sábado, 3 de março de 2012

Décima Segunda Crônica do Antigamente

        Dia desses, um dia como outro qualquer, daqueles em que nada de novo acontece (e eu adoro rotina), eu observava uns meninos conversando. Eram três. Deveriam ter, no máximo, uns nove anos de idade:
          - "As coisas não são mais como no nosso tempo de criança. Veja, nem conseguem mais brincar. Antigamente, a gente pegava uma bola velha e arrumava um campinho, nem que fosse na frente da casa da gente, na rua, e se divertia. Brincava de se esconder, de por apelidos uns nos outros, de soltar pipa! Agora, tem gente que nunca viu uma pipa, nem sabe o que é um carrinho de rolimã!"

          Meu Santo e Venturoso Deus! Minha Santa, Imaculada e Sempre Virgem Maria! Se esses, em tenra idade, já falam assim, como se o outro dia fosse um "antigamente", imagine, leitora, nós, do quinto e do sexto andar?

          Que bom que eles já conseguem perceber que a vida anda depressa, que o tempo passa célere, que as manhãs de hoje não voltam mais, que um momento que se deixa de viver agora pode não mais acontecer? E, lamentar essas coisas, faz com que eles se sintam vivos, sejam e estejam presentes, percebam a dinâmica do mundo...Ah, que bom se nossa antiguidade, a minha, a sua, fosse tão recente como a deles?!!

          Nós podemos medir nossa idade, nossa trajetória, pelas coisas que fizemos. Ou pelas que deixamos de fazer... pelos livros que lemos, pelas novelas que já acompanhamos,  pelos filmes a que assistimos e que de quando em vez voltam à cena em nossa mente, pelas fotografias que olhamos no álbum, principalmente por aquelas em que estamos junto com alguém querido, dançando, ou numa viagem maravilhosa. E vale também medir pela quantidade de vezes que marchamos num Sete de Setembro, pelos aplausos com que a Dona Maria Fávero, entusiasmada, nos animava em nossas marchas, quando descíamos, devidamente paramentados, garbosamente enfileirados  a Rua Ernesto Hachmann, em Capinzal, tocando bumbo, tarol ou caixa, secundados pelas cornetas que seguiam o Oneide e o Severino Andrioni. Ah, que bons tempos! Que "antigamente" maravihoso... E as marialuizas, denizes, sônias, neuzas, marildas,  marias, teresinhas e terezinhas, anamarias, naires, angelinas, elziras, alziras...

          Ah, a vida da gente é sempre muito maravilhosa, dependendo de como a encaramos, como a sentimos, como a percebemos. E é bom percebê-la já, não esperar que seja tarde.

          Minha musa, Marjorie Estiano, a Manu, despediu-se ontem de "Vida da Gente". De mãos dadas com o Rodrigo e a Julinha. Ela possibilitou que a adorável Júlia recebesse um tiquinho de seu fígado, em transplante,  e isso salvou a menina e o fim da novela. Aliás, a novela foi legal porque o casamento ocorreu já no início, e casamentos de início de filme, novelas e livros, quando acontecem no início, dão só  problemas e mais problemas. E não teve no final. Nem reconciliação teve. Agora a Marjorie está desempregada. Vamos ver qual vai ser seu primeiro emprego. Será na Globo ou no cinema?

          Sabe, o Francisco Cuoco, na novela, estava idosão, pilantrão, bem diferente daquele que fazia pares românticos com a Regina Duarte, a "Namoradinha do Brasil", há quatro décadas. É, ser antigo me permite ver o de "dantes" e o de agora. E deixar escrito, aqui, meus pensamentos, minhas saudades e minhas emoções.

Euclides Riquetti
03-03-2012


      

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