sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ídolos - Ted Boy Marino

          Em nossa adolescência temos um predileção por colecionar ídolos. Há os do futebol,  do automobilismo, do cinema, da política, da música. Em minha juventude, também tive alguns em especial. Primeiro foi o Pelé, que era quase que a unanimidade de minha geração. Admirei John F. Kennedy pela maneira com que apresentava ao mundo sua condição de estadista democrático. No automobilismo, Emerson Fittipaldi, nas letras Jorge Amado, influenciado pelo Gilberto D ´Agostini, o "Mora", que me sugeriu ler o "Capitães D´Areia". No cinema, havia muitos, e muitas (Kirk Douglas,  Giuliano Gemma, Gina Lolobrígida, Brigitte Bardot, Claudia Cardinalle...). Na música, Paulinho Nogueira, instrumentista, e Ronie Von, cantor, além de Caetano Veloso, com sua "Alegria, Alegria", caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento...

          Mas, na TV, no final  da década de 1960, meu ídolo era um lutador de Telecatch, da TV Excelsior e apresentado também na Rede Tupi, através da TV Piratini, de Porto Alegre, que nos trazia os espetáculos no sábado à noite. Ted Boy Marino, o Mário Marino, que nasceu na Calábria, ao Sul da Itália, e que viveu sua juventude na Argentina, encenava lutas num bando de "bons e maus", até malvados lutadores do catch. E nós vibrávamos com eles. Discutíamos com os mais velhos, com o Tio Arlindo Baretta e o Olávio Dambrós,  que diziam que aquilo tudo era fingimento, marmelada para enganar nós, trouxas. E nós, teenagers na época, revidávamos, diziamos que eles tinham inveja, não sabiam nada de luta nem de TV.

          Quanta inocência e ingenuidade a nossa! Mas que boa a nossa inocente e pura ingenuidade, que nos enche de saudades...

          Depois, na maturidade, vamos descobrindo todas as enganações que podem ocorrer no mundo da recreação, onde a suprarrealidade está mais presente do que a realidade.  E que as brigas protagonizadas na TV pelo Verdugo, Jóia - o psicodélico, Fonatomas, Aquiles, Rasputim Barba Vermelha e La Múmia eram apenas números artísticos impecavelmente ensaiados, que ninguém apanhava, ninguém levada pontapés e socos de verdade. Alguns dedos nos olhos também eram pura enganação, afinal tinha tanto chuvisco na tela que nem com bombril amarrado na antena se podia ver direito.

          Mas, que o Ted Boy Marino nos emocionou muito, ah, tenho absoluta certeza, emocionou. Pelo menos a mim, ao Altivir Souza, ao Ademir Mantovanello, ao Moacir Richetti.

           Ted Boy  Marino, que além de lutador foi apresentador de TV e integrante de "Os Trapalhões",  deixou-nos ontem, dia 27-09-2012, após parada cardiorrespiratória em uma intervenção  cirúrgica. Vai com Deus, meu ídolo de juventude!

Euclides Riquetti
28-09-2012

         

Um comentário:

  1. Muito boa a descrição da época. Também era fã do Ted Boy Marino. E cá entre nós, Seu Olavio criticava mas assistia as lutas.
    Abraços
    Marcia Dambroz Peixer

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