terça-feira, 15 de outubro de 2019

O lado negro do Poder e as melancias rebeldes


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       A declaração do ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de que uma vez entrou no STF armado e que isso tinha como objetivo matar o Ministro Gilmar Mendes e depois suicidar-se, nos mostra o quanto estamos “mal” em termos de Justiça no Brasil. Foi-se o tempo em que as pessoas acreditavam nos três poderes. E o último a perder seu “cartaz” foi o Judiciário. Agora o STF vai instalar uns detectores de metal na estrada de suas instalações. Pois, com tanta gente sentindo raiva dos ministros, já deviam ter feito isso há muito tempo, embora que ninguém iria imaginar que alguém fosse lá cometer um crime. Mas, nas circunstâncias atuais, todo o cuidado é pouco.  E vejam bem o “padrão’ do Procurador que chegamos a ter. Se isso tivesse acontecido neste ano, diriam que agiu incentivado pelo ímpeto armista do Presidente!

       Em minha infância, tínhamos prefeitos, governadores, presidentes, e todo o nível de parlamentares como pessoas respeitosas e que precisavam ser respeitadas. Os juízes e os promotores, então, eram deuses vestidos de preto. Pessoalmente, até minha idade adulta, preservei esse conceito. Aquilo tudo que parecia um mundo fantástico e que nos causava inveja, com o tempo, tornou-se apenas um castelo de areia. Hoje, consigo, como você, leitor, leitora, imaginar tudo o que o lado “trevas” do Poder tem para nos surpreender, além de tudo aquilo que já não nos surpreende mais! Hoje entendo que há gente “do bem” e outras “do mal” em todos os meios, públicos ou privados.  

       Tornei-me político e saí da política sempre observando o comportamento geral de todos os entes. Continuo a fazê-lo. Com os anos, fui trocando minha leitura literária pela leitura técnica, observei também o lado filosófico, o científico, o lírico, o satírico e o romântico.  Li de tudo! Passei a gostar de Política, Economia, História... Saí de machado de Assis, passei por Abílio Diniz, por Delfin Neto e fui parar aqui pertinho: José Valdomiro Silva, que escreveu a magnífica obra “Memórias de um Pioneiro do Oeste Catarinense”, onde descreve cenários dos antigos distritos de Rio Capinzal (Capinzal), Abelardo Luz (atual Ouro), e a vila de Limeira, que tornou-se Joaçaba. Ler Holga Brancher, Vítor Almeida, Alexandre Dittrich Buhr, e outros autores regionais, me dá mais satisfação do que ler o que escrevem muitos colunistas e blogueiros brasileiros.  Prefiro Davi Froza, Ciro Toaldo, Zélia Bonamigo e outros, que escrevem bem, são francos e verdadeiros, e que são meus amigos.

       Pois, vendo tanta notícia besta, tanta nojeira escrita e falada por pessoas medianas, mas que têm o privilégio de fazer parte de poderosos sistemas de comunicação, cada vez mais me decepciono com toda a espécie de Poder. Alguns a gente consegue desalojar quando vota. Outros, infelizmente, não tem como.

       Não aguento mais ouvir falar em pacto federativo, em emendas impositivas, em ferrovia do frango, em buracos nas BRs e nas SCs. E fico muito irritado quando passo pelo trecho Joaçaba/luzerna, que é nossa maior vergonha em termos de rua ou estrada. Já tive prejuízo enorme, uma noite, em que um buraco apareceu, sem avisar, bem embaixo de meu carro. Mas a gente aguenta, não sei até quando. Nem aguento as bobagens que os filhos de Bolsonaro, Carlos e Flávio, puramente inconsequentes, dizem ou escrevem. E o pai deles, segue a mesma toada. São melancias rebeldes, que não conseguem se acomodar na carroça, mesmo com o seu andar.

       Disse-me uma pessoa, uma vez, que precisamos ler mesmo aquilo que nos enoja, e ouvir o que falam e mostram na TV, pois só assim conseguimos nos manifestar com propriedade. Tem razão ela.
Euclides Riquetti – Autor de “Crônicas do Vale do Rio do Peixe e outros lugares” – 

04-10-2019 - Texto publicado na minha coluna no  Cidadela de Joaçaba - SC 

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