quinta-feira, 20 de junho de 2013

O que querem os manifestantes populares

          Neste início de ano escrevi um texto falando da Vergonha que representavam os gastos com a reforma do Maracanã, quando o Hospital Geral de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, já estava há alguns meses fechado porque não tinha funcionários em razão da falta de dinheiro para contratação. É o único hospital daquele estado que realiza transplantes renais e outros procedimentos  em crianças.

          Mais recentemente,  mencionei a vergonha que estava representada pelo Estádio Engenhão, naquele mesmo Estado, que foi inaugurado em 2007, e que vai ficar 18 meses fechado porque a estrutura de sua cobertura está cmprometida, oferecendo risco aos torcedores. E falei dos péssimos investimentos que são feitos no Brasil em detrimento do essencial, principalmente da Saúde Pública. E hoje  pergunto a você, caro leitor, se Manaus vai conseguir, com a renda de seus jogos, cobrir os altos custos de seu estádio novo.

          Agora, vemos a população manifestando-se nas ruas, numa ação programada pelo Movimento Passe Livre. E, autoridades e uma grande rede de televisão fazendo de conta que o foco das reclamações, no país sejam os preços das tarifas pagas pelos usuários de ônibus. Não foi isso que vimos escrito nos cartazes cujas fotos, de todas as cidades brasileiras onde ocorreram manifestações, trazem estampado: o povo não aguenta mais a classe política, a impunidade, a corrupção, a falta de saúde, educação e segurança pública. Manifestam-se também  com relação a algumas votações que ocorrerão no Congresso Nacional.

          Aqui em Joaçaba participei, na terça-feira,  da manifestação local, muito bem organizada, ordeira e pacífica. Muitos jovens, pais e avôs com filhos e netos. Num dado momento, em razão de estar resfriado, afastei-me do grupo e fui buscar abrigo sob uma marquise de um prédio. Uma senhora,  distinta,  estava procurando o rumo da manifestação e pediu-me para que lado iriam. Expliquei que estavam subindo já no alto da Avenida Getúlio Vargas, em direção à UNOESC. Perguntei-lhe se ia enturmar-se e disse que não, que apenas fugira de seu trabalho e viera dar uma olhadinha, que seus dois filhos, jovens, tinham ido. E que lhe disseram que era para ela chamá-los de volta porque havia  uma manifestação perigosa, que tinha  um monte de baderneiros no protesto. Tranquilizei-a, disse-lhe que não havia perigo, que o pessoal era respeitoso, que havia policiamento, tudo em plena ordem. E ela agradeceu-me e voltou para o trabalho. Disse que apoiava o movimento e que só não estava lá porque tinha que ir trabalhar. Era contra a corrupção e a favor da saúde. O mesmo me disseram alguns balconistas de casas de comércio que estendem o seu atendimento para depois das 18 horas. Seu desejo era o de estarem lá, não podiam, mas apoiavam o movimento. 

          Depois, vi um aposentado deixar quase todo o seu salário numa farmácia, para comprar seus  remédios. Isso me doeu...   

          Desde que iniciei minha atividade como colunista do Jornal Cidadela, convidado pelo proprietário, jornalista  Mario Serafim, tenho conversado muito com as pessoas na rua e em todos os lugares onde ando. Uso as falas delas para embasar minha opinião nos textos que escrevo em minha coluna "Do Alto da Cidade". E é aqui, do alto da cidade de Joaçaba, que tenho visto, através de todas as mídias que me chegam, que o movimento, inédito no país, é bem mais do que uma simples reivindicação de não reajuste nas tarifas de ônibus. As pessoas querem, sobretudo, uma classe política atuando seriamente, sem corrupção.  Querem agilidade, seriedade e menos demagogia. Tenho a certeza de que você também pensa assim. E tudo poderá ficar bem se a sociedade fizer pressão suficiente para que ocorra a tão esperada reforma política. É sabido que, se depender de nosso Congresso, apenas remendinhos e puxadinhos... Nada de sério!

Euclides Riquetti
20-06-2013

         

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