quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Poletto - Um amigo que partiu

          O final do dia da terça-feira, 30, foi muito triste para algumas famílias de Joaçaba e região: Perdemos o Luiz Antônio Poletto, conhecido como o Poletto do INSS ou o grande jogador que brilhou no Oscar Rodrigues da Nova e todos os outros estádios do Vale do Rio do Peixe e arredores.

          Conheci o Poletto  há doze anos.  Elegante, bom papo, simpatia extremada, era o tipo de pessoa em que você podia confiar tão logo  conhecesse. Muitas vezes o vi em restaurantes, que costumava frequentar com sua família. Ontem, em seu sepultamento, seu corpo foi juntar-se ao de outros familiares, mas sua alma, pela sua história, pela sua maneira de ser, pelo bem que fez aqui na terra, certamente foi postar-se num belo lugar do paraíso, compensação eterna aos que só viveram a vida com amor e dignidade na vida terrena.

          Em minha infância, sempre ouvia pelas rádios Catarinense e Herval D ´Oeste, jogos de clubes de Joaçaba, com os comentaristas tecendo elogios às destacadas atuações de Poletto. Provavelmente eu tenha atuado contra ele, pois tivemos diversos embates com clubes de veteranos de Joaçaba, quando jogávamos nos do Arabutã FC. Mas só o identifiquei há uns doze anos. 


          Há pouco mais de um ano, encontramo-nos na  festa de aniversário de sua irmã Terezinha, ele já estava doente, mas ainda forte, falando calmo e pausadamente. Sentou-se bem à minha frente e conversamos muito sobre futebol. Contou-me sua história, que se dividiu entre o futebol,  a paixão e o trabalho. O trabalho, no INSS, veio em função de não ter desejado seguir a carreira nos grandes centros, pois desejava ficar em Joaçaba, sua cidade, e o motivo principal e indiscutível era a paixâo que nutria pela namorada, com quem casou-se, fez família, e viveu feliz todos os anos. Agora, com 71, foi para a morada eterna. Sua esposa pode ter certeza de que tinha um marido discretíssimo, mas devotadamente apaoxonado.

          Naquele almoço, perguntei-lhe o porquê de não ter seguido carreira no futebol, sabendo que fora um dos maiores talentos que nossa região produziu em sua história, habilidoso, sério, dedicado, um gentleman em meio a turrões. E veio a conversa:

          "Estive no Grêmio de Porto Alegre, em minha juventude, treinei umas vezes com o competente Osvaldo Rolla, que gostou de meu futebol e pediu para a Diretoria contratar-me. Fiquei na casa do Lourenço Brancher, amigo e parente, que era doente pelo Grêmio, me acompanhou em treinos, e nos alojamentos do clube. À noite, ficava  sem dormir, pensando na minha namorada, de quem eu gostava muito, e se lá ficasse iria sentir muitas saudades. Então recusei ficar, voltei, fiquei um pouco em Joaçaba e fui para Curitiba, treinar no Atlético Paranaense, onde tinha já uns conhecidos, e ficaria mais fácil pra vir a Joaçaba ver minha namorada. Mas a saudade foi maior, eu não queria ficar longe, então voltei, fui trabalhar no INSS e casei com ela, que é quem me cuida, tenho o apoio de meus filhos, me faz feliz, está comigo em todas as horas, devo muito a ela".

          A história do futebol qualificado do Poletto, todas as pessoas da geração dele muito bem conhecem. Dia desses, falando com o Severino Dambrós, lá em  Capinzal, ele me dizia que jogou como companheiro e como adversário dele, que era um verdadeiro jogador de futebol, não daqueles produzidos pela mídia. Era, sim, um verdadeiro craque. E não estou dizendo isso apenas porque ele partiu. Digo porque a sua história veio até mim ao longo dos anos, e nunca imaginava que na última tarde de outubro de 2012, silenciosamente, nos despedimos dele sob uma chuva calma, que bailava no ar , e que se colocava sobre a grama verde, ao redor de seu jazigo. E muitas flores estavam ali,  colocadas pelo carinho das pessoas que conviveram com ele. Sobre uma grama verde vigorosa, como aquela que, em muitos campos, sentira o vagar suave de seus passos flutuantes conduzindo a bola...


Euclides Riquetti
01-10-2012


         

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