruzeiros para a eventualidade de continuar existindo, o que acabou se concretizando. Quem gastou, ficou liso, leso e louco, com o dizíamos na época.


          De minha parte, proponho levar minha vida normalmente nas próximas três semanas. Até já programei uma belíssima viagem para o início do ano, vou conhecer novos lugares, aqui pertinho, na América do Sul mesmo, vou deleitar-me em mordomias, afinal, trabalhei tantos anos e mereço uma compensação, um presente que vou dar a mim mesmo.  Vou amaciar meus tênis correndo todos os dias, nadar, assistir a bons filmes românticos e comédias, tomar muito sorvete, comer chocolate Diamante Negro, igualzinho daquele que havia no Bar Avenida, em Ouro,  na minha infância, mas que eu não podia comprar porque o dinheiro era curto.  Vou comer, também, chocolate branco, crocante, bombons artesanais iguaizinhos daqueles de Treze Tílias e de Gramado. E tomar uns vinhos de altitude, Cabernet Sauvignon ou Sauvignon Blanc, a mãe das uvas do mundo. Pode também ser Chardonay, mas as safras têm que ser 2000, 2002, 2004 e 2005, preferencialmente nessa ordem, pois foram as melhores da década passada.   Quero ir de novo para Curitiba, nem que seja para comer aqueles salgadinhos ali daquelas ruas que cruzam a Rua das Flores, que os chineses fazem, apenas isso.  Ah, não posso esquecer-me de algo muito importante: vou internetar muito, muito!

          Mas há algumas coisas que me fazem matutar, diante da possibilidade de algo estrondoso (poder ser um grande estrondo) vir a acontecer. E, se tudo se confirmar,  o Palmeiras não vai precisar disputar a série B.  E todos aqueles prefeitos e vereadores que se elegeram, vão passar em branco, sem posse, mesmo tendo conquistado, legitimamente, seu cargo.   E o Obama, vai continuar Presidente?

          E você, está fazendo o quê? Como vai encarar isso? Já se programou? Tem também um Plano B para o caso de que o mundo não acabe?

          Se acabar, vai ter algumas vantagens: Não vai precisar renovar o seguro do carro, pagar IPVA, licenciamento, Plano de Saúde.

          Quando o mundo acaba, o seguro paga os prêmios a quem, se todos vão morrer? Será que os donos das seguradoas têm seguro para si, sua casa, seus carros e seus aviões? Sim, porque, teoricamente,  dono de seguradora pode ter um avião, diferente de nós, simples mortais, que no máximo  andamos neles, muitas vezes à custa de 10 vezes no cartão...

          E todos aqueles carros que foram comprados com a redução do IPI, vão ficar esmagados, ou vão virar pó? As moças que se casaram  agora vão ser devolvidas ao vento sem terem conhecido os dois lados do casamento? As promoções nas lojas, que valem até dia 31 de dezembro, como ficam depois do dia 21? E as sogras, vai acontecer o que com elas?

          O  négócio, mesmo,  é esperar para ver o que acontece. Vou fazer como quando era criança: Não vou sair por aí gastanho todos os meus trocos. Vai que o mundo não acabe?

Euclides Riquetti
30-11-2012




         

    

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