Neste sábado, 10, participamos da festa dos 86 anos de meu tio, Victório Richetti, o último filho vivo de Frederico Richetti e Genovena Píccoli Richetti. Aconteceu no Restaurante do Cabeção, no galpão do CTG, em Capinzal, local bastante rústico, que foi construído há cerca de duas décadas por entusiastas da tradição gaúcha, que procuravam retransmiti-la aos seus filhos. O CTG não manteve suas atividades normais, mas a marca lá foi deixada, é um ambiente aprazível, onde acontecem muitos eventos anualmente.
O Sr. Victório marcou presença em Capinzal e Ouro por ter sido um dos sócios da Indústria de Bebidas Prima, localizada em Ouro, onde ainda mora. E, na juventude, distribuía bebidas aos bares com sua cherrete e buscava cerveja e refrigerantes, como a Pesi-cola, em Caçador, para revender em seu depósito. E fabricava a deliciosa gasosa de Framboesa, com que nós nos deleitávamos. Até há poucos anos, era conhecido como o Velho Richetti, do jipe azul, com que fora presenteado pelos filhos, e com o qual costumava dirigir-se a comunidades do meio rural para visitar os parentes.
A festa permitiu-nos que reencontrássemos muitos primos e primas, os que ficaram na região do Vale do Rio do Peixe, mais os que vieram de Cascavel, filhos do tio César, irmão do tio Victório. E a nossa prima, Irmã Zulmira, que atua em Rondônia. A prima Deonilda Surdi, também filha do tio marcelino Richetti, orgulhosamente nos mostrava seu Boletim Escolar, de quando, em 1949, estudava no Primário: só vi notas altas, a maioria 100,0, algumas 95,0 e raras 90,0.
De minha parte, propus-me levar meu vizinho, Valério Dal Cortivo, sua esposa Terezinha, ele que é primo do aniversariante. Ele e sua gaita de 48 baixos, a qual tem tem 63 anos de história, e pertenceu ao João Valduga, também exímio gaiteiro da Barra do Leão, que fmarcou sua presença animando bailinhos na região, durante décadas. E conseguiu executar umas músicas antigas, daquelas com que costumava animar bailes em Linha Bonita, Nova Petrópolis e outras localidades, quando os salõezinhos, normalmente paióis vagos nas entressafras, sem luz, serviam de palco para a dança, uma das poucas opções de lazer para quem residia no meio rural. Sem luz, sem energia, sem caixas de som e amplificadores, eram o som da gaita e no máximo um violão ou pandeiro que ditavam o ritmo. E o lampião a querosene, com seu pavio chameando dentro do envidraçado, iluminava o ambiente, uma doce penumbra, mas que permitia que os corações snetissem o bater um do outro, e os afagos carinhosos acontececem de maneira nem sempre ingênua e pura. E suscitavam-se paixões, vinham os namoros, noivados, casamentos, batizados...
Na festa, a participação do Coral São Paulo Apóstolo, com integrantes que entoaram canções bastante antigas, vozes maravilhosamente harmônicas e afinadas. E o próprio entusiasmo do aniversariante, que tinha com ele a esposa Corina, os filhos Cosme, Moacir, Vivian, Tânia e seus familiares.
Esses encontros familiares têm acontecido sistematicamente, com as pessoas buscando a reaproximação com seus parentes, com suas origens, o que é muito auspicioso. A conclusão, muito sábia e verdadeira, é de que não se devem reunir apenas em situações adversas, na perda de entes queridos, mas para comemorações, seja lá qual for o motivo. Participar do evento, rever pessoas amigas, familiares, tornou meu final de sábado uma noite muito especial. Que venham outras festas, outros encontros, que se viva intensamente a vida, que se brinde por motivos mais simples que sejam, mas que se brinde com alegria.
Parabéns, Vitório Richetti, e que possamos estar juntos em muitas outras ocasiões especiais.
Euclides Riquetti
11-11-2012
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