De quando ainda conseguiam se entender
Na política
acontecem coisas em que nem Deus acredita. Cenários teatrais são pintados com
tanta maestria que fazem com que nós, simples mortais, sejamos induzidos a
acreditar em mentiras que se propagam mais facilmente do que a poeira no vento.
O jogo para a plateia enrola até mesmo as almas mais ímpias e ilude o mais
descrente dos seres.
Alguns quadros
colocados ao público me fazem lembrar daquilo que um professor e amigo me falou há 30 anos: “Dá até um frio
quando vocês, da direita, se reúnem e
maquinam suas coisas”. Na época eu achava que isso era coisa da cabeça dele,
mas hoje vejo que ele tem toda a razão. Vejam o que está acontecendo com a
classe política em relação à crise ocasionada pela expansão do coronavírus: O
confronto das ideias está acontecendo com pessoas da mesma ideologia. O epicentro
da encrenca parte da figura do Presidente da República, que já se alfinetou,
pela ordem, com o Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depois com João
Dória, de São Paulo, e em seguida com Ronaldo Caiado, de Goiás. Até o
Comandante Moisés, governador de Santa Catarina, tem dado e recebido estocadas
no e do Governo Federal. Mas lembremo-nos que, antes disso, Bolsonaro já tinha
se defrontado com governadores do Nordeste, filiados a partidos de esquerda.
O protagonismo e
o antagonismo na encrenca tem ganhado espaço generoso na mídia. O Ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem feito pronunciamentos que atingem o fígado
do Presidente da República. Pesquisas de um Instituto muito poderoso no Brasil,
que tem errado feio nas eleições, mostram que o Ministro da Saúde está com mais
de 80% de apoio popular. O Presidente, dependendo da maneira como você lê e
interpreta as mesmas pesquisas, tem metade disso. Então, esquerda embarca nisso para criticar o
Presidente e posicionar-se em favor do Ministro. Enquanto isso, os da direita e
do centrão estão protagonizando a encrenca, cada um ao seu modo, segundo o seu
interesse. Aí me lembro do que um companheiro político me disse há duas décadas:
“Não considero inimigos meus adversários. Tenho que ficar de olho em meus
companheiros. Para meu êxito, estes é que precisam ser tirados do meu caminho,
pois são eles que me atrapalham”. Imagino que quando Mandetta cair, seus
companheiros farão grande reação teatral, mas o tempo dirá se isso é verdadeiro
ou não.
Então, Sr. Mandetta, o oportunismo de seus
colegas de partido vai fazem com que surfem em sua onda. Vão andar de braços
dados com Vossa Excelência. Depois, adiante, sabendo que pode tornar-se um
companheiro com mais facilidade de trilhar o caminho do êxito eleitoral,
começarão a lhe passar rasteiras. Enquanto isso, a direita vai continuar
desfilando na mídia e a esquerda, sempre crítica e pouco propositiva, vai cair
no ostracismo. Claro que você, leitor pode ter um pensamento parecido ou mesmo
muito diferente do que o meu. Mas, em política, tudo tem sido possível!
Vindo para mais
próximo de nosso canteiro, estamos vendo que o Governo de Santa Catarina tem
afrouxado um pouco nas restrições ao afastamento social das pessoas. Como nosso
Estado e os municípios aqui de nossa região saíram na frente nas medidas de
combate à propagação do vírus, alguns setores estão “mandando ver”. Nossa
economia vai retomar bom ritmo antes do que a de outros estados. Liguei para
alguns empresários e constatei: Muita gente está se organizando e
reestruturando para começar a ganhar mercado a partir de já. Há empresas que
estão vendendo mais do que vendiam antes da crise. Há empreendedores, na
região, que vão investir agora quando está mais fácil e barato de comprar
determinados insumos e mais fácil a contratação de mão-de-obra. Há indústrias
criando máquinas que vão produzir insumos que vão ajudar nas lidas contra o
vírus. Aquela máxima de que as crises nos oportunizam criar para crescer está
muito válida para o momento. Vejam como é importante termos um parque
industrial que trabalhe na produção física.
Você, leitor,
pode ajudar a você mesmo tendo boas práticas e atitudes em relação às suas
compras. Pessoalmente, no comércio, procuro produtos com a qualidade e os preços
que me convenham, sem deixar de conduzir-me por um método: escolho primeiro os
produtos fabricados em minha cidade ou nas cidades vizinhas. Não havendo o que
me satisfaça, adquiro os de produção microrregional. Depois, faço as escolhas no
âmbito da produção estadual. Somente depois disso é que opto por outros
produtos, naturalmente de produção nacional. Importados, muito difícil. Quero
gerar empregos e arrecadação para minha cidade, minha região, meu estado e meu
país. Até porque quem me paga precisa arrecadar. Essa prática de gradação já
venho fazendo há muitos anos.
Enquanto isso,
meu olho crítico me leva a ver noticiários fazendo análise do comportamento de
alguns jornalistas. Além de já conhecer o elenco de jornalistas de
ar-condicionado, aparece agora o núcleo, muito crescente, dos “jornalistas de
necrotério”. Sabem tudo sobre todas as coisas, mas têm um interesse muito
especial em noticiar as desgraças!
Euclides Riquetti – Autor de “Crônicas do Vale do Rio do
Peixe e outros Lugares” e “Crônicas dos Antigos Rio Capinzal, Abelardo Luz-Ouro
e Arredores”
Publicado no Jornal Cidadela - Joaçaba - SC
Em 17-04-2020
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