Um casamento que não deu certo!
As querelas entre o Presidente Jair Bolsonaro, os três Poderes e a Imprensa seriam cômicas se não fossem trágicas. Mais recente, é a encrenca com seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sérgio Moro. Bolsonaro é um político inquieto e Moro um noviço muito rebelde. Os dois estão errados, ao meu ver.
O presidente erra feio ao soltar o verbo desenfreadamente, falando coisas que não combinam com sua condição de mandatário mor da Nação. Dá maus exemplos ao misturar-se a seus seguidores ao não usar máscara protetora contra o coronavírus. E ainda cometeu duas impropriedades imperdoáveis: a primeira quando falou que isso não passava de uma gripezinha e a segunda quando falaram que estava morrendo bastante gente e ele falou “E daí?” A situação atual mostra que foram duas escorregadas feias, pois o número de mortes e de casos de contaminação está crescendo assustadoramente. E, qualquer ser humano, da estirpe que seja, não pode fazer uma pergunta tão descabida e idiota como a tal “E daí?”, algo muito elíptico e sintético, mas de uma significação muito grande. Em meu curso Universitário aprendi que “a comunicação é o ato de influenciar os outros”. Por isso mesmo, aquilo que a gente fala precisa ser bem medido. E muito mais por quem ocupa importante função pública.
Quanto ao ex-ministro, colocou-se igualzinho àquelas pessoas que perdem o namorado ou namorada para a concorrência e começam a lavar sua roupa suja através da internet, protagonizando barracos horríveis. Publicar mensagens que trocou com uma deputada, sua afilhada de casamento, é imperdoável. Até um ignorante poderia ser perdoado por um deslize assim, mas um advogado, uma pessoa de fama mundial, merece as críticas dos que se revoltaram contra ele. E, sendo ele um assessor de governo, se em algum momento foi coagido pelo presidente a intervir ou a fazer algo ilícito, na hora teria que pedir demissão, denunciar seu ex-chefe, e não o fez: prevaricou!
A briga entre o inquieto e o noviço rebelde vai render muitos capítulos folhetinescos nos próximos meses. Desgaste para ambos os lados, embora muito maior para Moro, pois de Bolsonaro tudo se pode esperar. E também de seus seguidores. É dito que nos processos da Lava Jato Moro deixou acontecerem vazamentos que lhe convinham. Comportou-se, visivelmente, como um antipetista, não agindo com a mesma severidade com os psdebistas. Imitou um Juiz Italiano, aquele da operação Mãos Limpas, admitiu isso publicamente. A vaidade o levou a aceitar ser ministro e não devotou fidelidade a quem o convidou. Devia ter medido o comportamento do Capitão quando de sua atuação na Câmara dos Deputados. Moro tem suas ambições políticas, agiu midiaticamente, buscou sempre os holofotes e tem traços de egocentrista. Como político, perde de longe para Luiz Henrique Mandetta que, quando saiu do cargo de ministro, agiu com esperteza, não gerou confusão e não atraiu a ira contra si. Conheci pessoas que tinham o comportamento que o juiz teve e se deram muito mal na política. Em 5 anos, conseguiu inimizar-se com a esquerda, pela obstinação em condenar Lula, com o centro, por colocar na cadeia seus patrocinadores e os a eles aliados para obtenção de vantagens financeiras, e com a direita bolsonarista. Pode até ser que o futuro lhe seja muito favorável, mas não tenho nenhuma confiança nisso.
Os jornalistas de ar-condicionado e os de necrotério passaram a dar muita importância à política, dando trela a quem quer se promover. Há muitos assuntos que estão sendo esquecidos pela mídia. Os feminicídios estão acontecendo, as mortes no trânsito também, a violência em assassinatos, os homicídios por causa do comércio das drogas e as apreensões de grandes volumes de drogas ilícitas e lícitas estão acontecendo aqui no Sul. Quando as atenções se voltam todas para um lado, o outro lado passa a ser despercebido. Não se fala em estatísticas das ocorrências, mas quem acompanha os sites regionais e estaduais aqui do Sul sabe muito bem quantas mortes e quantos crimes estão ocorrendo. Enquanto isso, silenciosamente, as candidaturas a prefeito e vereador seguem sendo articuladas. Também sou daquele que a retirada de circulação de políticos indesejáveis deve ocorrer pelo voto. Aguardemos e veremos...
Euclides Riquetti – Escritor – www.blogdoriquetti.blogspot.com
Riquetti, antes tarde do que nunca, que bom que você esteja vendo as coisa dessa maneira. Eu, nunca consegui ver diferente. Essas duas figuras fizeram e fazem muito mal ao Brasil: Moro, com sua Operação Lava jato, em colaboração direta com a CIA e o Departamento de Estado Americano conseguiu destruir o Estado brasileiro: a Petrobras, sua indústria, suas instituições, sua soberania, e por fim pariu bolsonaro. É pouco?
ResponderExcluirJair bolsonaro e Moro não merecem perdão e os que continuam ao seu lado também. A história condenará cada um deles.
São todos responsáveis, todos desprezíveis, lamentáveis.
Quanto aos militares repito o que disse Eric Nepomuceno: "O silêncio cúmplice, omisso, covarde dos militares aboletados num governo abjeto será cobrado, rigorosamente cobrado, pela história. Pelo que restar desse país que eles ajudaram a destruir". São mais de 3000 milicos em cargos neste governo.
A canalhice de bolsonaro é assustador. Quem está acompanhando os últimos movimentos do STF sabe do que estou falando...
Resta acreditar no provérbio português: "Não hã bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe". Ufa!
HH