quarta-feira, 7 de outubro de 2020

A assustadora alta dos preços (e a falta de consideração com os idosos)




       É assustadora a alta dos preços no Brasil. Em nossa microrregião, não se foge à regra. A Lei da Oferta e da Procura, a mais natural a regrar a economia, nunca esteve tão invocada como no decorrer deste segundo semestre de 2020. Há razões que vão além da possível redução da oferta e do aumento do consumo... justifica-se com o aumento do volume das exportações, a alta do dólar e do consumo durante a pandemia. E, diz um internauta: “É o efeito do fique em casa.  Para de produzir, consuma bastante e deixe que as coisas aconteçam...”

       Tenho lido e ouvido as reclamações sobre a alta de preços de alguns produtos do consumo cotidiano das famílias brasileiras e as maiores e mais propaladas recaem sobre o arroz, o leite, a carne e o óleo de soja. Mas, além desses gêneros de primeira necessidade, há que se mencionar a de parte dos medicamentos, material de proteção pessoal como as máscaras cirúrgicas e as luvas que são utilizadas pelos que atuam na manipulação de alimentos. Em Santa Catarina, houve a tentativa de um aumento exagerado no fornecimento de energia elétrica, mas que foi barrado pela Justiça, ao menos para que não aconteça de imediato.

       No entanto, tão preocupantes quanto todos esses, são os aumentos verificados nos materiais de construção, em material de informática e mesmo em artigos para o lar. Primeiros foram os computadores. Notebooks que eram ofertados por R$ 1.399,00 em novembro do ano passado, estão sendo vendidos a R$ 3.099,00. Mesma marca, mesmas configurações, mesma capacidade de armazenagem de dados e velocidade. Há uma explicação simples para isso:  Muitos aparelhos pessoais tiveram que ser substituídos por outros com mais capacidade de resolução. Também muitas novas aquisições para facilitar o manuseio pelos usuários estudantes e pelos professores. Pelos educandários, pelas prefeituras, pelos estaduais e federais. E a corrente levou à situação de alta de preços em razão da aceleração das compras.

       Na área da construção civil, que foi a primeira a retomar as atividades produtivas durante a pandemia, os preços, pelos diversos motivos e razões, estão já fugindo do controle. Aumentos em até 100 por cento na fiação elétrica e até 50 por cento nos metálicos, incluam-se ali o ferro para construção e mesmo as embalagens das latas de tintas. Estas, com mais de 20 por cento de reajuste, conforme as marcas, não pela alta dos insumos derivados do petróleo, mas justamente por causa das embalagens e pelo aumento do consumo. É certo que a alta dos preços tem sido atribuída à vontade de as indústrias recuperarem os preços que vinham sendo defasados pelo freio do consumo nos últimos anos.

       Mas, indo para a área social e política, é necessário mencionar que no dia 27 comemoramos o Dia Nacional do Idoso. O Dia Mundial, no dia 01 de outubro, quinta-feira. A classe política, especificamente a local, deveria se preocupar mais com o idoso e ir além de oferecer discursos bonitos e lazer, este, aliás, inexistente no momento em razão dos necessários cuidados com a saúde, por causa da pandemia. Estudos do Dieese apontam que em 34,5 % das residências brasileiras há ao menos 01 pessoa com mais de 60 anos de idade, sendo que 83% delas moram com outras pessoas e 17% moram sozinhas. E 23 por cento delas continuam a trabalhar.

       Por conta da pandemia, muitas pessoas ativas voltaram a residir com os pais e avós por terem perdido o emprego ou terem reduzidos os seus salários e isso resultou no aumento dos índices de violência contra os idosos e a mulher. Agressões e até assassinatos, com destaque aos feminicídios entre os casais mais jovens por causa da intolerância.  

       Então, agora que se passaram mais quatro anos e não vimos grande evolução na questão de benefícios aos idosos, quando foram realizadas apenas as questões básicas, como em todos os lugares, é bom que todos os candidatos ao Executivo e ao Legislativo perguntem a si mesmo: 1. O que tenho feito em favor do idoso? 2. Tenho conhecimento e ciência de que o percentual de idosos entre a população está crescendo e muitos deles não têm sucessores, consequentemente passarão a depender dos cuidados do serviço público? O que se poderá fazer pelas pessoas idosas que já perderam os companheiros (as) e os filhos terão que sair para trabalhar? Quem cuidará delas? Onde ficarão no tempo em que os filhos estiverem fora? Como serão arcados os custos com seus cuidados se as aposentadorias não permitem a autossuficiência, muitas vezes nem suficientes para cobrir os gastos com saúde?

       Na semana passada, um familiar meu esteve numa repartição pública para requerer um documento. Após agendamento por meio digital. Na repartição, encontrou uma pessoa que lá havia ido para requerer um documento e, enquanto um funcionário atendia meu familiar, outros dois nada faziam. E diziam ao idoso que ele tinha que agendar por internet para que pudesse ser atendido. Mas ele disse que não sabia lidar com isso, que era idoso e não tinha internet. Então, senhores, ISSO É MUITO SÉRIO!  Onde está o respeito ao IDOSO? Os decretos e as portarias, ou o que quer que seja, estão acima dos direitos do cidadão? Vocês têm consciência de o quanto as pessoas são maltratadas pelo poder público, que se torna semideus, enquanto a sociedade parece ter pouco valor? Então, especificamente, quem já ocupou ou ocupa cargos, no Executivo e no Legislativo, entendam que o Ser Humano está muito acima das leizinhas e normas que vocês ajudam a criar e aprovar. Fazer o trivial é sua OBRIGAÇÃO, fazer o melhor pelas pessoas é condição humana e de dignidade.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com

2 comentários:

  1. A situação que estamos vivendo é fruto, muito mais do desgoverno (temer-bolsonaro), do que qualquer outro fator. Claro que a pandemia tem seu peso nas nossas dificuldades diárias, porém, precisamos analisar com mais profundidade o nosso caso para compreendermos.
    O grupo que, ao arrepio da lei, tomou o Planalto tinha claro seus objetivos desde muito antes:
    .Destruir e entregar nossas empresas ao capital internacional Petrobras (pré-sal), Embraer, Odbrecht... tudo com o apoio e a orientação do Departamento de Estado Americano, FBI e os cambal, mancumonados com Lava Jato, Congresso, STF, bancos, grandes empresários, mídia, etc... Que se f. a nação, eu quero meu lucro! Esse é o pensamento do tirano fascista e seus tiranetes ( aqueles que o elegeram), todos os que ainda se animam com ele.
    .Transformar, assim, o Brasil num mero fornecedor de commodities (grãos, minerais, petróleo bruto...). Aqui vale a máxima da Globo - AGRO É TECH, AGRO É TUDO. Eu diria que AGRO, desse jeito, é a desgraça da nação, pois privilegia somente os grandes, destrói o meio ambiente, concentra renda, gera desemprego e fome. Se alguém tem alguma dúvida basta olhar o que fizeram com a Petrobras Distribuidora. Doaram-na. O maldito STF acabou de bater o martelo dias atrás.
    Cadê as Forças Armadas para defender o Brasil dos predadores? Eles deveriam fazer aquilo que a Constituição lhes determina, evitando emiscuir-se tanto na vida dos brasileiros.
    De tanto dar ordem unida, vão acabar idiotizando duma vez essa pobre nação. Voltamos, infelizmente, aos horríveis/terríveis anos da ditadura 64. Quem não consegue perceber basta observar a felicidade do capetão bolsonaro. Ri, de orelha a orelha.. e isso é só o começo.
    Então, penso que o arroz é apenas um exemplo, o óleo, o feijão...outros virão.
    Esse governo não tem nenhum projeto para o Brasil. Seu único objetivo é executar, à risca, as tarefas mencionadas acima.
    Quer um exemplo daquilo que falo: temer/bolsonaro e seus cupinchas autorizaram a exportação de grãos porque o câmbio flutuante ajudava e praticamente zeraram os estoques reguladores. Aí está o principal problema, o resto, como disse Paulo Henrique Amorim, de saudosa memória - 'É o luar de Paquetá' Eles nunca pensaram na segurança alimentar do brasileiro, apenas no lucro dos endinheirados. Segundo li, para o governo, os barracões da CONAB precisam ser vendidos, pois não dão lucro.
    Outro exemplo: o tratamento hostil à agricultura Familiar (falta de apoio, destruição dos órgãos de auxílio).
    Como vemos, no Brasil, as dificuldades vão muito além da pandemia.
    Esse gigante está à deriva...até quando?
    HH


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  2. Correção - onde está escrito emiscir-se, leia-se imiscuir-se.
    MM

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