domingo, 8 de agosto de 2021

Nossa Ferrovia - Um caminho econômico – cultural – romântico – bucólico

 


Foto de 1930 - Presidente Getúlio Vargas chega à Estação de Rio Capinzal, seguindo depois para Porto União da Vitória

       De vez em quando volta à baila o assunto ferrovia, em especial nossa mais que centenária estrada-de-ferro, que nos serviu por mais de 70 anos. Economicamente, serviu para transportarem bovinos e suínos para Sorocaba e São Paulo, madeiras para os portos, grãos, frutas, pessoas que viajavam. Nas conexões com São Paulo e Buenos Aires, fomos caminho para a elite social e política brasileira. Hoje, está em nossas mais graciosas lembranças, vista no aspecto cultural, romântico, bucólico.

       A importância econômica dela é indiscutível. Serviu e pode voltar a servir. É muito lero-lero em cima da questão. Para o transporte regular da produção, pode servir de conexão do Oeste para com os portos que se situam no Atlântico. Pode servir o Brasil e os países à nosso Oeste. Sé não é economicamente viável, por que ninguém larga o osso?

       Imaginem aquele  leito ali existente, patrimônio consolidado, que não precisa de indenização para ser aberto, nada de explosões, nem de toda a burocracia institucional, nem de intermináveis conflitos jurídicos. Ora, se o governo Federal quiser fazer valer seus direitos, pois os concessionários não cumpriram com seus contratos, é pegar e usar. Ou largar. Nem precisa de muito discussão, é apenas uma questão de praticidade e determinação. Podem ter certeza, leitores, que empreendedores, não especuladores somente, nacionais ou estrangeiros, podem fazer  “chover pra cima”, se forem desafiados.

       Para o transporte da produção da América do Sul, uma completa reestruturação. Aproveitam-se o leito e as artes correntes, mesmo que precisem ser revisadas. Vendem-se os trilhos, os dormentes viram lenha e colocam-se dormentes ecológicos, de matérias sintéticas, duráveis, e trilhos de bitolagem adequada. E uma completa estrutura lindeira, muitos empregos gerados e muita movimentação econômica. E a redução da “encrenca rodoviária”, que já é grande. O grande capital da ferrovia é o seu LEITO.

       Vou mencionar, aqui, escritos de minha autoria, que publiquei no Blog do Riquetti:

       “Quase duas horas admirando os paredões de pedras, os muros de contenção e as artes correntes que foram confeccionadas pelos trabalhadores na primeira década do Século XX. Muitos conflitos, mortes, desentendimentos e entendimentos. Uma obra com derramamento de sangue e secundada pela Guerra do Contestado. Um ferrovia que foi privatizada e que foi desativada. Uma estrada abandonada que corta todo o Vale do Rio do Peixe, desde a divisa com o Rio Grande do Sul, em Marcelino Ramos, para nos levar a União da Vitória. Uma ferrovia que originou histórias e romances. Algo que marcou a vida de milhares, quem sabe de milhões de pessoas que por ela transitaram nos mais de 70 anos em que esteve em operação.

          Agora, a pergunta: "Por quê? Por que, em tempos em que as BRs estão apinhadas de veículos, não de recupera para finalidades turísticas ou então se moderniza para o transporte da produção regional?"  Certamente que a resposta, alguma hora virá. É uma patrimônio histórico, cultural e econômico fantástico.

          Sabemos que já há decisão judicial irrecorrível de que os proprietários devem recuperar a ferrovia e deixá-la em condições de operação comercial. Sim, porque quando a adquiriam, essa era a condição legal. Se deixaram que chegasse à condição atual, é problema deles que não cuidaram do que era seu de direito mas também de dever. De nossa parte, estamos juntos para defender nossa história e nossa cultura. Muitas vidas foram sacrificadas e muitos conflitos gerados para sua implantação. Entendemos que, agora, não é justo que todo esse sacrifício fique relegado a não ter importância".

      Hoje, quando olhamos para aqueles trilhos abandonados, e uma vegetação exuberante nas margens do leito, muitas flores e árvores frutíferas nas áreas urbanas por onde passava a ferrovia, num cenário totalmente bucólico e muito romântico, nos emocionamos. Boas e inesquecíveis lembranças. Certamente que há muitas mentes se movimentando, fazendo cálculos. Outras, movendo-se pelas lembranças românticas. Certamente que alguma coisa ainda vai acontecer.

Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogpot.com


Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC

em 06-08-2021

    

      

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