domingo, 9 de junho de 2019

As vias da democracia



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      Costumo dizer que a democracia brasileira não segue padrões,  é atípica. Então, estabeleço, para mim mesmo e meus interlocutores um caminho, uma espécie de via ou estrada por onde os políticos correm, cada um com sua opção partidária, com seus costumes e vivências.

       Assim, realizo-a com um leito de seis metros de largura, em que traço cinco pistas, sendo quatro de um metro e outra de dois metros de largura, por onde os políticos costumam transitar. A de dois metros, ao centro, com duas de um metro em cada um de seus lados. É uma estrada longa, sinuosa, confusa.

       Na primeira, à esquerda, situam-se os que são filiados aos partidos de esquerda, notadamente os do PT, PCdoB, Psol. Na quinta pista, a da direita, alojo os recém-chegados, alguns neo-políticos, onde se alojam os do PSL e afins. Na do meio, com dois metros, a mais larga, transitam os de vários partidos, comportando PSDB, PMDB, PP, PTB, PSD e DEM. De nosso amontoado de partidos, cujos filiados nem sequer conhecem seus programas, sobram a segunda e a quarta pistas, de um metro de largura cada uma. Alinhando-as, ficamos com raias enfileiradas onde os que correm por elas buscam alguma direção, ou direção nenhuma. Isso lhe parece controverso? Pois é isso mesmo! Para clarear ou para confundir de vez sua cabeça.

       Sempre digo que a esquerda e a direita são necessárias ao País. A esquerda nos governou em 14 dos últimos 20 anos. A direita nos tem governado por 5 meses e uma semana. A turma do centro, a que anda na larga raia do meio, “cuidou de nós” por umas três décadas. Centro e esquerda sucederam os governos militares, ficaram o tempo todo classificando a direita como incompetente e corrupta. Pois conseguiram fazer pior do que eles, deixando campear a corrupção, a ladroagem, o apadrinhamento aos incompetentes, a omissão em questões muito sérias e o aparelhamento ideológico no funcionalismo público e nas universidades.

       Temos uma confusão política, uma certa incapacidade administrativa e, agora, uma direita tentando impor sua ideologia. Há três décadas e pouco, li e escrevi uma monografia sobre o educador Moacir Gadotti, que esteve em Capinzal recentemente palestrando no Simpósio Pedagógico do Colégio Mater Dolorum, e tive o entendimento de uma de suas linhas de pensamento onde diz que todo o ser oprimido se torna um opressor em potencial. Trazendo isso à realidade, dá para ver que a esquerda foi oprimida durante o período do Governo dos Generais, surfou nas ondas acalentadoras dos governos do MDB e do PSDB, oprimiu a direita por 14 anos e, agora, a direita dá o troco a partir do Governo de Jair Bolsonaro.

       E, nesses anos todos, em mais de 30 anos de redemocratização, o centro, que não gosta de ser chamado de Centrão, deu as cartas do jogo, aproveitou-se de todas as situações possíveis, ajudou a quebrar o Brasil, derrubou Collor e Dilma, o primeiro por causa de uma Fiat Elba e esta por causa de uma pedala fiscal. Fez como o agente que joga droga no carro do malandro para incriminá-lo... E tem as rédeas da condução do destino econômico e político do País, vai continuar dando as cartas do jogo, aprovando, no Congresso apenas o que lhe convém.

       E é aí que vem a importância de que se ocupem a segunda e a quarta raia da estrada da democracia. A esquerda, posicionando-se na número dois, fazendo a oposição necessária e responsável, mas com um comportamento ético e lúcido. Enquadro nesse caminho políticos do calibre do catarinense Neodi Saretta e do gaúcho Paulo Paim. Os da direita, que transitem na raia número 4, deixem de ser ridículos, pensem no Brasil com seriedade, sem tentar impor sua ideologia de direita, que é tão nefasta como a da esquerda radical. Posso sugerir o seguimento de pensamentos como os dos ex-Deputados Odacir Zonta, Otávio Gilson dos Santos, Jorgelino Rosa e do atual Senador Jorginho Melo.

       Já os que ficarem se alojando no caminho do Centrão, continuarão ainda detendo forte e considerável poder, mas cedo ou tarde vão acabar banidos da política como o foram muitos de seus colegas nas eleições do ano passado. Precisamos de políticos com responsabilidade!

Euclides Riquetti – Autor de Crônicas do Vale do Rio do Peixe e outros lugares  www.blogdoriquetti.blogspot.com

Um comentário:

  1. Richetti me perdoe, para mim, você conseguiu embolar ainda mais o meio campo político. Claro que a direita e a esquerda são necessárias para a harmonia, é como se fossem os dois pratos de um balança.
    Qualquer bobo vê aquilo que fizeram aqui, a partir de 2006, primeiro o "Mensalão", depois a 'Lava Jato", o trabalho sujo da mídia e a instrumentalização do Judiciário e das Forças Armadas a partir de Washington. Tudo isso visou recolocar em "seu lugar", aqueles que se perpetuaram por mais de 500 anos, ou melhor, desde que chamaram isso aqui de Brasil. Ou vocês entendem que Aécio, Serra, Temer, e agora a "Idiocracia" dos 'Bolsonada" querem o quê quando destroem e entregam tudo aquilo que nos permitiria a soberania? Querem corrupção maior que essa?
    Aqui sempre foi assim: voltemos apenas à época de Vargas, depois Jango e agora o PT com Lula/Dilma. Bastou uma parte da sociedade mobilizar-se pela inclusão: (distribuição da terra, moradia, saúde, educação, segurança...que a turma que sempre mamou, a começar pelo Império, nossa elite tola e a classe média emburrecida desfraldassem a velha bandeira udenista da corrupção para, desmoralizando, desmobilizar os "intrusos".
    Corrupção, para mim, é como se fosse a gripe. Ela está aí e você precisa conviver com ela, ou então, fazer como fazem os adoradores do "conge", achando que esse idiota acabará com A maldita corrupção.
    Combater esse mal é necessário, mas quando ataca-se somente um dos lados fica muito difícil entender.
    O que está nos matando é esse maldito neoliberalismo e a falta completa de um projeto de Nação, seja ele de esquerda, de direita ou de centro. Não importa em qual pista se ande, há que andar direito, com objetivos claros para todos, não apenas para os rentistas e os bancos...
    Explicando Conge: é como Moro chama cônjuge. Ele também confunde sob com sobre, câmera com câmara. Como dizem: o seu forte é a língua inglesa...

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