A Frase "Ao povo pão e circo", (ou quaisquer outras similares), é comumente usada por pessoas que não concordam quando o Poder usa o dinheiro público para oferecer entretenimento "gratuito" à população. Em minha opinião, isso é relativo, há os que concordam e os que discordam disso. Ambos têm razão, pois depende do ponto de vista como isso é encarado e dos propósitos de ação implementada.
Aqui em Joaçaba, a esse respeito, a opinião pública é bem dividida, por causa dos gastos com o carnaval. E, se atentarmos para a argumentação de internautas que fazem comentários nos sites locais, vamos constatar que é mais ou menos isso.
O Carnaval de Joaçaba, que sempre se disse que seria "De Joaçaba e Herval D Oeste", é organizado pela LIESJHO, Liga Independente das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval D ´Oeste. O atual presidente é o Engenheiro Felipe D ´Agostini. O tesoureiro da Liga é o Gilmar Bonamigo, Policial Civil advogado, marido da Eliane Bazzo, também da Civil, filha do Selvino e da Professora Nair Baretta Bazzo, são ambos lá do Ouro. O Gilmar foi presidente até o ano passado. A última vez que falei com ele foi na terça, 19, aqui no Teatro Alfredo Sigwalt, em Joaçaba. Ser tesoureiro é mais trabalhoso do que ser presidente.
Conheço centenas de entidades de nossa microrregião, de Santa Catarina e do Brasil. Poucas delas têm a capacidade de organização que a Liga tem. Há a necessidade de muito trabalho, muita capacidade de liderança e articulação, e muita dedicação para se organizar vum carnaval como o de Joaçaba, que é, seguramente, um dos melhores do Brasil. Não sou um expert nessa área, mas já vi o de algumas cidades brasileiras e o "nosso", em termos de qualidade, só perde para o do Rio de Janeiro. Duvido que as escolas de São Paulo tenham mais samba, luxo e alegria que o de Joaçaba. Têm maior número de escolas, maior número de integrantes em cada uma, mas isso não denota qualidade. Podem ter em igual nível, mas não melhor.
Seguindo o planejamento de cada uma, antes mesmo do carnaval deste ano ter seu desfile concluído, sabe-se que já têm o tema de seu enredo escolhido. Ouvi o Marcos Zanardo, da Vale Samba, dizer que já tem o tema para 2014, mas que vai deixar a turma descansar um pouquinho e só então dizer qual é. Mas nunca passa da Páscoa o prazo para que os simpatizantes saibam qual será o escolhido. E, por mais simples que possa ser, conseguem transformá-lo numa grande ideia, num grande projeto, num grande desfile. E é por isso que eu digo, tranquilamente, qu sabem muito bem fazer um carnaval.
A Liga recebeu, neste carnaval, R$ 2.300,00 de dinheiro público. São R$ 600 mil da Prefeitura; R$ 1.200 mil do Estado; e R$ 500 mil do Governo Federal. A despesa para a montagem de toda a estrutura de arquibancadas, camarotes, som, serviços e jurados fica em R$ 1.000.000,00. O restante é repassado para as três escolas tradicionais, Vale Samba, Unidos do Herval e Aliança. A Liga não faz repasses para escolas novas, como é o caso da Acadêmicos do Grande Vale. Para ter esse benefício uma escola precisa desfilar por dois anos seguidos e provar que tem como efetivar-se. O primeiro desfile da Acadêmicos teve 550 componentes, bem menos que metade do que as demais, que têm no mínimo 1.200 cada. As pessoas que aceitam carregar "o fardo" de organizar o carnaval merecem o meu aplauso.
Como você pode constatar, o agito por aqui é grande. Têm vindo turistas de vários estados brasileiros e do exterior para ver nosso carnaval. A opinião pública é dividida. Há muita gente contra porque constatam que a cidade tem muitas carências na área social e estrutural que o dinheiro deveria ser usado para resolver isso. A outra parte diz que os recursos da cultura dão diferentes. Também acho, mas posso falar com conhecimento de causa que quando uma das esferas públicas projeta a peça orçamentária para cada exercício, nada há que determine que o dinheiro seja colocado num ou outro setor. Apenas a Educação e a Saúde têm os percentuais constitucionalmente definidos. E nossos problemas são gritantes e precisam de urgentes soluções.
Concordo plenamente que a cidade tenha seu carnaval, que lhe dá projeção nacional. Não acredito que a movimentação econômico-financeira da cidade recupere os investimentos feitos pelas três esferas, embora dizem ter estudos que provam que sim. Mesmo porque não temos uma rede hoteleira na cidade para comportar a vinda de turistas que fiquem todos os cinco dias na cidade, como têm Treze Tílias e Piratuba. E nem temos agências receptoras que estejam "bem" conectadas com agências emissoras de outras cidades. Já sugeri ao Bonamigo para qu isso seja melhorado. Em termos de turismo temos muito ainda que aprender.
A grande verdade é que as autoridades não têm como negar ajuda às escolas. Se o fizerem estarão sendo crucificadas.
Também já vi "otoridade" dizer que o carnaval é a expressão da cultura joaçabense. Puro engano. É um atrativo turístico e de lazer que pode até dar lucro para os empreendedores, mas temos autênticas formas de manifestação que denotam nossa cultura e que não têm nenhum apoio. É pura incompetência e ignorância. Ou estou errado??
Péricles, governante grego que viveu de 495 a 429 antes de Cristo, construiu a cidade de Atenas considerando o que de mais sofisticado havia em Engenharia e Arquitetura para sua época. Construiu templos, arenas e teatros. E, fazia colocar no orçamento do país, anualmente, recursos para que o Poder Público pudesse comprar ingressos de teatro para que os pobres pudessem ter acesso à cultura. Então, "bolsa cultura" não é invenção de agora, é coisa muito antiga. No Brasil, o dinheiro mais mal empregado e pouco ficalizado é o da cultura. E, na maioria, é utilizado por aproveitadores que oferecem ao povo enetos pseudoculturais. É uma vergonha!!!
"Pão e circo", na verdade, é o que mantém o populismo nos governos. É uma prática que só acabará quando o nível de escolaridade no Brasil e nos outros países da América Latina melhorar muito. E quando as pessoas que defendem alguns princípios éticos e morais saírem do casulo e se manifestarem. Suas versões da verdade poderão contrapor-se às demais. Enquanto isso, vamos usar nossa liberdade de expressão para mostrar os dois lados da moeda.
Euclides Riquetti
23-02-2013
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