segunda-feira, 11 de junho de 2018

O pós-greve e a mudança de comportamento dos consumidores



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       Passados os primeiros dias após a volta da circulação dos caminhões nas rodovias, vê-se a escalada de preços de alguns produtos, principalmente nos hortigranjeiros. Mas, também, pude observar o critério com que as pessoas procuram os produtos nos mercados, selecionando o que lhes é conveniente comprar. Olham os preços, fazem cara feia, não levam os produtos, ou compram bem menos do que são acostumadas, buscam alternativas, substituindo um produto por outro.

       Conversando com essas pessoas, é possível ver o quanto entendem de economia. Mais do que muitos economistas teóricos. Compreendem a Lei da Oferta e da Procura como poucos. Há a oferta já, normal, mas os preços estão acima dos que conheciam antes da crise. Então, compram menos do que costumavam, escolhem produtos que estão já há alguns meses nas prateleiras. Pequenas mudanças de hábito que lhes farão bem ao bolso.

       Ainda, é possível ver que há bem menos carros andando nas ruas. O preço alto da gasolina, para os postos onde abasteço quarenta centavos a maior, nos indicam aumento de 10%. Isso é muito. E, num ano, a gasolina ficou 50% mais cara. Se o dólar subiu 10 12 por cento, se o petróleo subiu 20 ou 25%, o reajuste do preço dos combustíveis foi desproporcional.

       O Brasil, segundo o ex-ministro Delfin Neto, incentivou, a partir de 2009, o crescimento da frota dos caminhões, facilitando os financiamentos com juros baixos e isentando impostos, prevendo um crescimento da economia em 4% ao ano, o que não aconteceu. Então, a oferta de fretes aumentou acima do que foi a necessidade de caminhões para transportar os produtos, fazendo com que houvesse a queda dos preços dos fretes. Agora, o Governo tenta ajustar a economia com intervenção legal, não de acordo com o comportamento do mercado. E isso poderá ser fatal para o Brasil.

       Em 1972, participei de palestras com um superintendente da Petrobras de São Mateus do Sul, onde se implantava a industrialização do xisto. Eu tinha vários colegas de classe, na faculdade, que trabalhavam na usina, tanto na operação quanto na administração. O Brasil buscava ser auto-suficiente, o planejamento era nesse sentido. Depois vieram os programas de produção de álcool, e a melhoria do padrão do transporte ferroviário e do de cabotagem. Mas houve um descuido governamental e o transporte rodoviário de cargas, consumindo o óleo diesel, passou para mais de 65%. Fala-se em até 80%. Erros de planejamento, decisões políticas erradas, má gestão da Petrobrás, corrupção, etc.

       Além da complexidade de todo o sistema de prospecção, retirada e produção do petróleo, há a logística da distribuição dos combustíveis, a alta tributação, os lucros e uma série de interesses contabilizáveis. Certas, estão as donas de casa que estão comprando com muito critério. Certos estão os que estão andando um pouco mais a é ou de ônibus, para comprar menos combustível. E o Governo que faça sua parte, replanejando a produção de energia, cuidando dos programas de implantação de usinas hidrelétricas, abrindo a possibilidade de implantação de ferrovias através de PPPs, repactuando os contratos de concessão de rodovias pedagiadas, e as montadoras produzindo caminhões o em número adequado às necessidades brasileiras. Há outras medidas que você, leitor, deve conhecer e que sabe que podem a ajudar. Estamos presenciando uma severa mudança de comportamento da sociedade.

Euclides Riquetti – Escritor – Membro da ALB/SC

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