Nesta segunda, visitei o estabelecimento de um amigo, aqui em Joaçaba. Conheço-o há mais de duas décadas. É uma pessoa que escreveu sua biografia calcada no trabalho. Não precisa ser promovido, pois está "no mercado" há muitos anos, construiu seu patrimônio cultural e intelectual sem precisar de padrinhos. Comentamos vários assuntos, de política, de gestão pública, meio ambiente e até um pouco sobre futebol. Gosto muito de conversar com gente madura, que já percorreu todas as espécies de caminhos.
Ambos somos pessoas de opinião firme, não precisamos "bailar" de acordo com as convenções ou os interesses. Enfim, não precisamos "dançar conforme a música". Podemos pautar nossa conduta sobre as verdades que defendemos, não precisamos de que todos gostem de nós. Algumas vezes, pelas posições que defendemos ou tomamos, levamos ferro. Mas não nascemos para sermos simplesmente tapetes. E nem precisamos que nos coloquem tapetes para pisarmos.
Uma das histórias que o cidadão me contou calou em mim. Dizia ele que uma senhora, sua conhecida, projetou e idealizou o caminho que uma filha devesse trilhar, desde pequena. Sonhou e proporcionou a ela, junto com o marido, o melhor em termos de educação. Bons educandários e todos os materiais e acessórios que lhe permitissem angariar uma base sólida de estudos, com o fito de, ao tornar-se adulta, ter uma ocupação digna e rendosa, possivelmente constituir sua própria família, palmilhar seu próprio caminho.
Sabemos que muitos pais movem montanhas para verem seus filhos felizes e realizados. Bancam-lhes as melhores escolas, os cursinhos, as melhores acomodações e as melhores faculdades. Não bastasse isso, colocam em suas mãos um carro aos dezoito anos, cartão de crédito, etcetera e tal. Outros, apenas lhes dão a educação familiar e os colocam para estudar em escolas públicas (até mesmo porque não possuem dinheiro suficiente para dar-lhe boa vida). E eles que se virem. E, muitos desses, conquistam excelentes posições no meio em que vivem. Vão buscar, além da Faculdade, as especializações, os mestrados, doutorados e mesmo o pós-doc. Vários filhos de amigos meus e até ex-alunos foram para o exterior, com suas próprias pernas. E cabeças...
Mas, voltando lá atrás, disse-me o amigo que a tal senhora andava muito contrariada porque organizou uma bela festa de casamento para sua filha e, no dia, a noiva não aceitou tirar fotos junto às mesas dos convidados, nem mesmo foto com uma das avós. Disse que isso era coisa fora de moda, "cafona", que não tiraria, que a festa era dela e pronto.
Esse filme já vi antes. Vi em película e em digital. Os pais programando a vida de seus filhos e, com muito orgulho, desejando mostrá-los para seus amigos no dia da formatura ou do casamento. E os filhos dizendo que a formatura é deles, o casamento é deles, tudo é deles e que tem que ser do jeito deles. Para mim, usando um chavão bastante surrado já, digo: "Nem tudo a Pedro e nem tudo a Paulo".
Isso, hoje, acontece com muitas famílias. Há um hiato considerável entre a maneira de pensar dos pais e a dos filhos. O diálogo, antecipado, ainda é a melhor saída. Buscar uma solução convergente se faz necessário. Mas os filhos também precisam esforçar-se para entender a posição dos pais. Até mesmo porque, sem o dinheiro deles, não haveria festa alguma. O fator pa(i)trocínio precisa ser considerado. Fortemente!
Euclides Riquetti
20-03-2013
Prezado Euclides,
ResponderExcluirAcesso seu blog com frequencia, lendo principalmente os relatos históricos. Sabe que o seu perfil seria exato para perambular pela minha Luzerna, com esporádicas escapadas até Joaçaba, por vezes Ouro/Capinzal, até perder-se lá pelas bandas da Carmelinda/Filadélfia. Mas a gente "sabemos" que isso tudo é apenas a palma da sua mão.
Abração sem tamanho
Enorio Luiz Simon