domingo, 6 de maio de 2018

De repente, a saudade


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De repente, a saudade:
Saudade da infância
Das bolicas de vidro
Do meu primeiro livro
De ser criança!

Saudade, saudade:
Saudade do pão caseiro
Do mel e da nata
Do marmelo e do marmeleiro
E da marmelada.
Do café na caneca esmaltada
Do leite quente e das torradas.

Saudade, sempre saudade:
Saudade dos chinelos de couro
Das valetas de água correndo
Do joelho esfolado e doendo
De brincar de caça ao tesouro.

Saudade, muita saudade:
De brincar de couboy
Com revolvinho de espoleta de rolo
De gritar "camóin"
"Está preso, levante as mãos, seu tolo"!

Saudade, doce saudade:
De levantar cedo pra ir pra escola
De encontrar os amigos na rua
De gritar de noite pra lua
E de jogar muita bola.

Saudades, cada um sente de um jeito:
Pouca, muita, quase nada, demais
Mas todo mundo sente!

Do amor que nem bem chegou
E já se foi...
Da personagem que nos cativou
Marcou
E foi-se logo depois.
Saudade, tão vaga como uma oração
Sem sujeito
Que invade meu peito
Mas que ocupa extenso lugar no meu, no teu
No nosso coração!

Euclides Riquetti

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