segunda-feira, 2 de junho de 2014

O Biluca e sua maneira divertida de viver...

           Há 24 anos atrás chegava em Capinzal/Ouro um jovem de 28 anos, cheio de energia, muita vitalidade e com um sorriso permanente no rosto: Biluca! Vinha para jogar futebol. Da mesma forma apareceram Jaguari, Carlos Augusto, Serjão, Tarcício, Deco. Juntaram-se a Claudinho Assis, Dinho, Pneu, Mídio, Paulinho Frighetto,   e outros "nativos" e concordienses na formação do Arabutã Futebol Clube, comandados por Osmar Reese, o "Cavalo Velho". Este, secundado pelo Doutor Hugo Riffel, formaram um esquadrão que se tornou Vice-campeão estadual de futebol amador em Santa Catarina. Mas adiante, já com Antônio Nunes, o Lico, que fora Campeão Mundial Interclues pelo CR Flamengo, do Rio de Janeiro, o Arabutã, ainda com a presença de Biluca, e alguns remanescentes, tornou-se Campeão Estadual.

          Descrever o Biluca para quem o conheceu é muito fácil. Difícil é transmitir o que ele reaalmente era para quem  só soube dele agora, após a sua morte, ocorrida no dia 29 último.

          Conheci o Biluca quando eu era Prefeito em Ouro. Chegou ao meu gabinete porque precisava que eu o ajudasse a resolver uma pequena pendência junto ao Nacional de Muriaé, Clube de Futebol de Minas Gerais. Eu já o aplaudira nos jogos do Arabutã, na Baixada Rubra, nosso estádio em Ouro. Apresentou-se, falei meu nome, e ele: "Muito prazer, Sebastião Malaquias"!

          Falamos muito de futebol, contou-me sobre sua carreira. Perguntei-lhe se jogara com o Osmar Guarnielli, que fora do Bofatogo e da Seleção Brasileira, disse que foram parceiros na defesa do Galo. Agora ele estava trabalhando na Prefeitura de Capinzal, cozinhava no refeitório dos funcionários, junto à Garagem Municipal e jogava no Arabutã. Sua esposa, Maria Auxiliadora, uma morena muito caprichosa e também simpática, tornou-se professora em Pinheiro Alto.

         Por duas décadas moraram numa casa do Município, ali atrás da Prefeitura. Lia, como era conhecida, efetivou-se no quadro de servidores do Município, tornou-se Pedagoga. Antes, cursara, parcialmente, Letras. O pessoal do Pinheiro Alto, de origem italiana, gostava muito dela. O Casal Biluca e Lia tinham duas filhas, Gabriela e Carolina, que levavam a todos os jogos do Arabutã, todos vestidos com a camisa rubra, as duas menininhas com os cabelos bem arrumados, bonias, sempre com algum leve adereço bem disposto pela mãe lia.

          Voltando atrás, quando o Biluca me procurou, pediu-me se eu podia falar com o Presidente do Nacional de Muriaé, por telefone, pedindo o atestado liberatório dele, uma vez que era jogador de futebol profissional e estava vinculado àquele clube. Precisava disso para jogar no futebol amador, no Arabutã Futebol Clube. Liguei para o Presidente, identifiquei-me, falei que estava com o Biluca, pedi que liberasse o jogador, passei o telefone para o jogador e voltei, depois,  a conversar com o homem. Disse-me: "Cuide bem desse menino, que é  meu compadre, que é muito bom de bola e muito boa pessoa"!

          Biluca contou-me de sua trajetória no futebol: Foi profissionalizado no Clube Atlético Mineiro, onde, em 1982, jogou seis jogos como titular e depois foi para o Vitória, da Bahia. Jogou no Galícia, no Leônico, era lateral direito, mas jogava também na esquerda, na quarta-zaga, como zagueiro central. No Arabutã, até atuou com  a 10. Tinha muita habilidade, alto sentido de marcação e ocupação dos espaços em campo. Conhecia muito bem o "tempo da bola" e isso o tornava um craque. Viera para jogar pelo Joaçaba, mas as inscrições para o estadual já haviam fechado. Então, ele e alguns companheiros, vieram parar todos o Arabutã, um clube amador com características de profissional. Adiante, tornou-se nosso treinador e também companheiro de equipe, no "Veteranos do Arabutã", onde jogamos juntos dezenas de vezes. Era um grande incentivador de todos nós, muito educado, dava oportunidade a todos para atuarem.

          Biluca, com o tempo, tornou-se pintor de paredes. A esposa lecionava e as filhas estudavam. Ficaram aqui até que as meninas cresceram e voltaram para a Bahia, onde a mais velha, inicialmente, entrou para a Universidade. Há um tempo não muito distante, quiçá uns três anos, o Biluca esteve de novo em nossa terra. Conversei com ele, estava animado. Gostava muito daqui, mas também gostava da Bahia, embora nascido em Muriaé, em 04 de abril de 1961. Na quinta-feira, 29, meu irmão Hiroito, o Piro, ligou-me para dizer que estavam noticiando sobre o falecimento do Biluca. Publiquei sobre isso, muitas pessoas se manifestaram. Ele era muito bem querido em Capinzal e Ouro. Era respeitado como atleta, como ser humano. Mesmo não sendo nosso conterrâneo, deixou sua marca registrada aqui.

          Uma de suas marcas era o gosto pelo samba. Batucava muito bem, costumava fazer churrascos na sua casa e convidar o Dinho e outros sambistas para tocarem sambas. Mas também preparava deliciosos peixes. Nos jogos do Arabutã, reuniam-se as esposas e filhos fdos atletas do Arabuã e, na arquibancada, cantavam: "Madalena, Madalena..." E criavam músicas e gritos de gerrua para incentivar os atletas.


          Lamentamos a prtida do mesmo, aos 53 anos, muito jovem ainda. Sinta-se homenageado, amigo Biluca, por toda a família Riquetti. E desejamos que a Lia e as meninas possa levar adiante sua vida proativamente, buscando realizar, com êxito, todos os seus projetos pessoais e profissionais.

          Um grande abraço, Biluca, que se junta a quase que duas dezenas de jogadores que atuaram conosco, e que estão jogando, agora, lá no céu.

Euclides Riquetti
02-06-2014

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