sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Santa Evita e a Catedral do Tango

 Para relembrar, com saudades...
          Participamos, recentemente, de um espetáculo digno de uma Broadway em Buenos Aires. Estivemos na casa de espetáculos "Señor Tango", talvez o mais  sofisticado templo da música da América do Sul. Funciona num antigo casarão construído inicialmente por imigrantes italianos para abrigar um armazém de secos e molhados. Em 1996, seu novo proprietário, o cantor e dançador de tangos Fernando Soler o transformou na "Catedral do Tango". É, depois do jazigo da Evita Perón, o lugar mais visitado da capital Argentina. Abriga, confortavelmente, 1.500  pessoas em cada espetáculo.

          A Señhor Tango é um prédio de 100 anos, construído com tijolos maciços, paredes espessas, e uma estrutura composta de madeiras e metais. São três andares de galerias. Ao meio, um palco redondo, que gira, e oscila para cima e para baixo, onde o show de tangos é aberto com dois cavaleiros, um nativo e um imigrante uruguaio que se encontram, montados em dois belos cavalos brancos. Ficamos a dois metros do palco e bem ao lado de uma das rampas por onde circulavam os atores. É um show indescritível.

          Um cenário oferecido pela moderna tecnologia, numa tela enorme, à direita, frente da qual se posta a orquestra mesclada por músicos experientes e outros jovens, já nos promeiros lances emociona os visitantes. Executam clássicos e motivos nativistas da América do Sul, e  em especial os tangos.

          O show, inicialmente,  é aberto por duas senhoras muito semelhantes, gêmeas, que brindam os presentes com seu indizível talento. Depois, seis casais de jovens muito bonitos coreografam tangos e  valsas, com uma forte expressão facial, olhar contundente e leveza de corpos que flutuam no palco. Estamos lá, estamos na Señor Tango!

          Voltando atrás, as pessoas chegam de forma muito organizadas. Saímos em 50 ônibus diretamente do Magnifica e fomos adentrando ao local sem nenhum desvio de percurso, sem atropelos. As pessoas todas elegantemente vestidas e, mais importante, discretas e educadas. À direita, na entrada, um retrato  em que o cantor Fernando Soler posou quabdo da visita na casa da aprsentadora de TV brasileira Hebe Camargo, talvez a comunicadora que mais abriu espeço ao tango nos meios televisivos brasileiros. lembro que ela era uma exímia dançadora de tangos...

          É difícil que alguém que tenha visitado Buenos Aires para lazer ou turismo que não tenha estado nauela casa de shows. Só para citar, o ator Lando Buzanca, o presidente da Fifa Joseph Blatter, Bill e Hilary Clinton, o maior jogador de futebol de toda a história da Alemanha, Franz Beckenbauer, Alberto de Mônaco, Gabriela Sabatini, Ivanna trump, Victório Gassman e Lisa Minelli já estiveram lá. E, claro, muitos de nossos brasileiros, em especial gaúchos, catarinenses e paranaenses, pela proximidade geográfica.

          Mas, voltando ao espetáculo, o Fernando Soler é o maior representante  da segunda geração tanguista da Argentina e o "Embaixador do Tando no Mundo", já com shows realizados em todos os continenses e nas mais famosas casas de espetáculos. Sua voz estridente e marcante e a maneira calma com que se comunica com os presentes são sua própria marca, além de sua grande capacidade de interpretação, não só de tangos mas também de canções espanholas e mexicanas.

          Ao alto, uma galeria de fotos dos tangistas de primeira geração argentina, capitaneados pelo maestro Astor Piazzola.

          E, as canções interpretadas por Soler são todas acompanhadas pelos seis pares de bailarinos que, no chão do palco, ou impulsionados ao ar por trapézios, parecem voar rumo ao céu estrelado e voltam repentinamente à terra. É um paraíso  dentro de de uma casa de shows.

          Finalmente, o ápice das apresentações: enquanto os jovens dançarinos embasbacam a plateia, voltam as duas mulheres da abertura  e abrem a voz para a canção mais marcante daquele país: "No llores por mí, Argentina"!
E entra uma terceira voz, o poderoso Fernando Soler, e o trio nos contempla com  melhor interpretação possível da canção que traduz os sentimentos de todos para com  Maria Eva Duarte de Perón.  E termina o espetáculo. Nada mais há que se esperar, nada mais há que se possa querer, nem que possa superar a reverência de todos os atores e cantores que, com a mão direita colada ao  peito e os olhos voltados ao céu, a oura mão tocando a bandeira de azul, branca e amarela, cantam: "Não chores por mim, Argentina"! E aplaudimos em pé... e choramos!

Euclides Riquetti
02-02-2013

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