segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Morre José Mário Holetz, o Super Zé

  


       Quando fomos morar em Duas Pontes, hoje município de Zortéa, nos primeiros dias de março de 1977, onde fui lecionar Língua Nacional (Portuguesa) e Inglês, na Escola Básica Major Cipriano Rodrigues de Almeida, ao subir até minha casa, que se situava alguns metros acima daquele educandário, eu passava defronte a umas casas, todas iguais e enfileiradas, na estradinha que ligava o centro da vila à parte elevada da comunidade. Na última dela, logo abaixo da escola, moravam uns rapazes que tinham uma bela de uma sonzeira em casa, sempre com música em alto volume, de todos os gêneros. Na frente da casa, um jipe DKW, um Karmann Ghia vermelho, daqueles que foram fabricados até 1969. Com os dias, fui descobrindo quem eram. José Mário Holetz e a esposa Idamir, os irmãos dele Hugo e Ary Holetz. Não sei se o irmão Ivo Holetz morava lá tamb´pe, mas todos eles foram meus alunos.

       Na escola havia disciplina muito rígida, os alunos tanto do diurno quanto do noturno eram gente muito boa e a maioria deles estudiosa. Dentre as proibições uma era a de que não podiam namorar nas dependências da escola, nem no pátio. Na parte da noite havia duas turmas de oitava série, tantos eram os alunos. Um dia, numa reunião, falei: Tem um aluno, aquele Zé Mário, e aquela Idamir, que vivem namorando ali do lado de cima da cozinha. E agora, vamos fazer o quê?

       Todos riram e eu não entendi o porquê disso. Disseram-me: Eles são casados! 

       Poucos meses depois, eu era colega de trabalho dele, trabalhávamos no Financeiro da Zortéa Brancher S/A - Compensados e Esquadrias, ele fazia os serviços junto aos bancos e eu no controle das contas a pagar. De vez em quando, ele trazia um maço de duplicatas pagas, e eu tinha que baixar das listas das contas a pagar. 

       Fomos desligados da empresa mais ou menos na mesma época, ele um pouco antes de mim. Em sua casa, tinha montada uma oficina de reparos de aparelhos de rádio e televisores. Ele buscava peças numa oficina de um amigo dele para realizar os consertos. Transferiu-se, então, ao final da década de 1970, para os altos da Rua XV de Novembro, em Capinzal, instalando sua oficina e morando numa mesma casa, defronte a onde se situava, antigamente, a chamada Associação Rural. Adiante, foi residir para acima do Colégio Mater Dolórum, onde viveu até este 11 de janeiro de 2021. Lá mesmo, naquela época, visitamos ele e a Idamir, quando nasceram seus filhos gêmeos, Márcio e Márcia. Depois  tiveram a Milena, terceira da família. Em seu segundo casamento, com a Sra. Marli, tiveram os filhos Arno e Taiana. 

       Posteriormente, instalou-se numa sala anexa ao Hotel Beviláqua, atrás da Loja Leão. Nos anos todos, dedicou-se à música. Era habilidoso nos teclados, na gaita e mesmo na guitarra e violão. Sabia executar todos os instrumentos necessários a um conjunto animador de bailes. Nos tempos de Zortéa, fundou o Grupo Sistema, junto com seu irmão Ivo Holetz, Izaías Bonato, Hélio Joaquim da Silva e Benito. Outros músicos participaram das formações daquela banda. Adiante, fundou o grupo Zé Mário e seus Penachos, comprou um ônibus para irem tocar em bailes, caracterizado. Eu o recebia muitas vezes em meu trabalho, mas também o visitava em sua empresa. Ele era um bom papo, amigão, e me dizia: "Não trabalho muito, porque quem trabalha muito  não tem tempo pra ganhar dinheiro"! Também fundou a gravadora com estúdio, a MZM Produções, com seu filho Márcio. O estúdio foi amplamente usado para gravações de programas eleitorais de candidatos a Prefeito e vereadores em Capinzal e Ouro. Com seu grupo, lançou diversos Cds com composições de sua autoria. 

       Paralelamente, fundamos a Associação de Difusão Comunitária Prefeito Luiz Gonzaga Bonissoni, detentora dos direitos da Rádio Cidade FM, localizada em Ouro, SC, no Bairro Nossa Senhora dos Navegantes, que é administrada pelo seu filho Arno que, como o pai, é músico.  Para a fundação da Associação e funcionamento da rádio, houve forte trabalho burocrático e trabalhamos muito. Ele cuidava da parte técnica e eu da burocrática. Adiante, passamos a contar com o trabalho do professor e locutor Sílvio Scalsavara, que cuida dessa parte, enquanto que o Arno comanda o empreendimento. 

       A última vez que conversei com ele, foi no mês de março, quando fui entregar-lhe um convite para  o lançamento de meu novo livro de crônicas. Conversamos muito, ele já se encontrava acamado, com a saúde debilitada. Disse-me que recebera a visita do Frei Davi, que lhe levara a comunhão, que conversara muito com ele. Zé Mário foi seminarista no Seminário Nossa Senhora dos Navegantes e nasceu em 09 de maio de 1952. 

       A todos os seus familiares e amigos, nossas mais sentidas condolências e nossas orações. O Super Zé, como eu o chamava, sempre foi um bom contador de causos e nós, além de amigos, nos entendíamos muito bem.

Euclides Riquetti

11-01-2021

      

2 comentários:

  1. Obrigado pela linda homenagem à meu pai, Riquetti. Como sempre, ótimas postagens com excelente conteúdo. Abraços sinceros.

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  2. Zé Mário, era uma pessoa que eu tinha muita consideração, pessoa de boa proza e nos tempos que trabalhava na Perdição sempre que tinha oportunidade eu dava uma passada em sua loja para conversar com ele, que aliais fazia questão de recordar dos amigos e das passadas no Zortea, frequentamos a mesma escola e tinha sempre uma característica muito forte o respeito humildade. Este cidadão deixa boas lembranças.

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